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Prof. Lúcio Henrique de Oliveira


"Aos lhos devemos dar duas coisas: raízes e asas." Home

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Alimentação Infantil
O conhecimento correto e atualizado sobre a nutrição da criança sadia é essencial para a avaliação e orientação adequadas de sua rotina
alimentar. Boas práticas de alimentação infantil devem fornecer alimentos em quantidade e qualidade adequadas para suprir as necessidades
nutricionais e garantir o pleno crescimento e desenvolvimento da criança. Seu volume e osmolaridade não devem exceder a capacidade
funcional dos rins e sistema digestório. O Ministério da Saúde, OPAS e a Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceram, para crianças
menores de dois anos, dez passos para a alimentação saudável. Esta publicação vem sendo reproduzida e atualizada no decorrer destes anos,
sendo a última atualização realizada em 2015:

Passo 1 – Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos.
Passo 2 – A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até
os 2 anos de idade ou mais.
Passo 3 – Após os 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e
legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada.
Passo 4 – A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a
vontade da criança.
Passo 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com
consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família.
Passo 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação
colorida.
Passo 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
Passo 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos
primeiros anos de vida.
Passo 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação
adequados.
Passo 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus
alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.

Alguns conceitos importantes


“Programming” ou Programação metabólica 
 
Conceito que atribui importância significativa aos aspectos nutricionais e metabólicos nas fases iniciais da vida, com nítidos
efeitos a longo prazo e impactos na saúde do indivíduo adulto. 
 
“Programming = indução, deleção ou prejuízo do desenvolvimento de uma estrutura somática permanente, ou ajuste de um sistema
fisiológico por um estímulo ou agressão que ocorre num período suscetível (p. ex., fases precoces da vida), resultando em
consequências em longo prazo para as funções fisiológicas.” (Dörner, 1974).
 
A estimulação neuropsicomotora também desempenha papel importante nesse processo, considerando que estudos na área
das neurociências tem mostrado que as sinapses nervosas se desenvolvem rapidamente nos primeiros anos de vida e formam
a base do funcionamento cognitivo e emocional para o resto da vida.
 
Epigenética 
Conceito que afirma a existência de relevante influência do meio ambiente, incluindo aspectos da nutrição, sobre o genoma do
indivíduo. 

Nutrigenômica é o estudo do papel dos nutrientes na expressão gênica;


Nutrigenética, refere-se às respostas que o genoma humano demonstra em relação a alguns nutrientes. 
(Kussmann & Fay, 2008). 
 
“Primeiros mil dias de vida” 
Conceito baseado em evidências científicas que apontam que os primeiros 1.000 dias de vida (compreendidos entre o início da
gestação até o final do segundo ano de vida da criança), representam um período com potencial de impacto permanente sobre
a saúde do indivíduo adulto. Esse entendimento ressalta a importância de se implementar nessa fase da vida, um conjunto de
intervenções, com destaque para a nutrição.
 

ALIMENTAÇÃO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA


 

Tipo de Aleitamento
Aleitamento Materno
Aleitamento Artificial
Fórmula Infantil
Leite de Vaca Integral (leite in natura fluido ou leite em pó)
Aleitamento Misto
 
Alimentação complementar
Frutas
Papa de misturas múltiplas
Refeição da família

Aleitamento Materno

O aleitamento materno exclusivo é ideal até os seis meses de idade e a partir daí, passa a estar indicada a introdução de alimentos
complementares, mantendo ainda a amamentação até os dois anos de idade ou mais (Consenso preconizado pelo Departamento de
Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, que adota a recomendação da OMS). Deve-se iniciar o aleitamento natural, sob regime de
livre demanda, sem horários pré-fixados imediatamente após o parto, estando a mãe em boas condições e o recém-nascido com
manifestação ativa de sucção e choro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define as seguintes categorias de aleitamento materno:
Aleitamento materno: Quando a criança recebe leite materno, diretamente do seio ou dele extraído, independentemente de estar
recebendo qualquer alimento, incluindo leite não-humano.
Aleitamento materno exclusivo: Quando a criança recebe somente leite materno, diretamente da mama, ou leite humano
ordenhado, e nenhum outro alimento líquido ou sólido, com possível exceção para medicamentos; ou seja, toda a energia e nutrientes
são fornecidos pelo leite materno.
Aleitamento materno predominante: Quando o lactente recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água, como
sucos de frutas ou chás, mas não recebe outro leite.
Aleitamento materno misto ou parcial: Quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite;
Aleitamento materno complementado: A criança recebe, além do leite materno, alimentos sólidos ou semi-sólidos com a
finalidade de complementá-lo e não de substituí-lo.  Nessa categoria a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite,
mas esse não é considerado alimento complementar.

