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MANUAL PARA O USO DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO

FONOAUDIÓLOGICA DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIVALI

Elaboração: professoras fonoaudiólogas do Curso de Fonoaudiologia da


UNIVALI. Uso exclusivo para alunos e professores do Curso de Fonoaudiologia da
UNIVALI e apenas para fins didáticos.

A avaliação fonoaudiólogica é um procedimento extremamente amplo e complexo.


Este manual objetiva orientar o estagiário-fonoaudiólogo a fazer uso adequado do
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIVALI.
No entanto, para a realização de uma avaliação consistente e fidedigna o aluno
NÃO poderá se sustentar apenas neste manual, pois ele também deverá buscar
subsídios teóricos em diferentes recursos bibliográficos.
A seguir, as instruções e dicas estarão numeradas de acordo com os itens que
englobam o protocolo de avaliação. Porém, segue algumas orientações gerais
para o uso do protocolo:

1- O referido protocolo é um instrumento que objetiva o registro detalhado das


situações vivenciadas no processo de avaliação; portanto, o detalhamento
das informações e dados é fundamental.
2- Embora o aluno esteja em situação de aprendizagem e por isto tenha a
necessidade de investigar todos os itens do protocolo, o uso de estratégias
específicas para a avaliação de cada item NÃO é obrigatória. O aluno
deverá fazer a seleção das estratégias a serem utilizadas levando em
consideração a queixa do paciente bem como os aspectos correlatos a ela.
3- As anotações no protocolo devem ser realizadas fora da sala de terapia;
portanto, não é recomendado que as anotações dos aspectos avaliados
sejam registradas no instrumento durante as sessões.
4- As estratégias utilizadas para a coleta de dados NÃO precisam seguir a
seqüência do protocolo; ao contrário, recomenda-se que o ponto de partida
seja com estratégias espontâneas ( mais prazerosas e que não denunciem
para o paciente logo de primeira mão TODAS AS SUAS
DIFICULDADES);além disto, as estratégias menos diretivas, possibilitam
uma maior interação entre os envolvidos na avaliação.

A – ENTREVISTA

1 – O aluno NÃO deverá se deter à seqüência dos itens do protocolo durante a


entrevista e deverá levar em conta a singularidade de cada caso; o
aprofundamento e investigação de cada item deverão ser coerentes ao caso.
2 – O momento da entrevista poderá ser gravado desde que o(s) entrevistado(s)
seja(m) informado(s) no início da sessão.
3 - Durante a sessão de entrevista( provavelmente ao final da sessão) o aluno
deverá oferecer as informações necessárias ao avaliado e/ou seus
acompanhantes sobre o que acontecerá nas próximas sessões.

B – AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM

I – HABILIDADES COMUNICATIVAS

1 – Nos casos de avaliação de crianças com queixa de linguagem, faz-se


necessário a observação da criança interagindo com seus familiares
(preferencialmente os pais/ou pessoas que exercem esta função)
2 - Nos casos de avaliação de adolescentes, adultos ou idosos com queixa de
linguagem, a necessidade de observação do paciente interagindo com seus
familiares se dará de acordo com cada caso e/ou situação.

II – ASPECTOS LINGÜÍSTICOS

1 – Vocabulário

2- Aspecto fonológico

- Para investigação deste aspecto, OBRIGATORIAMENTE deverá ser realizada a


nomeação por meio do instrumento proposto no AFC (Yavas, Lamprecht e
Hernandorena, 1991), a gravação da amostra, a transcrição fonética e o
preenchimento das fichas contidas no anexo do Protocolo de Avaliação. Salienta-
se que conjuntamente com a gravação deve-se atentar para a fala do paciente,
com vistas a realização dos fonemas, o que auxiliará posteriormente na
transcrição fonética.
- A coleta dos dados PODERÁ também ser realizada a partir de situações de
produção dialógica espontânea (fala espontânea). Da mesma forma, deverá ser
gravada, transcrita foneticamente e registrada nas fichas.
- Na aplicação das cartelas temáticas do AFC, deverá ser solicitado ao paciente a
nomeação por meio da elicitação das palavras presentes na ficha de avaliação
tradicional. Os pacientes nos quais não foi observado alterações fonológicas (na
fala), será suficiente a nomeação das palavras de 1(um) até 40 (quarenta). Já, os
pacientes nos quais observou-se alterações na fala DEVERÁ ser realizada a
nomeação das palavras de 1(um) a 73 (setenta e três).
- Após o procedimento de coleta de dados por meio da nomeação e/ou fala
espontânea registra-se a produção lingüística do paciente na ficha de avaliação
tradicional.

