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A FAZENDA JACOBINA EM CÁCERES/MT/BRASIL: O TURISMO COMO

ELEMENTO DE VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA E EMPREENDEDORISMO.

Jefferson Cristiano Saraiva Barbosa


Graduando em Ciências Sociais/ Departamento de Ciências Sociais/ UFMT.
jeffersonsaraiva07@gmail.com
Julyanne Adalgiza de Almeida e Silva
Graduanda em Geografia/Departamento de Geografia/ UFMT Bolsista PIBIC/UFMT.
julyannea@hotmail.com
Giseli Dalla Nora
Prof.ª Me. Departamento de Geografia/ UFMT. Doutoranda em Educação.
giseli.nora@gmail.com

Resumo. Na História da Grécia Antiga, dava-se grande importância ao tempo livre, os quais eram
dedicados à cultura, diversão, religião e desporto. Os deslocamentos mais destacados eram os que
se realizavam com a finalidade de assistir as olimpíadas, que ocorriam a cada 4 anos na cidade de
Olímpia, assim o turismo tem seu início com a nobreza, que possuía recursos financeiros e tempo
livre para viajar. Com a Revolução Industrial se consolida a burguesia que volta a dispor de
recursos econômicos e tempo livre para viajar. O invento de maquinário a vapor promove uma
revolução nos transportes, que possibilita substituir a tração animal pelo trem a vapor tendo as
linhas férreas que percorrerem com rapidez, para a época, grandes distâncias cobrindo grande parte
do território europeu e norte-americano. Naquele tempo os indivíduos da alta sociedade já
praticavam turismo, na forma de excursões, que tinham por objetivo conhecer outros modelos
sociais e culturais. Para a Organização Mundial do Turismo - OMT, o turismo é uma modalidade de
deslocamento espacial, que envolve a utilização de meios de transporte e ao menos um pernoite no
destino. Esse deslocamento pode ser motivado para o lazer, negócios, congressos, saúde e outros
motivos, desde que não correspondam a formas de remuneração direta. Considerando que o turismo
é, antes de qualquer coisa, uma prática social e que, portanto, tem forte determinação cultural, faz-
se necessário reconhecer que os lugares turísticos são inventados culturalmente como afirma os
trabalhos de Knafou. Uma das principais motivações das viagens turísticas é a busca do exótico,
daquilo que, de alguma forma, se diferencia do cotidiano do turista. Como objetivo deste trabalho
busca-se identificar a potencialidade da fazenda Jacobina, tombada pela Secretaria de Estado de
Cultura (SEC) e tida como patrimônio cultural da cidade de Cáceres, tem como instrumento de
pesquisa um planejamento que busca evidenciar a potencialidade turística do espaço territorial, com
a preocupação de relacionar turismo e patrimônio. Com os resultados preliminares identificou-se o
patrimônio cultural como atrativo, podendo associa-lo a atrativos naturais e gastronômicos já
presentes no local.

Palavras-chave: Fazenda Jacobina, Planejamento Turístico, Turismo Cultural, Potencialidade Turística.


Introdução
O turismo, como é conhecido hoje, é o resultado de mudanças fundamentais que se
acumularam desde a Revolução Industrial até os dias de hoje. No Brasil um fato que contribuiu
bastante para a realização do turismo foi a criação das férias remuneradas na década de 1930. Este
acontecimento possibilitou que muitas pessoas de várias classes sociais viajassem com o propósito
de descanso e lazer. De acordo com Cruz:
“Segundo a Organização Mundial de Turismo, o turismo é uma modalidade de
deslocamento espacial, que envolve a utilização de algum meio de transporte e ao menos
um pernoite no destino; esse deslocamento pode ser motivado pelas mais diversas razoes,
como lazer, negócios, congressos, saúde e outros motivos, desde que não correspondam a
formas de remuneração direta”. (CRUZ 2003, p. 4)