O colostro é o primeiro leite que a mãe secreta após o parto e tem um


papel definido para a proteção do recém-nascido (contém mais anticorpos
- principalmente IgA - e mais células imunitárias). É mais rico em proteínas
e vitaminas A, E e K, além de mais minerais como zinco e sódio. Contém
menos gorduras e carboidratos. Tem efeito laxativo, contribuindo para a
eliminação do mecônio. É secretado em quantidades que variam entre 10
e 100 ml/dia. Permanece até o 4° ao 7° dia pós-parto. Entre o 7° e o 21° dia
pós-parto o leite secretado modifica rapidamente sua composição sendo
denominado leite de transição. Nesse período ocorrem alterações como o
aumento da gordura e da lactose, e a diminuição do teor protéico e de
minerais. O leite maduro (a partir do 21º dia) já tem composição mais
estável, mas mesmo assim apresenta variações nas concentrações de seus
nutrientes. Isso ocorre mesmo durante uma única mamada, sendo que o
leite secretado no início da mamada, é mais rico em proteínas solúveis,
lactose, vitaminas, minerais e água e o leite secretado no final da mamada,
mais concentrado em gordura.

Composição do leite materno


 

O leite materno é nutricionalmente completo, com todos os nutrientes necessários para a criança no
primeiro semestre de vida. É oferecido à criança na temperatura ideal, sem risco de contaminação. É
rico em ácidos graxos essenciais, imprescindíveis para o crescimento do cérebro e para a retina. O leite
humano fornece em torno de 65 a 70 Kcal/100ml. Os lipídios fornecem 51% da energia total do leite,
carboidratos 43 % e proteína 6%. A lactose é o carboidrato predominante do leite. A presença de lactose
no leite humano auxilia a proliferação dos Lactobacillus bi dus que, por inibirem o crescimento de
microorganismos gram-negativos, impedem o aparecimento de infecções intestinais. A maioria das
vitaminas e oligoelementos está presente em quantidades adequadas no leite humano.

Componentes (em 100 ml) Leite Materno Leite de Vaca

Água 86% 86%


     
Calorias 65 a 70 69-70
   
Proteínas 1,1 g 3,2 g
     
Relação Caseína:Proteínas 40:60 80:20
solúveis    
  4,2 g 3,8 g
Lipídios    
  14% 3%
Ácidos Graxos Poliinsaturados    
  presente ausente
Lipase    
 
Carboidratos totais 7,3 g 4,8 g
     
Lactose 71g 47g
Lactose 7,1 g 4,7 g
     
Sais Minerais 0,2 mg 0,7 mg
     
Cálcio 34 mg 117 mg
     
Fósforo 14 mg 92 mg
     
Ferro 0,05 (bem absorvido) 0,05 mg (mal absorvido)
     
Zinco 0,3 mg insuficiente
     
Vitaminas suficientes C D e E insuficientes

Composição do Colostro, Leite materno maduro de mães de bebês a termo e


pré-termo e Composição do Leite de vaca

Componentes do leite materno com propriedades imunológicas


 
Ácidos Graxos (propriedades antiviral, antibacteriana e antiprotozoótica);
Fator bifidus (oligossacarídeos, glicosamina... promovem o crescimento de Lactobacillus
bifidus e outras bifidobactérias; reduzir o pH das fezes; inibir o crescimento de bactérias gram
negativas);
Fibronectina (estimula a atividade fagocitária dos macrófagos; estimula a migração de
neutrófilos e monócitos);
Linfócitos B (responsáveis pela produção de anticorpos);
IgA secretória (representa 90% das imunoglobulinas do leite humano);
Lactoferrina (glicoproteina que se liga ao ferro, competindo com  microorganismos ferro
dependentes; possuindo propriedades antiinflamatórias e bacteriostática);
Linfócitos T (produzem interferon, linfocinas, interleucinas e fatores de quimiotaxia);
Lisozima (atua destruindo a parede celular das bactérias);
Neutrófilos, Macrófagos (ação fagocitária sobre as bactérias do T.G.I.; produzem lisozimas,
lactoferrina, complemento);
Oligossacarídeos do Leite Humano (OLH) =  Human Milk Oligosaccharides (HMO)  -
(Carboidratos biologicamente ativos que modulam positivamente a microbiota do lactente, o
desenvolvimento do  intestino, do sistema imunológico e, potencialmente, do sistema
neurológico. Há mais de 200 HMO diferentes no leite humano). 
Mucinas (ligam-se a microorganismos reduzindo sua capacidade de aderir à superfície das
mucosas).