- IMPORTANTE: Caso se verifique na ficha da avaliação tradicional a ausência de


alterações na fala (omissões, substituições ou distorções) não haverá
necessidade de registro e análise das outras fichas de avaliação do aspecto
fonológico. Caso contrário, a configuração de alteração na fala caracterizada
exclusivamente por distorção, será necessário o registro e análise da ficha de
avaliação das consoantes e ficha de avaliação dos encontros, e se a alteração na
fala for caracterizada por substituição e/ou omissão será necessário o registro e
análise da ficha de avaliação das consoantes , ficha de avaliação dos encontros e
ficha PF-1 e PF-2 do AFC.

- Quanto ao registro nas fichas de avaliação deve-se seguir as seguintes


recomendações:
* Ficha de avaliação tradicional: registra-se a transcrição fonética do paciente e
nas colunas a seguir os fonemas corretos [anotando o(s) fonema(s) que foi (foram)
produzidos de maneira adequada]; os fonemas substituídos [anotando o(s)
fonema(s) alvo e o(s) fonema(s) realizado(s) em substituição do alvo, partindo
sempre do alvo → para o produzido pelo paciente]; os fonemas omitidos
[anotando o(s) fonema(s) que foi (foram) omitido(s)/apagado(s)]; e os fonemas
distorcidos [anotando o(s) fonema(s) que foi (foram) distorcidos – poderá ser
criado um símbolo para o tipo de distorção, colocando-o ao lado do fonema]
referentes a palavra transcrita, pertencentes a mesma linha e número. A produção
do paciente coletada a partir da fala espontânea deverá ser anotada ao final da
coluna das palavras, iniciando no número 74 (setenta e quatro) e da mesma
forma, deverá ser transcrita e analisada como as demais.
* Ficha de avaliação das consoantes: registra-se com riscos, na coluna correto (C)
o número de vezes em que a consoante foi realizada corretamente; na coluna
substituição (S) o número de vezes em que a consoante foi substituída, colocando
o som (ou sons) que substituiu (ou substituíram) as consoantes, com o número
dessas substituições; na coluna omissão (O) o número de vezes que a consoante
foi omitida; e na coluna distorção (D) o número de vezes que a consoante foi
distorcida (poderá ser criado símbolo para representar a distorção, como por
exemplo, gg para golpe de glote).
* Ficha de avaliação dos encontros consonantais: mesmo procedimento descrito
na ficha de avaliação das consoantes.
* Ficha dos processos fonológicos (PF1 e PF2): as orientações quanto aos
procedimentos de análise de processos fonológicos estão descritas no cap. 5, item
5.2, do AFC (Avaliação Fonológica da Criança) de Yavas, Lamprecht e
Hernandorena (1991).

3 – Aspectos Morfossintáticos

- os dados referentes a estes itens deverão ser levantados a partir das diferentes
estratégias utilizadas para a coleta de dados (produção dialógica espontânea,
produção de narrativas etc).
- o uso de estratégias específicas para a investigação de alguns subitens do item
Aspectos Morfossintáticos só terão necessidade no caso da necessidade do
aprofundamento ou maior detalhamento de algum aspecto, como por exemplo, a
utilização de conjunções e/ou dêiticos adequadamente. Nesta situação, o TIPITI
apresenta algumas provas; ex. COMUNIAÇÃO ORAL – Complementação de
Sentenças.

V – Atividades discursiva e/ou narrativa

- para a investigação deste aspecto, OBRIGATORIAMENTE, deverá ser feito o


levantamento de corpus de pelo menos 20min de sessão de situação dialógica
espontânea.
- a escolha dos recursos a serem utilizados na investigação da produção de
narrativa deverá ser realizada a partir das características discursivas apresentadas
pelo paciente na situação dialógica espontânea.
- para investigação da produção de narrativa, caso o paciente apresente
dificuldades para realizar a tarefa do subitem 2 A, as demais estratégias não serão
realizadas.
- todas as figuras utilizadas como estratégia para a produção de narrativa oral,
deverão ser adequadas para a idade e/ou características do paciente.
- a figura a ser utilizada para a produção de narrativa (2B) deverá ser selecionada
de tal forma que a mesma propicie a construção de uma história e NÃO a
descrição dos elementos apresentados na figura.
- a extensão da história a ser contada pelo terapeuta e, posteriormente
reproduzida pelo paciente, deverá ser adequada para a sua idade e/ou
características.