Hoje após 85 anos observamos inúmeras modificações em nossa lei trabalhista, como por
exemplo a diminuição da carga horaria trabalhada e o aumento dos dias de férias remuneradas.
Essas modificações geraram facilidades na pratica e uso do turismo e essa facilidades fez surgir um
público mais exigente, público este que está em busca de novos produtos turísticos carregados de
infraestrutura adequada para os vários tipos de gostos existentes. É nesse contexto que surge
diversos segmentos turísticos dotados de infraestrutura e organizados para melhor atender as
diversas exigências. De acordo com o Ministério do Turismo (MTur) “Os segmentos turísticos
podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das características
e variáveis da demanda.” (MTur 2005, p. 2).
Possuímos duas expressões que são comumente usadas a primeira delas é a expressão
“turismo de massa”, trata-se de uma segmentação turística que mobiliza grandes contingentes de
viajantes. É preciso conhecer que turismo de massa não significa “turismo das massas”, pelo
simples fato de que as massas não fazem turismo. Turismo de massa é uma forma de organização do
turismo que envolve o agenciamento da atividade bem como a interligação entre agenciamento,
transporte e hospedagem, de modo a proporcionar o barateamento dos custos da viagem e permitir,
consequentemente, que um grande número de pessoas viajem (Cruz 2003).
A outra é a expressão “Turismo alternativo” que é um tipo de segmentação turística
desenvolvida e criada para agregar diferentes segmentos do turismo, que sendo analisado em
comparação ao “turismo de massa” é possível observar uma divergência entre ambos, devido o
objeto de consumo e a forma de consumo do espaço ser diferente. De acordo com Cruz:
“As modalidades ditas alternativas de turismo tem nos espaços naturais seu principal objeto
de consumo e, ao contrário do turismo de massa, requerem uma gama restrita de
infraestrutura e serviços, embora, muitas vezes, não dispensem a sofisticação de ambos.”
(CRUZ 2003, p. 7).

Embora a gama de infraestrutura seja restrita, os segmentos do turismo ditos alternativos


necessitam de bons planejamentos que contenham em seu corpo: infraestrutura de acesso,
hospedagem, alimentação, transporte, controle de carga e restauração do ambiente em alguns casos
especiais. Se analisarmos novamente o “turismo alternativo” em comparação com o “turismo de
massa”, iremos observar que o “turismo de massa” necessita de mais infraestrutura do que o
“turismo alternativo”, devido o primeiro atender uma quantidade maior de pessoas se comparado ao
segundo.
Levando em consideração que o turismo é, antes de mais nada, uma pratica social e que,
portanto, possui uma forte determinação cultural, é necessário reconhecer que os espaços turísticos
são criados ou inventados culturalmente e que, do mesmo modo, o são os atrativos turísticos e as
paisagens turísticas. (Cruz 2003 aput KNAFOU, 1991, p. 8-9).
Sabemos que o exótico sempre chamou atenção das pessoas, e uma das principais
motivações das viagens turísticas é a busca pelo desconhecido, daquilo que, de alguma forma, se
afasta do cotidiano do turista. Como cada pessoa vive em uma parte bastante restrita do espaço
geográfico, pode ser tirada a conclusão de que uma grande parte do planeta, sempre será exótica em
relação à outra, seja do ponto de vista de suas características naturais ou culturais.
Vivemos em um momento histórico, que temos a valorização de determinados recursos
naturais e culturais. Como vivemos atualmente em um mundo globalizado e de gostos
tendencialmente massificados devido as grandes produções do pessoal do marketing e designs,
alguns recursos naturais e outros culturais possuem uma maior valorização pela pratica social do
turismo e desta forma são tidos, de forma até estereotipada, como atrativos turísticos.
Os segmentos turísticos são carregados de paisagens, segundo Cruz (2003, p. 9) “De uma
forma simplificada, pode-se dizer que paisagens são a porção visível do espaço geográfico e, por
isso, desempenham importante papel na constituição dos lugares turísticos e no direcionamento dos
fluxos turísticos.” As paisagens turísticas são carregadas de representações, essas representações são
criadas pelo convívio das pessoas e são transmitidas de geração à geração.
Nesse momento que estamos vivendo o exótico atrai os olhares do outro, no momento as
paisagens que podem ser consideradas mais atrativas pelo turismo são criações culturais que tem
muito a ver com o que se habitou chamar de cultura de massa e, desta maneira, com o papel da
mídia que torna homogêneo os gostos e dissemina padrões de consumo homogêneos.
Mas com toda essa atração que os lugares turísticos geram, deve-se tomar cuidado com a
utilização indevida do espaço, pois uma má organização do espaço poderá gerar danos irreversíveis.
Com o intuito de reduzir esses danos causados pela utilização descontrolada do turismo surge a
geografia do turismo que vem com interesse no fenômeno do turismo e de acordo com Cruz:
“(...) uma característica intrínseca da pratica social do turismo, pode nos ajudar a
compreender esse fenômeno: o turismo que é a pratica social que consome elementarmente
espaço. A “geografia do turismo” é uma expressão que se refere à dimensão da pratica
social do turismo.” (CRUZ 2003)

