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Este Manual pertence ao Formando:

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Local da Formação:

Zona Industrial do Roligo, Rua 1º de Maio n.º 161 A


4520-115 Espargo – Santa Maria da Feira
Índice:

COMO PEDIR AJUDA PELO TELEFONE? ................. 4 ANGINA DE PEITO ............................................. 32


SUPORTE BÁSICO DE VIDA .................................. 7 ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO ..................... 33
POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA .................. 12 CRISE CONVULSIVA .......................................... 35
TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS HIPERTERMIA .................................................... 37
.......................................................................... 14 HIPOTERMIA...................................................... 37
CHOQUE ............................................................ 15 ALCOOLISMO AGUDO ....................................... 39
HEMORRAGIAS .................................................. 17 DIABETES .......................................................... 40
Hemorragia Externa .................................... 18 HIPERGLICEMIA ................................................ 40
Compressão direta…………………………….18 HIPOGLICEMIA .................................................. 40
Compressão indireta…………………………..19 LESÕES PROVOCADAS PELO CALOR .................. 42
AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA............................... 20 Insolação ..................................................... 42
GARROTE .......................................................... 20 Golpe de calor ............................................. 42
Hemorragias Internas ...................................... 21 LESÕES PROVOCADAS PELO FRIO ...................... 43
Equimose ..................................................... 23 CHOQUE ELÉTRICO / ELETROCUSSÃO ............... 44
Hemorragia Nasal ...................................... 23 REAÇÃO ALÉRGICA ........................................... 46
Hemorragia do ouvido – Otorragia .......... 24 ENVENENAMENTO / INTOXICAÇÃO .................... 47
Providenciar transporte para o hospital. ........... 25 FRATURAS ......................................................... 49
Hemorragia do Esófago, Estômago, Crânio .......................................................... 49
Duodeno ...................................................... 25
Maxilares..................................................... 50
Hemorragia dos Pulmões........................... 25
Cintura Escapular ...................................... 50
Hemorragia Vaginal .................................. 25
Úmero e cotovelo ........................................ 51
Aborto espontâneo ..................................... 25
Antebraço .................................................... 51
FERIDAS ............................................................ 26
Punho e mão ............................................... 51
Contusão ..................................................... 26
Pescoço ........................................................ 52
Atuação Feridas Superficiais ..................... 26
Fémur .......................................................... 52
Feridas com Objetos espetados ................. 27
Joelho........................................................... 53
Ferimentos no Tórax .................................. 27
Tornozelo .................................................... 53
Ferimentos no Abdómen ........................... 28
Pé ................................................................. 53
Ferimentos nos Olhos................................. 28
Bacia ............................................................ 54
QUEIMADURAS .................................................. 29
ENTORSES ..................................................... 55
Queimaduras Oculares .............................. 30
DISTENSÕES .................................................. 55
Queimaduras por Agentes Químicos........ 30
CONSTITUIÇÃO DA MALA DE 1ºSOCORROS ......... 56
DESMAIO ........................................................... 30
BIBLIOGRAFIA ................................................... 57
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) ......... 31
DOR TORÁCICA ................................................. 32

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INTRODUÇÃO

As situações de emergência ocorrem com certa frequência, não só nos locais de trabalho, onde o risco
potencial é elevado, mas também nos domicílios, pois é onde nós levamos a cabo inúmeras atividades,
visto isto as emergências médicas podem acontecer em qualquer hora e em qualquer lugar e exigem
sempre uma atuação rápida e eficaz. No entanto, quando acontecem as pessoas têm as reações mais
diversas. Algumas não se manifestam porque não sabem o que fazer, enquanto que outras, sabendo o que
fazer ficam estáticas, paralisadas pelo medo/pânico, incapazes de tomar qualquer atitude. Outras há, que
reagem corajosamente e enfrentam a situação, muitas vezes desconhecendo a melhor forma de o fazer, o
que poderá provocar um agravamento das lesões.
Este manual destina-se a todos aqueles que, por uma questão de cidadania, de humanidade, ou mesmo de
necessidade, se dispõem a ajudar o próximo. Pretende transmitir de maneira simples e objetiva, com uma
linguagem bastante clara e com ilustrações (fotografia e desenhos).
Este manual apresenta as situações que acontecem com maior frequência, as avaliações que devem ser
feitas e os 1º socorros a efetuar, enquanto aguardam pela chegada de meios de socorro especializados
(112). Os procedimentos referidos neste manual podem salvar vidas.
Ao lê-lo, terá a oportunidade de ampliar os seus conhecimentos, entender o porquê de um ou de outro
procedimento, eliminar dúvidas de como agir numa situação de emergência e, principalmente, tomar
consciência da importância de se prestar socorro a quem necessita.

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A chamada será atendida por um operador da
COMO PEDIR AJUDA PELO Central de Emergência, que após a obtenção
de alguns dados irá passar o telefonema para a
TELEFONE?
secção mais direcionada para o tipo de
emergência apresentado. As Emergências
112 Médicas serão direcionadas para o CODU
(Centros de Orientação de Doentes Urgentes).
Perante uma situação de emergência (socorro)
em que seja necessária ajuda especializada Os CODU’s (Centros de Orientação de
(112), essa ajuda deve ser sempre pedida Doentes Urgentes)
através de telefonema para o nº 112 (Número
Europeu de Socorro). São centrais rádio e telefónicas coordenadas
As chamadas para o nº 112 são gratuitas e por um médico e que, dentro da área de saúde,
todos os serviços prestados pelo 112 (INEM) fazem a gestão dos pedidos de ajuda e dos
também são gratuitos, nas autoestradas há meios de socorro disponíveis em cada
avisadores S.O.S., onde não é preciso marcar momento na sua zona de atuação.
qualquer número basta pressionar o botão que
lá se encontra, estes serviços estão acessíveis
de qualquer ponto do país e durante 24
horas/dia.

Perceber como funciona uma central de


emergência!

Quando liga 112 o telefonema é encaminhado


para a central de emergência mais próxima do
local de onde é efetuado o contacto.
As centrais de emergência são centrais
telefónicas, criadas ao nível de cada distrito,
tendo por função receber e encaminhar para a Fundamentalmente, compete ao CODU
entidade adequada todos os pedidos de ajuda prestar, em tempo útil, orientação e apoio
que envolvem as mais variadas situações: médico necessário ao eficiente socorro do
- Segurança, gerida e/ou encaminhada para a doente, na área da sua responsabilidade, quer
PSP, GNR, etc…; em situações de emergência médica quer de
- Incêndio, encaminhada para os bombeiros; doença súbita ou acidentes. Nomeadamente,
- Saúde, sempre que possível, encaminhadas compete aos CODU’s:
para os CODU’s. - Proceder ao atendimento e triagem da
situação de emergência médica;
- Proceder ao aconselhamento médico sobre a
atitude a tomar pelo utente;
- Acionar, sempre que necessário, o transporte
das vítimas para os serviços de saúde
adequados, utilizando meios próprios ou de
outras entidades;
- Enviar uma equipa médica, tendo em conta a
disponibilidade de meios e quando a situação
o justifique;
- Coordenar os meios de socorro de
emergência médica dentro da área da sua
responsabilidade, isto num espírito de

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cooperação e de uma forma concertada com determinem a atuação dos diferentes
outras entidades e centrais. intervenientes em cada fase.
A crescente cooperação entre os parceiros do Cabe ao INEM (Instituto Nacional de
SIEM (Sistema Integrado de Emergência Emergência Médica) o papel de “organismo
Médica) irá certamente proporcionar a coordenador das atividades de Emergência
concretização de soluções integradas de forma Médica a executar pelas diversas entidades
a promover a articulação eficaz e o intervenientes no sistema e cuja atuação se
alargamento dos conceitos acordados, a todo desenvolverá segundo um esquema de
o território nacional. organização regional”.

SIEM Para que tudo isto funcione é fundamental a


sua colaboração pois o socorro inicia-se com
(Sistema Integrado de Emergência uma avaliação objetiva da vítima e com o
Médica) – O que é? Alerta (Pedido de Ajuda), é esta a base de
todo o processo de socorro.
Antes de proceder à definição de Sistema
Integrado de Emergência Médica parece ser Dados a Observar e Transmitir aquando do
útil decompor este conceito nas suas várias telefonema ao 112
partes, ou seja, descrever todos os conceitos
que se encontram implícitos. Transmita os dados de forma objetiva, clara e
Por Sistema entende-se um conjunto de partes simples, facultando toda a informação que lhe
interligadas que estão coordenadas de forma a for solicitada, para permitir um rápido e
atingir um determinado objetivo com a eficaz socorro às vítimas.
máxima economia de recursos. Antes de telefonar deve procurar recolher os
A expressão Integrado significa as partes seguintes dados:
pertencem a um todo, ou sejam todas as partes
estão ligadas de forma a complementarem-se, • O tipo de situação (doença, acidente, parto,
isto é, a atingir o mesmo fim. etc.);
Emergência é uma expressão utilizada para • O número de telefone do qual está a ligar;
definir algo que ocorre subitamente e • A localização exata e, sempre que possível,
apresenta uma gravidade excecional. com indicação pontos de referência;
A palavra Médica implica tudo aquilo que diz • O número, o sexo e a idade aparente das
respeito á medicina, ou seja, o que se pessoas a necessitar de socorro;
relaciona com saúde e doença. • As queixas principais e as alterações que
Temos então que o Sistema Integrado de observa;
Emergência Médica é um conjunto de meios e • A existência de qualquer situação que exija
ações extra-hospitalares, hospitalares e intra- outros meios para o local, por exemplo,
hospitalares, coma intervenção ativa dos libertação de gases, perigo de incêndio, etc.
vários componentes de uma comunidade,
portanto pluridisciplinar, programados de Depois de feita a triagem da situação.
modo a possibilitar uma ação rápida, eficaz e
com economia de meios, em situações de Os operadores das centrais 112 indicam-lhe a
doença súbita, acidentes e catástrofes, nas melhor forma de proceder, enviando – se
quais a demora de medidas adequadas, de necessário – os meios de socorro adequados.
diagnóstico e terapêutica, podem acarretar Lembre-se que as ambulâncias do INEM
graves riscos ou prejuízo para o doente. deverão ser apenas utilizadas em situação de
A organização do Sistema Integrado de risco de vida eminente. No caso de não ser
Emergência Médica exige um conjunto de necessário enviar uma ambulância do INEM
programas perfeitamente definidos que são dadas todas as informações sobre a

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melhor forma de ser transportado para as Frota INEM
unidades de saúde adequadas.

Desligue o telefone apenas


quando o operador indicar.

Meios INEM disponíveis:


Ambulâncias INEM com 2 T.A.E.
(Tripulantes de Ambulância de Emergência)

Profissionais do INEM:
Existem inúmeras Classes profissionais em
colaboração com o INEM, aqui apenas estão
representados aqueles que assistem
diretamente as vítimas, no entanto, o trabalho
destes depende de toda uma equipa.

• TAE – Tripulante de Ambulância de


Emergência
• Enfermeiro
• Médico
VMER – Veículo Médico de Emergência e
Reanimação, 1 médico e 1 enfermeiro

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SUPORTE BÁSICO DE VIDA Sequência dos Procedimentos:

1 – Verificar as Condições de Segurança:


Os atuais recursos da Medicina permitem
salvar vítimas de paragem cardíaca e
respiratória (PCR). Esta afirmação significa
que mesmo que o coração e a respiração
parem, é possível recuperar essa pessoa para
uma vida comparável à que tinha antes, desde
que se proceda corretamente e a tempo. Nesta
afirmação estão contidas duas ideias
fundamentais: os procedimentos têm de ser
corretos e têm que ser feitos de imediato. Se
não for assim, a pessoa que teve a PCR morre.
Em caso de PCR, a probabilidade de salvar a
vítima diminui 3 a 4% por cada minuto que
passa sem que sejam iniciadas manobras de
Suporte Básico de Vida. No indivíduo em Antes de abordar a vítima, confirme se tem
PCR as reservas de energia e de oxigénio condições de segurança para o fazer.
esgotam-se ao fim de 5 minutos. Logo é
importante o Suporte Básico de Vida, pois é 2 – Avaliar a resposta da Vítima:
esta técnica que vai permitir manter
circulação e oxigenação dos órgãos nobres
(cérebro e coração) até à chegada de ajuda
especializada.
O suporte básico de vida do adulto consiste na
seguinte sequência:

Segurança
|
Não Responde
|
Gritar por ajuda
|
Permeabilizar a Via Aérea
| Abanar suavemente os ombros e perguntar
A Respiração é normal “está bem? Sente-se bem?
|
Ligar 112 3 a) – Se a vítima Responde:
Deixa-se a vítima na posição em que foi
| encontrada, tenta-se perceber o que se terá
Compressões Torácicas – 30 passado e reavalia a vítima e pede ajuda se
| necessário.
Ventilações – 2
|
Compressões – 30 / Ventilações - 2 3 b) - Se a vítima Não Responde:

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deixa cair a língua para trás o que pode
obstruir a entrada de ar para os pulmões, por
isso, é necessário abrir a passagem do ar.
Deve colocar uma mão na testa da vítima e
fazer a extensão da cabeça, mantendo o
indicador e o polegar livres para fechar o
nariz se for necessário insuflar ar para os
pulmões);

Deve gritar por ajuda sem abandonar a vítima.

Colocar a vítima de costas e permeabilizar a


via aérea, abrindo a boca e observar se existe
algum corpo estranho na via aérea.

Elevar o queixo (com a mão livre, elevar o


queixo da vítima com o dedo médio e o
indicador, de forma a permeabilizar a via
aérea);

Em caso de suspeita de traumatismo da


coluna, não fazer a hiperextensão do pescoço
e tentar abrir a via aérea com a subluxação da
Abrir a boca e remover os corpos estranhos mandíbula.
que estejam à vista (ao abrir a boca verificar
se há corpos estranhos que possam obstruir a
via aérea. Se sim remover todos os corpos
estranhos visíveis incluindo dentaduras soltas.

Posteriormente efetuar a extensão da cabeça


visto que uma pessoa quando inconsciente

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5 a) - Se a vítima Respira normalmente:

• Colocá-la em Posição Lateral de


Segurança (PLS);
• De seguida confirmar se mantém
respiração eficaz;
• Ligar 112;
• Voltar para junto da vítima mantendo
a vigilância sobre a eficácia da respiração;

5 b) - Se a vítima NÃO respira


normalmente:
Subluxação da mandíbula (com os polegares
abrir a boca e com os outros dedos “em • Mandar alguém ligar 112, ou então se
gancho”, pressionar de trás para a frente o o reanimador estiver só, deixa a vítima e vai
ângulo da mandíbula para abrir a via aérea e a ligar 112, pois irá ser necessária uma equipa
vítima conseguir respirar. de emergência no local;
• Ligar 112, é prioritário.
4 – Manter a via aérea aberta, e efetuar o VOS
(Ver, Ouvir e Sentir) verificando se a
respiração é normal (movimentos ocasionais
não são suficientes).