Benefícios do aleitamento materno


 
- Para a mãe:
Menos sangramento após o parto, perda de peso após o parto mais
rapidamente, efeito contraceptivo, redução do risco para câncer de mama e de
ovário, melhora do vínculo afetivo entre mãe e lho, ausência de custo, menor
risco de contaminação, menos trabalho (compra, preparo, armazenamento, etc.)
crianças mais ativas e tranquilas.

- Para a criança:
 
O leite materno é constituído por todos os nutrientes essenciais para o crescimento e
o desenvolvimento ótimos do lactente, além de ser mais bem digerido e absorvido,
sendo capaz de suprir, sozinho, às necessidades nutricionais da criança no primeiro
semestre de vida. Há evidências que o aleitamento materno contribui para o
desenvolvimento cognitivo e apresenta efeito positivo na inteligência da criança. O
aleitamento materno diminui o risco de diabetes tipo I, reduz o risco de síndrome de
morte súbita do lactente, confere maior resistência a infecções respiratórias e
intestinais, reduz o risco de alergia e a probabilidade de eczemas e asma, reduz a
incidência de cárie dentária e melhora o desenvolvimento mandibular, dentário e da
fala. Reduz o risco de doença inflamatória intestinal e doença celíaca, reduz o risco de
enterocolite necrotizante em recém nascidos prematuros. Diminui a probabilidade de
linfoma, leucemia, doença de Hodgkin. Reduz a probabilidade de obesidade, de
hipertensão arterial e hipercolesterolemia.
 

O aleitamento materno traz benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. O


contato entre mãe e filho durante a amamentação certamente fortalecem os laços
contato entre mãe e filho durante a amamentação certamente fortalecem os laços
afetivos entre eles, oportunizando intimidade, troca de afeto e sentimentos de
segurança e de proteção na criança e de autoconfiança e de realização para a mãe.

Como saber se a amamentação está plenamente


satisfatória?

A tabela ao lado foi elaborada e publicada pela OMS em


2004 e apresenta parâmetros para avaliar a eficiência da
amamentação. É muito útil, prática e simples de se
verificar. Considera características da Mãe, do Bebê, das
Mamas, da Posição do Bebê, da Pega e da Sucção.

Restrições ao aleitamento materno (são raras):


 
São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do leite materno.

Razões médicas aceitáveis para o uso de substitutos do Leite Materno definidas pela OMS (2009):
      
            Condições que justificam contraindicar a amamentação permanentemente:
Infecção pelo HIV-1 e HIV-2
Infecção pelo HTLV-1 e HTLV-2
Galactosemia
 
Condições que justificam contraindicar a amamentação temporariamente:
Vírus Herpes simples tipo I com lesões mamárias ativas 
Doença de Chagas na fase aguda com sangramento mamilar
Uso de alguns medicamentos como drogas sedativas, psicoterápicas, antiepilépticas, opiáceos e suas combinações
Uso de radiofármacos como o iodo 131 radioativo
Uso excessivo de iodo sistêmico ou tópico
Uso de medicamentos antineoplásicos
Uso de álcool, maconha e outras drogas ilícitas
Varicela, se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto até dois dias após o parto

Fórmulas Infantis 

São preparados obtidos a partir da modificação industrial do leite de vaca com o objetivo de adequar-se às necessidades
nutritivas do lactente e à sua capacidade digestiva e absortiva.  De acordo com as recomendações do Codex Alimentarius/ FAO
da OMS, as fórmulas infantis são as mais adequadas para substituir ou complementar o aleitamento materno (na
impossibilidade do aleitamento natural) uma vez que possuem composição nutricional adaptada ao lactente, prevenindo o
aparecimento de doenças relacionadas ao excesso ou à deficiência de nutrientes. A referência para as fórmulas infantis é o
próprio leite humano.
 