VI- FLUÊNCIA
Para analisar a fluência da fala do paciente, o estagiário deverá realizar:
- gravação da fala espontânea do paciente com apresentação do corpus
para posterior análise.
- leitura espontânea a partir de um texto cujo assunto seja adequado à idade
do paciente e interessante para ele.
- canto (solicitar que o paciente cante uma música que ela conheça)
- linguagem seriada (contagem de números, meses do ano e dias da
semana)
VII – LINGUAGEM ESCRITA

I - GRAFISMO

1 – Nos casos da avaliação de crianças não alfabetizadas ou antes de


iniciar o processo de alfabetização, faz-se necessário observar o grafismo.

Estratégia – Desenho Livre.

Os dados deste item referem-se ao: rabisco, preensão, limite no papel,


designação do desenho, temas, esboço de figuras (animais, pessoas,
flores, diagramas). Figuras: soltas no papel, organizadas ou formando uma
cena, utilização de cores.

Referência para análise:

MAMEDE, M. M. Conversando sobre o grafismo infantil.


In:BRASIL.Ministério da Educação e do Desporto. Revista do Professor de
Educação Infantil, 1994.

II – ESCRITA

a) Solicitação de Palavras (Emília Ferreiro)

Solicitar a escrita de duas palavras na seguinte seqüência: polissílabas,


trissílabas, dissílabas, monossílabas e uma frase, todos de uma mesma
categoria (ex.: animais). Nos de sujeitos com deficiência auditiva solicitar a
tarefa por meio de LIBRAS ou figuras.

b) Solicitação de números e de cálculos.(Emília Ferreiro)

Fazer a solicitação de números em ordem crescente ou decrescente e


cálculos de acordo com a necessidade. (Emília Ferreiro, p. 39).

c) Texto Espontâneo

Solicitar um texto espontâneo oferecendo opções de temas. Nos casos com


deficiência auditiva solicita rpor meio de LIBRAS ou figuras.

Ex: 1- Era uma vez...

2- Oferecendo um tema: sol, flor, férias etc...

3- Mostrando as cartelas de seqüência lógica.

Referência para análise:

JOLIBERT, J. e Cols. Formando Crianças Produtoras de Texto.Porto Alegre:


Artes Médicas,1994.

CAGLIARI, L.C. Alfabetização & Lingüística. São Paulo: Scipione, 1993.

FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1985.

SANTANA, A. P. Escrita e Afasia: o lugar da linguagem escrita na


afasiologia. São Paulo: Plexus Editora, 2002.

III - LEITURA

Disponibilizar diferentes materiais portadores de texto de acordo com a


idade do sujeito. Solicitar ao sujeito que faça a leitura do material escolhido
e o interprete.

Referência para análise:

JOLIBERT, J. e Cols. Formando Crianças Leitoras.Porto Alegre: Artes


Médicas,1994.
FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1985.

BERBERIAN, A. P.; MASSI, g. de A.; GUARINELLO, A. C. (Orgs).


Linguagem Escrita: referenciais para a clínica fonoaudiológica. São Paulo:
Plexus, 2003.

IV – RELAÇÃO DO SUJEITO COM A APRENDIZAGEM.

Solicitar ao sujeito que desenhe uma pessoa aprendendo e uma pessoa


ensinando. Após o desenho o terapeuta desenhará dois balões para cada
pessoa desenhada e solicitará ao sujeito que fale o que quem está
ensinando diz para quem está aprendendo e o que quem está aprendendo
diz para quem está ensinando. Em seguida solicitará ao sujeito que fale o
que quem está aprendendo pensa de quem está ensinando e o que quem
está ensinando pensa sobre quem está aprendendo. O terapeuta escreverá
nos balões correspondentes as mensagens ditas pelo sujeito.