Para verificar se a vítima respira usa-se a


técnica de:

Após ter pedido ajuda ao 112:


- Ajoelha-se ao lado da vítima;
- Apoiar a eminência tenar de uma das mãos
no centro do tórax da vítima;

- Ver se há movimentos torácicos;


- Ouvir se há sons provocados pelo fluxo de
ar;
- Sentir na face do reanimador, se há fluxo de
ar vindo da vítima (a face do reanimador
deve estar junto à boca da vítima);

VOS durante 10 segundos

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Colocar a palma da outra mão por cima da Repetir as compressões à razão de 100
primeira; compressões por minuto, as mãos não devem
perder o contacto com o tórax tendo, no
Entrelaçar os dedos das duas mãos, entanto que aliviar completamente a pressão
assegurando que a pressão se faz sobre o no tórax entre cada compressão.
esterno e não sobre as costelas;
Não fazer pressão sobre a parte superior do 6 a) – Combinar compressões torácicas com
abdómen nem sobre a ponta inferior do ventilações:
esterno; Depois de 30 compressões. Permeabilizar a via
aérea com extensão do pescoço e elevação do
queixo.

6 b) – Se efetuar ventilação boca-a-boca:


- Fazer a extensão da cabeça;
- Com o polegar e o indicador da mão que está
apoiada na testa, ocluir o nariz comprimindo a
sua parte mole;
- Assegurar que a extensão da cabeça e a
elevação do queixo são eficazes;
- Manter a boca da vítima ligeiramente aberta
e o queixo elevado;

O reanimador coloca-se numa posição


perpendicular ao tórax da vítima, com os
braços estendidos pressionando o esterno de
forma a deprimi-lo entre 4 a 5 cm

- O reanimador inspira profundamente e sela


os seus lábios aos da vítima, assegurando-se
de que não há fugas de ar;

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- Soprar para a boca da vítima, de maneira - Reconfirmar que a extensão do pescoço e
uniforme durante 2 segundos e observar se há elevação do queixo são corretas;
elevação do tórax como na respiração normal; - O reanimador poderá executar duas
- Manter a extensão da cabeça e a elevação do tentativas de ventilação, retomando de seguida
queixo, retirar os lábios e verificar se o tórax as compressões;
regressa à posição inicial com a saída do ar; - Se há mais do que um reanimador, estes
- Repetir o mesmo procedimento para fazer a devem-se revezar a cada 1-2 min, para
2ª ventilação; prevenir a fadiga, assegurando que o tempo
- Recolocar rapidamente as mãos na posição decorrido na troca de reanimadores é mínimo.
correta no esterno e efetuar 30 compressões;
- Manter as compressões e ventilações à razão 6d) – Compressões Torácicas apenas:
de 30:2. Quando não se consegue ou se decide não
realizar ventilação boca-a-boca devem-se
Se há dificuldade em ventilar a vítima efetuar apenas compressões torácicas externas.
(colocar o ar dentro do tórax da vítima), Mantendo um ritmo de 100/min.
confirmar se há algum corpo estranho a
obstruir a passagem do ar, confirmar se a 7 – Manter o SBV até:
hiperextensão de pescoço e a elevação do - Chegar ajuda diferenciada;
queixo são adequadas. - O reanimador ficar exausto;
- A vítima recuperar respiração normal.
Só se deve parar, para reavaliar se a vítima
começar a respirar normalmente, caso
contrário não se interrompe a reanimação. Em resumo:

Algoritmo do Suporte Básico de Vida


6 c) – Se efetuar ventilação utilizando máscara
de bolso:
Fixar a máscara à face da vítima, efetuar a
extensão da cabeça e elevação do queixo, e
proceder às insuflações como anteriormente
descrito;

Se a insuflação não fez expandir o tórax, como


na respiração normal, antes da ventilação
seguinte:
- Rever a boca da vítima e remover quaisquer
corpos estranhos;

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Técnica para colocar uma vítima em
POSIÇÃO LATERAL DE PLS:
SEGURANÇA Ajoelhe-se ao lado da vítima
• Remova objetos estranhos ao corpo da
Nas situações em que a vítima se encontra
vítima, os quais ao posicioná-la possam
não reativa e com respiração eficaz, ou se eventualmente causar lesões (ex.: óculos,
tiverem sido restaurados os sinais de vida canetas);
após manobras de reanimação, a manutenção
da permeabilidade da via aérea deverá ser • Assegure-se que as pernas da vítima
obrigatoriamente garantida. estão estendidas;
A Posição Lateral de Segurança (PLS)
garante a manutenção da permeabilidade da
via aérea numa vítima inconsciente que
respira normalmente:
• Diminuindo o risco de aspiração de
vómito;
• Prevenindo que a queda da língua
obstrua a VA;
• Permitindo a drenagem de fluidos pela
boca;
• Permitindo a visualização do tórax;
Não estão demonstrados riscos associados à
sua utilização.
• Coloque o braço mais perto (do seu
lado) em ângulo reto com o corpo, com o
cotovelo dobrado e a palma da mão virada para
cima;

Se, ao abordar a vítima, ela:


Responde:
• deixe-a como a encontrou;
• procure quaisquer alterações;
• solicite ajuda (ligue 112);
• reavalie-a regularmente. Segurar o braço mais afastado
• Segure o outro braço (mais afastado)
cruzando o tórax e fixe o dorso da mão na face
Estiver inconsciente e a respirar do seu lado;
normalmente
• coloque-a em PLS. Levantar a perna do lado oposto
• Com a outra mão levante a perna do
lado oposto acima do joelho dobrando-a,
deixando o pé em contacto com o chão;

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posição deve ser desfeita e refeita para o lado
oposto.

Rolar a vítima
• Enquanto uma mão apoia a cabeça a outra
puxa a perna do lado oposto rolando a vítima
para o seu lado;
• Estabilize a perna de forma a que a anca e Para desfazer a PLS o reanimador deve-se
o joelho formem ângulos retos; colocar por trás da vítima, alinhar as duas
• Incline a cabeça para trás assegurando a pernas da vítima e com uma mão na anca e
permeabilidade da VA; outra a proteger a cabeça rolar lentamente a
• Ajuste a mão debaixo do queixo, para vítima apoiando as costas da vítima nas suas
manter a extensão da cabeça; pernas, que vão sendo arredadas à medida que
• Reavalie regularmente a respiração (na a vítima vai ficando de costas.
dúvida desfazer a PLS, permeabilizar a VA e
efetuar VOS até 10 segundos).

• Confirmar a hiperextensão da cabeça e


a permeabilidade da via aérea, podendo haver
necessidade de ajustar a mão que se encontra
sob o queixo;
• Reavaliar a ventilação periodicamente;
• Vigiar a circulação no braço que fica
por baixo do corpo para evitar zonas de
pressão.

Se trauma ou suspeita de trauma


Reafirma-se uma vez mais a contraindicação da
PLS no trauma ou na sua suspeita;
A proteção da coluna, garantindo o mais
possível do seu alinhamento, é fundamental
nestas situações e deve acontecer antes da
vítima ser mobilizada.
Recomendação: se houver necessidade de
manter a PLS por mais de 30 minutos a

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- Retirar dentaduras ou outros corpos
TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS estranhos que possam estar soltos na boca;
VIAS AÉREAS - O socorrista coloca-se ao lado e ligeiramente
por detrás da vítima;
A grande maioria das situações de obstrução - Apoiando o tórax da vítima com uma das
da via aérea, ocorrem durante a ingestão de mãos, inclina-a para a frente para que se sair
alimentos e são muitas vezes presenciadas, um corpo estranho da via aérea possa ser mais
por isso, muitas vezes há oportunidade de facilmente expelido;
intervenção com a vítima ainda consciente. - Com a base da outra mão, aplique até 5
O reconhecimento da obstrução da via aérea é palmadas interescapulares;
determinante para o sucesso da intervenção. É
importante não o confundir com desmaio,
ataque cardíaco, convulsão, ou outra causa de
dificuldade respiratória de instalação súbita,
de cianose ou de perda de consciência.

Engasgamento
Se a obstrução da via aérea for parcial, a
vítima pode eliminar o obstáculo tossindo. Se
a obstrução for total, é necessária a
intervenção rápida e expedita, para salvar a
vítima da morte por asfixia. Se as pancadas interescapulares não surtirem
efeito, deve fazer a Manobra de Heimlich
Se a vítima está consciente e respira apesar (compressão abdominal).
dos sinais evidentes de obstrução:
- Estimular, apenas, a vítima a tossir. Manobra de Heimlich

Pancadas Interescapulares O socorrista coloca-se por trás da vítima,


abraça-a pela parte alta do abdómen;
Se verificar que a vítima não consegue tossir
ou que começa a perder forças: Inclina a vítima para a frente para facilitar a
- Aplicar até cinco pancadas nas costas saída do corpo estranho para fora da boca e o
(pancadas interescapulares) não retorno à via aérea em caso de
mobilização;
Coloca um punho fechado no epigastro, logo
abaixo do apêndice xifoide (“boca do
estômago);

Região interescapular

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CHOQUE
O Choque constitui uma emergência médica,
tendo que ser identificado o mais
precocemente possível, pois caso contrário
poderá levar á morte.
O Choque caracteriza-se pela falta de
circulação e oxigenação dos tecidos do corpo,
provocada pela diminuição do volume de
sangue ou pela deficiência do sistema
cardiovascular. O estado de choque põe em
risco a vida do indivíduo.
Aperte esse punho com a outra mão, O sangue é responsável pelo transporte de
mantendo-se numa localização a meio oxigénio e nutrientes para as diversas partes
caminho entre o apêndice xifoide e o umbigo; do organismo, inclusive para o cérebro e o
coração. O oxigénio e nutrientes são
essenciais para cada parte do corpo, logo, se
houver diminuição na quantidade de sangue
transportado, haverá também diminuição no
fornecimento de oxigénio e nutrientes, que, se
irreversível, torna inevitável a morte celular.

Causas:
As principais causas do choque são:
-Redução da quantidade de sangue circulante
(hemorragias, queimaduras graves, …);
- Choque elétrico;
Dê um puxão súbito, exercendo a força de - Problemas cardíacos;
baixo para cima e da frente para trás. Com - Dor intensa de qualquer origem;
esta manobra o corpo estranho pode ser - Infeção grave;
mobilizado e expelido pela boca; - Reação Alérgica (picadas de insetos,
Em caso de insucesso, alterne 5 palmadas medicamentos, ingestão de marisco ou
interescapulares com 5 compressões inalação de vapores da cozedura destes, …)
abdominais. - Intoxicação por produtos químicos.
O estado de choque manifesta-se de diferentes
No adulto e criança com mais de 1 ano, formas. A vítima pode apresentar diversos
conscientes, com obstrução completa da via sinais e sintomas ou apenas alguns deles,
aérea, a probabilidade de desobstrução dependendo da intensidade de cada caso. O
aumenta quando se associam palmadas quadro clínico, portanto, é praticamente o
interescapulares e compressões abdominais e mesmo, logo o que interessa é saber abordar
torácicas. de forma geral e a especificidade fica para o
hospital.
Se a vítima fica inconsciente:
- Colocá-la cuidadosamente no chão; Sinais e Sintomas:
- Ligar 112 de imediato; • Pulso rápido e fraco, por vezes difícil de
- Iniciar SBV (sequência recomendada para o palpar;
adulto). • Hipotensão (tensão arterial muito baixa);
• Diminuição das tensões arteriais
• Pele fria e húmida;
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• Suor abundante; • Vire a cabeça da vítima para o lado, para
• Palidez abundante; que em caso de vómito se evite a aspiração
• Lábios e extremidades descorados; do mesmo para os pulmões, (só realiza esta
• Sede; manobra, caso não suspeite de lesão na
• Extremidades frias; coluna vertebral);
• Náuseas e vómitos; • Abra as roupas da vítima (gravata,
• Tremores e calafrios; colarinho, cinto, soutien, etc…).
• Respiração superficial, curta, rápida e • Elimine da cavidade oral restos de alimento
irregular; ou secreções e retire a prótese dentária, se
• Aumento da frequência ventilatória; houver.
• Tonturas, sensação de desmaio; • Aqueça a vítima com cobertores, toalhas,
jornais, etc…
• Alteração do estado de consciência,
podendo aparecer a Ansiedade e agitação ou • Peça ajuda especializada (112).
mais frequentemente, sonolento e coma.

Atuação no Choque:
De uma forma geral, uma vítima encontrada
em choque beneficia de um conjunto de
medidas que visam melhorar a irrigação
tecidular de que é alvo, e evitar o
agravamento da situação de isquemia
tecidular (sofrimento celular por falta de
irrigação sanguínea).
Em certos casos, ao prestar os primeiros
socorros, pode-se eliminar a causa do estado
de choque.
• Se possível identifique e elimine/controle a
causa do choque;
• Tente identificar a causa do choque
(hemorragia, queimadura, choque elétrico,
etc..), de modo a dispensar à vítima o
tratamento adequado;
• Mantenha uma atitude calma e segura;
• Acalme a vítima, se ela estiver consciente.
• Pensar e agir sempre em função de
Avaliação Primária
- A Via aérea com controlo cervical
- B Ventilação
- C Circulação com controlo de hemorragias
- D Disfunção neurológica
- E Exposição com controlo da temperatura
• Verificar e se possível registar os sinais
vitais - ter especial atenção às características
da respiração, da pressão arterial e do pulso;
• Deite-a de barriga para cima, com as pernas
elevadas (se não houver suspeita de
traumatismos);
• Manter as vias aéreas permeáveis;

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inconsciente, colapso respiratório e cardíaco
HEMORRAGIAS poderá estar eminente.