Principais modificações apresentadas nas fórmulas lácteas infantis em relação ao leite de vaca integral:
 
Gordura: redução da gordura saturada e acréscimo de óleos vegetais (gorduras poliinsaturadas) contendo AGE - ácidos
graxos essenciais ( ácido Linoleico; ácido alfa-Linolênico). Algumas contêm ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa -
LC-PUFAS -  ácido docosaexaenóico (DHA) e ácido araquidônico (ARA) - que participam de forma importante da estrutura
da membrana celular, do processo de mielinização do sistema nervoso central e da formação da retina, além de
importante participação na resposta inflamatória.
Carboidratos: acréscimo de lactose ou polímeros derivados do amido (maltose-dextrinas)
Proteínas: redução da quantidade de proteínas e desnaturação protéica da caseína, formando proteínas solúveis, com

melhor relação proteína solúvel/caseína.


ç p
Minerais: modificações nas concentrações dos minerais (reduzindo a carga de solutos) e melhora da relação
cálcio/fósforo, favorecendo a mineralização óssea.
Vitaminas e oligoelementos: acréscimo de vitaminas D, E e C, zinco e ferro.
Nucleotídeos (papel fundamental na estrutura do DNA e RNA; também são essenciais para o metabolismo celular)
Oligossacarídeos do Leite Humano (HMO): carboidratos biologicamente ativos que modulam de forma benéfica a
microbiota do lactente, assim como o desenvolvimento do  intestino, do sistema imunológico e, potencialmente, do
sistema neurológico.
Prebióticos (GOS/FOS): Galacto-oligossacarídeos e Fruto-oligossacarídeos - carboidratos não-digeríveis que estimulam o
crescimento da flora intestinal bífida.
Probióticos (microorganismos vivos capazes de alcançar o trato gastrointestinal e alterar a composição da microbiota,
produzindo efeitos benéficos à saúde quando consumidos em quantidades adequadas).
 
As fórmulas lácteas infantis utilizadas para substituir a ausência do leite materno na alimentação habitual do
lactente saudável, podem ser:
 
- Fórmulas infantis de partida: indicadas para o primeiro semestre de vida da criança
As fórmulas infantis para lactentes chamadas de fórmulas infantis de partida preenchem adequadamente as necessidades
nutricionais do lactente saudável, quando utilizadas durante os primeiros seis meses de vida em volume aproximado de
800 a 900 ml ao dia.
Exemplos (apresentações comerciais): Nan 1, Nestogeno 1, Aptamil 1, Milupa 1, Enfamil 1, Similac 1.

- Formulas infantis de seguimento: indicadas a partir do segundo semestre de vida da criança.


As fórmulas infantis de seguimento são formuladas para complementar a ingestão dos alimentos sólidos, já consumidos
pelo lactente a partir do sexto mês de idade. Recomenda-se ingesta de cerca de 500 ml ao dia.
Exemplos (apresentações comerciais): Nan 2 , Nestogeno 2, Aptamil 2, Milupa 2, Enfamil 2, Similac 2.
 
- Fórmulas de transição: indicadas para lactentes a partir de 10 meses.
Exemplos (apresentações comerciais): Nan 3 Comfor, Aptamil 3
 
De um modo geral, as fórmulas infantis têm um padrão de diluição comum 1:30 que correspondente a uma medida do leite
em pó (a medida acompanha o produto dentro da lata e equivale a 4,3 g) para cada 30 ml de água morna previamente fervida.
Exceção: o Similac tem diluição 1: 60 que correspondente a uma medida do leite em pó (a medida que acompanha o produto
dentro da lata equivale a 8,8 g) para cada 60 ml de água morna previamente fervida.

Nos primeiros meses de vida, o volume aproximado de cada mamada pode ser calculado de acordo com a capacidade gástrica
da criança em relação ao seu peso: cerca de 20 a 30 ml/kg. O intervalo entre as mamadas varia de acordo com o metabolismo e
o tempo de esvaziamento gástrico de cada criança, mas de um modo geral é em torno de 3 horas até os três meses de vida e 4
horas a partir do quarto mês.

