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Proteção contra incêndios e

explosões

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 1


PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES

Introdução
Neste momento, é fundamental, como objetivo maior desta disciplina, apresentar os
aspectos normativos da Norma Regulamentadora NR 23 como orientações de
prevenção contra incêndios estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e como medidas
primárias no campo da prevenção. São as seguintes:

NR 23 - Proteção contra incêndios

Publicação D.O.U. (redação dada pela Portaria SIT nº 221, de 06 de maio de 2011):
23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em
conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis.
23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações
sobre:
a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;
b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança;
c) dispositivos de alarme existentes.
23.2 Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em número suficiente e dispostas
de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-los com
rapidez e segurança, em caso de emergência.
23.3 As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente assinaladas por
meio de placas ou sinais luminosos, indicando a direção da saída.
23.4 Nenhuma saída de emergência deverá ser fechada à chave ou presa durante a
jornada de trabalho.
23.5 As saídas de emergência podem ser equipadas com dispositivos de travamento
que permitam fácil abertura do interior do estabelecimento.

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Percebe-se claramente na redação da referida Norma Regulamentadora que a grande
preocupação da legislação vigente está relacionada a medidas preventivas em relação
aos aspectos construtivos das edificações e às responsabilidades de empregados e
empregadores nesse processo de proteção contra incêndios.

Princípios básicos do fogo

Pode-se definir o fogo como a consequência de uma reação química denominada


combustão, que produz calor e luz. Para que essa reação química ocorra, deve-se ter
no mínimo dois reagentes que, a partir da existência de uma circunstância favorável,
poderão combinar-se. Os elementos essenciais do fogo são:

• Combustível: todo material ou substância que possui a propriedade de


queimar. Pode se apresentar em três estados físicos: sólido, líquido e gasoso.
a) Sólidos: tecido, madeira, papel, algodão, entre outros;

b) Líquidos: voláteis - desprendem gases inflamáveis à temperatura


ambiente: éter, benzina, álcool etc. Não voláteis - desprendem gases
inflamáveis a temperaturas maiores que a do ambiente: graxa, óleo etc.;
c) Gasosos: propano, etano, butano etc.;

• Comburente: elemento que ativa o fogo e dá vida às chamas. O elemento


mais comum é o oxigênio, encontrado na atmosfera numa proporção de 21%,
sendo 78% de nitrogênio e 1% de outros gases;

• Calor: elemento que fornece a energia da ativação necessária para iniciar a


reação entre o combustível e o comburente, mantendo e propagando a
combustão.

Logo, podemos resumir e considerar que o fogo é constituído por três entidades
distintas que compõem o chamado "triângulo do fogo". São eles o combustível

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(aquilo que queima, como a madeira), o comburente (entidade que permite a queima,
como o oxigênio) e o calor. Sem uma ou mais dessas entidades, não pode haver fogo.

Triângulo do fogo

Além desses três elementos, muitos consideram um quarto elemento: a reação em


cadeia.

Após iniciarem a combustão, os combustíveis geram mais calor. Esse calor provoca o
desprendimento de mais gases e vapores combustíveis, desenvolvendo uma
transformação em cadeia, que, em resumo, é o produto de uma transformação,
gerando outra. Também pode se representar essa reação em cadeia pelo tetraedro
do fogo:

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Classificação de incêndios
É de suma importância que, no combate ao fogo, possamos identificar a que classe de
incêndio pertence o que temos a nossa frente.
Os incêndios são classificados em: A – B – C e D.

CLASSE

A Incêndios envolvendo materiais que queimam em superfície e profundidade e


deixam resíduos. Ex.: madeira, papel, papelão, tecidos etc.
B Incêndios envolvendo materiais que queimam em superfície e não deixam
resíduos. Ex.: gasolina, éter, nafta, álcool etc.

C Incêndios envolvendo toda linha de materiais energizados. Ex.: motores,


equipamentos elétricos etc.

D Incêndios envolvendo materiais pirofóricos (metais que queimam). Ex.:


magnésio, zircônio, titânio etc.

Nesta etapa, apresentaremos as principais formas de extinção do fogo, suas medidas


de controle e as orientações para que uma brigada de incêndio seja efetiva junto às
organizações, sempre seguindo as orientações da nossa Norma Regulamentadora NR
23 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Métodos de extinção
Como já conhecemos o triângulo do fogo, podemos entender que, para a correta
extinção do fogo, basta eliminar um dos elementos essenciais à sua existência, ou
seja, o calor, o comburente ou o combustível.
Os processos para extinção do fogo, com a eliminação de um de seus componentes,
são:

“Resfriamento” (retirada do calor) – consiste na retirada de calor do material


incendiado até que ele fique abaixo de seu ponto de ignição. O agente mais usado é
a água, que existe com maior facilidade e é o mais econômico, além de ser o elemento
com maior capacidade de absorver o calor.
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Ex.: apagar uma fogueira.

“Abafamento” (retirada do comburente) – consiste na retirada do oxigênio.


Ex.: quando colocamos um copo sobre uma vela acesa.

O oxigênio encontra-se no ar atmosférico na proporção de 21%. De 21% a 13%, ainda


teremos oxigênio para provocar chamas e brasas; de 13% a 8%, o oxigênio é
suficiente apenas para a formação de brasas; e, abaixo de 8%, não há oxigênio
suficiente para a combustão.

“Isolamento ou remoção do material” (retirada do combustível) – consiste na


retirada do combustível, diminuindo assim as possibilidades de propagação do fogo
por contato ou condução. Ex.: fechamento da válvula de um tambor de gás.

CLASSES DE MATERIAIS MEDIDAS DE EXTINTORES


INCÊNDIO COMBUSTÍVEIS CONTROLE

A RESFRIAMENTO:
Fogo em materiais Tecidos, madeiras, Retirada do calor, isto Água, espuma.
de fácil combustão, papéis, fibras etc. é, baixar a Obs.: 1.
com a propriedade temperatura para que
de queima em sua fique abaixo da
superfície e temperatura de
profundidade, e ignição.
que deixam
resíduos.
B ABAFAMENTO:
Fogo em produtos Graxa, vernizes, tintas, Retirada do Gás carbônico,
que queimam gasolina etc. comburente pó químico,
somente em sua (oxigênio). Nesse tipo espuma

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superfície, não de fogo, não há (geralmente
deixando resíduos. formação de brasa e, usada para
portanto, deve-se incêndios em
fazer o abafamento da grandes
superfície. tanques).
C ABAFAMENTO:
Fogo em Motores, Utilizar agente Gás carbônico,
equipamentos transformadores, extintor que não pó químico
elétricos quadros de conduz eletricidade. seco e Halon.
energizados. distribuição, fios sob Obs.: 2.
tensão etc.
D ABAFAMENTO:
Fogo em elementos Magnésio, zircônio, Retirada do Pó químico
pirofóricos. titânio etc. comburente pelo uso especial.
de pós especiais que
formam camadas
protetoras, impedindo
continuação das
chamas. A limalha de
ferro fundido se
presta ao combate
desse tipo de fogo.

Obs.: 1 Nos fogos classe A, em seu início, poderão ser usados ainda pós químicos
secos ou gases carbônicos.

Obs.: 2 Com a corrente desligada, esse incêndio passa a ser combatido como se fosse
de classe A ou B.

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Tipos de agentes extintores
Como vimos, para diferentes tipos de incêndios, utilizam-se diferentes agentes
extintores. Entre eles, os principais são:

a) Sistema hidráulico;
b) Extintores.

Sistema hidráulico
A água, usada sob pressão, age no material incendiado.

Hidrantes

São dispositivos existentes em redes hidráulicas que facilitam o combate ao fogo. São
facilmente identificáveis pela porta vermelha com um visor, localizados normalmente
perto de escadas e elevadores.

Basicamente, compreendem:

➢ Reservatório que pode ser elevado ou subterrâneo;


➢ Canalização;
➢ Mangueiras;
➢ Esguichos;
➢ Abrigos,

Sistema “sprinkler” (chuveiros automáticos)

Consiste em uma série de encanamentos e ramificações que diminuem de diâmetro à


medida que se afastam do encanamento central, onde estão instaladas as válvulas de
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controle de fechamento, alarme, dreno e outras que cobrem uma determinada área.
É acionado quando um aquecimento suficiente romper a ampola do bico, evitando
assim a propagação do fogo.
As empresas que têm instalações “sprinkler” são obrigadas a manter relatórios diários
ou semanais que demonstrem a situação de todo esse equipamento de proteção.
São obrigatórias também inspeções trimestrais, feitas pelo inspetor da empresa
responsável pelas instalações dos sistemas “sprinkler”.

Extintores
São aparelhos que servem para extinguir instantaneamente os princípios de incêndio.
De modo geral, são constituídos de um recipiente de metal contendo o agente extintor.
A seguir, apresentamos a relação dos extintores em uso nas empresas:

1. Extintor de água pressurizada;


2. Extintor de água de pressão injetada;
3. Extintor de espuma química;
4. Extintor de espuma mecânica pressurizada;
5. Extintor de espuma de pressão injetada;
6. Extintor de gás carbônico;
7. Extintor de pó químico seco pressurizado;
8. Extintor de pó químico seco, pressão injetada;
9. Extintor Halon.

Maiores explicações sobre o uso desses equipamentos poderão ser obtidas


junto ao SESMT da empresa, no rótulo dos próprios extintores ou em
manuais específicos.

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Selo da ABNT
Todo extintor deve possuir o selo da ANT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
que registra a data de vencimento do teste hidrostático e de recarga do equipamento.

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São fornecidos nas cores:

➢ Azul – usado para extintores novos;


➢ Amarelo – para extintores vistoriados;
➢ Verde – para controle de recarga dos extintores de espuma química.

Obs.: Os extintores que não possuírem esse selo deverão ser encaminhados para esse
teste.

Distribuição e instalação de extintores

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As exigências quanto à área a ser coberta por uma unidade extintora e quanto à
capacidade extintora estão na NR-23 da Portaria 3.214, bem como exige o Corpo de
Bombeiros e as companhias de seguro.
A instalação de extintores deve obedecer à seguinte tabela:

Área coberta p/unidade Risco de fogo Distância máxima a


de extintores ser percorrida

500 m2 pequeno 20 m
250 m2 médio 10 m

150 m2 grande 10 m

Obs.: Deverão existir pelo menos dois extintores em cada pavimento


(independentemente da área ocupada).

Sinalização de equipamentos de combate a incêndio


Existem exigências do Corpo de Bombeiros e das companhias de seguro que são mais
complexas. A Norma Regulamentadora 23 da Portaria nº 3.214, bem como a
Associação Brasileira de Normas Técnicas, firmam a sinalização e a altura máxima em
que devem ser colocados os extintores, visando a facilitar sua localização e
identificação.

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Brigada contra incêndio
Toda empresa deverá ter a sua brigada contra incêndio, e, sempre que possível, os
cipeiros devem pertencer ao grupo de combate ao fogo.
Seus integrantes têm como função prioritária eliminar princípios de incêndio, bem
como verificar condições inseguras, riscos de incêndio ou explosão. Deve haver
esquematizado um sistema de controle que proporcione rápida comunicação e
correspondente tomada de providências.

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O grupo deverá ser constituído de elementos dos diversos setores, particularmente da
área de manutenção e de supervisão. A CIPA deverá se preocupar em solicitar um
treinamento específico e contínuo que será dado a toda brigada por um elemento do
Corpo de Bombeiros, ensinando-a a:

a. Saber localizar, de imediato, o equipamento de combate ao fogo;


b. Usar um extintor;
c. Engatar mangueiras e acionar o sistema de hidrantes;
d. Controlar o sistema de “sprinkler” (chuveiros automáticos contra fogo);
e. Conhecer as saídas de emergência para o abandono da área.