SISTEMA CIRCULATÓRIO:
HEMORRAGIA

O coração e os vasos sanguíneos (artérias, Definição de hemorragia – fluxo de sangue


veias, capilares) constituem o sistema que sai do seu circuito normal,
circulatório essencial. Este sistema trabalha independentemente da quantidade.
num ciclo e depende de um órgão muito
nobre chamado coração. Hemorragia é a perda de sangue que acontece
O coração bate em média 60 a 90 pulsações quando há rompimento de veias ou artérias,
por minuto (no adulto), como consequência provocado por cortes, amputações,
destes batimentos (contrações do músculo esmagamentos, fraturas, úlceras, tumores,
cardíaco) o sangue é ejetado a partir do etc…
ventrículo esquerdo para as diferentes partes Sendo a circulação sanguínea uma das
do organismo (através das artérias), funções vitais, a perda de sangue (hemorragia
transportando oxigénio e nutrientes para as abundante) pode revestir-se de graves
células (através dos capilares). A excreção complicações, como o estado de choque,
celular e o sangue desoxigenado são lesões irreversíveis dos órgãos principais ou,
transportados pelas veias, passando pelo baço, até mesmo, a morte.
fígado, rins para limpeza e regulação do Quanto ao tipo de vaso sanguíneo atingido, as
conteúdo sanguíneo. hemorragias dizem-se:
Este sangue desoxigenado (coloração mais • Arteriais: o sangue apresenta-se vermelho-
escura) é transportado até à aurícula direita, claro (oxigenado), saindo em jatos
através de veias de grande porte, depois é intermitentes que correspondem aos
conduzido para os pulmões, onde será batimentos cardíacos (esta situação precisa de
novamente oxigenado e enviado para a atenção imediata);
aurícula esquerda, estando assim pronto para • Venosas: o sangue apresenta-se vermelho-
um novo ciclo. escuro (desoxigenado), saindo em fluxo
contínuo e não muito intenso (sangramento
EFEITOS DE PERDA SANGUÍNEA: venoso);
• Capilares: o sangue sai lentamente, em
 0,5l – Os efeitos não são graves, “toalha”.
provavelmente só um desmaio (partindo do
princípio que a causa da lesão não afetou
outras funções vitais)
 1l – O organismo começa a responder a um
desafio mais grave. Dá-se o início de choque As hemorragias podem ser externas ou
de volume (pressão arterial não é suficiente internas. As externas são aquelas em que
para transferência efetiva de oxigénio para os ocorre o derramamento de sangue para fora
tecidos). A vítima poderá apresentar fraqueza, do corpo; é o caso dos cortes ou
palidez e dificuldade em manter-se de pé. esmagamentos. Nas hemorragias internas, o
 2l – Situação algo gravosa, a vítima poderá sangue acumula-se dentro das cavidades do
cair, apresentar pulso rápido e fraco. A pele corpo. Este segundo tipo de hemorragia é
torna-se pegajosa e pálida à medida que o mais característico quando há ferimentos no
sangue é desviado para os órgãos principais. fígado, baço, cérebro, etc… São casos de
A vítima poderá sentir-se muito doente e com difícil diagnóstico, mas podem manifestar-se
sede. pelo estado de choque. Algumas hemorragias
 3l – Situação de risco de vida, sinais de acontecem no interior do corpo, mas o sangue
pulsação e respiração muito fracos. Vítima sai através de orifícios naturais (como nariz,

17
boca, ânus, vagina), sendo mais fáceis de larga, ou um cinto amarrar a compressa de
identificar e atendidas como qualquer forma a fixar o penso e fazer a contenção da
hemorragia interna. hemorragia, ou mesmo a própria vítima
Como consequência da perda de sangue, a pode aplicar pressão sobre o ferimento.
vítima poderá entrar em estado de choque.
Assim, podem estar presentes os sinais e
sintomas que o caracterizam (ver capítulo
Choque)
A hemorragia abundante e não controlada
pode causar a morte em minutos.

Hemorragia Externa
As hemorragias que ocorrem por feridas
localizadas na superfície do corpo
(hemorragias externas) devem ser estancadas.
Não é recomendável mexer na ferida nem
aplicar qualquer medicação. As hemorragias
externas podem ser sustidas por compressão
direta ou por compressão indireta.

Compressão direta: Não remova as compressas ensopadas de


sangue que estejam junto da lesão, troque
• Aplicar os princípios de lavagem das mãos,
apenas as outras tantas as vezes quantas forem
tal como referido para tratamento de feridas;
necessárias, caso seja um só pano não lhe
• Evitar, tanto quanto possível, o contacto mexa, se necessário ponha mais panos por
com fluidos orgânicos sem estar protegido; cima desse.
• Usar luvas se possível;
• Colocar a vítima em posição confortável e
que lhe permita controlar o fluxo sanguíneo;
• Expor a ferida e verificar se existem corpos
estranhos ou alguma fratura associada.
Excluídos estes casos, aplicar compressão
direta para estancar a hemorragia, exercer
pressão com os dedos ou a palma da mão.
Preferencialmente, em vez de aplicar a mão
ou os dedos diretamente sobre a ferida, usar
compressas. Se a ferida estiver a babar,
juntar os bordos para tornar a compressão
mais eficaz
Se o ferimento for nos braços ou pernas, sem
• O socorrista deve aplicar pressão direta
fraturas, a hemorragia será controlada mais
sobre o local que sangra com firmeza,
facilmente elevando-se a parte da ferida, pois
usando uma compressa esterilizada ou um
diminui o fluxo sanguíneo.
pano limpo sem pelos (lenço, pedaço de
toalha, roupa, etc…). Deve-se exercer
A compressão direta e a elevação
pressão firme, até a vítima ser entregue à
simultâneas dos membros feridos são o
equipa de socorro. Para isso pode, com uma
melhor método para conter a hemorragia.
ligadura ou uma tira de pano, uma gravata

18
Se estas medidas não forem suficientes, então
torna-se necessário fazer compressão da
artéria que irriga o local da lesão, fazendo
compressão na artéria acima do local da lesão,
a esta técnica chama-se compressão indireta.

Carotídea Subclávia
Compressão indireta:

• Consiste em comprimir o vaso sanguíneo


cortado, a certa distância da ferida,
provocando o seu estrangulamento para,
assim, se controlar a hemorragia;
• A compressão indireta faz-se como reforço Radial e Cubital Femural
da compressão direta ou quando esta não se
possa efetuar (por exemplo: quando na
ferida existir um “corpo estranho” ou topo
ósseo resultante de fratura exposta);
• Se a hemorragia for arterial (sangue
vermelho-claro a sair com intermitência) e
se se localizar num membro superior, a
Braquial
compressão indireta deverá ser feita na
artéria umeral, entre o coração e a ferida (o
Conclusão:
mais perto possível da raiz do membro);
A compressão arterial faz diminuir o fluxo de
• Se a hemorragia arterial acontecer num
sangue, consequentemente diminui também a
membro inferior, a compressão deverá ser
pressão do sangue no local da lesão
feita na artéria inguinal (virilha) ou na parte
facilitando o estancamento da hemorragia.
interna da coxa (artéria femural);
• Se a hemorragia for venosa (sangue
vermelho-escuro, saindo em jato contínuo), ATENÇÃO: não aplicar compressão manual
a compressão indireta deverá ser feita entre indireta por mais de quinze minutos!
a extremidade do membro e a ferida. O garrote não deve ser usado a não ser em
casos de amputação e mesmo aí tem que ser
usado com muito cuidado.
Regiões recomendadas para realizar
compressão nas artérias:

Temporal Facial

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amputados. As hipóteses de êxito são tanto
AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA maiores quanto mais depressa a vítima e a
parte amputada forem levadas para o hospital.
Considera-se amputação traumática o Avise imediatamente os serviços de
seccionamento de uma parte do corpo em emergência (112) da ocorrência para que o
consequência de um traumatismo. Verifica-se hospital possa preparar uma equipa cirúrgica
com frequência ao nível dos membros, em especializada. Providenciar o maior cuidado
determinadas atividades em que se opera com para não danificar o coto, pois um coto
máquinas ou máquinas-ferramentas sem preservado e um membro amputado bem
mecanismos de paragem automática ou por protegido faz aumentar a probabilidade de
incumprimento de procedimentos de sucesso da reimplantação.
segurança.
Complicações:
- Hemorragia; GARROTE
- Choque;
- Infeção. O garrote consiste num método de
Atuação na Amputação: compressão indireta, que visa apertar os vasos
• Sustenha a hemorragia pelo método de sanguíneos cortados, por envolvimento e
compressão indireta; aperto do membro e, assim, obter o controlo
• Tratando-se de uma amputação num da hemorragia. Deve ser constituído por
membro superior (antebraço e mão), reforce materiais pouco traumatizantes (ligaduras;
a compressão indireta, feita na artéria panos).
umeral, com um garrote venoso colocado Para fazer um garrote, é necessário um pano
imediatamente acima do coto, já que os com, no mínimo, 10 cm de largura. Qualquer
membros superiores não têm, ao contrário material mais estreito pode rasgar a pele ou
do que sucede com os inferiores, válvulas causar outros danos à vítima.
que impeçam a “queda” do sangue; Por ser uma técnica muito perigosa só deverá
• Aplique penso e fixe com ligadura; ser considerada em casos extremos e em
• Coloque o segmento amputado num saco último recurso.
plástico limpo e, depois de devidamente
fechado, dentro de outro com gelo; ou com Como fazer um garrote:
outras coisas desde que geladas. (ter
especial atenção para que o segmento
amputado não tenha contacto com a água
resultante do derretimento do gelo).
Nota: Escrever de forma legível no invólucro
o nome da vítima e a hora a que se deu a
amputação, com quatro algarismos e zeros
traçados (1:28).

1-Enrole o pano acima do local da lesão;

Avanços recentes da cirurgia tornaram


possível a reimplantação de membros e dedos
20
• O garrote é feito acima da área com
hemorragia;
• Escreva, com caneta, batom, carvão ou um
fósforo queimado, em qualquer parte visível
do corpo da vítima (a testa é um bom local),
as letras GA (garrote arterial) e a hora em
que foi colocado, por ex.: GA 20:30;
• Não use o garrote próximo de articulações;
• O garrote deve ser aliviado a cada 10 a 15
minutos para haver irrigação do coto
amputado pois poderá haver possibilidade
de reimplantação do membro amputado.
2-Depois, dê um meio nó nas duas pontas do
pano;

Hemorragias Internas

Na hemorragia interna, não se vê o sangue e a


vítima corre sério risco de entrar em estado de
choque.
A hemorragia interna pode sobrevir na
sequência de determinadas lesões, como uma
fratura ou um esmagamento, ou provocada
por uma situação clínica, como uma úlcera no
3-Sobre o meio nó, coloque um pedaço e pau, estômago que sangra. Os órgãos internos,
um lápis ou uma caneta; como por exemplo, o baço e o fígado, podem
sofrer lesões sem haver sinais externos
evidentes. A hemorragia interna é tão grave
ou mais que a externa. Apesar de o sangue
não sair do corpo, sai do sistema circulatório
originando diminuição da volémia, aporte de
oxigénio e nutrientes para as células. O
sangue acumulado internamente pode também
causar problemas se pressionar órgãos vitais.
Por exemplo, o sangue dentro do crânio pode
comprimir o cérebro e provocar perda de
consciência; uma hemorragia dentro do tórax
pode impedir a expansão dos pulmões.
O sangue proveniente das lesões internas
pode acumular-se e ficar retido numa das
cavidades do corpo – hemorragia interna
invisível; sair por um ou mais dos vários
orifícios, como boca ou ânus – hemorragia
interna visível, ou ainda manifestar-se sob a
aparência de perda de cor e equimose. Por
4,5,6 – Termine de dar o nó e gire o pedaço exemplo, sangue castanho-escuro, semelhante
de pau até que a hemorragia estanque. a borras de café pode ser vomitado
Cuidados a ter no uso do garrote: (Hematémese) e deve-se provavelmente a
uma úlcera gástrica sangrante. Sangue
espumoso vermelho-vivo acompanhado de

21
tosse profunda (hemoptise) pode ser causado Atuação nas
por lesão ou doença pulmonar. Urina HEMORRAGIAS INTERNAS:
levemente fumada de sangue ou totalmente
vermelha (Hematúria) pode resultar de Não é possível, ao nível do primeiro socorro,
hemorragia de bexiga ou rim. O sangue pode parar uma hemorragia interna. Contudo,
também aparecer nas fezes em borra de café admitindo a possibilidade do aparecimento do
(melena) indicando hemorragia intestinal alta estado de choque, impõem-se medidas de
ou com sangue vermelho-vivo (Rectorragias) âmbito geral, como sejam:
indicando hemorragia do intestino baixo. • Verificar as funções vitais (respiração e
Sangue vaginal pode resultar de perda circulação);
menstrual, aborto ou lesões/doenças do útero • Manter a vítima deitada, com a cabeça
(Metrorragia). rodada para o lado, se não houver suspeita
Deve suspeitar sempre de hemorragia interna de lesão da coluna para assegurar a
após uma lesão violenta, se houver sintomas e irrigação do cérebro, exceto se semideitada
sinais de choque sem perda visível de sangue sentir maior alívio, como no caso da
ou em caso de aparecimento de uma equimose hemoptise;
cujo desenho “corresponda” às costuras e/ou
textura da roupa da vítima.

Sintomatologia:
Sinais e Sintomas:
• Presença, ou não, de sangue;
• Dor no local da hemorragia, ou irradiada (na
hemorragia interna);
• Edema (inchaço) e sensação de tensão; • Se as lesões o permitirem, levantar as
• Pulso progressivamente mais rápido e fraco, pernas da vítima para facilitar o afluxo
por vezes difícil de palpar; sanguíneo aos órgãos vitais;
• Hipotensão (tensão arterial muito baixa);
• Diminuição das tensões arteriais
• Pele fria e húmida;
• Suor abundante e frio;
• Palidez intensa;
• Lábios e extremidades descorados;
• Sede;
• Extremidades frias;
• Azulamento das extremidades (cianose); • Desapertar a roupa ao nível do pescoço e
• Náuseas e vómitos; tronco;
• Arrefecimento corporal; • Acalmar, tranquilizar (se consciente);
• Tremores e calafrios;
• Ventilação superficial, curta, rápida e
irregular;
• Aumento da frequência ventilatória;
• Zumbidos;
• Tonturas, sensação de desmaio;
• Alteração do estado de consciência,
podendo aparecer a Ansiedade, agitação e
prostração ou mais frequentemente, • Manter a vítima agasalhada para manter a
sonolento e inconsciência ou coma; temperatura e, se possível, com um cobertor
• Paragem cardio-respiratória. debaixo do corpo;

22
• Não dar nada a beber (mesmo que a vítima De todas as hemorragias, a nasal (epistaxes) é
queira); a mais comum, tanto em crianças quanto em
• Verificar os sinais vitais de 10 em 10 adultos. Esse tipo de hemorragia é causado
minutos; pelo rompimento dos vasos sanguíneos do
• Transportar para o hospital de ambulância. nariz.
Atenção: providenciar o transporte para o São várias as causas que levam ao
hospital porque, normalmente, não é possível sangramento súbito pelo nariz (doença;
estancar uma hemorragia interna apenas com exposição ao sol; permanência em locais
os primeiros socorros! aquecidos; aumento da pressão sanguínea;
traumatismo local; traumatismo crânio-
encefálico; …)
Equimose
De forma geral, não representam gravidade de
maior, no entanto, exigem atendimento
Uma equimose consiste numa hemorragia
imediato para que não se tornem mais sérias
interna de vasos sanguíneos danificados que
pois a Epistaxes pode não só envolver uma
passa através dos tecidos e se evidencia na
perda considerável de sangue como também
pele sob a forma de uma mancha. Uma queda
fazer com que a vítima engula ou inale uma
sobre determinadas partes do corpo, como a
grande quantidade do mesmo, originando o
anca e as nádegas, pode originar uma
vómito ou afetando a ventilação.
hemorragia interna considerável.
Sinais e sintomas:
Sintomas e sinais:
• Fluxo moderado de sangue através do nariz;
• Dor e tumefação na área afetada;
• Em caso de fratura craniana e/ou TCE, o
• Mancha arroxeada no sítio da lesão;
sangue pode aparecer misturado com
• A equimose pode reproduzir as rugosidades
líquido cefalorraquidiano;
do vestuário. Este facto deve ser
considerado como um potencial sinal de
Objetivo:
perigo, pois pode indicar lesão de órgãos
Preservar a ventilação, impedindo a inalação
internos;
de sangue, e estancar a hemorragia.
Na intervenção de primeiros socorros tenha
Objetivo:
em conta:
Moderar o fluxo sanguíneo, por arrefecimento
• Não controle a hemorragia nasal que resulte
e compressão ligeira.
de provável traumatismo crânio-encefálico;
• Mantenha a vítima sentada, com a cabeça na
Atuação do socorrista:
posição normal;
• Elevar e apoiar a zona lesionada, na posição
que a vítima achar mais confortável;
• Aplicar uma compressa fria ou gelo com os
respetivos cuidados na zona lesionada para
reduzir a hemorragia e o edema;
• Se persistirem dúvidas acerca da gravidade
da lesão, procurar assistência médica;

Hemorragia Nasal

23
• Aperte as narinas com os dois dedos, esqui aquático, de um mergulho ou da
durante, pelo menos, 10 minutos; proximidade duma explosão.
• Aplique, no nariz e parte frontal da cabeça, As fraturas cranianas e/ou traumatismos
panos embebidos em água fria ou gelo (com crânio-encefálicos são mais graves e deve
uma proteção); suspeitar-se da sua existência se sair do
ouvido sangue e/ou líquido claro e aquoso
(líquido cefalorraquidiano).