Referência para análise:

VISCA, J. Técnicas Proyectivas Psicopedagogicas. Buenos Aires,


Argentina, 1994.

C- AVALIAÇÃO DA VOZ

Respiração:
Tipo; durante a fala e leitura e não na hora de medir o TMF, pois provavelmente
será superior.
Modo; durante a leitura silenciosa ou outra situação em que o paciente esteja em
silêncio e concentrado.
Coordenação PFA:
Conversa espontânea e leitura do texto do ataque vocal (segue especificações
abaixo).

TMF:
Usa-se cronômetro
Pede-se ao paciente para inspirar e emitir o som o máximo de tempo que
conseguir
Vogal;soma os 3 resultados e divide o total por 3 = média
Relação s/z; divide-se o valor de s pelo de z
Números: paciente inspira e conta 1,2,3...até acabar o ar

Ressonância, pitch, loudness, modulação, ritmo, articulação, pronúncia, qualidade


vocal;
Observa-se durante toda a fala espontânea e leitura

Ataque vocal:
Leitura do texto específico para este fim, Behlau (2001, pág. 107)

Referências Bibliográficas:

Behlau, M.; Pontes, P. – Avaliação e tratamento das disfonias. Lovise. São Paulo,
1995.
Behlau, M, (org) – Voz: o livro de especialista. Revinter. Rio de Janeiro, 2001.

Pinho, S.M.R. – Fundamentos em fonoaudiologia: tratando os distúrbios da voz.


Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2001.

Barros, A.P.B.; Carrara-de Angelis, E. – Avaliação percepetivo-auditiva da voz. In:


Devitis, R.A.; Barros, A.P.B. – Métodos de avaliação e diagnóstico de laringe e
voz. Lovise. São Paulo, 2002.

D – FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS
O exame de motricidade orofacial e cervical compreende avaliação por
meio de percepção
visual (de estruturas: lábios, língua, face [mandíbula, maxila, ATM], dos músculos
[masseter, mentual,, bucinador, orbicular, etc...], de pontos articulatórios durante a
fala, da postura e das funções: respiração, mastigação, deglutição);
Auditiva (por exemplo, ouvir a fala [distorções, movimentos compensatórios],
ouvir os ruídos de ATM, ouvir a intensidade dos sinais produzidos pelas estruturas
estomatognáticas quando avaliando força [ intensidade do som ao sugar a língua,
ao produzir o som do “beijo” quando os lábios estão em protrusáo, etc...])
Cinestésica/tátil (quando necessita do sentido tátil para avaliar força muscular
produzida por um músculo, tensão/tônus do músculo).

Material necessário:
Fotografia (corpo inteiro; face [cabeça e pescoço, sorriso, oclusáo [frente e
laterais], e complementares de língua e lábios ]; lateral da face até a altura do
ombro)

Filmagem: pode ser utilizada durante todo o exame, mas principalmente durante o
exame funcional

Paquímetro : avalia tamanho dos lábios, medidas da face [altura; distância canto
externo do olho a comissura labial], abertura de boca;

Espelho milimetrado: utilizado durante avaliação da permeabilidade nasal e


avaliação velofaríngea;

Luvas descartáveis: utilizadas para proteção em todo o exame e para palpação


(realizar primeiro toda avaliação externa e quando for utilizar na avaliação interna,
se em condições de uso, fazer assepsia com luvas e álcool 70);

Filme de PVC transparente: utilizado como auxiliar na proteção de materiais


auxiliares envolvendo canetas, lápis de anotação durante a realização do exame;

Lanterna de iluminação: utilizada durante a inspeção visual de estruturas da


cavidade oral;

Lápis marcador cirúrgico: utilizado para fazer marcações em dentes e/ou outras
estuturas durante mensurações;

Espátula descartável: utilizada para afastamento de estruturas e como auxiliar na


geração de força em contraresistência durante avaliação de tensão/tônus
muscular;

Álcool 70: utilizado para assepsia de mãos, utensílios (lanterna, paquímetro,


espelho milimetrado) e superfícies;

Copo descartável: utilizado durante avaliação da deglutição e sucção;


Alimento acondicionado: utilizado durante avaliação da mastigação. É importante
observar que o profissional deve realizar a avaliação sempre com o mesmo
alimento e nas mesmas condições para favorecer a criação de um padrão possível
para comparações intra e inter-indivíduos;