Providências a serem tomadas em caso de incêndio


➢ Toda área deve ser evacuada. Os curiosos e as pessoas de boa vontade só
atrapalham;
➢ A brigada deve intervir e, orientada pelo chefe, isolar a área e dar combate ao
fogo;
➢ A brigada não tem todos os recursos e não domina todas as técnicas de
combate ao fogo. Portanto, deve ser chamado imediatamente o Corpo de
Bombeiros;
➢ Antes de se dar combate ao incêndio, deve ser desligada a entrada de força à
emergência;
➢ Quando o Corpo de Bombeiros chegar, é preciso explicar qual é o tipo de fogo
(classes “A”, “B”, “C” ou “D”) e orientar os soldados do fogo sobre a área do
incêndio;
➢ Em qualquer caso, deve-se manter a calma e atuar com seriedade, e ninguém
deve tentar ser herói;
➢ Os equipamentos elétricos que não puderem ser desligados, mesmo em caso
de incêndio, deverão possuir circuito elétrico independente e placa indicadora
próxima aos seus dispositivos de combate.

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Treinamento de todos os funcionários da empresa
Como foi visto, é de fundamental importância que toda empresa possua uma brigada
de incêndio. Entretanto, todos os funcionários da empresa devem estar preparados
para atuar em caso de incêndio. Dessa forma, um treinamento constante deverá ser
dado a todo elemento da empresa, utilizando-se os mesmos procedimentos do
treinamento da brigada de incêndio.

Atividades
Um funcionário de uma empresa ficou retido num incêndio dentro de suas instalações.
Como deve proceder nesse caso? Faça uma análise de acordo com nossas aulas de
incêndio e apresente as formas que esse funcionário deve proceder.

Chave de resposta:
• Se não puder sair, mantenha-se próximo a uma janela, de preferência com vista para
a rua. Sinalize sua posição até que seja percebido.
• Feche, mas não tranque a porta do cômodo onde estiver. Vede as frestas com um
cobertor ou tapete para não deixar entrar fumaça.
• Em caso de fumaça, mantenha-se junto ao chão e utilize um lenço ou toalha molhada
sobre o nariz e a boca (filtro). Deixe a fumaça escapar abrindo uma janela (ou
quebrando o vidro, se ela for fixa).
• Atire pela janela o que puder queimar facilmente (papéis, tapetes, cortinas etc.),
mas com cuidado para não machucar quem estiver na rua.

O treinamento de combate ao incêndio é essencial para empresas de todos os ramos


e tamanhos, colaborando diretamente para a prevenção de acidentes e garantindo
que os colaboradores adotem a postura mais segura em caso de fogo. Uma vez que
nunca se sabe quando um problema como esse pode acontecer, é fundamental que
todos estejam preparados e prontos para agir e evacuar o local com segurança.
Durante um treinamento de combate ao incêndio, todos os colaboradores participantes
aprendem noções básicas sobre fogo: como reconhecer sua classe e tipo, como utilizar
os extintores e qual modelo é o mais indicado para cada tipo de situação. Além disso,
os treinados aprendem os cuidados necessários para acabar com o fogo utilizando os
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sistemas de combate a incêndio. Os participantes de um treinamento como esse
também se tornam mais responsáveis com os equipamentos de segurança, e diminui-
se o risco de problemas, como datas de validade vencidas e mau funcionamento. Em
geral, todos os integrantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
devem participar de todos os treinamentos a respeito do combate ao incêndio e de
outras normas de segurança. Além disso, o ideal é que a maioria dos colaboradores
da empresa também participe desse tipo de treinamento, de modo que todos se sintam
aptos e seguros a tomar alguma atitude em caso de acidentes envolvendo o fogo.

Quanto mais pessoas conhecerem tudo a respeito do combate ao incêndio, melhor


será para a segurança dos envolvidos e da própria empresa.

Colaboradores que participam de um treinamento de combate a incêndio também são


orientados a respeito da melhor forma de agir em caso de fogo: como evacuar o prédio
com calma e tranquilidade, como ajudar as pessoas com mais dificuldade de
locomoção e quais os procedimentos devem ser realizados para que tudo seja realizado
com o máximo de segurança.

O treinamento de combate a incêndios também é indicado para aqueles que agirão


como líderes em caso de emergência e que ficarão responsáveis pelo contato com o
Corpo de Bombeiros e com a disseminação de informações importantes, como onde
estão os extintores de incêndio, os hidrantes, quais são as saídas de emergência e
qual é o local de encontro.

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Neste momento, é fundamental entendermos um pouco sobre os sistemas
de proteção passivas. O que vem a ser um sistema de proteção passiva?

Os sistemas de proteção passiva contra incêndios nem sempre estão aparentes – e,


por isso, eles são tão pouco conhecidos. Estão compreendidos nesses sistemas a
proteção estrutural em situação de incêndio, prevenindo o colapso prematuro de
estruturas de edificações (sejam elas em concreto, aço, madeira ou outros métodos
construtivos), o controle de materiais de acabamento e revestimento que basicamente
estabelecem normativas e regras para limitar a propagação de chamas e emissão de
fumaça dos revestimentos de piso, parede, forro e cobertura dentro da construção civil
e, por fim, sistemas de compartimentação de ambientes, tais como as portas corta-

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fogo, paredes corta-fogo que resistem a duas horas, sistemas firestop para pequenas
e grandes passagens, como os shafts elétricos e hidráulicos.
Basicamente, o objetivo da proteção passiva é confinar o potencial destrutivo de um
fogo sem combatê-lo ativamente, mas sim limitando o avanço das chamas, calor,
fumaça e/ou gases quentes em uma edificação. Tudo isso irá contribuir positivamente
para uma evacuação mais segura, com menos vítimas fatais e feridos, um combate
mais efetivo e maior preservação do patrimônio.
Em proteção passiva contra o fogo, nem sempre o conceito é de TRRF (tempo
requerido de resistência ao fogo): existe o conceito de reação ao fogo, por exemplo,
em que se busca avaliar o comportamento de um determinado material quando
exposto ao fogo. A avaliação de tempo é quando falamos em sistemas que atendem
à resistência estrutural em situação de incêndio (Instrução Técnica – 08/SP) e
compartimentação de ambientes (IT-09/SP). Já para os materiais de revestimento e
acabamento (IT-10/SP), a avaliação restringe-se à propagação de chamas e à
densidade óptica de fumaça. Todas essas instruções técnicas se baseiam em
normativas nacionais e internacionais, sendo os resultados classificados em tabela e
posteriormente aplicados à construção civil.

Orientações quanto à proteção passiva

Para pleno entendimento quanto aos sistemas de proteção passiva, é


fundamental que possamos estudar algumas definições.

Elemento corta-fogo é aquele que apresenta, por um período determinado de


tempo, as seguintes propriedades:
i) Integridade mecânica a impactos (resistência);
ii) Impede a passagem das chamas e da fumaça (estanqueidade);
iii) Impede a passagem de caloria (isolamento térmico).

Elemento para-chamas é aquele que apresenta, por um período determinado de


tempo, as seguintes propriedades:
i) Integridade mecânica a impactos (resistência);
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ii) Impede a passagem das chamas e da fumaça (estanqueidade), não
proporcionando isolamento térmico.

Compartimentação horizontal
Área máxima para compartimentação e composição

Sempre que houver exigência de compartimentação horizontal (de áreas), deve-se


restringir as áreas dos compartimentos com os seguintes elementos construtivos ou
de vedação:

a) Paredes corta-fogo;
b) Portas corta-fogo;
c) Vedadores corta-fogo;
d) Registros corta-fogo (dampers);
e) Selos corta-fogo;
f) Cortina corta-fogo;
g) Afastamento horizontal entre aberturas.

Características de construção

Para os ambientes compartimentados horizontalmente entre si, devem ser exigidos os


seguintes requisitos:

• A parede de compartimentação deve ter a propriedade corta-fogo, sendo


construída entre o piso e o teto, devidamente vinculada à estrutura do edifício,
com reforços estruturais adequados;
• No caso de edificações que possuam coberturas combustíveis (telhados), a
parede de compartimentação deve estender-se, no mínimo, 1 m acima da linha
de cobertura (telhado);
• Se as telhas combustíveis, translúcidas ou não, estiverem distanciadas a pelo
menos 2 metros da parede de compartimentação, não há necessidade de
estender a parede 1 m acima do telhado;
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* As aberturas situadas na mesma fachada, em lados opostos da parede de
compartimentação, devem ser afastadas horizontalmente entre si por trecho de parede
com 2 m de extensão devidamente consolidada à parede de compartimentação e
apresentando a mesma resistência ao fogo;
* A distância mencionada no item anterior pode ser substituída por um prolongamento
da parede de compartimentação, externo à edificação, com extensão mínima de 0,90
m;
* As aberturas situadas em fachadas ortogonais pertencentes a áreas de
compartimentação horizontal distintas do edifício devem estar distanciadas 4 m na
projeção horizontal de forma a evitar a propagação do incêndio por radiação térmica.

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Fachadas ortogonais.

* As aberturas situadas em fachadas paralelas, coincidentes ou não, pertencentes a


áreas de compartimentação horizontal distintas dos edifícios situados no mesmo lote
ou terreno devem estar distanciadas de forma a evitar a propagação do incêndio por
radiação térmica.

Fachadas paralelas.

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Fachadas não coincidentes.

a) Paredes resistentes ao fogo

Para os ambientes compartimentados horizontalmente entre si, devem ser exigidos os


seguintes requisitos:

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• A parede de compartimentação deve ter a propriedade corta-fogo, sendo
construída entre o piso e o teto, devidamente vinculada à estrutura do edifício,
com reforços estruturais adequados;
• No caso de edificações que possuam coberturas combustíveis (telhados), a
parede de compartimentação deve estender-se, no mínimo, 1 m acima da linha
de cobertura (telhado);
• Se as telhas combustíveis, translúcidas ou não, estiverem distanciadas a pelo
menos 2 metros da parede de compartimentação, não há necessidade de
estender a parede 1 m acima do telhado.

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Norma Regulamentadora NR 23

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A Norma Regulamentadora NR 23:1978, do Ministério do Trabalho e Emprego, é uma
das normas que determina as diretrizes básicas da prevenção de incêndios, a qual
toda e qualquer empresa deve se enquadrar para planejar e executar um Plano de
Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI) eficiente.

NR 23 – Proteção Contra Incêndios. Publicação.


D.O.U. Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978.
06/07/78. Atualizações/Alterações.
D.O.U. Portaria SNT n.º 06, de 29 de outubro de 1991.
Portaria SNT n.º 02, de 21 de janeiro de 1992.
Portaria SIT n.º 24, de 09 de outubro de 2001.
Portaria SIT n.º 221, de 06 de maio de 2011.
(Redação dada pela Portaria SIT n.º 221, de 06 de maio de 2011).

23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em


conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis.
23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações
sobre:
a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;
b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança;
c) dispositivos de alarme existentes (...).
23.2 Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em número suficiente e dispostas
de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-los com
rapidez e segurança, em caso de emergência.
23.3 As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente assinaladas por
meio de placas ou sinais luminosos, indicando a direção da saída.
23.4 Nenhuma saída de emergência deverá ser fechada à chave ou presa durante a
jornada de trabalho.
23.5 As saídas de emergência podem ser equipadas com dispositivos de travamento
que permitam fácil abertura do interior do estabelecimento.
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Além da NR 23, outra norma que deve ser estudada é a NBR 12693:2010 – Sistemas
de proteção por extintores de incêndio, não esquecendo que cada município tem suas
diretrizes, as quais são estipuladas no código de posturas do município; portanto, elas
deverão ser analisadas conjuntamente com as demais legislações sobre o assunto.