Sintomas e sinais:

Se for do tímpano:
• Possível dor dentro do ouvido;
• Surdez;
• Fluxo moderado de sangue, saindo do
ouvido;

Se for do crânio:
• História que indica possível fratura craniana
ou outro tipo de lesão na cabeça;
• Impedir a vítima de falar, engolir, tossir, • A vítima queixa-se de dor de cabeça;
fungar ou escarrar. Dizer à vítima para • Podem sair do ouvido pequenas quantidades
cuspir o sangue que tiver na boca; se o de sangue misturado com líquido
engolir pode sentir náuseas e vomitar; cefalorraquidiano, claro e aquoso;
• Não se assoe durar pelo menos 4 horas para • Possível perda de consciência;
não remover o coágulo;
• Não lave o nariz internamente;
• Não aplique algodão com água oxigenada; Objetivo:
• Se necessário, tamponar ambas as narinas, Providenciar o transporte para o hospital. Em
mesmo que só uma sangre, com compressas caso de suspeita de fratura craniana, prestar
ou um pano com cerca de 10 cm, em formas particular atenção aos níveis de consciência.
de harmónio, com a ajuda de uma pinça
• Se necessário, encaminhe a vítima para o Atuação do socorrista:
hospital;
• Apesar de muitas Epistaxes serem • Colocar a vítima consciente numa posição
facilmente controláveis por esta forma, semi-sentada, com a cabeça inclinada para o
nunca será inoportuno aconselhar a vítima a lado lesionado, de forma que o sangue ou o
recorrer ao médico. líquido cefalorraquidiano possam escoar-se;
• Cobrir o ouvido com um penso esterilizado
e sem medicamentos ou com uma
compressa de tecido limpo, de preferência
Hemorragia do ouvido – Otorragia esterilizado, que faça o mesmo efeito. Fixar,
sem pressionar;
Uma hemorragia vinda do interior do canal
• Não tamponar o ouvido nem tentar
auditivo difere das que resultam de feridas
estancar o fluxo que dele sai;
externas no ouvido. Geralmente, ocorre
quando há uma rutura do tímpano ou uma • Verificar sinais vitais de 10 em 10 minutos;
fratura craniana. A perfuração do tímpano
pode resultar da introdução de um objeto num
ouvido, de uma queda durante a prática de

24
• Acidentes;
• Tumores;
• Lesões decorrentes do parto.

Atuação:
• Deite a vítima, apoie-lhe os ombros e
cabeça com duas almofadas e tranquilize-a.
Coloque uma pequena almofada ou peça de
• Elevar os membros inferiores, no sentido de roupa debaixo dos joelhos;
prevenir choque; • Vigie frequentemente a ventilação e
• Se a vítima ficar inconsciente, siga o ABC circulação;
da reanimação e/ou colocar em PLS; a • Não lhe dê de comer nem de beber;
cabeça deve estar deitada sobre o lado • Se a pulsação aumentar e a vítima parecer
lesionado para permitir que o líquido escoe. mais pálida, eleve-lhe as pernas, colocando-
Providenciar transporte para o hospital. as sobre várias almofadas;
• Encaminhe para o hospital rapidamente pois
esta situação põe em risco de vida a vítima.
Hemorragia do Esófago, Estômago,
Duodeno
Na hemorragia de esófago, estômago ou Aborto espontâneo
duodeno, a vítima geralmente sente náuseas, Um aborto espontâneo ocorre quando uma
mal-estar e vómito de sangue (hematémese) mulher perde o bebé antes de este ter
vermelho vivo ou escuro, como borra de café. viabilidade para sobreviver fora do útero
Podem ocorrer ainda dejeções de fezes materno. Esta situação pode verificar-se sem
escuras e cheiro fétido (melenas – sangue aviso e causar uma hemorragia grave com
misturado nas fezes). eventual choque.
Sintomatologia:
Atuação: • Hemorragia vaginal, frequentemente com
• Deitar a vítima; coágulos de sangue;
• Elevar as pernas; • Dores ou contrações fortes na parte inferior
do abdómen;
• Colocar em PLS, se necessário;
• Pele pálida, fria e húmida;
• Encaminhar para o hospital.
• Pulsação rápida e fraca;
• Fluxo vaginal aquoso abundante;
Hemorragia dos Pulmões
Quando há hemorragia dos pulmões Atuação:
(hemoptise), o sangue, vermelho vivo e de • Deite a vítima, apoie-lhe os ombros e
aspeto espumoso, sai pela boca e pelo nariz, e cabeça com duas almofadas e tranquilize-a.
ocorre também a tosse. Este quadro exige Coloque uma pequena almofada ou peça de
atendimento médico urgente. roupa debaixo dos joelhos;
• Vigie frequentemente a ventilação e
Hemorragia Vaginal circulação;
Este tipo de hemorragia (metrorragia) consiste • Não lhe dê de comer nem de beber;
na perda anormal de sangue pela vagina, fora • Se a pulsação aumentar e a vítima parecer
dos períodos menstruais. mais pálida, eleve-lhe as pernas, colocando-
Causas possíveis da hemorragia vaginal: as sobre várias almofadas;
• Aborto;
• Encaminhe para o hospital rapidamente pois
• Gravidez nas trompas (ectópica); esta situação põe em risco de vida a vítima.
• Violação sexual;

25
FERIDAS Contusão
É quando há lesão sem abrir a pele. Trata-se,
de uma forte compressão dos tecidos moles
(pele, camada de gordura e músculos) contra
os ossos. Por vezes, pode ocorrer, rutura de
vasos sanguíneos, o que provoca um
hematoma (acumulação de sangue na zona).
O local da pancada fica arroxeado, inchado e
doloroso.

Atuação:
• Manter em repouso;
• Elevar se possível para diminuir o inchaço
(edema);

Ferida é uma solução de continuidade do


tecido cutâneo (corte na pele). As feridas
classificam-se em função do seu aspeto
extensão, profundidade e do agente causador
da lesão. Vamos, no entanto, considerar dois
tipos de feridas: • Aplicar gelo (proteger o gelo para evitar
lesões).
• Feridas superficiais (não complicadas), que
à partida não justificam a ida ao hospital.
Exemplo: feridas que atingem a pele na sua
estrutura superficial; pequenas escoriações, Atuação Feridas Superficiais
…);
• Feridas profundas (complicadas), que • Use luvas;
justificam a ida ao hospital. Exemplo: • Descubra a ferida;
feridas que atingem vasos sanguíneos • Lave a ferida com soro fisiológico ou com
importantes, músculos, tendões; feridas com água e sabão com vista a remover a
“corpos estranhos”; feridas complicadas de sujidade/microrganismos e evitar a infeção;
fratura; feridas que tenham de ser suturadas • Limpe/lave a ferida de dentro para fora,
(levar pontos). recorrendo a outra compressa;
• A colocação de antisséptico deverá ser à
As principais complicações das feridas são: volta da ferida, na pele boa e não dentro da
• Hemorragia; pele lesionada;
• Corte e destruição de estruturas nobres • O antisséptico a usar deverá ser uma
(vasos, músculos, tendões, …); solução iodada (iodopovidona =
• Estado de choque; “Betadine”);
• Infeção. • Coloque o penso e fixe-o com adesivo ou
ligadura;
• Se necessário, envie para o hospital.
Atuação FERIDAS PROFUNDAS

26
• Descubra a ferida (corte a roupa se
necessário);
• Sustenha a hemorragia (compressão direta,
sempre que possível);
• Coloque penso (nunca algodão ou panos
com pelos);
• Faça transportar ao hospital

Feridas com Objetos espetados


Quando houver ferimento causado por faca,
canivete, lasca de madeira, vidro, etc. e algum
objeto ficar encravado, em princípio ele não
deve ser retirado, pois isso pode provocar
hemorragia grave ou lesão de nervos e
músculos próximos à região afetada
Atuação:

• Não retire os “corpos estranhos”;


• Controle a hemorragia por compressão
indireta;
• Proteja com “rodilha” quando a dimensão o
permitir; Nesses casos, o socorrista deve fazer um
• Fixe com adesivo ou ligadura curativo de três pontas (o curativo tem três
• Encaminhe para o hospital. lados fechados e um lado aberto) com um
pedaço de plástico limpo ou gaze, o que
impedirá a entrada de ar na inspiração e
Ferimentos no Tórax permitirá a saída de ar na expiração. Caso não
consiga fazer o curativo, cubra o ferimento
Os ferimentos no tórax podem ser muito todo com uma compressa ou um pano limpo e
graves, principalmente se os pulmões forem encaminhe a vítima imediatamente para o
atingidos. hospital.
Quando o pulmão é atingido de forma a ter
um orifício de tamanho considerável na A ferida só deve ser totalmente coberta no
parede do tórax, o socorrista pode ouvir o ar momento exato em que terminou uma
saindo ou ver o sangue que sai borbulhando expiração, ou seja, após a saída do ar.
por esse mesmo orifício.

27
Ferimentos no Abdómen higiénico, algodão), que deixam resíduos
difíceis de remover.
Os ferimentos profundos no abdómen
costumam ser graves, já que algum órgão
pode ter sido atingido. Dependendo da
perfuração da parede abdominal, partes de
algum órgão (intestino, por exemplo) podem
vir para o exterior. Nesses casos, não tente e
forma alguma colocá-las no lugar.
Cubra a vítima para prevenir a hipotermia, em
caso de perda de consciência coloque a vítima
em PLS.
Providencie o transporte para o hospital.

Ferimentos nos Olhos


Os olhos são órgãos extremamente sensíveis
e, quando feridos, somente um especialista
dispõe de recursos para tratá-los. Portanto,
Deite a vítima de barriga para cima, flita as cabe ao socorrista apenas adotar cuidados
pernas da vítima colocando-lhe algo como um para não ferir ainda mais o olho nas ações que
cobertor enrolado ou um casaco; vai tomar.
Nunca tente retirar do olho um corpo estranho
que esteja entranhado ou encravado.

O socorrista deve procurar cobrir o olho


ferido com uma compressa ou um pano bem
limpo. Prenda o curativo com duas tiras de
adesivo, o que evitará mais irritação.

As partes expostas devem ser cobertas com


panos limpos, humedecidos com água e
mantidos húmidos.
Nunca cubra os órgãos expostos com
materiais aderentes (papel, toalha, papel

28
QUEIMADURAS Quanto à idade das vítimas, são mais graves,
do ponto de vista da sua evolução favorável,
as queimaduras que atingem indivíduos cujas
As queimaduras são lesões que ocorrem na
idades se situam em pontos extremos (as
pele quando esta entra em contacto com
crianças e os idosos).
materiais a temperaturas extremas. Também
As doenças crónicas (diabetes, doenças
as reações químicas, a eletricidade e as
renais…) constituem fatores agravantes das
radiações podem provocar este tipo de lesão.
queimaduras quanto à recuperação das suas
Acontece, muitas vezes, nos postos de
lesões.
trabalho em que o trabalhador não dispõe, ou
não usa, o equipamento de proteção
Atuação em queimaduras pouco extensas de
adequado.
1º grau:
• Arrefeça com soro fisiológico, ou água
Classificação das queimaduras
corrente, pelo menos 10 a 15 minutos (ou até
Quanto à profundidade, as queimaduras
a dor desaparecer). Coloque sobre a
classificam-se em 3 graus, considerados a
queimadura compressas ou panos embebidos
partir da superfície da pele:
em água fria;
• 1º grau (por ex.: exposição aos raios
• Depois do arrefecimento, aplique um
solares): a pele apresenta-se vermelha, seca,
creme hidratante;
com dor e calor;
• Não aplique gorduras (manteiga, óleo,
• 2º grau (por ex.: contacto com líquidos
azeite, vaselina, …)
quentes): a pele apresenta-se vermelha, seca,
com dor, calor e bolhas (flictenas);
Atuação em queimaduras pouco extensas – 2º
• 3º grau (por ex.: contacto com líquidos
grau
a altas temperaturas, partículas em fusão,
• Arrefeça com soro fisiológico ou água
fogo, produtos químicos): é a queimadura
fria, durante 10 a 15 minutos;
mais profunda; apresenta o aspeto de ferida,
necrose ou carbonização. • Não perfure as bolhas (flictenas);
• Coloque penso;
Quanto à extensão, as queimaduras são tanto • Se necessário, encaminhe para o
mais graves quanto mais extensas, isto é, hospital.
quanto maior for a destruição da pele. Por
vezes, queimaduras mais superficiais são mais Atuação em queimaduras pouco extensas – 3º
perigosas do que outras mais profundas. grau
Exemplo: um indivíduo que apresente • Arrefeça com soro fisiológico, ou água
queimaduras do 2º grau em toda a extensão do fria;
tronco está em situação mais delicada do que • Coloque um penso húmido e, sobre
outro que faça uma queimadura do 3º grau este, um penso seco;
num dedo. Naturalmente que, quando a • Se necessário, encaminhe para o
extensão for idêntica, estará em estado mais hospital.
grave o que apresente queimadura mais
profunda. Atuação quando existem zonas das
Consideram-se muito graves as queimaduras queimaduras em contacto
que atingem 1/3 do corpo. • Todas as zonas queimadas (2º e 3º
Quanto à localização, são mais graves as grau) que possam tocar-se e colar devem ser
queimaduras de 2º ou 3ºgrau que se localizem sujeitas a um isolamento feito com
nas zonas articulares, as que ocorram na compressas ou panos limpos humedecidos por
cabeça, pescoço, tórax, dedos das mãos e dos ex.: dedos, virilhas, entre o braço e o tronco,
pés, órgãos genitais. pescoço, …).

29
Atuação em
Queimaduras Oculares DESMAIO
Um desmaio é uma perda temporária da
consciência devido a insuficiente oxigenação
do cérebro.