Então:
 
- Volume (aproximado) de cada mamada: 30 ml/Kg (máximo de 210 ml)
- Número de mamadas por dia: primeiros 2 meses de vida (6 a 8); 2 a 4 meses (4 a 6); acima de 4 meses (2 a 3)
- Intervalos entre as mamadas: 3/3 horas (até o 3º mês) e 4/4 horas (após 4 meses)

Exemplo:  
Lactente  com  quatro meses  de  idade,  pesando 6 Kg  em aleitamento   arti cial   com  fórmula infantil Nan 1 Supreme:
    
Mamadeira:
            - Água ltrada fervida morna  _____________________________ 180 ml
            - Nan 1 Supreme_______________________________________     6 medidas
Modo de preparo:
Introduzir a água ltrada morna previamente fervida na mamadeira até a marca de 180 ml.  Acrescentar 6 medidas do leite em pó.
Fechar a mamadeira. Agitar até dissolver completamente. Oferecer à criança de 4 em 4 horas.

Leite de Vaca Integral   (não não deverá ser introduzido antes dos 24 meses de vida)

Embora o leite de vaca integral (não modificado), fluido ou em pó, seja muitas vezes o único alimento lácteo disponível para a
alimentação de crianças de famílias de baixa renda, pesquisas têm mostrado a sua inadequação para lactentes menores de
um ano de idade. O leite de vaca integral apresenta concentração inadequada de alguns nutrientes considerados essenciais, o
que pode acarretar complicações imediatas e futuras à saúde da criança, sendo, portanto, inconveniente para a alimentação
infantil no primeiro ano de vida.
 
O seu uso prolongado, como único alimento, pode levar a deficiências nutricionais importantes devido a suas
características discriminadas abaixo:
Alto conteúdo de proteínas além de inadequada relação caseína / proteínas solúveis;
Elevados teores de sódio, potássio, cloretos (e proteínas) que determinam uma sobrecarga de solutos renais;
Maior risco de sensibilização a proteína estranha (APLV);
Baixa concentração de oligoelementos principalmente do ferro e zinco. Para cada mês de uso do leite de vaca a partir do 4º mês de vida
ocorre queda de 0,2 g/dL nos níveis de hemoglobina da criança.
Alto teor de fósforo que determina uma baixa relação cálcio/fósforo, com consequente menor incorporação e aproveitamento do cálcio;
Baixa concentração de vitaminas D, E e C.
Baixos teores de ácido linoleico (10 vezes inferior ao leite humano) e alto conteúdo de ácidos graxos saturados
Quantidade insuficiente de carboidratos.
 

O quadro abaixo contém a análise comparativa da quantidade média de


macronutrientes no leite humano maduro, leite de vaca e fórmula infantil.

O leite de vaca integral é comercializado em diferentes apresentações:


 
Leite de vaca integral  fluido "in natura:
Pasteurizado: no mercado são encontrados três tipos de leite, A, B, C, classificados de acordo com a higiene na ordenha e na
contagem de microorganismos antes e após a pasteurização, sendo o leite A o de melhor qualidade.
Longa vida: (UHT – ultra high temperature ou UAT - ultra alta temperatura) processado em elevadas temperaturas (135 a 150º C)
por 4 segundos e imediatamente resfriado (ultra-pasteurização), resultando na destruição de todos os microorganismos. Após o
processamento, é acondicionado em embalagens estéreis, com vida média de 4 a 6 meses. Contém menor teor de gordura,
portanto não é apropriada para o crescimento e desenvolvimento da criança.
Leite de vaca integral em pó: é produzido a partir do leite de vaca pasteurizado, do qual se retirou água. Deve ser reconstituídos com
água, e assim passam a apresentar composição semelhante ao leite de vaca fluido integral
 
Preparo de mamadeira com leite de vaca integral
Infelizmente, muitas vezes é o único alimento lácteo disponível para a alimentação de crianças de famílias de baixa renda!!!
 
O Leite de vaca integral, quando utilizado na dieta do lactente, deve ser modificado, para minimizar sua inadequação à criança. Deve ser
mais diluído antes dos quatro meses de idade, com o objetivo de diminuir sua carga de solutos (proteínas e sais), deve conter, em todas as
faixas etárias do lactente, acréscimos de carboidratos (amido e sacarose). Alguns sugerem também o acréscimo de ácidos graxos
insaturados (óleo vegetal de milho, girassol ou canola).