NBR 12693 (sistemas de proteção por extintores de incêndio)

A NBR 12693:2010 tem como principal objetivo determinar as condições mínimas


exigíveis para a realização de projetos e instalação de sistemas de proteção por
extintores portáteis de incêndio e/ou sobre rodas. Essas determinações devem ser
seguidas; caso contrário, a empresa poderá ser notificada, multada e/ou sofrer um
processo de interdição até que cumpra as determinações da legislação vigente no país.

Essa norma, além das determinações mínimas exigidas, aponta também alguns
conceitos importantes para a sua interpretação, tais como: a distância máxima em
metros que o extintor poderá ser carregado do ponto onde está fixado até qualquer
outro ponto da área de proteção desse extintor, bem como outros conceitos que serão
lembrados e detalhados com clareza no decorrer das explicações.

Faz parte de um projeto e da instalação de sistemas de proteção contra incêndio:

a) Determinação do grau de risco de incêndio da empresa;


b) Determinação da quantidade de equipamentos necessários conforme o risco de
incêndio;
c) Distribuição dos equipamentos pela área da empresa conforme a classe de fogo;
d) Instalação dos equipamentos de combate nas respectivas áreas da empresa;
e) Sinalização para identificação dos locais onde serão fixados os equipamentos de
combate ao fogo;
f) Montagem da brigada de incêndio;
g) Elaboração de um plano de abandono de área;
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h) Sistema de iluminação de emergência;
i) Sistema de alarme de emergência.

Determinação do grau de risco de incêndio

O grau de risco de incêndio é determinado pela Tarifa de Seguro de Incêndio do Brasil


(TSIB) e/ou determinado no anexo A da NBR 12693:2010. De acordo com a TSIB e a
NBR 12693:2010, o grau de risco de incêndio é classificado em três classes:

a) Classe A – risco pequeno;


b) Classe B – risco médio;
c) Classe C – risco grande.

A classe de risco A, B e C, da classe de ocupação da TSIB, não tem relação


direta com as letras A, B, C e D que determinam as classes de incêndio.

Para o risco pequeno, a classe de ocupação é enquadrada na TSIB como 01 e 02,


excluídos os depósitos, que devem ser considerados como classe B. Já a NBR
12693:2010 determina que as edificações e as áreas de risco, com carga de incêndio
específica até 300 MJ/m2 (mega joule por metro quadrado) e líquidos combustíveis
com volume menor que 3,6 litros, são consideradas com grau de risco pequeno.
Para o risco médio, a classe de ocupação na TSIB é enquadrada entre 03 e 06 –
inclusive os depósitos de classe de ocupação 01 e 02. Já a NBR 12693:2010 determina
como grau de risco médio as edificações ou áreas com carga de incêndio específica
entre 300 MJ/m2 e 1200 MJ/m2 e líquidos combustíveis com volume igual de 3,6 litros
até 18 litros.
Para o risco grande, a classe de ocupação, na Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil, é
enquadrada entre 07 e 13. Já a NBR 12693:2010 determina que, para serem
consideradas como risco grande, as edificações e as áreas de risco devem possuir

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carga de incêndio acima de 1200 MJ/m2 e líquidos combustíveis com volume maior
que 18 litros.

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Determinação da quantidade de extintores

Para fazermos o projeto e a distribuição dos extintores de incêndio, é importante


sabermos a diferença que existe entre os equipamentos de combate ao fogo. Segundo
a NBR 12693:2010, os extintores de incêndio são classificados de acordo com a massa
total do extintor. Faz parte da massa total do extintor: o recipiente, o agente extintor
e os acessórios. Ao levar em consideração esses itens, os extintores de incêndio são
classificados como:

• Extintores portáteis;
• Extintores sobre rodas.

São considerados extintores portáteis aqueles equipamentos com massa total até 20
kg. Os extintores sobre rodas são aqueles manuseados e transportados por um único
operador e que têm massa total superior entre 20 kg e 250 kg.
Outros dois fatores importantes para a realização do projeto são: a determinação da
carga nominal e a capacidade extintora equivalente dos extintores de incêndio. A carga
nominal de um extintor de incêndio é definida como a quantidade de agente extintor
presente dentro dele e é medida em litros ou quilogramas.
A capacidade extintora mínima é definida como sendo a quantidade necessária de
agente extintor (presente em um só ou em vários extintores) capaz de suprimir um
princípio de incêndio. Essa quantidade é determinada a partir de testes em laboratório.
A capacidade extintora deve respeitar a quantidade estabelecida pela NBR 12693:2010
reproduzida a seguir:

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 29


Além da determinação da capacidade extintora necessária e da unidade extintora, é
importante haver a determinação da área máxima a ser protegida pelo extintor e a
distância máxima a ser percorrida pelo operador até o local onde se encontra o
extintor.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 30


Como a NBR 12693, em sua redação de 2010, não faz mais referência à área máxima
a ser protegida por extintor de incêndio da classe A, optou-se por usar, como
referência para o cálculo estimado da quantidade de extintores necessários por área,
a tabela que anteriormente era recomendada na NBR 12693:1993.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 31


Distribuição dos extintores pela área da empresa conforme a classe de fogo.
A localização dos extintores de incêndio, na área interna das edificações ou
na área externa (estacionamento, área de carga e de descarga, entre
outras) da empresa, deve seguir rigorosamente o projeto elaborado por
profissional habilitado.
A instalação dos extintores portáteis de incêndio deve seguir algumas
recomendações da NBR 12693:2010:

a) Os extintores portáteis, quando fixados em paredes ou colunas, devem ser fixados


com suportes que tenham a capacidade de resistir, no mínimo, a três vezes o peso
total do extintor;
b) A alça de manuseio do extintor de incêndio, quando ele estiver fixado em paredes
ou colunas, não pode ultrapassar a altura máxima de 1,60 m a contar do piso acabado;
c) A parte inferior do extintor deve ficar no mínimo a 0,10 m do piso acabado, mesmo
que apoiado em suporte;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 32


c) O extintor de incêndio não pode ficar solto nem em contato direto com o piso
para não correr o risco de sofrer batidas e consequentes quedas que poderão
danificá-lo.

Sinalização do local onde se encontra o extintor de incêndio

A sinalização dos locais onde se encontram os extintores de incêndio é muito


importante, pois, se facilitarmos essa visualização, os trabalhadores irão saber onde
buscar o equipamento em caso de necessidade. A sinalização do local deve seguir as
seguintes determinações:

a) Nas áreas industriais e depósitos, deve existir no piso uma marcação sob o extintor
a fim de evitar que seu acesso seja obstruído. Essa marcação deve ter as seguintes
dimensões e cores:

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 33


• Área pintada de vermelho de 70 × 70 centímetros;
• Borda amarela de 15 cm de largura;

b) Na sinalização de parede, é recomendada a utilização de setas indicativas


vermelhas, com bordas amarelas, situadas acima do extintor, indicando o tipo de
agente extintor recomendado para aquele local.

Necessitamos conhecer tudo sobre as técnicas de prevenção e de combate


ao fogo para que isso seja utilizado de forma segura, como um elemento
que auxilie no desenvolvimento de novas tecnologias, contribuindo para
melhorar a vida de todos nós, e não como um causador de destruição.

Cuidados básicos

É fundamental que o engenheiro de segurança conscientize a todos numa organização


quanto aos cuidados básicos que devem ser tomados para evitar-se os riscos de
incêndio. Essas orientações também devem ser ampliadas para o dia a dia, como os
ambientes domésticos. São elas: não brinque com fogo! Um cigarro mal apagado
jogado descuidadamente numa lixeira pode causar uma catástrofe. Apague o cigarro
antes de deixá-lo em um cinzeiro ou de jogá-lo em uma caixa de areia. Cuidado com
fósforos. Habitue-se a apagar os palitos de fósforos antes de jogá-los fora. Obedeça
às placas de sinalização e não fume em locais proibidos, mal ventilados ou ambientes
sujeitos à alta concentração de vapores inflamáveis, tais como vapores de colas e de

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 34


materiais de limpeza. Evite usar espiriteira. Sua utilização é insegura. Nunca apoie
velas sobre caixas de fósforos nem sobre materiais combustíveis. Não utilize a casa de
força, casa de máquinas dos elevadores e a casa de bombas do prédio como depósito
de materiais e objetos. São locais importantes e perigosos que devem estar sempre
desimpedidos. As baterias devem ser instaladas em local de fácil acesso e ventilado.
Não é recomendado o uso de baterias automotivas.

Instalações elétricas

Outro ponto fundamental são os cuidados com as instalações elétricas. A sobrecarga


na instalação é uma das principais causas de incêndios. Se a corrente elétrica estiver
acima do que a fiação suporta, ocorre superaquecimento dos fios, podendo dar início
a um incêndio. Por isso:

* Não ligue mais de um aparelho por tomada. Essa é uma das causas de sobrecarga
na instalação elétrica;
* Não faça ligações provisórias. Tome sempre cuidado com as instalações elétricas.
Fios descascados, quando encostam um no outro, provocam curto-circuito e faíscas.

Chame um técnico qualificado para executar ou reparar as instalações elétricas ou


quando encontrar um dos seguintes problemas: constante abertura dos dispositivos
de proteção (disjuntores); queimas frequentes de fusíveis; aquecimento da fiação e/ou
disjuntores; quadros de distribuição com dispositivos de proteção do tipo chave-faca
com fusíveis cartucho ou rolha. Substitua-os por disjuntores ou fusíveis do tipo Diazed
ou NH; fiações expostas (a fiação deve estar sempre embutida em eletrodutos);
lâmpadas incandescentes instaladas diretamente em torno de material combustível,
pois elas liberam grande quantidade de calor; inexistência de aterramento adequado
para as instalações e equipamentos elétricos, tais como: torneiras e chuveiros
elétricos, ar condicionado, entre outras; evite aterrá-los em canos d’água.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 35


Atenção: toda a instalação elétrica tem de estar de acordo com a NBR 5410 da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Antes de instalar um novo aparelho, verifique se não vai sobrecarregar o


circuito. Utilize os aparelhos elétricos somente de modo especificado pelo
fabricante.

Instalações de gás

Somente pessoas habilitadas devem realizar consertos ou modificações nas instalações


de gás. Sempre verifique possíveis vazamentos no botijão, trocando-o imediatamente
caso constate a mínima irregularidade. O botijão que estiver visualmente em péssimo
estado deve ser imediatamente recusado. Para verificar vazamento, nunca use
fósforos ou chama, apenas água e sabão. Nunca tente improvisar maneiras de eliminar
vazamentos, como cera, por exemplo. Coloque os botijões sempre em locais
ventilados. Sempre rosqueie o registro do botijão apenas com uma das mãos para
evitar rompimento da válvula interna. Aparelhos que usam gás devem ser revisados
pelo menos a cada dois anos.
Ao sentir cheiro de gás, não ligue ou desligue a luz nem aparelhos elétricos. Afaste as
pessoas do local e procure ventilá-lo. Feche o registro de gás para restringir o
combustível e o risco de propagação mais rápida do incêndio. Não há perigo de
explosão do botijão ao fechar o registro. Se possível, leve o botijão para local aberto
e ventilado.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 36


Em casos de vazamento de gás com chama, não ligue ou desligue a luz nem aparelhos
elétricos. Afaste as pessoas do local e procure ventilá-lo. Feche o registro de gás para
restringir o combustível e o risco de propagação mais rápida do incêndio. Não há perigo
de explosão do botijão ao fechar o registro. Se possível, leve o botijão para local aberto
e ventilado.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 37


Em casos de incêndio com botijão de gás no local, sempre que possível,
retire o botijão do local antes que o fogo possa atingi-lo. Em todas essas
situações, chame sempre os bombeiros.