Cronômetro: utilizado durante avaliação do tempo mastigatório, podendo ser


utilizado, quando necessário na aferição de medidas tempo respiratório;

Papel toalha e sabonete líquido: utilizados para assepsia e secagem de mãos


antes e após a avaliação. O papel toalha também pode ser utilizado para cobrir a
superfície da mesa onde se dispõe o material, lembrando que essa deve ser
previamente limpa com movimentos de fricção utilizando-se álcool 70;

Exame morfológico:

Lábios:
Comprimento: o segmento superior será considerado curto quando não cobrir
metade dos incisivos superiores. Observar em decorrência de qual fator se deve
esse encurtamento e as possibilidades ou não de vedamento labial. Alguns lábios
não tem possibilidade de vedamento labial devido a discrepâncias maxilo-
mandibulares; ângulo nasal muito obtuso).
Volume: não há um padrão descrito para volume; o importante é que haja simetria
(os dois volumosos por exemplo pode ser uma característica da raça negra). A
presença de linha mucosa no lábio inferior e eversão na linha cutânea para ambos
os segmentos pode indicar rebaixamento do tônus muscular e possibilidade de
encontrar-se alguma alteração funcional. O formato do lábio (como “arco de
cupido”) e o posicionamento das comissuras labiais também devem ser
observados. Comissuras labiais de alturas diferentes podem indicar uso maior de
um dos lados da face, estando geralmente associado com assimetria facial. Os
lábios podem ser medidos com paquímetro.
O tônus deve ser verificado palpando os segmentos separadamente e observando
a resistência do lábio ao movimento de pinçamento bidigital. A mobilidade deve
ser testada com solicitação dos movimentos que constam no protocolo.

Bochechas: observar visualmente, pode-se fazer uso de fotografias; o tônus


poderá ser presumido também com a testagem de movimentos de
contraresistência contra a bochecha de cada lado.

Língua: não há um padrão descrito em relação ao tamanho, deve-se ter bom


senso e considerar que uma língua incompatível com o tamanho da cavidade oral,
pode ser considerada grande. O volume grande vai se manifestar na altura. Uma
língua “grossa”poderá ser considerada como volumosa, geralmente tendo outras
características associadas como sulcos, marcas laterais, etc... A postura poderá
ser testada como sugere-se durante o exame de deglutição, sendo que as
informações devem ser dadas pelo paciente e observadas pelo examinador. A
mobilidade deve ser testada com solicitação dos movimentos que constam no
protocolo.

Palato: não existe uma medida padrão para palato, entretanto altura excessiva em
conformação em ogiva ou estreitado devem ser considerados pois dificultam o
posicionamento lingual (Junqueira 2004 p.233)

Tonsilas palatinas: observar presença ou não e se são aumentadas ou


hiperemiadas; quando grandes podem dificultar o posicionamento da língua no
repouso e durante a deglutição.

Dentes e oclusão:observar a fase da dentição, verificar o número de dentes e se


há falhas dentárias. A abertura máxima de boca varia entre 45 e 60mm para
adulto, sendo que abertura inferior a 40 mm no adulto e a 35mm na criança. A
face, padrão facial e postura corporal também devem ser observadas visualmente,
pode-se fazer uso de fotografias; Os pontos de dor da musculatura descrita no
protocolo devem ser avaliados com leve pressão sobre cada estrutura e anotar as
sensações desencadeadas.

Exame funcional:

A função respiratória deve ser observada em situação espontânea quando o


paciente está na entrevista. O profissional não necessita solicitar ao paciente que
segure água na boca, como é de costume. Em situação informal isso pode ser
facilmente verificado. O uso da placa milimetrada é um instrumento adicional que,
em caso de dificuldade de vedamento labial, poderá nos dizer se há ou não
restrição da passagem do ar. É importante lembrar que esse exame é subjetivo e
que, sempre que necessário, o paciente deve ser encaminhado para o médico
ORL para verificação objetiva da permeabilidade de vias aéreas superiores.
Quando utilizada a placa, deve ser feita após a limpeza das narinas, afim de evitar
falsos positivos, lembrando também que em condições gripais essa medição
torna-se desnecessária.