Sintomatologia:
• Sensação de tonturas;
• Zumbidos nos ouvidos;
• Náuseas;
• Sudorese (suores);
• Pulsação lenta;
• Pele pálida e húmida;
• Proceder à lavagem/arrefecimento,
fazendo incidir um fio de água corrente, ou Atuação:
soro fisiológico, do canto interno para o • Agarre a vítima de conseguir fazê-lo a
externo; tempo e deite-a no chão, protegendo-lhe a
• Não coloque penso oclusivo. cabeça.
• Eleve as pernas da vítima acima do
nível do tórax;
Atuação em:

Queimaduras por Agentes Químicos

• Coloque a vítima debaixo de chuveiro


e retire, cuidadosamente, roupa;
• Mantenha o duche 15 a 20 minutos;
• Encaminhe para o hospital.

• Desaperte-lhe a roupa apertada no


pescoço, peito e cintura;
• Se a vítima não recuperar e responder
à voz e ao chamamento, coloque-a em PLS e
chame 112.

30
apenas uns minutos, podendo a vítima
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL recuperar totalmente, situação a que
vulgarmente se chama de “princípio de
(AVC) trombose”.
• Hemorrágico: aquele que é produzido
O Acidente Vascular Cerebral ocorre em pelo rompimento de um vaso sanguíneo
consequência de perturbações circulatórias ao cerebral, do qual resultam duas situações
nível do encéfalo e designa-se pela em simultâneo, por um lado o sangue não
abreviatura AVC. passa porque o vaso sanguíneo não está
íntegro, por outro lado o sangue derramado
provoca uma reação inflamatória local com
consequente sofrimento das células
nervosas e edema (inchaço).
• Isquémico: aquele que é produzido
pela oclusão de um vaso sanguíneo cerebral
provocando um défice de oxigenação
cerebral a jusante da obstrução. Esta
obstrução pode ser provocada por um
trombo (obstáculo que se forma no local) ou
por um êmbolo (quando o obstáculo se
desloca na corrente sanguínea até encravar
num vaso de pequeno calibre).

Sintomatologia:
• Perda brusca de conhecimento;
• Dores de cabeça fortes (na hemorragia
cerebral);
• Disartria (dificuldade na articulação de
palavras);
Um AVC ocorre quando um vaso sanguíneo • Desvio da comissura labial (boca
no cérebro se rompe ou é bloqueado por um puxada para o lado);
coágulo sanguíneo. Uma parte do cérebro fica • Visão enevoada ou dupla, tonturas;
então privada de oxigénio, o que pode • Zumbidos nos ouvidos;
provocar paralisia de um lado do corpo ou • Palidez;
perda da fala. O AVC é uma situação de • Ansiedade;
início brusco ou progressivo e nunca se sabe
• Perda de equilíbrio;
quais as consequências futuras que daí podem
• Incapacidade de andar;
resultar pelo que a rápida deteção da situação
e socorro emergente é fundamental, pois as • Alteração das pupilas (a mais dilatada
células nervosas não se regeneram e é o do lado da lesão);
cérebro que controla os movimentos, a • Hemiparesia (fraqueza ou
memória, o equilíbrio interno do organismo, entorpecimento num dos lados do corpo);
as funções vitais, a fala entre outras funções • Paralisia e insensibilidade dos membros
orgânicas básicas. do lado contrário à lesão;
• Parestesias;
Tipos de AVC • Incontinência de esfíncteres;
• Acidente Isquémico transitório: resulta • Náuseas e vómitos;
de uma diminuição transitória de fluxo • Convulsões;
sanguíneo ao encéfalo, devido à formação de • PCR.
placas de ateroma (aterosclerose) e pode durar

31
Atuação no AVC ANGINA DE PEITO
• Vigie as funções vitais;
• Acalme a vítima;
• Não dê de comer nem de beber;
• Desaperte a roupa que possa dificultar a
ventilação e a circulação;
• Coloque a vítima em PLS;
• Mantenha a vítima quente;
• Transportar a vítima em decúbito dorsal Estenose
com a cabeça elevada a trinta graus; (aperto na artéria)
• Se existir risco de vómito, transportar a
vítima em decúbito lateral para o lado oposto
da Hemiparesia com a cabeceira elevada a
trinta graus;
• Encaminhe para o hospital.
É uma situação que se manifesta quando o
fluxo de sangue oxigenado ao músculo
cardíaco fica reduzido, em consequência de
esforço físico ou emocional.
DOR TORÁCICA
Esta situação ocorre quando o diâmetro da
artéria coronária (é artéria que irriga o
coração) diminui pela deposição de placas de
gordura, provocando uma redução do aporte
de oxigénio ás células do miocárdio a jusante
dessa obstrução.
Assim e sempre que aumentem as
necessidades de oxigénio por parte das células
cardíacas inicia-se um quadro de dor pois
A dor torácica é um dos sintomas que merece existe um impedimento á irrigação sanguínea.
maior atenção no domínio do socorrismo pois Normalmente este aumento da necessidade
muitas vezes traduz situações de levada surge associado a um esforço físico ou a uma
gravidade, sabendo que o tórax aloja órgãos emoção.
como o coração e os pulmões uma dor nesta
região nunca é de desvalorizar.
Sinais e Sintomas:
Como dor pré-cordial são caracterizadas duas
situações cardiovasculares que se prendem - Dor no peito, de localização retro esternal
com alterações significativas no aporte de (ou pré-cordial, descrita como uma sensação
sangue ao coração. Com efeito, uma menor de aperto, peso, opressão ou facada;
chegada de sangue e oxigénio àquele órgão - A dor mantém-se constante, ou seja, não
pode determinar uma dor característica, como altera de intensidade com a
acontece na angina de peito e no enfarte inspiração/expiração, ou com a posição
agudo do miocárdio. adotada pelo indivíduo;
- A dor pode irradiar para o ombro, braço e
mão esquerda, pescoço e mandíbula, dorso e
região abdominal;
- Poderá haver um “adormecimento” na
extremidade do membro superior afetado;

32
- A dor tem origem num esforço físico, uma haver irrigação sanguínea em determinada
emoção forte, contacto com o frio intenso, zona do músculo cardíaco, conduzindo à
após refeição abundante ou associado ao necrose (morte das células do músculo
consumo de tabaco. cardíaco).

Tratamento:
Sintomatologia:
- Se conhecido deve ser retirado o fator que
desencadeou a crise, por isso a dor é de curta • Dor opressiva localizada no tórax, por
duração e não ultrapasse os dois a três debaixo do esterno, mas que pode irradiar
minutos. para o pescoço, ambos os braços (é mais
- Normalmente, eliminando o fator frequente irradiar para o esquerdo), maxilar
desencadeante a dor alivia rapidamente em inferior, estômago (epigastro);
cerca de 2-3 minutos; • Dor descrita como sensação de aperto,
- Os doentes que já sabem que têm angina de peso, opressão ou facada;
peito, trazem sempre consigo comprimidos de • Dor durante muito tempo, podendo
nitroglicerina. A nitroglicerina provoca uma durar horas;
dilatação rápida do diâmetro das coronárias • Medo, apreensão;
facilitando a passagem do sangue, sendo • Adormecimento da extremidade do
muitas vezes extremamente eficaz no alívio membro superior afetado;
da dor; • Angústia e Ansiedade a sensação de
- Estes comprimidos de nitroglicerina devem morte evidente origina uma grande ansiedade
ser colocados debaixo da língua, 1 de cada na vítima, em geral a expressão facial da
vez até aliviar os sintomas, o que muitas vítima reflete este facto;
vezes acontece logo de imediato após a • Agitação;
colocação do comprimido debaixo da língua;
• Palidez, pele fria e húmida (suores);
-Doentes que não sabem que sofrem de
• Hipotensão;
angina de peito devem ir ao hospital;
Os doentes que já sabem que sofrem de • Dificuldade ventilatória (falta de ar) e
angina de peito poderão ou não ter respiratória que pode mesmo chegar ao
necessidade de ir ao hospital. Edema Agudo do Pulmão, uma vez que o
coração não bombeia o sangue eficazmente
vai haver uma acumulação de líquidos nos
pulmões provocando um encharcamento dos
alvéolos pulmonares;
ENFARTE AGUDO DO • Pulsação rápida e fraca;
MIOCÁRDIO • Sensação de “enfartamento”, que leva
a pensar num problema digestivo;
• Náuseas e vómitos;
• Sensação de desmaio;
• Inconsciência;
Obstrução • Paragem cardio-respiratória

Zona sem Circulação Há que ter em conta que estes sintomas são
meros indicadores, logo a vítima pode só ter
alguns ou tê-los todos. Em caso de dúvida
Caracteriza-se por obstrução brusca e total deve-se agir como se de um enfarte se se
das artérias Coronárias (artérias que irrigam o trata.
músculo cardíaco) e não apenas na
diminuição do seu lúmen. Assim, deixa de

33
Atuação nestas situações: Locais onde se manifesta dor em situação de
Enfarte Agudo do Miocárdio:
• Não permita qualquer esforço ou
movimento;
• Vigie as funções vitais;
• Avaliar e caracterizar a dor;
• Acalme a vítima e mostre uma atitude
calma e segura;
• Coloque em posição confortável
(recostar a 45º);
• Desaperte a roupa ao nível do pescoço,
tórax e abdómen;
• Mantenha a temperatura (evite o
arrefecimento corporal da vítima);
• Não dê nada a beber;
• Se a vítima fizer medicação para o
coração (vasodilatador), de nome
nitroglicerina e nome comercial Nitrominte,
coloque-lhe 1-2 comprimidos debaixo da
língua, este medicamento dilata as artérias e, à
medida que o fluxo de sangue aumenta, a dor
diminui;
• Se inconsciente, coloque em PLS
• Inicie reanimação cardio-respiratória
se necessário.
• Encaminhar para o hospital, se estiver
em casa entregue à equipa de emergência o
último ECG (eletrocardiograma) da vítima.

Enquanto que a dor da Angina de Peito tem


um fator desencadeante, a dor do Enfarte
Agudo do Miocárdio pode não ter fator
desencadeante, surgindo por vezes durante o
sono. Raramente alivia com a suspensão do
fator desencadeante.

34
Quadro resumo:
CRISE CONVULSIVA
Angina
Enfarte Agudo
De
do Miocárdio
Peito

Contínua na Contínua na
Dor
intensidade intensidade
M.S.E.
M.S.E., dorso,
Dorso
pescoço e
Pescoço Irradiação
mandíbula,
Mandíbula
abdómen
Abdómen
Ligeiro
Habitualmente
desconforto até à Intensidade
é muito intensa
opressão intensa
Normalmente A Crise Convulsiva é a contração involuntária
Pode chegar a
cerca de 2 ou 3 Duração
minutos
durar horas de vários grupos musculares do corpo. Isto
deve-se a um distúrbio na atividade elétrica
Esforço físico, Fatores Pode não ter
emoções, frio desencadeant fator em determinada região cerebral.
intenso, etc… es desencadeante As causas que podem desencadear uma crise
Nitroglicerina Pode não convulsiva são várias:
e/ou remover o Fatores aliviar, mesmo • Epilepsia (doença do sistema nervoso
fator Aliviantes com central);
desencadeante nitroglicerina
• TCE (Traumatismo crânio-encefálico);
• AVC (acidente vascular cerebral);
• Lesões cerebrais, como tumores;
• Hipertermia (febre);
• Alterações do nível de açúcar no
sangue
• Intoxicação (incluindo álcool e
drogas);
• Falta de Oxigénio no cérebro.

Sendo a Epilepsia a doença mais comum na


origem das crises convulsivas, merece uma
abordagem à parte.
A epilepsia é uma perturbação do sistema
nervoso central caracterizada pelo
aparecimento de episódios periódicos e
transitórios de alterações no estado de
consciência. Estes episódios, ou crises, podem
estar associados a movimentos convulsivos
com inconsciência. Podem ser desencadeados
por luzes a piscarem, jogos de vídeo, ruído
elevado ou qualquer situação que cause stress
à vítima.

A epilepsia é uma doença do sistema nervoso


podendo ter na sua origem uma infinidade de

35
fatores, no entanto, caracteriza-se por • Perda de consciência à qual se segue
hiperatividade cerebral. uma queda brusca podendo a vítima chegar
Há 2 tipos fundamentais de crises Epiléticas: mesmo a ferir-se;
• Não convulsivas, também • Os lábios e a língua podem tornar-se
denominadas de Pequeno mal epilético: azulados (cianóticos) devido a dificuldade
situação que se traduz em alteração de ventilatória existente durante a crise
comportamento. O doente pode ter convulsiva;
“ausências”, alheamento, que o levam a • Os dentes cerram-se e chega, por
interromper o que está a dizer, a “desligar-se” vezes, a haver mordedura da língua, podendo
do meio envolvente. originar salivação abundante (espuma pela
• Convulsivas, também chamadas de boca) acompanhada de sangue;
Grande mal epilético, que pode evoluir em 4 • Ocorre frequentemente descontrolo de
fases: esfíncteres;
- Fase da aura: - alucinações de vários tipos • O tremor pode iniciar-se numa só
(visuais, auditivas, olfativas, gustativas); parte, podendo progressivamente estender-se
perceção de ataque iminente; a todo o corpo, entrando a vítima numa Crise
- Fase tónica: - perda de consciência; aumento Convulsiva Generalizada;
do tónus capilar; apneia (pausa ventilatória); • A Crise Convulsiva dura cerca de 2 a
-Fase clónica: - movimentos de contração 4 minutos. Após a Crise Convulsiva a vítima
muscular descoordenados com duração de 2 a fica inconsciente ou num sono profundo,
4 minutos; perda da consciência; ventilação situação que se denomina de estado pós-
ruidosa; salivação abundante; perda de crítico;
controlo dos esfíncteres (pode urinar-se ou • Ao recuperar a vítima pode estar
defecar); agitada, agressiva e confusa, ou então pode
-Fase pós-crítica (fase de recuperação): - não se lembrar do que aconteceu (Amnésia) e
relaxamento dos músculos; recuperação referir ou não cefaleias (dores de cabeça
progressiva da consciência. intensas)
Sinais e Sintomas: Atuação na Crise Convulsiva:
• Pensar num possível fator
A situação que mais frequentemente solicita a desencadeante e tentar eliminá-lo;
intervenção de socorro é a Crise Convulsiva • Não lhe trave os movimentos, pois
de Grande Mal, por ser mais exuberante na poderá causar-lhe fraturas e outro tipo de
sua sintomatologia. Muitas das vítimas lesões;
epiléticas têm a chamada Aura, ou pré-aviso
• Torne a área segura e crie espaço livre
antes do ataque que se caracteriza por:
à volta para evitar que a vítima se magoe;
• Dor de Cabeça;
• Anote a hora de início da crise, a
• Náuseas; duração da crise e que tipo de movimentos a
• Ranger dos dentes, entre outras. vítima fez;
• Afaste os objetos em que a vítima se
A Aura é uma característica individual no
possa magoar (cadeiras, mesas);
epilético, pelo que não se pode generalizar um
• Coloque uma almofada ou um
sintoma comum a estas situações.
cobertor nas esquinas onde a vítima se possa
magoar;
A crise convulsiva decorre normalmente de
• Proteja o doente colocando-lhe uma
acordo com a sequência que se segue:
peça de roupa por baixo da cabeça;
• Por vezes um grito violento;
• Desaperte a roupa no pescoço, tórax e
• Um rodar de olhos para cima;
abdómen;

36
• Logo que a crise convulsiva parar,
faça o V.O.S. e coloque a vítima em PLS; HIPERTERMIA
• Vigie as funções vitais, faça ventilação
artificial, se necessário;
A hipertermia/febre é uma subida anormal da
• Procure afastar os “curiosos”; temperatura corporal (acima dos 38,5ºC é
• Não force a introdução de objetos considerada hipertermia/febre).
(como tubo orofaríngeo - tubo de gueddel A hipertermia/febre pode ser desencadeada
que evita a queda da língua), na boca da por diversos fatores, sendo a causa mais
vítima, quando haja forte contração dos frequente a resposta inflamatória ou infeciosa
músculos da face; do nosso corpo, como por exemplo: infeções
• Mantenha-se junto do doente até à virais ou bacterianas, sarampo, varicela,
recuperação da consciência; meningite, amigdalite, otite, inflamação da
• Sempre que existe uma crise garganta, infeções locais como abcessos,
convulsiva a vítima deverá recorrer ao distúrbios gastrointestinais, etc…
hospital pois é uma situação potencialmente A hipertermia/febre deve ser combatida
de risco de vida. rápida e energicamente pois pode provocar
crises convulsivas.
Nota: não desloque a vítima a não ser que esta
esteja em perigo iminente; Atuação:
Não lhe ponha nada na boca, nem use a força • Colocar a vítima em local fresco e
para a conter; arejado;
- Obrigatório a ida ao hospital se esteve • Não cobrir com cobertores;
inconsciente mais de 10 minutos; se a crise • Hidratar a vítima dando-lhe bastante
convulsiva durar mais de 5 minutos; se tiver água fresca para compensar a perda de
crises repetidas; se é a 1ª crise convulsiva que líquidos;
tem.
• Dar banho de imersão em água morna;
• Colocar compressas de água tépida nas
virilhas, nas axilas e na testa;
• Evitar qualquer esforço ou atividade
física
• Se a temperatura passar os 38,5ºC,
recomenda-se que tome (paracetamol, nas
doses indicadas para a idade e peso, se
anteriormente recomendado por um médico (o
paracetamol existe em forma de xarope,
supositórios e comprimidos);
• Se a febre durar mais de 24 horas
procurar um médico.