O aumento da utilização turística de dada parte do espaço geográfico encaminha a


introdução, multiplicação e, em ecumênico, concentração espacial de objetos cuja função é dada
pelo desenvolvimento da atividade. No meio desses objetos, entra em destaque os meios de
hospedagem, os equipamentos de restauração e de prestação de serviço e a infraestrutura de lazer.
De acordo com Cruz (2003, p. 12) “Nesse processo de apropriação dos espaços pela pratica social
do turismo está a gênese dos territórios turísticos”. Segundo a autora nós temos dois fatores
principais que condicionam a eleição de um determinado espaço para a utilização turística: “sua
valorização (cultural) pela pratica do turismo e a divisão social e territorial do trabalho” (Cruz 2003,
p. 13). A autora ainda nos apresenta os planejadores e promotores territoriais que são colocados por
ela como os “agentes de turisficação dos lugares”, pelo fato de possuírem uma maior ligação por
estarem mais próximos do local. Dessa forma trata-se, nesses casos, de iniciativas locais, regionais,
ou mesmo nacionais, assumidas pelos respectivos poderes.
O turismo, observa Acerenza (2002), está estreitamente relacionado com o transporte e a
acomodação de pessoas em certos espaços físicos do território nacional, razão pela qual exige o
desenvolvimento de vias de acesso às zonas de atração turística e de facilidades que permitam a
permanência do visitante no lugar.
A construção de infraestrutura e de facilidades para o atendimento ao turista leva à
transformação do espaço, alterando os aspectos físicos do lugar, e, se essas facilidades não forem
bem elaboradas e planejadas, pode vim a afetar a qualidade do ambiente, tanto natural quanto
cultural de modo a produzir um mau produto turístico.
O turismo possui consigo uma capacidade avassaladora de transformação dos lugares
(natureza e cultura), mas, a priori, isso não se apresenta como bom ou ruim. Somente as análises
poderão mostrar como, quando e onde o turismo gerou impacto positivo ou negativamente no
patrimônio natural ou cultural de um determinado lugar. E, devemos prestar atenção, pois quando se
tratar de impactos socioambientais e culturais, é preciso ter a ciência de que todo julgamento será
permeado por diversas ideologias e que, assim sendo, aquilo que for considerado ruim para um
determinado autor ou grupo de pessoas poderá ser visto como bom por outro ou outros (Cruz,
2003).
Existem algumas práticas de turismo que estão mais ligadas a ambientes naturais, ao qual é
denominado de turismo de natureza ou ecoturismo. O ecoturismo não possui apenas a natureza
como seu principal objeto de consumo, mas, decorrente a isso, requer pouca infraestrutura sobre os
espaços do qual se apropria. Pelo fato de requerer uma quantidade reduzida de infraestruturas o
ecoturismo gera menos impacto nos ambientes naturais em comparação ao turismo de massa (Cruz,
2003).
Temos também como segmento turístico o turismo cultural, o interesse pela natureza cultural
e muitas viagens são originarias na antiguidade, sendo assim na Idade Média alguns viajantes como
Marco Polo geraram outra visão de mundo. Segundo Peréz:
“Mas, na história contemporânea do turismo emerge uma realidade entre o século XVIII e
XIX: o “Grande Tour”, que era uma viagem de formação (e iniciação) dos nobres e
burgueses com o objetivo de contratar com outros povos e culturas, criando assim um
capital cultural que lhes serviria para ser melhor aceite no seu próprio país e investir nas
tarefas de liderança e governança.” (PERÉZ 2009, p. 106).

Relacionado ao turismo convencional e de massas, o turismo cultural surge como uma forma
alternativa ao turismo de sol e praia, mas, num sentido genérico, o turismo pode ser compreendido
como um ato e uma pratica cultural e de acordo com Peréz (2009, p. 108) “não pode existir turismo
sem cultura, daí que possamos falar em cultura turística, pois o turismo é uma expressão cultural.
Nos estudos de Pérez:
“Segundo Urry (1990), o turismo cultural é um turismo que destaca a cultura em relação à
natureza. Para Urry (1990), a causa do auge e da decadência dos locais tradicionais de
férias (praia e montanha) tem a ver com a cisão contemporânea da identidade social. Antes,
as férias estavam orientadas em função do tempo de Verão e da família; hoje em dia esta
situação mudou e foram reinventados novos tipos de turismo que permitem recriar essas
novas identidades sociais” (PÉREZ 2009, p. 112).