Áreas de circulação

Em relação às áreas destinadas às circulações, mantenha sempre desobstruídos


corredores, escadas e saídas de emergência, sem vasos, tambores ou sacos de lixo.
Jamais utilize corredores, escadas e saídas de emergência como depósito, mesmo que
seja provisoriamente. Nunca guarde produtos inflamáveis nesses locais. As coletas de
lixo devem ser bem planejadas para não comprometer o abandono do edifício em caso
de emergência.

As portas corta-fogo não devem ter trincos ou cadeados. Conheça bem o edifício em
que você circula, mora ou trabalha, principalmente os meios de escape e as rotas de
fuga.

Evite sempre que águas de lavagem atinjam os circuitos elétricos e/ou enferrujem as
bases das portas corta-fogo. Não permita jamais que a água se infiltre pelas portas
dos elevadores, pois isso pode provocar sérios acidentes.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 38


Manutenção do sistema de segurança
Extintores de incêndio

Os extintores de incêndio devem ser apropriados para os locais a serem protegidos.


É importante verificar constantemente se:

1. Acesso aos extintores não está obstruído;


2. Manômetros indicam pressurização (faixa verde ou amarela);
3. Aparelho não apresenta vazamento;
4. Os bicos e válvulas da tampa estão desentupidos;
5. Leve qualquer irregularidade ao conhecimento do responsável para que a
situação seja rapidamente sanada.

A recarga dos extintores deve ser realizada:

1. Imediatamente após ter sido utilizado;


2. Caso esteja despressurizado (manômetro na faixa vermelha);
3. Após ser submetido a teste hidrostático;
4. Caso o material esteja empedrado.

Tais procedimentos devem ser verificados pelo zelador e fiscalizados por


todos.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 39


Mesmo não tendo sido utilizados, os extintores deverão ser recarregados:

• Após 1 (um) ano: tipo espuma;


• Após 3 (rês) anos: tipo pó químico seco e água pressurizada;
• Semestralmente: se houver diferença de peso que exceda 5% (tipo pó químico seco
e água pressurizada) ou 10% (tipo CO2).

Esvazie os extintores antes de enviá-los para recarga; programe a recarga


de forma a não deixar os locais desprotegidos; a época de recarga deve ser
aproveitada para treinar as equipes de emergência. O Corpo de Bombeiros
exige uma inspeção anual de todos os extintores, além dos testes
hidrostáticos a cada cinco anos, por firma habilitada. Devem ser
recarregados os extintores em que forem constatados vazamentos,
diminuição de carga ou pressão e vencimento de carga.

Importante: Para recarga ou teste hidrostático, escolha uma firma idônea. Os


hidrantes e mangotinhos devem ser mantidos sempre bem sinalizados e desobstruídos.
A caixa de incêndio deverá conter:

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 40


• Registro globo com adaptador, mangueira aduchada (enrolada pelo meio), ou zigue-
zague, esguicho regulável (desde que haja condição técnica para seu uso), ou
agulheta, duas chaves para engate e cesto móvel para acondicionar a mangueira;
• Mangotinho deve ser enrolado em “oito” ou em camadas nos carretéis e pode ser
usado por uma pessoa apenas. Seu abrigo deve ser de chapa metálica e dispor de
ventilação.

Verifique sempre se:

a) A mangueira está com os acoplamentos enrolados para fora, facilitando o engate


no registro e no esguicho;
b) A mangueira está desconectada do registro;
c) Estado geral da mangueira é bom: desenrole-a e cheque se não tem nós, furos,
trechos desfiados, ressecados ou desgastados;
d) Registro apresenta vazamento ou está com o volante emperrado;
e) Há juntas amassadas;
f) Há água no interior das mangueiras ou no interior da caixa hidrante, o que provocará
o apodrecimento da mangueira e a oxidação da caixa.

Atenção:

a) Nunca jogue água sobre instalações elétricas energizadas;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 41


b) Nunca deixe fechado o registro geral do barrilete do reservatório d’água (o registro
geral do sistema de hidrantes localiza-se junto à saída do reservatório d’água);
c) Se for preciso fazer reparo na rede, certifique-se de que, após o término do serviço,
o registro permaneça aberto;
d) Se a bomba de pressurização não der partida automática, é necessário dar partida
manual no painel central, que fica próximo à bomba de incêndio;
e) Nunca utilize a mangueira dos hidrantes para lavar pisos ou regar jardins;
f) Mantenha sempre em ordem a instalação hidráulica de emergência com auxílio de
profissionais especializados.

As instalações fixas de combate a incêndios destinam-se a detectar o início


do fogo e resfriá-lo.

Os tipos são:

a) Detector de fumaça;
b) Detector de temperatura;
c) Detector de chama;
d) Chuveiro automático: redes de pequenos chuveiros no teto dos ambientes;
e) Dilúvio: gera um nevoeiro d’água;
f) Cortina d’água: rede de pequenos chuveiros afixados no teto, alinhados para,
quando acionados, formarem uma cortina d’água;
g) Resfriamento: rede de pequenos chuveiros instalados ao redor e no topo de tanques
de gás, petróleo, gasolina e álcool. Geralmente são usados em áreas industriais;
h) Halon: a partir de posições tomadas pelo Ministério da Saúde, o Corpo de Bombeiros
tem recomendado a não utilização desse sistema, uma vez que seu agente é composto
de CFC, destruidor da camada de ozônio.

Iluminação de emergência
A iluminação de emergência, que entra em funcionamento quando falta energia
elétrica, pode ser alimentada por gerador ou bateria e acumuladores (não automotiva).

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 42


A iluminação de emergência é obrigatória nos elevadores. Faça constantemente a
revisão dos pontos de iluminação.

Baterias: as baterias devem ser instaladas acima do piso e afastadas da parede, em


local seco, ventilado e sinalizado. Providencie a manutenção periódica das baterias de
acordo com as indicações do fabricante; devem ser verificados seus terminais (polos)
e a densidade do eletrólito.

Alarme de incêndio
Os alarmes de incêndio podem ser manuais ou automáticos.
Os detectores de fumaça, de calor ou de temperatura acionam automaticamente os
alarmes. O alarme deve ser audível em todos os setores da área abrangida pelo
sistema de segurança. As verificações nos alarmes precisam ser feitas periodicamente,
seguindo as instruções do fabricante. A edificação deve contar com um plano de ação
para otimizar os procedimentos de abandono do local quando do acionamento do
alarme.

Sistema de som e interfonia

Os sistemas de som e interfonia devem ser incluídos no plano de abandono do local e


devem ser verificados e mantidos em funcionamento de acordo com as recomendações
do fabricante.

Portas corta-fogo
As portas corta-fogo são próprias para isolamento e proteção das rotas de fuga,
retardando a propagação do fogo e da fumaça. Elas devem resistir ao calor por 60
minutos no mínimo (verifique se está afixado o selo de conformidade com a ABNT).
Toda porta corta-fogo deve abrir sempre no sentido de saída das pessoas. Seu
fechamento deve ser completo. Além disso, elas nunca devem ser trancadas com
cadeados ou fechaduras e não devem ser usados calços, cunhas ou qualquer outro
artifício para mantê-las abertas. Não se esqueça de verificar constantemente o estado
das molas, maçanetas, trincos e folhas da porta.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 43
Rotas de fuga
Corredores, escadas, rampas, passagens entre prédios geminados e saídas são rotas
de fuga e devem sempre ser mantidas desobstruídas e bem sinalizadas.

Importante: Conheça a localização das saídas de emergência das edificações que


adentrar. Só utilize áreas de emergência no topo dos edifícios e as passarelas entre
prédios vizinhos na total impossibilidade de se utilizar a escada de incêndio. As
passarelas entre prédios têm de estar em paredes cegas ou isoladas das chamas.
Lembre-se: é sempre aconselhável DESCER.

Lixeiras

As portas dos dutos das lixeiras devem estar fechadas com alvenaria, sem possibilidade
de abertura, para não permitir a passagem da fumaça ou gases para as áreas da
escada ou entre andares do edifício.

Para-raios
O para-raios deve ser o ponto mais alto do edifício. Massas metálicas, como torres,
antenas, guarda-corpos, painéis de propaganda e sinalização, devem ser interligadas
aos cabos de descida do para-raios, integrando o sistema de proteção contra
descargas elétricas atmosféricas. O para-raios deve estar funcionando
adequadamente. Caso contrário, haverá inversão da descarga para as massas
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 44
metálicas que estiverem em contato com o cabo do para-raios. Os para-raios podem
ser do tipo Franklin ou Gaiola de Faraday. O tipo radioativo/iônico tem sua instalação
condenada devido à sua carga radioativa e por não ter eficiência adequada. A
manutenção dos para-raios deve ser feita anualmente por empresas especializadas
conforme instrução do fabricante. É preciso observar a resistência ôhmica do
aterramento entre elétrodos e a terra (máximo de 10 ohm) ou logo após a queda do
raio.

Equipe de emergência

A equipe de emergência é a brigada de combate a incêndio. Ë uma equipe formada


por pessoas treinadas com conhecimento sobre prevenção contra incêndio, abandono
de edificação, pronto-socorro e devidamente dimensionada de acordo com a
população existente na edificação.

Cabe a essa equipe a vistoria semestral nos equipamentos de prevenção e combate a


incêndios, assim como o treinamento de abandono de prédio pelos moradores e
usuários. A relação das pessoas com dificuldade de locomoção, permanente ou
temporária, deve ser atualizada constantemente e os procedimentos necessários para
a retirada dessas pessoas em situações de emergência devem ser previamente
definidos. A equipe de emergência deve garantir a saída dos ocupantes do prédio de
acordo com o “plano de abandono”, não se esquecendo de verificar a existência de
retardatários em sanitários, salas e corredores. O sistema de alto-falantes ajuda a
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 45
orientar a saída de pessoas; o locutor recebe treinamento e precisa se empenhar para
impedir o pânico. A relação e a localização dos membros da equipe de emergência
devem ser conhecidas por todos os usuários.

Combate a incêndios – primeiras providências


1. Ao perceber um princípio de incêndio, acione imediatamente o alarme e aja de
acordo com o plano de evacuação. Logo a seguir, chame o Corpo de Bombeiros;
2. A uma ordem da equipe de emergência, encaminhe-se, sem correria, para a
saída indicada e desça (não suba) pela escada de segurança;
3. Nunca use os elevadores;
4. Se tiver de atravessar uma região em chamas, procure envolver o corpo com
algum tecido molhado não sintético. Isso dará proteção ao seu corpo e evitará
que se desidrate;
5. Proteja os olhos e a respiração, pois são as partes mais sensíveis que a fumaça
provocada pelo fogo pode atingir primeiro;
6. Use máscara de proteção ou, no mínimo, uma toalha molhada no rosto.

Métodos de extinção do fogo


Há três meios de extinguir o fogo:

Abafamento: consiste em eliminar o comburente (oxigênio) da queima, fazendo com


que ela enfraqueça até apagar-se. Para exemplificar, basta lembrar que, quando se
está fritando um bife e o óleo liberado entra em combustão, a chama é eliminada pelo
abafamento ao se colocar a tampa na frigideira. Reduziu-se a quantidade de oxigênio
existente na superfície da fritura. Incêndios em cestos de lixo podem ser abafados com
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 46
toalhas molhadas de pano não sintético. Extintores de CO2 são eficazes para provocar
o abafamento.

Retirada do material: há duas opções de ação na retirada de material:


a) Retirar o material que está queimando a fim de evitar que o fogo se propague;
b) Retirar o material que está próximo ao fogo, efetuando um isolamento para que as
chamas não tomem grandes proporções.

Resfriamento: o resfriamento consiste em tirar o calor do material. Para isso, usa-


se um agente extintor que reduza a temperatura do material em chamas. O agente
mais usado para combater incêndios por resfriamento é a água.