HIPOTERMIA
A hipotermia é uma situação que pode ocorrer
quando o corpo humano é sujeito a
temperaturas ambientais baixas.
A permanência, quando inconsciente ou
imobilizado, por algumas horas a temperatura
ambiente inferior a 10ºC pode determinar uma
37
hipotermia (por ex.: indivíduos em estado de • Não ponha a vítima perto de fontes de
alcoolismo agudo que quando inconscientes, calor, como botijas ou lareiras, pois há o risco
ficam toda a noite expostos ao frio; na acrescido de se queimarem devido à
imersão em água a temperatura de 10ºC por diminuição da sensibilidade;
um período de 30 minutos). Muitas mortes • Não deixe a vítima beber álcool pois
que ocorrem nos naufrágios não resultam do isso agrava a hipotermia.
facto de não saber nadar, mas por hipotermia.
Há hipotermia quando a temperatura do Atuação conforme o ambiente:
corpo baixa de 35ºC. Os efeitos variam com
a velocidade de arrefecimento, e com o valor Hipotermia dentro de casa em vítima
que a temperatura atinge, a hipotermia de trazida do exterior:
30ºC, poderá ser difícil de reverter. Os bebés, • Substituir a roupa molhada por seca;
idosos, sem abrigo, pessoas muito magras, • Se a vítima for jovem, saudável e
debilitadas ou cansadas são mais suscetíveis puder entrar na banheira sozinha, pode ser
de fazerem uma hipotermia. reaquecida com um banho tépido (a água não
deve ser demasiado quente, aproximadamente
Sintomatologia: 40ºC);
• Tremuras; • Ponha a vítima na cama e tape-a bem;
• Pele fria, pálida e seca; • Dê-lhe bebidas quentes, sopa, ou
• Confusão; alimentos com alto teor energético como o
• Ventilação fraca e lenta; chocolate;
• Pulsação fraca e lenta em casos • Verifique e registe regularmente os
extremos, paragem cardio-respiratória; sinais vitais, nível de consciência, pulsação,
• Apatia, desorientação, irritabilidade e respiração e temperatura.
comportamento conflituoso.

Atuação na Hipotermia de forma geral: Hipotermia nos Idosos


• Verifique as funções vitais;
• Promova um aumento gradual da Um idoso pode desenvolver hipotermia
temperatura; lentamente, ao longo de vários dias, basta que
• Substitua a roupa húmida por roupa habite uma casa pouco aquecida. Muitas
seca; vezes, os idosos fazem uma alimentação
• Coloque um saco de água quente, inadequada o que lhes debilita o organismo o
protegido, na axila esquerda; potencia este tipo de acontecimentos.
• Envolva a vítima num cobertor e Ao socorrer um idoso com hipotermia, deve:
mantenha o ambiente quente; • Aquecê-lo lentamente;
• Se necessário dê um banho com água • Cobri-lo com vários cobertores num
quente. A temperatura da água deverá ser de quarto que tenha uma temperatura ambiente
aproximadamente 40ºC; de aproximadamente 25ºC.
• Dê-lhe bebidas quentes e alimentos • Chame sempre um médico, pois este
energéticos (chocolate, cacau, …). tipo de hipotermia pode estar associado ou
esconder sintomas de ataque cardíaco,
Nota: hipotiroidismo, etc…
• Não deixe que uma vítima idosa tome Se o idoso aquecer muito rapidamente, o
banho para aquecer, pois o aquecimento sangue pode ser subitamente desviado do
repentino pode fazer com que o sangue se coração e do cérebro para a superfície do
desvie subitamente do coração e do cérebro corpo, fazendo-o entrar em Choque.
para a superfície do corpo;

38
Hipotermia em Bebés
ALCOOLISMO AGUDO
Os mecanismos reguladores da temperatura
no organismo de um bebé ainda não estão
totalmente desenvolvidos, por isso ele pode
desenvolver hipotermia num quarto frio. A
pele do bebé pode parecer saudável, mas estar
fria, e ele pode estar apático, muito sossegado
e recusar-se a comer.
• Reaqueça o bebé, hipotérmico
gradualmente, envolvendo-o em cobertores e
aquecendo o quarto;
• Chame o médico;
• Cubra a cabeça do bebé para impedir a
perda de calor.

Hipotermia ao ar livre
• Leve a vítima para um local abrigado e É a situação que acontece por ingestão de
se possível seco o mais depressa possível; bebidas alcoólicas acima da capacidade de
• Retire-lhe a roupa molhada e proteja-o tolerância do organismo. A ingestão de álcool
do vento; em excesso pode conduzir a várias
• Isole a vítima com agasalhos ou complicações que dependem da quantidade
cobertores e cubra-lhe a cabeça; ingerida e do próprio indivíduo. O álcool
• Proteja a vítima da chuva, do vento e induz a alterações do comportamento por
do contacto com o solo; depressão do Sistema Nervoso Central. Estas
• Ponha-a num saco-cama seco, cubra-a vítimas por vezes apresentam
com cobertores, jornais ou use um lençol de comportamentos bizarros, perturbação mental
aquecimento; e descoordenação motora.
• Peça ajuda (112);
• Se possível, para ajudar a reaquecer Complicações:
dê-lhe bebidas quentes e alimentos • Hipoglicemia (redução na quantidade
energéticos, como o chocolate. de açúcar no sangue);
• Hipotermia (quando a temperatura do
corpo baixa a valores inferiores a 35ºC).

Sintomatologia:
• Hálito característico a álcool;
• Perda de equilíbrio;
• Dificuldade na articulação das
palavras;
• Alteração do estado de consciência;
• Suores frios e abundantes;
• Arrefecimento;
• Ventilação acelerada e irregular;
• Congestão facial;
• Conflituosidade;
• Agitação ou prostração;
• Inconsciência;
• Coma.

39
Atuação no ALCOOLISMO AGUDO: - Hipoglicemia: diminuição acentuada da
• Manter atitude calma e segura, quantidade de açúcar no sangue motivada
mostrando tolerância, pois estas vítimas na pela falta da sua ingestão ou pelo excesso de
maioria das vezes têm tendência para a insulina.
agressividade;
• Manter a permeabilidade das Vias
Aéreas (o vómito é frequente); HIPERGLICEMIA
• Coloque-lhe açúcar debaixo da língua; A hiperglicemia é uma situação que se
• Elevação das pernas; caracteriza por excesso de açúcar no sangue
• Aqueça a vítima (evitar o (hiper=mais; glicemia=açúcar no sangue).
arrefecimento); Uma alimentação muito rica em hidratos de
• Vigie as funções vitais; carbono ou falta de insulina em doentes
• Ponha a vítima em Posição Lateral de diabéticos podem conduzir a esta situação.
Segurança (PLS); Considera-se hiperglicemia quando o valor de
• Encaminhe-a para o hospital. açúcar no sangue é superior a 200 mg/dl. A
sua instalação é normalmente lenta e
progressiva.
HIPER E HIPOGLICEMIA
Sintomatologia:
• Fadiga (fraqueza muscular)
DIABETES • Tonturas
• Náuseas e vómitos;
O açúcar é essencial às células para que elas • Hálito a fruta doce ou acetona;
produzam energia, para que o açúcar possa • Face rosada;
ser utilizado pelas células do organismo é • Pele avermelhada e seca;
indispensável a presença de insulina, que é • Manutenção da prega cutânea (sinal de
produzida pelo pâncreas. Quando a produção desidratação);
de insulina é afetada, o açúcar não consegue • Confusão mental e desorientação;
passar para as células de forma normal pelo • Sonolência;
que o seu nível no sangue sofre alterações. A • Ventilação rápida e irregular;
esta situação dá-se o nome de Diabetes. • Inconsciência, por vezes;
Assim a diabetes é uma doença em que o • Coma
pâncreas produz uma quantidade insuficiente
de insulina, que é a hormona responsável pela Atuação na HIPERGLICEMIA
utilização da glucose pelo organismo. Uma • Procure saber se a vítima é diabética e
quebra ou subida excessiva dos níveis de se está a fazer medicação antidiabética;
açúcar (glicose) no sangue pode dar origem • Vigie as funções vitais;
aos chamados comas diabéticos, sendo o • Encaminhe para o hospital.
coma por baixa de açúcar (hipoglicemia) mais
• Se o doente tiver uma máquina pode
grave por ser de instalação súbita e exigir
avaliar o valor de açúcar no sangue que é
medidas de tratamento imediato para salvar a
dado em mg/dl
vida do doente.
Em situações de emergência médica poderá
encontrar duas situações de descompensação
da Diabetes: HIPOGLICEMIA
- Hiperglicemia: aumento da quantidade de É uma situação que acontece por insuficiência
açúcar no sangue em relação à quantidade e de açúcar (glicose). Pode ser provocada por
insulina. esforços intensos, jejum prolongado ou
excesso de insulina em doentes diabéticos.

40
Considera-se hipoglicemia valores de açúcar muito frequente nos diabéticos, pode
no sangue inferiores a 50 mg/dl. A sua acontecer a qualquer um. A hipoglicemia tem
evolução é normalmente rápida e súbita. de ser rapidamente corrigida através da
ingestão de açúcar, pois o doente corre o risco
Causas mais comuns: de morrer.
• Jejum prolongado;
• Se os alimentos não foram digeridos (ex.:
vómitos/diarreia após as refeições);
• Se as doses de insulina ou antidiabéticos Quadro resumo:
orais forem demasiado elevadas
relativamente às necessidades do doente ou
HIPERGLICEMIA HIPOGLICEMIA
á quantidade e tipo de alimentos ingeridos;
• Situações em que é exigido um maior Excesso de Excesso de
consumo de açúcar (ex.: esforço físico, açúcar ou défice Causa insulina ou
emoções fortes, febre, etc… de insulina défice de açúcar
Lento e
Sintomatologia: Início Rápido e súbito
progressivo
• Ansiedade, irritabilidade e agitação; Fraqueza
• Palidez intensa; Agitação,
muscular,
irritabilidade,
• Fraqueza muscular; confusão, Comportamento
convulsões,
• Sensação de fome; sonolência e
confusão e coma
• Suores abundantes, frios e pegajosos; coma
• Pulso rápido e fraco; Cetónico,
Hálito Normal
• Ventilação superficial; adocicado
• Sensação de formigueiro no rosto e nas Seca e Pálida, húmida e
Pele
mãos; avermelhada suada
• Tremores; Sim Sede Não
• Desorientação e confusão mental; Não Fome Sim
• Inconsciência, por vezes acompanhada de Habituais Vómitos Raros
convulsões;
• Coma

Atuação na HIPOGLEMIA
• Coloque-lhe açúcar (dois pacotes dos do
café aprox: 2X18 gr) debaixo da língua;
• Não dê líquidos (por ex.: água com açúcar,
leite, bebidas alcoólicas, …)
• Vigie as funções vitais;
• Mantenha a temperatura (evite o
arrefecimento corporal);
• Coloque a vítima em Posição Lateral de
Segurança;
• Encaminhe para o hospital.
(nas vítimas conscientes e após terem feito
açúcar, muitas vezes não é necessário
encaminhar a vítima ao hospital)

Pode-se assim facilmente perceber que a


hipoglicemia é uma situação que embora

41
• Pupilas dilatadas
LESÕES PROVOCADAS PELO • Crise convulsiva;
CALOR • Vertigens;
• Pulso cheio e irregular;
• Ventilação acelerada;
As lesões pelo calor surgem na sequência da
exposição prolongada do indivíduo a • Agitação;
temperatura ambiente elevadas. Estas lesões • Por vezes, inconsciência.
podem ser provocadas quer por calor húmido
(exposição do organismo a elevada Atuação na Insolação
temperatura ambiente, mas na presença de • Retire a vítima para local fresco e arejado;
humidade na atmosfera) quer por calor seco • Retire-lhe roupa;
(exposição do organismo a elevada • Arrefeça-lhe todo o corpo (envolvendo em
temperatura ambiente, mas na ausência de lençol húmido), em especial a cabeça;
humidade). • Colocar panos molhados nas axilas, virilhas
As lesões pelo calor, mais comuns são: e testa;
✓ Golpe de Calor • Recoste-a, mantendo a cabeça elevada;
✓ Insolação • Não dê líquidos, apenas humedeça os
lábios;
• Encaminhe para o hospital.
Insolação