A função mastigatória: pedir inicialmente que o paciente coma aquele determinado


alimento como está acostumado a fazer, sem preocupar-se com a presença do
examinador, nessa primeira mordida pode-se observar onde é feita a incisão do
alimento e em que lado o alimento é posto para ser mastigado. Não questionar o
lado da mastigação nesse momento. Lembrar que a deglutição, embora seja uma
parte separada do protocolo, já pode ser observada nesse momento. Em uma
segunda mordida do alimento, instruir o paciente de que vá levantando a mão
correspondente ao lado em que o alimento estiver. Essa resposta depende do
paciente, inclusive do entendimento da tarefa, portanto lembrar que é apenas uma
forma de definirmos preferência por lado mastigatório, mas nem sempre expressa
a condição real. Instruir que ele não pare de mastigar, mas que vá fazendo a
indicação conforme executa a função. Definido o lado de preferência da
mastigação, que será inferido pelo examinador, questionar esse fato ao paciente.
No caso de haver um lado de preferência, solicitar que ele mastigue com o lado
oposto propositalmente afim de anotar seu relato quando mastiga de um lado
contrário ao que está acostumado. Essas descrições costumam nos fornecer uma
idéia do tipo de dificuldade que o indivíduo enfrenta ou muitas vezes revela que a
mastigação unilateral deve-se apenas a um hábito do indivíduo, sem uma causa
que a justifique.

Felício (2004 p.204) cita autores que referem que o movimento de abertura bucal
geralmente é curvilíneo, enquanto o de fechamento tende a ser mais retilíneo.
A velocidade da função deverá ser feita realizando-se uma média de 3
mastigações até se completar o ato com a deglutição. O examinador solicitará que
o indivíduo mastigue e que quando for engolir levante a mão (o próprio
examinador poderá monitorar a deglutição com o apoio do dedo médio na região
do osso hióide). Será considerado o tempo total o compreendido desde a mordida
até a deglutição do alimento. Mastigação rápida segundo Cattoni (2004 p.282) “é
sinônimo de um número pequeno de ciclos mastigatórios, levando a uma má-
trituração e pulverização do alimento, sendo que este é deglutido em pedaços
antes da formação de um bolo alimentar.”

A função da deglutição é avaliada juntamente com a mastigação, quando


utilizando o sólido e mais especificamente de alguns itens, quando utilizado o
líquido e saliva do indivíduo. Costuma ser uma avaliação bastante visual,
observando-se movimentos compensatórios. Após avaliar o indivíduo deglutir, sem
qualquer interferência do examinador, pode-se, em um segundo momento fazer
uso de inspeção intra-oral, quando o reflexo da deglutição já tiver sido disparado,
após a elevação do hióide. Para tal, o avaliador posicionará os dedos médios na
região do hióide e, após verificada sua elevação, poderá afastar os lábios com os
demais dedos para verificar se há projeção ou pressionamento lingual no
momento da deglutição. É importante assegurar-se que esse procedimento só
seja realizado após a subida do hióide, caso contrário, haverá uma projeção
compensatória da língua,devido a alteração de pressão dentro da cavidade oral,
causando um falso-positivo no resultado do exame. O examinador também poderá
lançar mão da utilização de materiais didáticos no momento de avaliar postura
lingual no repouso e durante a deglutição. O uso de modelo em gesso da arcada
dentária e um modelo anatômico de língua em material flexível (feltro ou silicone,
por exemplo), pode facilitar que o paciente demonstre o local de contato da língua
com as estruturas da cavidade oral (dentes, palato duro, assoalho oral,etc...)
durante a função e repouso. É importante referir o que diz Junqueira (2004 p.232)
“mais do que o lugar que a língua ocupa é essencial analisar se existe algum fator
anatômico que impossibilite seu posicionamento adequado”.

A função da fala: avaliada com observações visuais e auditivas


Considerações Finais: este manual será utilizado pela 1ª vez ao longo do 1º
semestre letivo de 2006; portanto, ele ainda encontra-se em período de “testagem”
quanto a sua eficácia para o processo ensino-aprendizagem. As sugestões dos
alunos ao final de 2006/I, que poderão ser entregue aos professores das
disciplinas que utilizam o manual, servirão como material para o aperfeiçoamento
deste documento.

Itajaí, fevereiro de 2006.

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