Vivemos em uma sociedade pós-moderna que sente saudade da sua história, saudade essa
que foi gerada pela rápida evolução tecnológica, e se manifesta numa atração pelo patrimônio
cultural, devido a representação simbólica da cultura, sendo essa uma das principais motivações
para a busca do turismo cultural.
Devemos prestar atenção no modo de funcionamento do turismo cultural dentro de uma
estrutura capitalista, pois o mesmo tem-se convertido em uma forma de produção e consumo de
determinados bens culturais tangíveis e intangíveis. O turismo cultural abrange de certa maneira
locais históricos, artes e feiras de artesanato e festivais, museus de todos os tipos, tanto as artes
presentes nos espetáculos como as artes visuais entre outros patrimônios que os turistas visitam em
busca de experiência e convívio culturais.
Devemos prestar atenção quando nos expressamos a respeito de patrimônio cultural e de
patrimônio, pois ambos possuem entre si semelhanças e diferenças. Para Pérez:
“O patrimônio cultural é um conceito que nasce na França nos inicios da década de 1980
Calvo (1995) e que redefine os conceitos de folclore, cultura popular e cultura tradicional.
Podemos falar em patrimônio cultural como a representação simbólica das identidades dos
grupos humanos, isto é, um emblema da comunidade que reforça identidades, promove
solidariedade, cria limites sociais, encobre diferenças internas e conflitos e constrói
imagens da comunidade Cruces (1998). No seguimento desta óptica antropológica,
pensamos que a noção de patrimônio cultural não é exatamente a mesma que a noção de
patrimônio nem que a de cultura. Esta é uma das confusões conceituais mais frequentes
entre os investigadores e entre os agentes da patrimonialização.” (PÉREZ 2009, p. 140).

De acordo com a análise que Peréz faz dos textos de Rodrigues Becerra, o “patrimônio” é
uma ideia que define todos os meios que leva uma pessoa ou um grupo de pessoas a herdarem, bens
mobiliários e imobiliários, capitais entre outros. O objeto do patrimônio é gerar a garantia de que os
grupos sociais sobrevivam e também de certa forma interligar as gerações passadas com as atuais,
fazendo com que dessa forma a nova geração fique mais próxima dos progenitores. Ainda de acordo
com a análise de Pérez:
“O património cultural é definido muitas vezes como “patrimônio”, isto é, como uma
herança do passado, mas nem todos os vestígios herdados do passado podem ser
considerados patrimônio cultural. O patrimônio e o patrimônio cultural não podem incluir
tudo o que as culturas têm criado Rodrigues Becerra (1997), e o discurso da “perda de
patrimônio” ou das urgências na sua recuperação pode levar ao abuso na recuperação
patrimonial, produzindo uma imagem “estatismo” na dinâmica incontornável de todas as
culturas. O patrimônio cultural tende a ter um sentido público, comunitário e de
identificação coletiva alargada. Pelo contrário, o patrimônio, ainda que às vezes se
empregue no sentido de patrimônio cultural, tem um sentido mais restrito, familiar e
individual, fazendo mais referência ao contexto privado e particular.” (PÉREZ 2009, p.
140-141).

Assim sendo, o que diferencia o discernimento de patrimônio cultural da de cultura é o


modo como a primeira se apresenta na reprodução da cultura por meio da transformação do valor
dos elementos culturais. Da cultura não se pode fazer com que tudo vire patrimônio e seja
conservado, é desta forma que o patrimônio cultural se torna apenas uma representação simbólica
da cultura e através desse resultado que se gera os processos de seleção e de negociação dos
significados. E essa fase de significação do patrimônio cultural tem muito a ver com a atribuição de
significados sociais, valores e a reconstrução da memória e da identidade.