Classes de incêndio e agentes extintores


Quase todos os materiais são combustíveis; no entanto, devido à diferença na sua
composição, queimam de formas diferentes e exigem maneiras diversas de extinção
do fogo. Convencionou se dividir os incêndios em quatro classes conforme a tabela a
seguir.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 47


Medidas de proteções ativas

O fogo sob controle proporciona ao ser humano conforto e segurança, além de permitir
a transformação de materiais necessários no dia a dia. Fora de controle, o fogo
inicialmente irá aquecer o ambiente e seus materiais, chegando a um ponto nos quais
os materiais poderão ser deformados e transformados, podendo vir a se transformar
em um incêndio. Independentemente do grau de desenvolvimento que o fogo sem
controle venha a atingir, perdas (materiais, ambientais, pessoais e sociais), na maioria
das vezes, ocorrerão. Acidentes em espaços fechados (bares e casas noturnas, por
exemplo) requerem uma atenção especial de todos os envolvidos e principalmente dos
profissionais de segurança no trabalho que implantam e fiscalizam o cumprimento das
normas de proteção e combate a incêndios existentes. Nesses estabelecimentos, a
presença de medidas ativas e passivas, bem como a existência de pessoal treinado,

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 48


torna-se indispensável, pois os procedimentos de emergência realizados de maneira
incorreta contribuem para vítimas fatais. Nos últimos anos, aumentaram os registros,
notificações e interdições de bares e casas noturnas de todo o Brasil. Uma das
principais causas relatadas por especialistas é que esse tipo de ambiente possui uma
segurança contra incêndio bastante vulnerável, colocando o público frequentador e
funcionários em risco de morte. Entre alguns acidentes registrados recentemente,
pode-se citar o da boate Kiss, ocorrido no dia 27 de janeiro de 2013 na cidade de
Santa Maria/RS, em que, devido à inexistência de medidas de proteção e combate,
além da superlotação do local, 241 vieram a óbito devido a um incêndio de grandes
proporções.

Dentro desse contexto, é importante apresentar os reais objetivos da


prevenção de incêndio:

a) Proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco em caso de incêndio;
b) Dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao
patrimônio;
c) Proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;
d) Dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros;
e) Proporcionar a continuidade dos serviços nas edificações e áreas de risco.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 49


Esses objetivos são alcançados pelo:

a) Controle da natureza e da quantidade dos materiais combustíveis constituintes e


contidos no edifício;
b) Dimensionamento da compartimentação interna, da resistência ao fogo de seus
elementos e do distanciamento entre edifícios;
c) Dimensionamento da proteção e da resistência ao fogo da estrutura do edifício;
d) Dimensionamento dos sistemas de detecção e alarme de incêndio e/ou dos sistemas
de chuveiros automáticos de extinção de incêndio e/ou dos equipamentos manuais
para combate;
e) Dimensionamento das rotas de escape e dos dispositivos para controle do
movimento da fumaça;
f) Controle das fontes de ignição e riscos de incêndio;
g) Acesso aos equipamentos de combate a incêndio;
h) Treinamento do pessoal habilitado a combater um princípio de incêndio e coordenar
o abandono seguro da população de um edifício;
i) Gerenciamento e manutenção dos sistemas de proteção contra incêndio instalado;
j) Controle dos danos ao meio ambiente decorrentes de um incêndio.

Importantes considerações gerais de segurança contra incêndio

O fogo pode ser definido como um fenômeno físico e químico em que ocorre uma
reação de oxidação, emitindo luz e calor.

Devem coexistir quatro componentes para que ocorra o fenômeno do fogo:

1) Combustível;
2) Comburente (oxigênio);
3) Calor;
4) Reação em cadeia.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 50


Mecanismo de extinção do fogo

Os meios de extinção se utilizam desse princípio, pois agem através da inibição de um


dos componentes para apagar um incêndio.
O combustível pode ser definido como qualquer substância capaz de produzir calor
por meio da reação química.
O comburente é a substância que alimenta a reação química, sendo mais comum o
oxigênio.
O calor pode ser definido como uma forma de energia que se transfere de um sistema
para outro em virtude de uma diferença de temperatura. Ele se distingue das outras
formas de energia porque, como o trabalho, só se manifesta num processo de
transformação. Podemos ainda definir incêndio como sendo o fogo
indesejável, qualquer que seja sua dimensão.

Como foi dito, o comburente é o oxigênio do ar, e sua composição porcentual no ar


seco é de 20,99%. Os demais componentes são o nitrogênio, com 78,03%, e outros
gases (CO2, Ar, H2, He, Ne, Kr), com 0,98%. O calor, por sua vez, pode ter como
fonte a energia elétrica, o cigarro aceso, os queimadores a gás, a fricção ou mesmo a
concentração da luz solar através de uma lente.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 51


O fogo se manifesta diferentemente em função da composição química do material.
De outra maneira, um mesmo material pode queimar de modo diferente em função
da sua superfície específica, das condições de exposição ao calor, da oxigenação e da
umidade contida.

A maioria dos sólidos combustíveis possui um mecanismo sequencial para sua ignição.
O sólido precisa ser aquecido, quando então desenvolve vapores combustíveis que se
misturam com o oxigênio, formando a mistura inflamável (explosiva), cujo início se
torna dá na presença de uma pequena chama (ou mesmo fagulha ou centelha) ou em
contato com uma superfície aquecida acima de 500°C, dando origem à chama na
superfície do sólido, que fornece mais calor, aquecendo mais materiais e assim
sucessivamente. Alguns sólidos pirofóricos (sódio, fósforo, magnésio etc.) não se
comportam conforme o mecanismo acima descrito.
Os líquidos inflamáveis e combustíveis possuem mecanismos semelhantes, ou seja, o
líquido, ao ser aquecido, vaporiza-se e o vapor se mistura com o oxigênio, formando
a “mistura inflamável” (explosiva) que tem início na presença de uma pequena chama
(ou mesmo fagulha ou centelha) ou em contato com superfícies aquecidas acima de
500°C, dando origem à chama na superfície do líquido, que aumenta a vaporização e
a chama. A quantidade de chama fica limitada à capacidade de vaporização do líquido.
Os líquidos são classificados pelo seu ponto de fulgor, ou seja, pela menor temperatura
na qual liberam uma quantidade de vapor que, em contato com uma chama, produzem
um lampejo (uma queima instantânea). Entretanto, existe outra classe de líquidos,
denominados instáveis ou reativos, cuja característica é a de se polimerizar, decompor,
condensar violentamente ou ainda de se tornar autorreativo sob condições de choque,
pressão ou temperatura, podendo desenvolver grande quantidade de calor. A mistura
inflamável vapor-ar (gás-ar) possui uma faixa ideal de concentração para se tornar
inflamável ou explosiva, e os limites dessa faixa são denominados limite inferior de
inflamabilidade e limite superior de inflamabilidade, sendo expressos em porcentagem
ou volume.

Estando a mistura fora desses limites, não ocorrerá a ignição. Os materiais sólidos não
queimam através de mecanismos tão precisos e característicos como os dos líquidos e
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 52
gases. Nos materiais sólidos, a área específica é um fator importante para determinar
sua razão de queima, ou seja, a quantidade do material queimado na unidade de
tempo que está associado à quantidade de calor gerado e, portanto, à elevação da
temperatura do ambiente.
Um material sólido com igual massa e com área específica diferente, como, por
exemplo, de 1 m² e 10 m², queima em tempos inversamente proporcionais; contudo,
libera a mesma quantidade de calor. No entanto, a temperatura atingida no segundo
caso será bem maior. Por outro lado, não se pode afirmar que isso é sempre verdade;
no caso da madeira, observa-se que, quando apresentada em forma de serragem, ou
seja, com áreas específicas grandes, não se queima com grande rapidez.
Comparativamente, a madeira em forma de pó pode formar uma mistura explosiva
com o ar, comportando-se, dessa maneira, como um gás que possui velocidade de
queima muito grande. No mecanismo de queima dos materiais sólidos, temos a
oxigenação como outro fator de grande importância. Quando a concentração em
volume de oxigênio no ambiente cair para valores abaixo de 14%, a maioria dos
materiais combustíveis existentes no local não mantém a chama na sua superfície.
A duração do fogo é limitada pela quantidade de ar e do material combustível no local.
O volume de ar existente numa sala de 30 m2 irá queimar 7,5 kg de madeira; portanto,
o ar necessário para a alimentação do fogo dependerá das aberturas existentes na
sala. Vários pesquisadores (Kawagoe, Sekine, Lie) estudaram o fenômeno, e a equação
apresentada por Lie é:

V' = a H’ B Vm, em que:


V' = vazão do ar introduzido;
a = coeficiente de descarga;
H'= altura da seção do vão de ventilação abaixo do plano neutro;
B = largura do vão;
Vm = velocidade média do ar;

Considerando L o volume de ar necessário para a queima completa de kg de madeira,


a taxa máxima de combustão será dada por V’/L, isto é:

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 53


R = V’ x a H’B V’ m
L L

Da taxa de combustão ou queima, segundo os pesquisadores, pode-se definir a


seguinte expressão representando a quantidade de peso de madeira equivalente
consumida na unidade de tempo:
R = C Av H, em que:
R = taxa de queima (kg/min);
C = Constante = 5,5 Kg/mim m5/2;
Av = HB = área da seção de ventilação (m²);
H = altura da seção (m);
Av = = grau de ventilação (Kawagoe) (m5/2);

Quando houver mais de uma abertura de ventilação, deve-se utilizar um fator global
igual a:  Ai √ Hi.
A razão de queima em função da abertura fica, portanto:
R = 5,5 Av √H para a queima em kg/min; R = 330 Av √ H para a queima em kg/h.

Essa equação diz que o formato da seção tem grande influência.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 54


Por exemplo, para uma abertura de 1,6 m2 (2 m x 0,8 m), teremos:
Sendo: 2 m a largura = R1 = 7,9 kg/min; 2 m a altura = R2 = 12,4 kg/min.

Por outro lado, se, numa área de piso de 10 m², existir 500 kg de material combustível
expresso em equivalente em madeira, ou seja, se a carga de incêndio específica for
de 50 kg/m² e a razão de queima devido à abertura para ventilação tiver o valor de
R1 e R2 acima calculado, então a duração da queima será respectivamente de 40 min
e 63 min.
O cálculo acima tem a finalidade de apresentar o princípio para determinação da
duração do incêndio real; não busca determinar o Tempo Requerido de Resistência ao
Fogo (TRRF) das estruturas. Esse cálculo é válido somente para uma abertura,
enquanto as outras permanecem fechadas (portas ou janelas); caso contrário, deve-
se redimensionar a duração do incêndio para uma nova ventilação existente.

Com a evolução do incêndio e a oxigenação do ambiente através de portas e janelas,


ele ganhará ímpeto: os materiais passarão a ser aquecidos por convecção e radiação,
acarretando um momento denominado de “inflamação generalizada – flashover”,
que se caracteriza pelo envolvimento total do ambiente pelo fogo e pela emissão de
gases inflamáveis através de portas e janelas, que se queimam no exterior do edifício.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 55


Nesse momento, torna-se impossível a sobrevivência no interior do ambiente. O tempo
gasto para o incêndio alcançar o ponto de inflamação generalizada é relativamente
curto e depende, essencialmente, dos revestimentos e acabamentos utilizados no
ambiente de origem, embora as circunstâncias em que o fogo comece a se desenvolver
exerçam grande influência.

A possibilidade de um foco de incêndio extinguir ou evoluir para um grande incêndio


depende basicamente dos seguintes fatores:

1) Quantidade, volume e espaçamento dos materiais combustíveis no local;


2) Tamanho e situação das fontes de combustão;
3) Área e locação das janelas;
4) Velocidade e direção do vento;
5) Forma e dimensão do local. Pela radiação emitida por forros e paredes, os materiais
combustíveis que ainda não queimaram são pré-aquecidos à temperatura próxima da
sua temperatura de ignição. As chamas são bem visíveis no local.

