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RESUMEN
Educação musical deve ser entendida como a atividade em que música e educação
formam uma unidade em processos intencionalmente organizados para o desenvolvimento
humano. Esse desenvolvimento não abrange somente o domínio de técnicas por si mesmas.
Envolve a consciência de si, do mundo, e de si no mundo. Das relações sociais, históricas e
culturalmente constituídas ao longo do tempo. Essa consciência engendra a possibilidade de
auto regulação da conduta musical para a compreensão, expressão e criação musicais. A
música enquanto atividade educativa, guiada com esse propósito, cria condições de
possibilidades para a existência de seres livres, em relação, eticamente comprometidos com
a vida. Uma educação musical voltada para a liberdade pressupõe processos educativos em
que as possibilidades humanas sejam reconhecidas como princípio educativo. Que a ação
colaborativa de experiências musicais diversas possa ser compartilhada de modo respeitoso,
sem preconceitos de qualquer espécie. Requer, ainda, o reconhecimento que somos seres
indivíduo sociais, afeto intelectivos. A arte de música é ferramenta das emoções, a técnica
social dos sentimentos, de seres humanos cujas emoções são constituídas culturalmente.
Somos uma relação social conosco mesmo. Isso nos convida a pensar uma educação
musical mais humana mais ética, em que todas as expressões e criações possam ser
respeitadas como expressões de humanidades. Emancipar, nesse processo educativo, é
reconhecer o humano que há em si, reconhecendo o humano que há no outro pro meio de
suas expressões e criações musicais. A escola pública é o melhor lugar para o
desenvolvimento de livres musicalidades. É o lugar de todos.
As artes são atividades humanas que carregam em si os diversos modos de ser e estar no
mundo. Expressam diferentes culturas e relações singulares entre pessoas, sociedades,
espaços, tradições e costumes. Estão marcadas por tempos históricos específicos e por
questões sociais que estruturam suas formas e conteúdos. Elas traduzem nossa
humanidade, principal e essencialmente no que tange às nossas emoções.
Para Vigotski (1999), a arte é a técnica social dos sentimentos, a ferramenta das
emoções. Ela condensa todo o campo dos sentimentos em épocas diversas. Tais
sentimentos dizem a respeito às nossas vivências humanas. Alegrias, dores, sofrimentos,
tristezas, raivas, etc. São emoções culturais, dialeticamente transformadas a partir de nossa
base biológica, animal, filogenética. Sentimos porque somos seres humanos culturais, nos
relacionando, uns com os outros, com as coisas, com a natureza, em diferentes tempos e
lugares. E, por sermos seres humanos que sentem, é que artistas tratam esses sentimentos
como materiais, conteúdos e formas, organizando-os no que chamamos de arte. Gonçalves
(2017, p.227) citando Vigotski, afirma:
A dimensão das emoções existe para os seres humanos em suas vivências na cultura, na
própria vida. Somos uma unidade intelecto- afetiva (VIGOTSKI, 1999). Quando as emoções
são organizadas como arte por seus criadores e, vivenciadas de diferentes formas por
receptores ativos, traduzem o campo emocional humano que são “reconhecidos”, enquanto
vivência artística, pela dimensão dos sentimentos. O reconhecimento da dimensão afetiva na
vivência com a arte funciona de modo singular para cada pessoa, como uma catarse. A arte
A ARTE DA MÚSICA
Pederiva (2009), afirma que, por ser a mais abstrata das artes, a música dialoga
diretamente com nossa dimensão emocional. Para Gonçalves (2017, p.246):
Como atividade humana que é, e, por sua importância no desenvolvimento humano frente
à dimensão emocional, artística, na relação com o mundo sonoro, com as músicas nas
culturas, deve ser vivenciada como atividade educativa desde a infância, por meio de uma
educação musical que possibilite a vivência plena da musicalidade. Como afirma Martinez
(2017, p.128), “As crianças, nesse processo, apropriam-se dessa atividade humana, o que as
capacitam a compreender e interpretar seu mundo circundante e a desenvolver sua
musicalidade em meio às experiências engendradas na vida”.
EDUCAÇÃO MUSICAL
De acordo com Gonçalves (2017), educação musical é “a área que se traduz pela
educação do desenvolvimento da musicalidade humana, ou seja, a arte da música enquanto
atividade educativa”. Compreendemos educação musical como a unidade dialética
educação-música (GONÇALVES, 2017). Dessa forma, educar musicalmente significa
organizar intencionalmente, espaços educativos para o desenvolvimento da musicalidade por
meio de processos educativos relacionais, afeto-intelectivos, criadores, expressivos,
compreensivos e sensíveis e conscientes.
1. Entender que todos somos seres musicais, seres de possibilidades, e que temos
experiências musicais, todas elas significativas. Assim, todas as experiências são
válidas e inquantificáveis;
6. Não há receitas. Cada grupo, por suas diferentes experiências musicais, irá trocar
diferentes processos educativos em música. Assim, cada processo é único,
singular, intransferível. Por isso mesmo, rico em sua singular diferença;
CONCLUSÕES
Uma educação musical organizada nessas bases, cria condições de possibilidade para
viver espaços educativos de forma mais humana, respeitosa, dialogada, compartilhada,
colaborativa e, assim, em liberdade de ser e de existir. Isso, porque, ao compartilhar as
próprias e diversas experiências musicais, respeitosamente, já estamos autenticando-as
como válidas, como importantes.
Nesse modo de educar, não há hierarquias, não há mais nem menos, nem melhor nem
pior. Há de outra forma, pessoas, todas importantes, todas capazes de compreender os
diferentes modos de expressão, criação, compreensão e vivências emocionais em música.
Todas como seres humanos culturais que são, com a possibilidade de desenvolver-se
musicalmente.
O desenvolvimento musical passa a ser, por meio dessa perspectiva, uma ação política no
mundo, um ato de emancipação. Ação de pessoas que se reconhecem como seres humanos
musicais na cultura. Todas elas importantes para a constituição da musicalidade de todos.
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/31392/1/2017_AugustoCharanAlvesBarbosaGon%
C3%A7alves.pdf
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/31631/1/2017_Andr%C3%A9iaPereiradeAra%C3%B
Ajo.pdf
REZENDE, Murilo Silva. A folia do palmital: experiências que tecem musicalidades. Tese
de Doutorado. Universidade de Brasília, Faculdade de Educação. Brasília 2018. 150 pp. No
Prelo