Metodologia
Este trabalho se desenvolveu a partir da pesquisa qualitativa com levantamento de dados
secundários relacionados ao atrativo histórico cultural. Estas informações foram coletadas em
instituições governamentais nas esferas federal, estadual e municipal no território Brasileiro bem
como instituições privadas no município do pantanal de Mato Grosso aqui delimitado como
Cáceres. Em seguida utilizou de trabalho de campo onde realizou visita ao atrativo turístico para
observar seu funcionamento, gestão e dessa forma fazer uma análise dos impactos e a interação com
o ambiente.

Resultados e Discussões
É possível observar a lenta ocupação do extremo Oeste do território brasileiro registrada em
meio a vestígios arqueológicos e históricos presentes nas margens do rio Paraguai, é possível
encontrar até hoje ao longo do seu eixo, ruinas de saladeiros ou charqueadas, que de acordo com
dados colhidos no site da Secretaria de Estado de Cultura (SEC):
“(...) que constituirão o grande empreendimento econômico do Pantanal até meados do
século XX; casas-grandes, que foram sedes de importantes fazendas de onde partiram os
pioneiros da ocupação pastoril da planície; e sítios arqueológicos, que registram diversos
períodos da ocupação indígena da região, entre outros sinais de presença humana no
Pantanal.” (SEC 2015).

A fazenda Jacobina é um desses vários lugares que possui a história registrada em suas
paredes e com a preocupação em manter a existência do importante Patrimônio Histórico de Mato
Grosso, a Secretaria de Cultura realizou e efetuou o tombamento do local, o que garantirá a
preservação do local, mas apenas preservar não basta. O governo de Mato Grosso deve elaborar um
planejamento que contenha: infraestrutura de acesso, hospedagem, alimentação, transporte, controle
de carga e como este é um caso extremamente especial deve haver também uma restauração do
ambiente. Para que esse planejamento possa fazer com que a fazenda volte a ser um grande
empreendimento econômico do Pantanal. A Fazenda Jacobina está situada a aproximadamente 215
km de Cuiabá em direção a Cáceres e relaciona-se ao processo de ocupação colonial da fronteira
oeste. De acordo com Chaves e Arruda:
“A Jacobina constitui a maior fazenda da recém criada Capitania de Mato Grosso em 1748.
O seu princípio formal situa-se em 1772 quando Leonardo Soares de Souza requer a
primeira sesmaria no local. Segundo a tradição oral da família Pereira Leite, o sobrado foi
construído por trabalhadores portugueses que retornavam das obras da sede administrativa
da capitania em Vila Bela da Santíssima Trindade. Ao que consta, segundo o “Diário da
Diligência do Reconhecimento do rio Paraguai”, de Ricardo Franco de Almeida Serra, em
1786 o casarão ainda não estava construído Gomes de Souza (1998).” (CHAVES E
ARRUDA 2011, p. 296).
Figura 01- Estrutura existente atualmente na Fazenda Jacobina
Fonte: Jefferson Saraiva, 2014.

A pratica do turismo é recente em nosso meio e foi em meados da década de 1990 que os
segmentos turísticos relacionados a espaços naturais cresceram em importância no conjunto dos
segmentos das viagens turísticas. Ecoturismo, turismo ecológico, turismo cultural, turismo
patrimonial e turismo de natureza são algumas denominações de caráter geral atribuída às praticas
de turismo que estão se desenvolvendo em áreas naturais, e de acordo com Cruz:
“Essas denominações abarcam as mais diversas atividades como práticas de esportes de
natureza, como refting (descida em botes por corredeiras de rios), o rapel (escalada de
picos, montanhas ou outros acidentes geográficos com equipamentos especiais), o tracking
(caminhada por trilhas em áreas de natureza selvagem), safãris fotográficos, entre outras
atividades. O crescimento galopante das práticas de ecoturismo tem a ver com o fato de este
ser um produto novo no mercado do turismo, se comparado com o “produto” turismo de
massa.” (CRUZ 2003, p. 17).