Se esses fatores criarem condições favoráveis ao crescimento do fogo, a inflamação


generalizada irá correr e todo o compartimento será envolvido pelo fogo. A partir disso,
o incêndio irá se propagar para outros compartimentos da edificação, seja por

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 56


convecção de gases quentes no interior da casa ou através do exterior, na medida em
que as chamas que saem pelas aberturas (portas e janelas) transferem fogo para o
pavimento superior, quando esse existir, principalmente através das janelas
superiores. A fumaça, que já na fase anterior à inflamação generalizada pode ter se
espalhado no interior da edificação, se intensifica e se movimenta perigosamente no
sentido ascendente, estabelecendo, em instantes, condições críticas para a
sobrevivência na edificação. Caso a proximidade entre as fachadas da edificação
incendiada e as adjacentes possibilite a incidência de intensidade crítica de radiação,
o incêndio poderá se propagar (por radiação) para outras habitações, configurando
uma conflagração.

A proximidade ainda maior entre habitações pode estabelecer uma situação ainda mais
crítica para a ocorrência da conflagração na medida em que o incêndio se alastrar
muito rapidamente por contato direto das chamas entre as fachadas. No caso de
habitações agrupadas em bloco, a propagação do incêndio entre unidades poderá se
dar por condução de calor via paredes e forros, por destruição dessas barreiras ou
ainda através da convecção de gases quentes que venham a penetrar por aberturas
existentes. Com o consumo do combustível existente no local ou decorrente da falta
de oxigênio, o fogo pode diminuir de intensidade, entrando na fase de resfriamento e
consequente extinção.

A influência da ventilação

Durante um incêndio, o calor emana gases dos materiais combustíveis, que podem ser
mais ou menos densos que o ar, em decorrência da variação de temperatura interna
e externa da edificação. Essa diferença de temperatura provoca um movimento
ascensional dos gases que são paulatinamente substituídos pelo ar que adentra na
edificação por meio das janelas e portas. A partir disso, ocorre uma constante troca
entre o ambiente interno e externo, com a saída dos gases quentes e fumaça e a
entrada de ar.
Em um incêndio, ocorrem dois casos típicos que estão relacionados com a ventilação
e com a quantidade de combustível em chama. No primeiro caso, no qual a vazão de
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 57
ar que adentrar no interior da edificação incendiada for superior à necessidade da
combustão dos materiais, temos um fogo aberto, aproximando-se a uma queima de
combustível ao ar livre, cuja característica será de uma combustão rápida. No segundo
caso, no qual a entrada de ar é controlada ou deficiente em decorrência de pequenas
aberturas externas, temos um incêndio com duração mais demorada, cuja queima é
controlada pela quantidade de combustível, ou seja, pela carga incêndio, na qual a
estrutura da edificação estará sujeita a temperaturas elevadas por um tempo maior
de exposição, até que ocorra a queima total do conteúdo do edifício.

Em resumo, a taxa de combustão de um incêndio pode ser determinada pela


velocidade do suprimento de ar, estando implicitamente relacionada com a quantidade
de combustível e sua disposição da área do ambiente em chamas e das dimensões
das aberturas. Desse conceito decorre a importância da forma e quantidade de
aberturas em uma fachada.

Mecanismos de movimentação dos gases quentes

Quando se tem um foco de fogo num ambiente fechado, como, por exemplo, em uma
sala, o calor destila gases combustíveis do material e ainda há a formação de outros
gases devido à combustão dos gases destilados. Esses gases podem ser mais ou
menos densos de acordo com a sua temperatura, a qual é sempre maior do que a do
ambiente, e, portanto, possuem uma força de flutuação com movimento ascensional
bem maior que o movimento horizontal. Os gases quentes vão se acumulando junto
ao forro e se espalhando por toda a camada superior do ambiente, penetrando nas
aberturas existentes no local. Os gases quentes, assim como a fumaça, são gerados
por uma fonte de calor (material em combustão) e fluem no sentido ascendente com
formato de cone invertido.
Esta figura é denominada "plume".

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 58


De acordo com a quantidade de materiais combustíveis, de sua disposição, área e
volume do local e das dimensões das aberturas, a taxa de queima pode ser
determinada pela velocidade de suprimento do ar. Entretanto, quando a vazão do ar
for superior às necessidades da combustão, então a taxa de queima não será mais
controlada por esse mecanismo, aproximando-se, nesse caso, à combustão do
material ao ar livre. No incêndio, devido ao alto nível de energia em que ficam
expostos, os materiais destilam gases combustíveis que não queimam no ambiente
por falta de oxigênio. Esses gases superaquecidos, que saem pelas aberturas com
temperaturas muito superiores às de sua autoignição, encontram o oxigênio do ar
externo ao ambiente e têm seu ponto de ignição, formando grandes labaredas. As
chamas assim formadas são as responsáveis pela rápida propagação vertical nos atuais
edifícios que não possuem sistemas para evitá-las.

Instalações preventivas de proteção contra incêndio


A propagação do incêndio entre edifícios isolados pode se dar através dos seguintes
mecanismos:

1) Radiação térmica emitida: a) pelas aberturas existentes na fachada do edifício


incendiado; b) pela cobertura do edifício incendiado; c) pelas chamas que saem pelas

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 59


aberturas na fachada ou pela cobertura; d) pelas chamas desenvolvidas pela própria
fachada quando ela for composta por materiais combustíveis;

2) Convecção, que ocorre quando os gases quentes emitidos pelas aberturas


existentes na fachada ou pela cobertura do edifício incendiado atingem a fachada do
edifício adjacente;

3) Condução, que ocorre quando as chamas da edificação ou parte da edificação


contígua à outra a atingem, transmitindo calor e incendiando-a.

Dessa forma há duas maneiras de isolar uma edificação em relação à outra. São:

1) Por meio de distanciamento seguro (afastamento) entre as fachadas das


edificações;
2) Por meio de barreiras estanques entre edifícios contíguos.

Com a previsão das paredes corta-fogo, uma edificação é considerada totalmente


estanque em relação à edificação contígua. O distanciamento seguro entre edifícios
pode ser obtido por meio de uma distância mínima horizontal entre fachadas de
edifícios adjacentes, capaz de evitar a propagação de incêndio entre os mesmos,
decorrente do calor transferido por radiação térmica através da fachada e/ou por
convecção através da cobertura. Em ambos os casos, o incêndio irá se propagar,
entrando em contato através das aberturas com os materiais localizados no interior
dos edifícios adjacentes e/ou com materiais combustíveis localizados nas próprias
fachadas.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 60


Compartimentação vertical e horizontal

A partir da ocorrência de inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio,


ele poderá propagar-se para outros ambientes através dos seguintes mecanismos
principais:

1) Convecção de gases quentes dentro do próprio edifício;


2) Convecção dos gases quentes que saem pelas janelas (incluindo as chamas)
capazes de transferir o fogo para pavimentos superiores;
3) Condução de calor através das barreiras entre compartimentos;
4) Destruição dessas barreiras. Diante da necessidade de limitação da propagação do
incêndio, a principal medida a ser adotada consiste na compartimentação, que visa a
dividir o edifício em células capacitadas a suportar a queima dos materiais combustíveis
nelas contidos, impedindo o alastramento do incêndio.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 61


Os principais propósitos da compartimentação são:

1) Conter o fogo em seu ambiente de origem;


2) Manter as rotas de fuga seguras contra os efeitos do incêndio;
3) Facilitar as operações de resgate e combate ao incêndio. A capacidade dos
elementos construtivos de suportar a ação do incêndio denomina-se “resistência ao
fogo” e se refere ao tempo durante o qual conservam suas características funcionais
(de vedação e/ou estrutural).

O método utilizado para determinar a resistência ao fogo consiste em expor um


protótipo (reproduzindo tanto quanto possível as condições de uso do elemento
construtivo no edifício) a uma elevação padronizada de temperatura em função do
tempo. Ao longo do tempo, são feitas medidas e observações para determinar o
período no qual o protótipo satisfaz a determinados critérios relacionados com a função
do elemento construtivo no edifício. O protótipo do elemento de compartimentação
deve obstruir a passagem do fogo, mantendo sua integridade (recebe por isso a
denominação de corta-fogo).

A elevação padronizada de temperatura utilizada no método para determinação da


resistência ao fogo constitui-se em uma simplificação das condições encontradas nos
incêndios e visa a reproduzir somente a fase de inflamação generalizada. Deve-se
ressaltar que, de acordo com a situação particular do ambiente incendiado, irão ocorrer
variações importantes nos fatores que determinam o grau de severidade de exposição,
que são:

1) Duração da fase de inflamação generalizada;


2) Temperatura média dos gases durante essa fase;
3) Fluxo de calor médio através dos elementos construtivos.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 62


Os valores de resistência ao fogo a serem requeridos para a compartimentação na
especificação foram obtidos tomando-se por base:

1) A severidade (relação temperatura x tempo) típica do incêndio;


2) A severidade obtida nos ensaios de resistência ao fogo.

A severidade típica do incêndio é estimada de acordo com a variável ocupação


(natureza das atividades desenvolvidas no edifício).
A compartimentação horizontal se destina a impedir a propagação do incêndio de
forma que grandes áreas sejam afetadas, dificultando sobremaneira o controle do
incêndio, aumentando o risco de ocorrência de propagação vertical e aumentando o
risco à vida humana.

A compartimentação horizontal pode ser obtida através dos seguintes dispositivos:

1) Paredes e portas corta-fogo;


2) Registros corta-fogo nos dutos que transpassam as paredes corta-fogo;
3) Selagem corta-fogo da passagem de cabos elétricos e tubulações das paredes corta-
fogo;
4) Afastamento horizontal entre janelas de setores compartimentados.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 63


A compartimentação vertical se destina a impedir o alastramento do incêndio entre
andares e assume caráter fundamental para o caso de edifícios altos em geral. A
compartimentação vertical deve ser tal que cada pavimento componha um
compartimento isolado. Para isso, são necessários:

1) Lajes corta-fogo;
2) Enclausuramento das escadas através de paredes e portas corta-fogo;
3) Registros corta-fogo em dutos que intercomunicam os pavimentos;
4) Selagem corta-fogo de passagens de cabos elétricos e tubulações através das lajes;
5) Utilização de abas verticais (parapeitos) ou abas horizontais projetando-se além da
fachada, resistentes ao fogo e separando as janelas de pavimentos consecutivos
(nesse caso, é suficiente que esses elementos mantenham suas características
funcionais, obstruindo dessa forma a livre emissão de chamas para o exterior).

Resistência ao fogo das estruturas

Uma vez que o incêndio atingiu a fase de inflamação generalizada, os elementos


construtivos no entorno de fogo estarão sujeitos à exposição de intensos fluxos de
energia térmica. A capacidade dos elementos estruturais de suportar por determinado
período tal ação, que se denomina de resistência ao fogo, permite preservar a
estabilidade estrutural do edifício.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 64


Durante o incêndio, a estrutura do edifício como um todo estará sujeita a esforços
decorrentes de deformações térmicas, e os seus materiais constituintes estarão sendo
afetados (perdendo resistência) por atingir temperaturas elevadas.
O efeito global das mudanças promovidas pelas altas temperaturas alcançadas nos
incêndios sobre a estrutura do edifício traduz-se na diminuição progressiva da sua
capacidade portante.