A insolação é uma situação causada por Golpe de calor


exposição prolongada ao sol. Também a
permanência em locais fechados muito O golpe de calor ocorre devido à perda de
quentes e secos pode conduzir a este estado. água e sais minerais e pela permanência em
A insolação acontece quando a capacidade de locais quentes e húmidos, ou seja, exposição
arrefecimento, ou transpiração, fica da vítima ao calor húmido, especialmente
comprometida. quando o arejamento é ineficaz. Acontece
Na origem desta situação está habitualmente a sobretudo em fundições, padarias e
falência do mecanismo regulador da lavandarias.
temperatura, deixando de haver perda de calor Assim o organismo reage com:
por cessação súbita da transpiração. Por vezes • Uma forte desidratação (perda acentuada de
esta situação surge da evolução do golpe de líquidos) provocada principalmente pela
calor após a falência do mecanismo da transpiração excessiva;
transpiração. • Hipoxia, ou seja, falta de oxigénio originada
O uso de drogas como o Ecstasy pode sobretudo pelas deficientes trocas gasosas,
potenciar o aparecimento da insolação. decorrendo da exposição a um ambiente
A insolação pode ocorrer de repente, quente e pouco arejado.
causando a perda de consciência em poucos
minutos. Sintomatologia do golpe de calor:
• Palidez;
Sintomatologia: • Pele Húmida e fria;
• Pele seca, vermelha e quente; • Suores frios e viscosos;
• Face vermelha (congestionada); • Arrefecimento;
• Aumento de temperatura – febre (pode • Pulso fraco e acelerado;
chegar aos 42ºC); • Pupilas dilatadas;
• Dores de cabeça (cefaleia); • Cefaleias (dores de cabeça);
• Pupilas contraídas; • Náuseas ou vómitos;
• Náuseas e vómitos;

42
• Tonturas e/ou vertigens; local, cianose (pele roxa ou azulada) e
• Cãibras; flictenas (bolhas);
• Astenia (falta de forças);
• Apatia (indiferença ao que a rodeia); Atuação:
• Ventilação acelerada e superficial; As lesões pelo frio não devem ser menos
• Hipotensão (tensões arteriais baixas); prezadas dado o perigo de destruição dos
tecidos e de lesões irreversíveis do tecido
• Sonolência;
nervoso.
• Por vezes, inconsciência.
Logo deve:
Atuação no Golpe de Calor:
• Mergulhar o membro em água tépida
• Retire a vítima para local arejado e
+/- 36ºC;
fresco;
• Não esfregar/friccionar as zonas
• Mantenha-a deitada e eleve-lhe os
afetadas isso pode contribuir para a destruição
membros inferiores (pernas);
dos tecidos;
• Dê-lhe água a beber, se consciente e
• Envolver a vítima num cobertor;
colaborante;
• Não colocar a vítima junto de ama
• Mantenha a temperatura;
fonte de calor (lareiras, etc. …);
• Se inconsciente, coloque-a em PLS;
• Ter em atenção que o
• Se necessário, encaminhe para o
descongelamento provoca dor intensa,
hospital.
sintoma que se irá agravar à medida que o
descongelamento se processa;
• Tratar a queimadura resultante da
lesão (ver capítulo das queimaduras)
LESÕES PROVOCADAS PELO • Avaliar e registar sinais vitais.
FRIO
As lesões provocadas pelo frio devido á
exposição prolongada do indivíduo a um
ambiente muito frio, poderão ser diversas,
visto que o frio causa vasoconstrição
(diminuição do diâmetro dos vasos
sanguíneos) pelo que a maioria das lesões
tecidulares se devem à deficiente circulação e
logo à má oxigenação dos mesmos.

A extensão da lesão está diretamente


relacionada com a intensidade do frio e o
tempo de exposição pelo que as extremidades,
tal como os pés, mãos, orelhas, nariz, são as
primeiras zonas a serem afetadas.

Sinais e Sintomas:
• Edema (inchaço);
• Rubor (vermelhidão);
• Prurido (comichão);
• Nos casos mais graves em que já houve
congelamento dos tecidos, pode surgir dor

43
Relâmpagos: é uma descarga de eletricidade
CHOQUE ELÉTRICO / na atmosfera que forma um raio de luz e calor
que procura chegar ao solo. Um relâmpago
ELETROCUSSÃO pode incendiar as roupas, deitar a vítima ao
chão, e até causar morte instantânea. Afaste
toda a gente do local atingido pelo relâmpago
o mais depressa possível.

Corrente de Baixa Voltagem: a corrente


elétrica, que é usada nas nossas casas e locais
de trabalho, pode causar lesões graves e
mesmo a morte. Os acidentes são muitas
vezes provocados por interruptores avariados,
fios condutores desgastados, ou defeitos dos
aparelhos elétricos. As crianças pequenas são
As lesões provocadas pelo contacto com a particularmente vulneráveis - são curiosas e
eletricidade podem ser bastante perigosas e podem enfiar os dedos ou outros objetos nas
complexas, pelo que se deve abordar a tomadas elétricas.
situação de uma forma distinta da efetuada A água é um excelente condutor de
para uma lesão por queimadura. eletricidade, pelo que representa um perigo
A eletricidade, em contacto com o corpo adicional. Manusear um aparelho elétrico,
humano pode provocar vários tipos de lesões, mesmo que seguro, com as mãos húmidas ou
as quais nem sempre são visíveis. Na maioria com chão molhado aumenta o risco de um
dos casos, os cuidados a prestar às vítimas choque elétrico.
deverão ser bastante abrangentes, dado a
probabilidade da ocorrência de alterações
graves da função respiratória, circulatória,
renal e lesões importantes do sistema nervoso.
Assim, ao realizar o exame da vítima, há que
ter em atenção quais as circunstâncias em que
se deu o acidente e considerar a possibilidade
de lesões associadas, de modo a despistá-las.
A identificação do local de entrada da
corrente no organismo (porta de entrada) e do
local de saída (porta de saída) permitem
imaginar o seu trajeto e suspeitar de outras
lesões (como por exemplo, alterações do
ritmo cardíaco) o que constitui também um
Corrente de Alta Voltagem: o contacto com
aspeto importante.
a corrente de alta voltagem, geralmente é
Podem ocorrer choques elétricos quando um
fatal. Uma pessoa que sobreviva sofrerá
eletrodoméstico ou outro dispositivo elétrico é
queimaduras graves, além disso o choque
utilizado incorretamente, tem a instalação
elétrico produz um espasmo muscular
elétrica danificada ou então é utilizado em
(contração muscular) que pode projetar a
condições de humidade excessiva. A
vítima a uma certa distância, causando lesões
passagem de uma corrente elétrica através do
e fraturas. A eletricidade de alta tensão pode
corpo pode interromper a atividade cerebral
“saltar” em arco até18 metros. Para chegar á
que controla a ventilação. Assim, um choque
vítima a corrente tem de ser desligada.
elétrico grave pode provocar paragem
respiratória, e/ou paragem cardio-respiratória.

44
• Hemorragias internas, equimoses;
• Paragem cardio-respiratória.

Atuação:

Mantenha as pessoas afastadas do local, no


mínimo 18 metros
.

Sintomatologia: • Não toque na vítima;


• Desconfiar de vítimas caídas em quartos • Desligue o quadro elétrico;
de banho, em pisos molhados, próximo ou • Retire a ficha da tomada elétrica;
em cima de cabos elétricos ou de • Caso não consiga cortar a eletricidade,
aparelhos elétricos; pode usar um cabo de vassoura de pau se
• Possível estado de inconsciência; estiver seco para afastar a vítima da
• Obstrução total ou parcial das vias aéreas, corrente ou o contrário, e os pés devem
por contractura muscular ou queda da estar isolados do chão;
língua; • Avalie o estado de consciência da vítima;
• Vermelhidão, tumefação, e pele queimada • Se inconsciente, coloque-a em PLS;
ou chamuscada nos pontos de • Procure eventuais sinais de queimaduras
entrada/saída da corrente elétrica; na pele;
• Queimaduras profundas (nas queimaduras • Caso hajam queimaduras, arrefeça-as com
elétricas, os nervos, os vasos sanguíneos e compressas embebidas em soro
os músculos queimam-se mais do que a fisiológico e trate como uma queimadura
pele); (ver capítulo sobre queimaduras).
• Necrose (morte dos tecidos);
• Sinais de Choque;
• Fibrilação ventricular (“arritmia” cardíaca
muito grave);
• Enfarte do Miocárdio;
• Convulsões, originadas por alterações
elétricas no cérebro ou por traumatismo
crânio-encefálico associado;
• Edema cerebral;
• Paralisia dos membros, por lesão do
sistema nervoso central ou de origem
traumática);
45
• Avaliar e vigiar os sinais vitais, tendo
REAÇÃO ALÉRGICA especial atenção para as características da
ventilação;
• Recolher o máximo de informação
Reação alérgica é a resposta do sistema
(CHAMU: Circunstâncias, História, Alergias,
imunitário de um indivíduo ao contacto com
Medicação e Última refeição));
um agente estranho (alergénio) ao organismo.
Dependendo do agente alergénio, a resposta
do organismo pode ser localizada (ex.:
inflamação provocada pela picada de melga)
ou sistémica (generalizada a todo o
organismo, como a reação alérgica a
medicamentos como a penicilina). Esta reação
sistémica denomina-se Choque Anafilático.

Sinais e Sintomas:
• Prurido (comichão);
• Urticária (manchas vermelhas na
pele);
• Suores;
• Alterações do estado de consciência
(desorientação, zumbidos, vertigens,
convulsões e coma);
• Olhos vermelhos com ardor e
lacrimejo;
• Aumento das secreções nasais;
• Edema da Laringe, inchaço da glote e
outras estruturas da laringe o que provoca
uma diminuição do seu lúmen e logo uma
obstrução à passagem de ar que se manifesta
por:
• Dispneia e/ou Respiração ruidosa;
• Tosse; Rouquidão;
• Edema Agudo do Pulmão e/ou Dor
pré-cordial;
• Hipotensão;
• Pulso arrítmico;
• Náuseas, vómitos, dor abdominal e
diarreia.

Atuação:
• realizar pedido de ajuda (112);
• Afastar o indivíduo da causa
precipitante (remover o alergénio do contacto
com o indivíduo);
• Proporcionar à vítima uma posição
confortável de modo a facilitar a ventilação, a
melhor é sentada com as costas a 45º;
• Se tiver disponível fazer oxigénio a 10
litros
46
contacto e penetração de produtos tóxicos,
ENVENENAMENTO / como no caso de manipulação de produtos
tóxicos sem o devido respeito pelas mais
INTOXICAÇÃO elementares normas de proteção e higiene
(produtos utilizados na agricultura com o
Veneno é toda a substância que, penetrando fim de combater as pragas).
no organismo em doses relativamente
elevadas num curto espaço de tempo, Via Ocular
provoca, de modo passageiro ou durável, Exemplo
perturbações mais ou menos graves das várias A penetração do veneno pelas mucosas é mais
funções, ou mesmo a morte. As crianças estão rápida e perigosa do que pela pele.
mais propensas a intoxicações pois na sua Encontram-se situações frequentes de
ânsia de explorar tudo ao seu redor, ingerem envenenamento pela via ocular, como nos
ou contactam com produtos que são tóxicos. casos dos:
O tóxico pode penetrar no organismo das • Trabalhos agrícolas (sem proteção
mais variadas formas. adequada);
• Trabalhos realizados em laboratórios (sem a
Vias de Penetração dos venenos no organismo devida proteção);
• Utilização de agentes de limpeza (ácidos e
Via gastrintestinal bases), que, postos em contacto, reagem,
Exemplo: libertando gases tóxicos.
• Alimentos adulterados;
• Acão criminosa ou tentativa de suicídio; Via Circulatória
• Manipulação de produtos tóxicos com as Exemplo
mãos não protegidas que, posteriormente, • Substâncias introduzidas diretamente na
vão tocar em alimentos; circulação;
• Ingestão acidental de produtos líquidos • Injeção. Drogas.
contidos em recipientes não identificados;
• Ingestão de líquidos cáusticos (e outros) Perante uma situação de envenenamento, o
guardados, inadvertidamente, em garrafas socorrista deve tentar saber rapidamente:
de refrigerantes (frequente em crianças);
• Aplicação de pesticidas e outros produtos O quê? Qual o veneno?
usados na agricultura sem equipamentos de • Interrogando a vítima, se consciente;
proteção individual. • Observando a vítima e o local e recolhendo
embalagens de produtos tóxicos, aí caídas;
Via Inalatória • Recolhendo restos do veneno ou produto
Exemplo vomitado;
• Inalação de venenos no estado gasoso (má • Registando qualquer cheiro anormal no
ventilação dos locais de trabalho; falta de ambiente e o próprio hálito da vítima.
máscara apropriada; desrespeito pelos
procedimentos de segurança previstos para Como? Qual a via de administração?
os produtos); • Procure indagar, no local, como aconteceu;
• Inalação de partículas líquidas ou sólidas • Procure utensílios que tenham servido para
(má ventilação dos locais de trabalho; falta a introdução do veneno (seringas, copos).
de máscara apropriada).
Quanto? Qual a quantidade?
Via cutânea
• Considerando o frasco cheio, quanto é que
Exemplo
foi ingerido?
• A pele, pela sua extensão e constituição,
• Quantos comprimidos faltam na caixa?
está facilmente exposta a agressões e ao

47
Quando? Quanto tempo decorreu, desde a o Identificar o veneno pela embalagem,
introdução do veneno e o início dos sintomas, rótulo, cheiro e vómito (deverá ser levado
até à chegada do socorrista? ao médico);
• Inquirindo a vítima quando consciente e o Informar sobre a possível via de entrada
colaboradora; do produto tóxico;
• Interrogando familiares e amigos que o Determinar, aproximadamente, a
tenham presenciado ou ouvido algo que quantidade de veneno ingerida;
possa ajudar a concluir do sucedido. o Saber qual o tempo decorrido após a
ingestão;
Quem? • Se houver paragem cardio-respiratória
• Idade aproximada; é imprescindível iniciar manobras de Suporte
• Sexo; Básico de Vida;
• Peso; • Transportar para o hospital em
• Doenças (cardíaco, diabético, epilético, …). ambulância.

Numa situação de envenenamento ligue para: Atuação específica:


Centro de Informação Antivenenos –
CIAV 808 250 143 Via gastrointestinal
Não provoque o vómito a vítimas;
Sinais de Alerta: • Inconscientes;
• Quando, após uma refeição, as vítimas • Sonolentas;
ficam indispostas, com cólicas, vómitos, • Que não conseguem engolir;
suores, palidez, prurido (comichão), diarreia, • Que tenham ingerido derivados de petróleo,
delírio e até inconsciência; produtos que façam espuma, produtos
• Quando junto da vítima se encontrar corrosivos;
um produto tóxico ou a sua embalagem; O induzir o vómito deve ser evitado, devido
• Quando uma vítima permanece em ao risco de entrar para os pulmões e de causar
ambiente contaminado, o que muitas vezes se lesões no esófago.
deteta pelo odor, sobretudo, se cheira a ovos
podres (sulfuretos), amêndoas amargas Via Inalatória
(cianetos), gás de isqueiro, etc… • Retire a vítima para um sítio arejado;
• Retire as roupas contaminadas;
Atuação geral:
• Colocar a vítima em local arejado; Via cutânea
• Manter a vítima calma; • Lave abundantemente, com água corrente,
• Verifique as funções vitais; entre 15 a 30 minutos;
• Verifique as pupilas (dilatadas? • Se o agente for pesticida, lave
Contraídas? Sem reação à luz?); abundantemente com água e sabão.
• Colocar em posição lateral de
segurança (PLS); Via Ocular
• Mantenha a temperatura, cobrindo • Lave, abundantemente, com um fio de água,
com manta térmica, cobertor ou a própria do canto interno para o externo, do olho;
roupa, etc…; • Vá ao hospital para ser observado por um
• Contactar o Centro de Informação oftalmologista.
Antivenenos (CIAV), através do nº
808250143 (este atendimento funciona 24 Via Circulatória
horas por dia), deve fornecer as seguintes • Vigie as funções vitais.
informações: Nos envenenamentos, é preferível nada fazer
do que fazer errado.