Tipo de Leite de Vaca Menores de 4 meses A partir de 4 meses

LV integral em pó Diluído a 10% Diluído a 15%

LV integral in natura ( uido) Diluído a 2/3 com água Sem diluição

Acréscimos:  
3 a 5% de açúcar (sacarose)
3 a 5% de amido (maisena, creme de arroz, aveia)
(3 g corresponde a 1 colher das de chá rasa e 5 g corresponde a 1 colher das de chá cheia)
 
Volume de cada mamada: 30 ml/Kg (máximo de 210 ml)
Número de mamadas por dia: primeiros 2 meses de vida (6 a 8); 2 a 4 meses (4 a 6); acima de 4 meses (2 a 3)
Intervalos entre as mamadas: 3/3 horas (até 4 meses) e 4/4 horas (a partir de 4 meses)

Exemplo:
Criança de 6 meses de idade pesando 7 Kg em aleitamento artificial com LV integral e maisena:
 
Mamadeira:
-Leite de vaca integral ______________________________   210 ml
-Açúcar (sacarose) _________________________________    2 colheres das de chá
-Maisena __________________________________________   2 colheres das de chá
 
Modo de preparo: Levar o leite e o açúcar ao fogo alto até iniciar a fervura. Acrescentar aos poucos a maisena previamente dissolvida
em 50 ml de água, mexendo sempre. Baixar o fogo e deixar cozinhar por cinco minutos, mexendo enquanto cozinha.

Observações:

 
As farinhas como a maisena, a farinha de aveia e o creme de arroz têm que ser cozidos como no exemplo acima. Existem cereais pré-
cozidos que estão prontos para ser acrescentados ao leite, sem necessidade de cozimento (exemplo: Mucilon, Nutrilon...). Lembrar
sempre que o acréscimo de carboidratos aumenta a densidade calórica da mamadeira às custas de farinhas e cereais, quase sempre
desnecessários.
 
A reconstituição do leite em pó integral a 15% (15 gramas para cada 100 ml de água), recomendada para crianças a partir de 4 meses
de idade, é feita diluindo-se uma colher das de sopa cheias para cada 100 ml de água. Se a diluição for a 10% (antes dos 4 meses de
idade) deve-se dissolver 1 colher das de sopa cheia em 150 ml de água.

Alimentação Complementar

A alimentação saudável deve buscar contemplar alguns aspectos básicos, entre eles a
acessibilidade física e financeira dos alimentos, sabor, variedade, cor, harmonia,
segurança sanitária. Sua introdução deve considerar a maturidade fisiológica do
sistema digestório da criança e o grau de seu desenvolvimento neuro-sensório-
motor.
Alimentação Complementar: É o conjunto de outros alimentos, além do leite,
oferecidos durante a fase de aleitamento.
Alimentação Complementar Oportuna: Alimentação complementar
introduzida a partir do sexto mês de vida.
Alimento de Transição: alimento preparado especialmente para a criança,
modificado para se adequar às habilidades da criança, até que a criança possa se
alimentar com a refeição da família.

Antes dos quatro meses de idade, a criança ainda não atingiu o desenvolvimento fisiológico necessário para que possa receber alimentos
sólidos. Ainda há uma imaturidade do sistemas digestório e da função renal, entre outros aspectos. O tubo digestivo do lactente nessa fase ainda
apresenta certa permeabilidade  que leva  ao risco de absorver  peptídios estranhos à espécie humana podendo ocasionar reações de
hipersensibilidade. Os rins ainda são imaturos e apresentam reduzida capacidade de concentrar a urina e excretar concentrações mais altas de
solutos provenientes de alguns alimentos.

Entre quatro a seis meses, o desenvolvimento do lactente já começa a permitir a aceitação e a tolerância a alimentos semi-sólidos, pois o reflexo
de protrusão da língua desaparece, a  função gastrointestinal já amadurece e também ocorrem importantes avanços no desenvolvimento
neuromuscular (controle da cabeça e do pescoço, capacidade de se manter sentada) e social (capacidade de demonstrar desinteresse ou
saciedade). Com a aproximação do sexto mês, esses aspectos atingem um nível satisfatório e, consequentemente, a criança se adapta física e
fisiologicamente para receber uma alimentação mais variada quanto à consistência e textura.
 
Desse modo, o período considerado ideal para a introdução de alimentos complementares é o início do segundo semestre de vida da criança,
considerando também que antes desse período o leite materno atende completamente às necessidades nutricionais da criança. Após os seis
meses de idade a criança já tem desenvolvidos os reflexos necessários para a deglutição, já manifesta excitação à visão do alimento, já sustenta a
cabeça e o tronco, facilitando a alimentação oferecida por colher, e tem-se o início da erupção dos primeiros dentes, o que facilita na mastigação.
A partir do sexto mês a criança desenvolve ainda mais o paladar e, consequentemente, começa a estabelecer preferências alimentares, processo
que a acompanha até a vida adulta.