Durante esse processo, pode ocorrer que, em determinado instante, o esforço atuante
em uma seção se iguale ao esforço resistente, podendo ocorrer o colapso do elemento
estrutural. Os objetivos principais ao se garantir a resistência ao fogo dos elementos
estruturais são:

1) Possibilitar a saída dos ocupantes da edificação em condições de segurança;


2) Garantir condições razoáveis para o emprego de socorro público, em que se permita
o acesso operacional de viaturas, equipamentos e seus recursos humanos, com tempo
hábil para exercer as atividades de salvamento (pessoas retidas) e combate a incêndio
(extinção);
3) Evitar ou minimizar danos ao próprio prédio, a edificações adjacentes, à
infraestrutura pública e ao meio ambiente.

Em suma, as estruturas dos edifícios, principalmente as de grande porte,


independentemente dos materiais que as constituam, devem ser dimensionadas de
forma a possuírem resistência ao fogo compatível com a magnitude do incêndio que
possam vir a ser submetidas.

A população do edifício deve estar preparada para enfrentar uma situação de incêndio,
quer seja adotando as primeiras providências no sentido de controlar o incêndio, quer
seja abandonando o edifício de maneira rápida e ordenada. Para isso ser possível, é
necessário como primeiro passo a elaboração de planos para enfrentar a situação de
emergência que estabeleçam, em função dos fatores determinantes de risco de
incêndio, as ações a serem adotadas e os recursos materiais e humanos necessários.
A formação de uma equipe com esse fim específico é um aspecto importante desse
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 65
plano, pois permitirá a execução adequada do plano de emergência. Essas equipes
podem ser divididas em duas categorias decorrentes da função a exercer:

1) Equipes destinadas a propiciar o abandono seguro do edifício em caso de incêndio;


2) Equipe destinada a propiciar o combate aos princípios de incêndio na edificação.

Em um edifício, podemos encontrar uma equipe distinta para cada função ou que as
exerça simultaneamente. Tais planos devem incluir a provisão de quadros sinóticos
em distintos setores do edifício (aqueles que apresentem parcela significativa da
população flutuante, como em hotéis) que indiquem a localização das saídas, do
quadro sinótico com o texto "você está aqui" e a dos equipamentos de combate manual
no setor.
Por último, deve-se promover o treinamento periódico dos brigadistas e de toda a
população do edifício.

Planta de risco

É fundamental evitar qualquer perda de tempo quando os bombeiros chegarem ao


edifício em que ocorrer o incêndio. Para isso, é necessário existir em todas as entradas
do edifício (cujo porte pode incidir em dificuldades nas ações dos bombeiros)

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 66


informações úteis ao combate, fáceis de entender, e que localizem por meio de plantas
os seguintes aspectos:

1)Ruas de acesso;
2)Saídas, escadas, corredores e elevadores de emergência;
3)Válvulas de controle de gás e outros combustíveis;
4)Chaves de controle elétrico;
5)Localização de produtos químicos perigosos;
6)Reservatórios de gases liquefeitos, comprimidos e de produtos perigosos.
7)Registros e portas corta-fogo que fechem automaticamente em caso de incêndios e
botoeiras para acionamento manual desses dispositivos;
8)Pontos de saídas de fumaça;
9)Janelas que podem ser abertas em edifícios selados;
10)Painéis de sinalização e alarme de incêndio;
11) Casa de bombas do sistema de hidrantes e de chuveiros automáticos;
12) Extintores etc.;
13)Sistema de ventilação e localização das chaves de controle;
14)Sistemas de chuveiros automáticos e respectivas válvulas de controle;
15)Hidrantes internos e externos e hidrantes de recalque e respectivas válvulas de
controle.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 67


Observações gerais

Cada instalação preventiva de proteção contra incêndio e pânico abordada e exigida


nas edificações ou áreas de risco tem uma finalidade e características próprias;
portanto, em um dimensionamento, superdimensionamento ou a adoção de uma
delas, não implica a eliminação de outra, salvo se previsto expressamente.

Plano de emergência
Na elaboração de um plano de emergência, deverá ter-se em conta os seguintes
fatores:

a) Levantamento e identificação de riscos. Será necessário fazer um


levantamento adequado dos riscos e, em especial, identificar as zonas de maior risco
com vista ao reforço das medidas preventivas nessas áreas;

b) Previsão dos possíveis cenários e das respectivas consequências. Deverá


ser feita uma análise probabilística das potenciais ocorrências negativas; naturalmente
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 68
que, quanto mais graves as consequências do sinistro se preveem, mais cuidadosa e
exaustiva deverá ser tal análise;

c) Listagem dos meios disponíveis ➯ meios humanos: deverá saber-se com


exatidão quais as pessoas implicadas na atuação em caso de emergência e garantir
que elas possuam todos os conhecimentos necessários; na base desses meios
humanos, encontra-se uma equipe de primeira intervenção, devidamente treinada,
não só preparada para atuar perante um sinistro (ex.: incêndio) como também para
proceder à evacuação e coordenar eventual apoio com o exterior. Meios materiais:
todos os meios materiais deverão estar devidamente identificados, localizados em
locais estratégicos e perfeitamente operacionais;

d) Controle das emissões dos alarmes. Deverá indicar a responsabilidade de quem


ordena a emissão do alarme de nível setorial ou geral e em que circunstâncias deverá
ser acionado, procedendo-se de igual modo para eventuais passos posteriores (ex.:
pedido de ajuda exterior aos bombeiros). Por outro lado, deverá prever quais os
quadros técnicos que terão de ser contatados (quer se encontrem ou não na empresa),
em que circunstâncias e quais os meios a utilizar para veicular esse alerta.

e) Elaboração de plantas e esquemas de emergência. Deverá elaborar plantas


e esquemas de emergência para que, tendo em conta os aspectos arquitetônicos das
instalações, se possam localizar com facilidade todo um conjunto de elementos
relacionados com as vias de evacuação, cortes de energia elétrica, extintores e bocas
de incêndio, matérias perigosas armazenadas etc.;

f) Estabelecimento de canais e meios de comunicação. A informação clara e


concisa é um dos aspectos importantes em caso de emergência; assim, é fundamental
haver um procedimento que não ofereça dúvidas de como poderá ser feita a
comunicação da situação de emergência e as respectivas prioridades. Deverão
também estar sempre previstas vias de comunicação alternativas;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 69


g) Colaboração com o exterior e plano de emergência externo. O plano de
emergência deverá sempre contemplar a necessidade de pedir auxílio aos meios
exteriores, como, por exemplo, bombeiros, emergência médica e serviços hospitalares,
polícia, proteção civil, empresas vizinhas, entre outras; em alguns casos,
principalmente nas indústrias de alto risco (ex.: petrolíferas, químicas), os planos de
emergência não se deverão limitar ao interior da empresa, estendendo-o pela periferia
e efetuando, assim, um plano de emergência externo, geralmente coordenado com as
empresas vizinhas e entidades oficiais. É fundamental quer se trate de um plano de
emergência interno ou externo, que a sua articulação com o meio envolvente seja
eficaz, nomeadamente quanto ao nível de troca de informação e disponibilidade de
meios;

h) Plano de evacuação. O plano de emergência não poderá ser considerado


completo se não incluir um plano de evacuação adequado e adaptado no que diz
respeito a:

➯ Características do próprio edifício;


➯ Acessibilidade;

➯ Disponibilidade de acessos e vias de evacuação em toda a área da instalação, com


especial atenção para as zonas consideradas mais perigosas, onde existam pessoas
permanente ou ocasionalmente (ex.: visitantes); no caso de se prever que um acidente
possa afetar a vizinhança, essas medidas deverão ser estendidas ao exterior das
instalações;
➯ Determinar um local de concentração ("ponto de encontro") amplo e afastado dos
locais de risco;
➯ Adequar os caminhos de evacuação, dependendo do tipo de instalação (ex.:
garagem, unidade industrial, edifício de andares);
➯ As vias de evacuação deverão estar identificadas de forma correta, com orientações
visuais em locais estratégicos, contendo alternativas em função do local e do tipo de
sinistro;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 70


➯ Os treinos da evacuação e do combate ao sinistro são igualmente importantes,
devendo estar coordenados entre si.

Orientações fundamentais

Estabelecer os requisitos para a elaboração, manutenção e revisão de um plano de


emergência contra incêndio, visando a proteger a vida, o meio ambiente e o
patrimônio, bem como viabilizar a continuidade dos negócios.

Fornecer informações operacionais das edificações ou áreas de risco ao Corpo


de Bombeiros para otimizar o atendimento de ocorrências.

Padronizar e alocar as plantas de risco de incêndio nas edificações para facilitar o


atendimento operacional prestado pelo Corpo de Bombeiros.

Elaboração do plano de emergência contra incêndio


Para a elaboração de um plano de emergência contra incêndio, é necessário realizar
uma análise preliminar dos riscos de incêndio, buscando identificá-los, relacioná-los e
representá-los em planta de risco de incêndio.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 71
Conforme o nível dos riscos de incêndio existentes, o levantamento prévio e o
plano de emergência devem ser elaborados por engenheiros, técnicos ou especialistas
em gerenciamento de emergências.

O profissional habilitado deve realizar uma análise dos riscos da edificação com
o objetivo de minimizar e/ou eliminar todos os riscos existentes, recomendando-se a
utilização de métodos consagrados, tais como: what if, check list, HAZOP, árvore de
falhas, diagrama lógico de falhas.

O plano de emergência contra incêndio deve contemplar, no mínimo, as


informações detalhadas da edificação e os procedimentos básicos de emergência em
caso de incêndio.

Devem ser consideradas:

a) A localização (urbana, rural, características da vizinhança, distâncias de outras


edificações e/ou riscos, distância da unidade do Corpo de Bombeiros, existência de
Plano de Auxilio Mutuo (PAM));

b) A construção (alvenaria, concreto, metálica, madeira etc.);

c) O tipo de ocupação (industrial, comercial, residencial, escolar etc.);

d) A população total e por setor, área e andar (fixa, flutuante, características, cultura
etc.);

e) A característica de funcionamento (horários e turnos de trabalho e os dias e horários


fora do expediente);

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 72


f) As pessoas portadoras de necessidades especiais;

g) Os riscos específicos inerentes à atividade;

h) Os recursos humanos (brigada de incêndio, brigadas profissionais, grupos de apoio


etc.) e materiais existentes (saídas de emergência, sistema de hidrantes, chuveiros
automáticos, sistema de detecção de incêndio, sistema de espuma mecânica e de
resfriamento, escadas pressurizadas, grupo motogerador etc.).

Alerta: identificada uma situação de emergência, qualquer pessoa pode, pelos


meios de comunicação disponíveis ou sistema de alarme, alertar os ocupantes, os
brigadistas, os bombeiros profissionais civis e o apoio externo. Esse alerta pode ser
executado automaticamente em edificações que possuem sistema de detecção de
incêndio.

Análise da situação: após o alerta, deve ser analisada a situação, desde o


início até o final da emergência, e serem desencadeados os procedimentos
necessários, que podem ser priorizados ou realizados simultaneamente, de acordo com
os recursos materiais e humanos disponíveis no local.

Apoio externo: o Corpo de Bombeiros e/ou outros órgãos locais devem ser
acionados de imediato, preferencialmente por um brigadista, que deve informar:

a) Nome do solicitante e o número do telefone utilizado;

b) Endereço completo, pontos de referência e/ou acessos;

c) Características da emergência, local ou pavimento e eventuais vítimas e suas


condições.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 73


Primeiros socorros: prestar os primeiros socorros às possíveis vítimas,
mantendo ou estabelecendo suas funções vitais, até que se obtenha o socorro
especializado.

Eliminar os riscos: por meio do corte das fontes de energia (elétrica etc.)
e do fechamento das válvulas das tubulações (GLP, oxiacetileno, gases, produtos
perigosos etc.), quando possível e necessário, da área sinistrada atingida ou geral.