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• Aplique nos membros, sempre que
FRATURAS possível, talas apropriadas devidamente
almofadadas;
• Controle a pulsação periférica, a
Fratura é a solução de continuidade do tecido
temperatura e cor dos membros fraturados
ósseo (osso partido).
(ausência de pulso e alteração na cor e
As fraturas podem ser:
temperatura tornam a situação prioritária).
• Fechadas: quando não há visualização do
osso fraturado;
• Abertas ou Expostas: quando há a
visualização do osso fraturado, através da
Crânio
ferida, ou mesmo a sua exteriorização.
Causa:
Condições associadas às fraturas: • queda
• Hemorragia interna, ou externa (na fratura • pancada ou golpe direto
exposta); • esmagamento
• Ferida (na fratura exposta); • ferida por arma perfurante
• Estado de choque;
• Lesões musculares e tendinosas; Sintomas:
• Infeção. • diminuição ou perda de consciência
• tonturas
Sintomatologia de fraturas • perturbações do equilíbrio ou do
• Dor; comportamento devido á formação de edema
• Inchaço (edema); interior
• Deformação; • sonolência
• Dificuldade ou impossibilidade em • vómitos em jato
movimento; • náuseas
• Mobilidade anormal (falsa articulação); • dor de cabeça (cefaleias), não dor da
• Encurtamento; pancada
• Crepitação. • assimetria no diâmetro pupilar
(anisocória)
Atuação nas FRACTURAS • manchas negras nos olhos –
• Descubra, cortando a roupa, se hematomas oculares
necessário; • hemorragias pelo nariz, ouvidos e
• Não massaje; boca, que por vezes, são acompanhadas de
líquido cefalorraquidiano. Estas hemorragias
• Não faça movimentos;
não devem ser sustidas, pois a acumulação de
• Retire anéis, pulseiras e relógio se há
sangue no interior provoca a compressão da
fraturas dos membros superiores;
massa encefálica e, portanto, causa maiores
• Controle hemorragias externas por danos
compressão indireta;
• insensibilidade física e plegias
• Cubra as feridas com compressas (paralisias) por destruição de células nervosas
esterilizadas;
• Proteja “corpos estranhos”; Atuação:
• Proteja os topos ósseos expostos; não • colocar em PLS, pois corre o risco de
tente reintroduzi-los; asfixia ao ficar inconsciente, visto os seus
• Imobilize as articulações abaixo e reflexos de segurança estarem suprimidos
acima da fratura; • se a cara está corada, levantar um
pouco os ombros e a cabeça

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• se a cara está branca (pálida), colocar
a cabeça ao nível do corpo ou um pouco mais
abaixo
• colocar um objeto de cada lado da
cabeça do doente para evitar movimentos
bruscos durante o transporte – imobilidade
• proteger as regiões afetadas com
sogras
• prevenir o arrefecimento
• vigiar os sinais vitais: grau de
consciência, ventilação e pulsação
• evacuar rapidamente para o hospital, a
baixa velocidade e sem ruídos

Maxilares
A primeira coisa a assegurar, em qualquer
acidente da face, é que a via aérea
(respiratória) está adequadamente Cintura Escapular
desobstruída (clavícula, omoplata e ombro)
Uma fratura pode causar deformação no
maxilar, com perda total ou parcial de dentes, Causas:
hemorragias nas gengivas, edemas e • resultam de traumatismo direto (+
dificuldade em engolir. freq. queda com mão estendida para a frente)

Atuação: Atuação:
• não arrancar os dentes soltos, exceto • Imobilizar colocando o braço da
se estiverem a obstruir a ventilação vítima ao peito, passando depois, uma banda
• se dificultar a respiração deve-se puxar sobre o tórax para impedir a rotação;
a língua e o maxilar para fora e mantê-lo
nessa posição
• se ambos os maxilares estão fraturados
tem que se ir com os dedos e puxar os dois
para a frente mais a língua
• posição lateral de segurança
• fazer imobilização
• permanecer junto à vítima pois a
qualquer momento pode sangrar e ser
necessário remover a imobilização

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Úmero e cotovelo Antebraço
Causa: O antebraço é constituído por dois grandes
- Traumatismo direto ou indireto ossos longos. Por vezes quando só um deles
está fraturado o outro atua como tala
Complicações:
- ocorrência de lesões vasculares e nervosas Causa:
(lesão do nervo radial – mão pendente) - Trauma direto e/ou indireto – quedas

Atuação: Sintomas e sinais:


- pesquisar estado circulatório (pulso radial) - dor
- verificar sensibilidade e mobilidade - incapacidade funcional
- se pulso radial ausente – tração imediata e - por vezes, se só houve fratura de um dos
alinhamento, seguido de imobilização ossos (rádio ou cúbito), só existe dor pois o
- imobilizar com o braço ao longo do tronco resto está mascarado
com talas - tracionar e alinhar a fratura
- imobilizar com o máximo de extensão - imobilizar de acordo com a figura
possível – flexão comprime vasos

Punho e mão
Causa:
Punho- traumatismo indireto por queda sobre
a mão
Mão e dedos – é quase sempre por
traumatismo direto

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Sinais e sintomas:
- dor
- incapacidade funcional
- deformação
- inchaço (edema)

Atuação:
- não reduzir, pois, é uma fratura articular
- manter a mão em concha, colocando uma
bola de papel ou um lenço enrolado
- imobilizar com talas

Pescoço
Fémur
Este tipo de fraturas é muito grave e, pode
resultar de múltiplas situações, tendo Causa:
consequências catastróficas Trauma direto – queda
Trauma indireto: bater com os pés no chão
Atuação: Espontânea: fragmentação por processo de
- não permitir que ninguém toque na vítima osteoporose
- ver se a vítima tem sensibilidade ao longo
do corpo É frequente no idoso a nível do colo do
- perguntar se dói as costas fémur
- pede-se para mexer os dedos dos pés
- coloca-se sempre um colar cervical ou algo Sinais e sintomas:
que o substitua - incapaz de se levantar
- deformidade

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- encurtamento do membro fraturado É frequente ser exposta
- rotação do pé para fora Pode ser mascarada se só fraturar um osso, o
outro serve de tala
Atuação: Imobilização segundo regras básicas já
- tração e alinhamento referidas
- imobilização com talas até à cintura

Tornozelo
Difícil distingui-las das entorses – em
ambas:
- edema
- dor
Joelho - incapacidade funcional
- se # a dor é maior à palpação das saliências
Causas: ósseas
- quedas, acidentes de viação, etc... - se entorse a dor é maior à palpação dos
tecidos moles adjacentes
Atuação: Podem complicar-se com luxação da
- Imobilização na posição que o membro é articulação com compromisso circulatório (pé
encontrado se não ceder a ligeira tração roxo) – permitido alinhar o pé com o restante
membro; se não se consegue, imobiliza-se e
transporta-se para o hospital


Queda de um objeto ou queda em altura
(# dos calcanhares + risco de # da coluna)
Edema é grande e de instalação rápida, retirar
Ossos da perna – Tíbia e perónio o sapato suavemente para não agravar as
lesões existentes.
Tíbia = “canela” Pé elevado durante o transporte e imobilizado
com talas, se necessário.

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• Incapacidade para estar de pé ou andar
• Possível deformidade na zona da
bacia/anca;
• Sinais e sintomas de choque

Atuação:
• Nunca rolar estas vítimas;
• Mexer o menos possível na vítima;
• Evitar o arrefecimento da vítima;
• Não dar nada de comer, nem de beber;
• Esta vítima deverá ser mobilizada em bloco
(de preferência em maca de vácuo) e
transportada ao hospital:

Bacia
A bacia, ou pelve, é constituída por um anel
de ossos situados na parte inferior do tronco,
limitado de cada lado e à frente pelos ossos
ilíacos a trás pelas últimas vértebras da coluna
(sacro e cóccix). Este anel de ossos, também
designado por cintura pélvica, é uma estrutura
que tem como função a proteção dos órgãos
internos que ali se encontram. A bacia é
também percorrida por muitos nervos e vasos
sanguíneos, pelo que uma lesão nesta zona
poderá provocar graves complicações.

Causas:
- traumatismo direto – por ex.: esmagamento
por compressão
- traumatismo indireto – por ex.: acidente de
viação em que se bate com os joelhos no
tablier do carro

* Os ossos da bacia são os mais irrigados do


organismo pelo que uma fratura grave pode
fazer perder até 3 litros de sangue + lesões
dos órgãos abdominais associados

Sintomatologia:
• Dor na região da bacia;
54
ENTORSES • Se não contraindicado pela existência de
outras lesões, elevar a parte lesionada para
Uma entorse consiste na rutura ou distensão controlar o inchaço e a dor;
dos ligamentos e tecidos em redor de uma • Eleve o membro pousando-o numa
articulação. As articulações que mais vezes almofada (algo fofo), para reduzir o
sofrem entorses são o tornozelo ou o punho. inchaço;
Uma entorse pode estar associada a outras • Coloque gelo tendo o cuidado de proteger a
lesões, tornando-se neste caso difícil de pele, para evitar queimaduras pelo gelo.
distinguir de uma fratura. Em caso de dúvida,
trate sempre uma lesão deste tipo como se de
uma fratura se se trata.

Sintomatologia:
• Dor na articulação e região circundante;
• Perda de força e incapacidade de mover a
articulação;
• Inchaço (edema), com algumas equimoses
(pisaduras);

Atuação:
• Coloque a vítima em descanso, numa
posição o mais confortável possível,
evitando mexer ou tocar na parte lesionada;
• Eleve o membro pousando-o numa
almofada (algo fofo), para reduzir o
inchaço;
• Coloque gelo tendo o cuidado de proteger a
pele, para evitar queimaduras pelo gelo.

DISTENSÕES

Uma distensão é uma rutura ou estiramento


das fibras musculares ou dos tendões
resultante de um esforço excessivo e
repentino. As distensões são mais frequentes
no pescoço, zona lombar, coxa e “barriga” da
perna.
Sintomatologia:
• Dor súbita e aguda na zona;
• Rigidez e inchaço (edema);
• Cãibras no tecido lesionado;
• Espasmo paralisante da zona lesionada;
Atuação:
• Ajude a vítima a colocar-se na posição mais
confortável possível;
• Evite tocar ou mover a zona lesionada;

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(lavagem) e caso o frasco não tenha um
CONSTITUIÇÃO DA MALA DE dispositivo de saída de soro terá que se ter
algo chamado perfurador (“spike”);
1ºSOCORROS - 5 Soro Fisiológico (cloreto de sódio a 0,9%)
– 10 ml (ampolas) para desinfeção de
pequenas lesões;
Nos locais de trabalho deve existir, - 3 Ampolas de 10 ml de Iodopovidona
obrigatoriamente, material de primeiro Dérmica (por ex.: Betadine);
socorro guardado em caixas ou armários
protegidos do calor e humidade, em local de - Hidrogel para queimados e/ou compressas
fácil acesso, devidamente sinalizado, e que impregnadas em hidrogel;
esteja sempre disponível quando necessário. - Hidrogel ou outro produto para queimaduras
de 1º grau (aliviam a dor e o desconforto,
A caixa, ou armário, de primeiros socorros dando sensação de frescura);
deve ser organizado de acordo com o número
de trabalhadores, atividade desenvolvida e - Pensos impermeáveis com e sem zona de
riscos inerentes. absorção de fluidos (curitas impermeáveis);
Visto isto, ter em conta todas as variáveis é
impossível, no entanto, a lista que material - Tiras substitutas de pontos;
que se segue é a aconselhável a ter para a - Cola biológica;
maioria das situações:
- Saco de gelo instantâneo;
- Spray de gelo;
- 5 Pares de luvas de látex não esterilizadas
- 1 Tesoura universal, ou com pontas - Saco do lixo;
arredondadas;
- 1 Manta isotérmica; Será de notar que os medicamentos e o
- Material de ventilação (pocket mask ou material de penso utilizados devem ser
outro dispositivo para que em situação de repostos de imediato. Só assim se poderá
paragem cardio-respiratória o socorrista não garantir uma boa operacionalidade e um
precise de fazer respiração boca-a-boca); primeiro socorro adequado.
Deve verificar-se regularmente o estado e
- 5 Compressas de 5x5cm individualizadas e validade do conteúdo da caixa de primeiros
esterilizadas; socorros, com vista à sua substituição para
- 2 Pacotes de compressas 5x5 ou 7.5x7.5 em que quando seja necessária esteja tudo apto a
que cada pacote tem 10 compressas; funcionar nas melhores condições.
- 2 Pacotes de compressas 10x10 ou 15x15
em que cada pacote tem 10 compressas;

- 2 Ligaduras elásticas de 5cm de largura, se


houverem crianças;
- 2 Ligaduras elásticas de 10cm de largura;
- 2 Ligaduras elásticas de 15cm de largura;

- 1 Carreta de adesivo com pelo menos 2,5cm


de largura (preferencialmente adesivo
hipoalérgico);

- 1 Soro Fisiológico (cloreto de sódio a 0,9%)


– 100 ml ou 250 ml para irrigação

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BIBLIOGRAFIA
▪ Instituto Nacional de Emergência Médica (1999) – Manual de Tripulante de Ambulância
de Socorro, Lisboa.

▪ Instituto Nacional de Emergência Médica (2003) – Manual do Tripulante de Ambulância


de Transporte, 1.ª edição, Lisboa.

▪ Cardoso, António Óscar Rebelo (1987) – Como Prevenir alertar e socorrer em qualquer
tipo de acidente, 5.ª Edição, Lisboa, Editorial o livro.

▪ Bergeron, J. David (1994) – First Responder Update, Third edition, New Jersey, Brady
Prentice Hall.

▪ Rouviére, J. (1979) – Anatomie Humaine descriptive et Topographique, 10th Edition,


Masson et Cie, Editeurs.

▪ Hafen,Brent Q.; Karen, Keith J.; Mistovich, Joseph J. (1996) – Prehospital Emergency
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▪ Limmer, Daniel; Elling, Bob; O’Keefe, Michael F. (1994) – Essentials of Emergency care e
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▪ NAEMT (2002) – PHTLS: Basic and Advanced Prehospital trauma Life Support.

▪ McSwain, Norman E.; Paturas, James L.(2003) – The Basic EMT 2nd Edition, Mosby.

▪ Handley, Anthony J.; Koster, Rudolph; Monsieurs, Koen; Perkins, Gavin D.; Davies, Sian;
Bossaert, Leo – Recomendações do Conselho Europeu de Ressuscitação sobre Ressuscitação 2010 -
Secção 2. Suporte básico de vida para adulto e a utilização de desfibriladores automáticos externos –
ELSEVIER

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