O início dos alimentos complementares antes dos seis meses não oferece nenhuma vantagem, e ainda pode trazer complicações à saúde da
criança:
 
Maior número de episódios de diarréia;
Maior número de hospitalizações por doença respiratória;
Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os
alimentos são muito diluídos;
Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco;
Menor duração do aleitamento materno.
 
Assim, após o 6° mês de vida, a criança em aleitamento materno exclusivo deverá começar a receber outros alimentos para atender às suas
crescentes necessidades nutricionais.

A escolha dos alimentos


 
Para os lactentes se recomenda o consumo de alimentos saudáveis, prioritariamente “in natura” que sejam preparados em casa, com boas condições
de higiene. Há de se considerar que os  alimentos industrializados, caracterizados como processados ou ultraprocessados,  pela classificação NOVA
(2016), devem ser abolidos nos primeiros anos de vida. Estes alimentos possuem maior teor de sal, açúcar e gorduras, principalmente saturadas e
trans.
 
 
Classificação
  NOVA (Monteiro et al, 2016)
 
In natura ou minimamente processados
 
Os alimentos in natura são obtidos de plantas ou de animais e não passam por muitas alterações. Os alimentos minimamente processados
passam por alguma modificação: limpeza, remoção de  partes indesejáveis, divisão, moagem, secagem, fermentação, pasteurização,
refrigeração, congelamento, mas não são adicionados de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias. 
 
Ingredientes culinários processados
São produtos alimentícios fabricados pela indústria a partir de substâncias que existem em alimentos in natura ou na natureza. São usados
para preparar as refeições. Exemplos: sal iodado; açúcar; mel; óleos e gorduras,  amido, etc.  Vale ressaltar que temperos “in natura”
como salsinha, cebolinha, manjericão, alecrim, tomilho, sálvia, alho, cebola, dentre outros são permitidos na elaboração de preparações.
 
Alimentos processados
São alimentos elaborados a partir de alimentos in  natura, porém geralmente adicionados de sal ou de açúcar ou outra substância  para
durarem mais ou para permitir outras formas de consumo (conservas, geleias...). 
 
Alimentos ultraprocessados
São produtos produzidos por grandes indústrias e que levam muitos ingredientes, como sal, açúcar, óleos, gorduras e aditivos alimentares
(corantes, aromatizantes, realçadores de sabor, entre outros).

O desmame guiado pelo bebê - Baby-Led Weaning (BLW) 


 
E ét d i í i d li t ã ólid d l t t f d d d f d f t d li t l t d
Esse método para o início da alimentação sólida do lactente em fase de desmame, defende que a oferta de alimentos complementares deva ser em
pedaços, tiras ou bastões manipulados pelo próprio bebê e levados à boca por eles mesmos. O Departamento de Nutrologia da SBP recomenda que
o lactente receba os alimentos amassados em forma de papa oferecidos na colher, mas que paralelamente a isso, ele deve também utilizar as mãos
para explorar as diferentes texturas dos alimentos estimulando o seu desenvolvimento neuro sensório motor.
 
FRUTAS

As frutas in natura (qualquer fruta, dando preferência às frutas da época e respeitando a cultura regional) devem ser oferecidas no início da
introdução dos alimentos complementares, raspadas, amassadas ou picadas. Os sucos devem ser evitados pois levam ao maior consumo de
calorias e ausência de ingestão das fibras das frutas.
 
PAPA DE MISTURAS MÚLTIPLAS
 
A primeira papa de misturas múltiplas (cereais, leguminosas, tubérculos, carne, legumes, verduras), deve ser oferecida a partir dos 6 meses de vida,
no horário de almoço ou jantar (horário em que a família estiver reunida para a refeição). Nas primeiras semanas completa-se com o leite materno,
até que a criança se mostre saciada apenas com a papa. A segunda papa de misturas múltiplas será oferecida a partir do sétimo mês de vida.
 
A composição da papa de misturas múltiplas  deve ser variada e fornecer todos os tipos de nutrientes. Os alimentos na mistura, devem ter,
aproximadamente, 3 porções do alimento base (cereal, raiz ou tubérculo), 1 porção de alimento proteico de origem vegetal (leguminosas = feijões), 2
porções de alimento proteico de origem animal (carne, ovos), e 3 porções de hortaliças (legumes/verduras).
 