A procura pelo segmento turístico denominado turismo rural vem deis da década de 1960 e é
o período a partir do qual diversos segmentos turísticos de espaço rural se projetaram em todo o
mundo. Ao utilizar os espaços rurais, o turismo demarca a sua logica de utilização desses espações
e, apesar dos conflitos que possam surgir desse processo, a pratica turística desenvolve, em geral, a
reorganização desses espaços para que ela possa acontecer. Esses espaços sendo utilizados em
função dos usos turísticos podem receber infraestrutura relacionadas à gastronomia regional e à
restauração bem como infraestrutura de suporte ou de apoio ao visitante (Cruz 2003).
Em novembro de 2014 foi realizada uma aula de campo com a turma de Geografia do
Turismo da Universidade Federal de Mato Grosso na onde foi possível observar o planejamento e a
infraestrutura da fazenda Boca da Onça (Figura – 02) localizada na Bodoquena em Mato Grosso do
Sul, fazenda essa que é considerada exemplo de turismo rural e ecológico no Brasil. Essa
observação proporcionou pensar na proposta de trazer a infraestrutura já existente na fazenda boca
da onça para a fazenda Jacobina. É fácil observar nas imagens a baixo que a fazenda boca da onça
possui uma infraestrutura em seu receptivo ao qual proporciona ao turista alimentação, conforto e
lazer caso ele queira passar um dia agradável.

Figura 02 – Receptivo Fazenda Boca da Onça

Fonte: Acervo da Fazenda Boca da Onça.

A utilização de espaços naturais pelo turismo geram transformações relacionadas


principalmente, aos fatores de acessibilidade e estadia (Figura 04). Ou seja, para que o consumidor
turista consiga chegar a um determinado lugar ou área ele necessita de alguma infraestrutura de
acesso. Além disso, existe uma grande parte de pessoas que praticam o turismo de natureza que não
querem dormir em barracas ou alojamentos desconfortáveis, o que significa que infraestruturas de
hospedagem também são requeridas por praticantes dos chamados segmentos alternativos de
turismo.
O planejamento turístico vai além de apenas inserir objetos nesses espaços, o planejamento
turístico também se apropria de objetos preexistentes mudando seus significados. Por exemplo,
dentro da fazenda jacobina pode fazer com que volte o funcionamento do seu engenho; a casa da
fazenda pode ser transformada em museu, o restaurante que existe pode ser reestruturado para
passar a servir café da manhã e comidas típicas da região e o córrego que passa ao lado da fazenda
pode ser utilizado para criar piscinas naturais, como existe na fazenda boca da onça (Figura – 03).

Figura 03 – Comparativo entre as duas fazendas, a esquerda piscina natural na fazenda Boca da
Onça, a direita espaço que pode ser utilizado na fazenda Jacobina.

Fonte: Jefferson Saraiva,2014.


Figura 04 – Foto aérea da estrutura do receptivo na fazenda Boca da Onça.

Fonte: Acervo da Fazenda Jacobina

Considerações
Estamos em uma fase da vida que a preocupação com a natureza e com a qualidade de vida
do ser humano se tornou real. Após varias décadas as pessoas começam a aprender que a tentativa
de dominar o meio ambiente apenas gera degradação, e que o trabalho excessivo apenas gera stress.
Nessa nova fase de vida é possível as pessoas encontrarem segmentos do turismo alternativo que
estão preocupados com uma pratica do turismo sustentável e que são compostos por elementos que
levam a satisfação e realização do individuo com o espaço visitado. Este artigo propõe ao Governo
do Estado de Mato Grosso uma proposta de investimento no planejamento da fazenda Jacobina que
é um patrimônio histórico cultural que possui uma grande potencialidade turística para se tornar um
produto turístico.

Referências

ACERENZA, Miguel Angel. Administração do Turismo. 4.ed. São Paulo, Universidade do


Sagrado Coração, 2002.

BRASIL, Ministério do Turismo. Projeto do Salão do Turismo – Roteiros do brasil.


Brasília: Ministério do Turismo, 2005.

CHAVES, Otávio Ribeiro e ARRUDA, Elmar Figueiredo de. História e Memória Cáceres.
1.ed. Mato Grosso, Unemat, 2011.

CRUZ, Rita de Cassia da. Introdução à geografia do turismo. 2.ed. São Paulo, Roca,
2003.

PÉREZ, Xerardo Pereiro. Turismo Cultural - Uma visão antropológica, Colección Pasos
2.ed, El Sauzal (Tenerife. España), 2009.

Boca da Onça Ecotour. Disponível em:<


http://www.bocadaonca.com.br/por/c2/estrutura.html>. Acesso em: 20 dez 2014

Secretaria de Estado de cultura. Disponível


em:<http://www3.cultura.mt.gov.br/TNX/imprime.php?cid=1704&sid=54>. Acesso em: 5 jan 2015

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