A papa deve ser amassada com colher ou garfo, nunca peneirar ou liquidificar. A carne, na quantidade de 50 a 70 g/dia (para duas papas) não deve
ser retirada após o cozimento, mas, sim, picada ou desfiada e oferecida à criança (procedimento fundamental para garantir oferta adequada de
ferro e zinco). Aos 6 meses, os dentes estão próximos às gengivas, o que as tornam endurecidas, de tal forma que auxiliam a triturar os alimentos. A
consistência dos alimentos deve ser progressivamente elevada; respeitando-se o desenvolvimento da criança, evitando-se, dessa forma, a
administração de alimentos muito diluídos (com baixa densidade energética) e propiciando oferta calórica adequada. Além disso, crianças que não
recebem alimentos em pedaços até os 10 meses apresentam, posteriormente, maior dificuldade de aceitação de alimentos sólidos. Os alimentos da
família passam a ser oferecidos gradativamente entre o 9º e 12º mês em pequenos pedaços e após um ano de idade, sem modificações.

É importante oferecer água potável, porque os


alimentos complementares oferecidos ao lactente
apresentam maior sobrecarga de solutos para os rins.
 
Óleo vegetal (preferencialmente de soja) e sal devem
ser usados com restrição de quantidade, assim como se
devem evitar caldos e temperos industrializados.
Devem-se evitar alimentos industrializados
(refrigerantes, café e chás contendo xantinas,
embutidos, dentre outros). No primeiro ano de vida não
usar mel. Nessa faixa etária, os esporos do Clostridium
botulinum são capazes de produzir toxinas na luz
intestinal e consequentemente causar botulismo.
 
Sobremesas podem ser oferecidas com moderação
após o sétimo mês (exceto se houver risco de
sobrepeso, presença de sobrepeso ou obesidade):
gelatina, geleias, frutas, iogurte, sorvete, etc.

O quadro abaixo resume a orientação da SBP para a entrada dos alimentos complementares em caso de aleitamento
materno com ou sem uso de fórmulas infantis  no primeiro semestre e a manutenção da amamentação no segundo
semestre. Observe que a criança amamentada deve receber, após o 7º mês, três refeições ao dia (duas papas de misturas
múltiplas e uma de fruta) além do leite materno que deve ser oferecido livremente.

Introdução de Alimentos Complementares para Lactentes em Aleitamento Materno Exclusivo ou Fórmula

Faixa Etária Tipo de Alimento


 
Até o 6º mês Aleitamento Materno Exclusivo

6º ao 7º mês Leite materno + frutas + papa de misturas múltiplas no almoço OU jantar


7º ao 8º mês Leite materno + frutas + papa de misturas múltiplas no almoço E  jantar

9º ao 11º mês Gradativamente passar para as refeições da família + Leite materno

12º mês Refeições da família + Leite materno até os dois anos de idade ou mais

Quando a criança não está em aleitamento materno, mas está utilizando exclusivamente uma ‘fórmula láctea infantil de partida’
na sua alimentação, a idade de introdução dos alimentos complementares segue a mesma recomendação para o aleitamento
materno, ou seja, após o sexto mês de vida.  Mas se o lactente está sendo alimentado com leite de vaca integral, a introdução dos
alimentos complementares deve ocorrer mais cedo (a partir de quatro meses de idade). Em ambas as situações, a criança deve
receber, após o 6º mês, seis refeições ao dia (duas papas de misturas múltiplas, uma refeição de frutas e três de leite).

Introdução de Alimentos Complementares para Lactentes em Aleitamento Artificial com Leite de Vaca integral

Faixa Etária Tipo de Alimento


 
Até 4 meses Leite somente

Entre 4 e 6 meses Leite + frutas + papa de misturas múltiplas no almoço OU jantar.

6º ao 7º mês Leite + frutas + papa de misturas múltiplas no almoço E jantar.

9º ao 11º mês Gradativamente passar para as refeições da família

12º mês Refeições da família

Disponibilizamos para leitura complementar e aprofundamento, o material atualizado, do Departamento de Nutrologia


da Sociedade Brasileira de Pediatria, sobre o tema ALIMENTAÇÃO INFANTIL:
BAIXE AQUI
Manual de Alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de
doenças e segurança alimentar / Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. – 4ª. ed. - São Paulo:
SBP, 2018. 172 p.

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