Abandono de área: proceder ao abandono da área parcial ou total,


quando necessário, conforme comunicação preestabelecida, conduzindo a população
fixa e flutuante para o ponto de encontro, ali permanecendo até a definição final da
emergência. O plano deve contemplar ações de abandono para portadores de
deficiência física permanente ou temporária, bem como as pessoas que necessitem de
auxílio (idosos, gestantes etc.).

Isolamento da área: isolar fisicamente a área sinistrada de modo a garantir os


trabalhos de emergência e evitar que pessoas não autorizadas adentrem no local.

Confinamento do incêndio: confinar o incêndio de modo a evitar a sua


propagação e demais consequências.
Combate ao incêndio: proceder ao combate, quando possível, até a extinção do
incêndio, restabelecendo a normalidade.

Investigação: levantar as possíveis causas do sinistro e os demais


procedimentos adotados com o objetivo de propor medidas preventivas e corretivas
para evitar a sua repetição.

Deve ser prevista a interface do plano de emergência contra incêndio com


outros planos da edificação ou área de risco (produtos perigosos, explosões,
inundações, pânico etc.).

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 74


Divulgação e treinamento do plano de emergência contra incêndio

O plano de emergência contra incêndio deve ser amplamente divulgado aos


ocupantes da edificação de forma a garantir que todos tenham conhecimento dos
procedimentos a serem executados em caso de emergência. Sugere-se que os
visitantes sejam informados sobre o plano de emergência contra incêndio da edificação
por meio de panfletos, vídeos e/ou palestras.

O plano de emergência contra incêndio deve fazer parte dos treinamentos de


formação, treinamentos periódicos e reuniões ordinárias dos membros da brigada de
incêndio, dos brigadistas profissionais, do grupo de apoio etc.

Exercícios simulados

Devem ser realizados exercícios simulados de abandono de área, parciais e


completos, na edificação, com a participação de todos os ocupantes, sendo
recomendada uma periodicidade máxima de um ano para simulados completos.

Imediatamente após o simulado, deve ser realizada uma reunião


extraordinária para avaliação e correção das falhas ocorridas, com a elaboração de ata
na qual constem:

a) Data e horário do evento;

b) Tempo gasto no abandono;

c) Tempo gasto no retorno;

d) Atuação dos profissionais envolvidos;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 75


e) Comportamento da população;

f) Participação do Corpo de Bombeiros e tempo gasto para a sua chegada;

g) Ajuda externa (por exemplo: PAM – Plano de Auxílio Mútuo etc.);

h) Falha de equipamentos;

i) Falhas operacionais;

j) Demais problemas levantados na reunião.

Manutenção do plano de emergência contra incêndio

Devem ser realizadas reuniões periódicas com o coordenador geral da


brigada de incêndio, chefes e líderes de brigada de incêndio, um representante dos
brigadistas profissionais (se houver) e um representante do grupo de apoio, com
registro em ata e envio às áreas competentes para as providências pertinentes.

Nas reuniões periódicas, devem ser discutidos os seguintes itens:

a) Calendário dos exercícios de abandono;

b) Funções de cada pessoa dentro do plano de emergência contra incêndio;

c) Condições de uso dos equipamentos de combate a incêndio;

d) Apresentação dos problemas relacionados à prevenção de incêndios encontrados


nas inspeções para que sejam feitas propostas corretivas;

e) Atualização de técnicas e táticas de combate a incêndio;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 76


f) Outros assuntos.

Devem ser realizadas reuniões extraordinárias para análise de situação


sempre que:

a) Ocorrer um sinistro;

b) For identificado um perigo iminente;

c) Ocorrer uma alteração significativa dos processos industriais ou de serviços de


área ou de leiaute;

d) Houver a previsão e execução de serviços que possam gerar algum risco.

Revisão do plano de emergência contra incêndio


O Plano de emergência contra incêndio deve ser revisado por profissional
habilitado sempre que:

a) Ocorrer uma alteração significativa nos processos industriais e processos de


serviços de área ou leiaute;

b) For constatada a possibilidade de melhoria do plano;

c) Completar 12 meses da última revisão.

As alterações significativas nos processos industriais e processos de serviços,


de área ou leiaute devem ser acompanhadas de uma avaliação por um profissional
habilitado, preferencialmente aquele que elaborou o plano de emergência contra
incêndio, a fim de que avalie e efetue as eventuais alterações necessárias.
As avaliações do plano devem contar com a colaboração do coordenador geral da
brigada de incêndio, dos líderes da brigada de incêndio, um representante dos
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 77
brigadistas profissionais (se houver na edificação), um representante do grupo de
apoio e os profissionais responsáveis pelas alterações significativas nos processos
industriais, processos de serviços, de área ou de leiaute.

Auditoria do plano
Um profissional habilitado deve realizar uma auditoria do plano a cada 12
meses, preferencialmente antes de sua revisão. Nessa auditoria, deve-se avaliar se o
plano está sendo cumprido em conformidade, bem como verificar se os riscos
encontrados na análise elaborada pelo profissional habilitado foram minimizados ou
eliminados.

Procedimento para vistoria do Corpo de Bombeiros


O plano de emergência contra incêndio não deve ser exigido por ocasião da
vistoria para fins de emissão do certificado de vistoria, sendo obrigatórias apenas a
planilha de informações operacionais e a planta de risco de incêndio. Entretanto, uma
cópia do plano de emergência contra incêndio deve estar disponível para consulta em
local de permanência humana constante (portaria, sala de segurança etc.), podendo
ser requisitada pelo Corpo de Bombeiros na vistoria, em treinamento ou em situações
de emergência.

Planilha de informações operacionais


A planilha de informações operacionais se constitui no resumo de dados
sobre a edificação, sua ocupação e detalhes úteis para o pronto atendimento
operacional do Corpo de Bombeiros. As informações operacionais devem ser
fornecidas por meio do preenchimento de planilha. Essa planilha de informações
operacionais deve ser apresentada por ocasião do pedido de vistoria a ser realizada
na edificação ou área de risco.

Quando da substituição de projeto ou alteração dos riscos existentes na edificação,


deve ser feita a atualização da planilha de informações operacionais.
O serviço de segurança contra incêndio deve encaminhar uma cópia da planilha de
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 78
informações operacionais para COBOM (CIOSP) e para o posto de bombeiros
responsável pelo atendimento daquela localidade.

Planta de risco de incêndio

A Planta de risco de incêndio visa a facilitar o reconhecimento do local por parte das
equipes de emergência e dos ocupantes da edificação e das áreas de risco.

Planta de risco de incêndio deve fornecer as seguintes informações:

a) Principais riscos (explosão e incêndio);

b) Paredes e portas corta-fogo;

c) Hidrantes externos;

d) Número de pavimentos;

e) Registro de recalque;

f) Reserva de incêndio;

g) Local de manuseio e/ou armazenamento de produtos perigosos;

h) Vias de acesso às viaturas do Corpo de Bombeiros;

i) Hidrantes urbanos próximos da edificação;

j) Localização das saídas de emergência.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 79


A planta de risco de incêndio deve permanecer na entrada da edificação, portaria ou
recepção, nos pavimentos de descarga e junto ao hall dos demais pavimentos de forma
que seja visualizada por ocupantes da edificação e pelas equipes do Corpo de
Bombeiros em caso de emergências.

Modelo de uma planta de risco de incêndio

A planta de risco de incêndio deve ser conferida pelo vistoriador no local a ser fixada
a partir da primeira vistoria em que a edificação ou área de risco estiver ocupada. Por
ocasião de substituição de projeto ou alteração dos riscos existentes na edificação,
deve ser feita a substituição da planta de risco de incêndio.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 80


Descrição da edificação ou área de risco

Identificação da edificação: identificar o nome da empresa.

Localização: indicar o tipo de localização: se urbana ou rural, endereço, característica


da vizinhança, distância do Corpo de Bombeiros e meios de ajuda externa.

Estrutura: indicar o tipo, por exemplo, de alvenaria, concreto, metálica, madeira etc.

Dimensões: indicar área total construída e de cada uma das edificações, altura de
cada edificação, número de andares, se há subsolos, garagens e outros detalhes.
Ocupação: indicar o tipo de ocupação de acordo com o regulamento de segurança
contra incêndio.

População: indicar a população fixa e flutuante, além de suas características, total e


por setor, área e andar.

Características de funcionamento: indicar os horários e turnos de trabalho, os


dias e horários fora do expediente de funcionamento e as demais características da
planta, departamentos, responsáveis e ramais internos.

Pessoas portadoras de necessidades especiais: indicar o número de pessoas e


sua localização na planta.

Riscos específicos inerentes à atividade: detalhar todos os riscos existentes (por


exemplo: cabine primária, caldeira, equipamentos, cabine de pintura etc.).

Recursos humanos: indicar o número de membros da Brigada de Incêndio, de


Brigadistas Profissionais, de Corpo de Bombeiros e outros meios de ajuda externa.

Sistemas de Segurança contra incêndio: indicar os equipamentos e recursos


existentes (sistema de hidrantes, chuveiros automáticos, sistema de espuma e
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 81
resfriamento, reserva técnica de incêndio, reserva de
líquido gerador de espuma, grupo motogerador etc.).

Rotas de fuga: indicar as rotas de fuga e os pontos de encontro, mantendo-os


sinalizados e desobstruídos.

Primeiros socorros e hospitais próximos: deve indicar quem são as pessoas


habilitadas para prestar os primeiros socorros às eventuais vítimas e os hospitais
próximos.
Eliminar riscos: deve indicar quem é a pessoa responsável pelo corte da energia
elétrica (parcial ou total) e pelo fechamento das válvulas das tubulações se necessário.
Abandono de área: deve indicar a metodologia a ser usada caso seja necessário
abandonar o prédio e as pessoas responsáveis por esse processo.

Isolamento de área: deve indicar a metodologia a ser usada para isolar as áreas
sinistradas e as pessoas responsáveis por esse processo.

Confinamento do incêndio: deve indicar a metodologia a ser usada para evitar a


propagação do incêndio e suas consequências, bem como as pessoas responsáveis
por esse processo.

Combate ao incêndio: deve indicar quem vai combater o incêndio e os meios a


serem utilizados em seu combate.

Investigação: após o controle total da emergência e a volta à normalidade,


o chefe da brigada deve iniciar o processo de investigação e elaborar um relatório, por
escrito, sobre o sinistro e as ações de contenção, para as devidas providências e/ou
investigação.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 82


Responsabilidade pelo plano: o responsável pela empresa (preposto) e o
responsável pela elaboração do plano de emergência contra incêndio devem assinar o
plano.

Definição de primeiros socorros

São os procedimentos de emergência que devem ser aplicados a uma pessoa em


perigo de vida, visando a manter os sinais vitais e evitando o agravamento de seu
estado de saúde, até que ela receba assistência definitiva.
Significa:

✓ Atendimento imediato;
✓ Prestado à vítima de um acidente;
✓ Mal súbito.

Aspectos legais dos primeiros socorros

Obrigação legal abaixo, condições em que será obrigação moral:

1) Quando a função profissional exigir;


2) Quando preexistir uma responsabilidade intrínseca;
3) Após iniciar o atendimento de socorro.

Importante: caso de omissão de socorro

Segundo o Código Penal Brasileiro, qualquer indivíduo, mesmo o leigo na área da


saúde (pertencente a qualquer outra área de trabalho, ocupação ou estudo), tem o
dever de ajudar um necessitado ou acidentado ou simplesmente chamar ajuda para
ele. Do contrário, sofrerá complicações penais.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 83


Artigo 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou
em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública:
Pena. Detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único. A pena é
aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.

Finalidade

✓ Manter a vida;
✓ Reduzir o agravamento das lesões;
✓ Encaminhar para socorro adequado.

Importante: segurança da cena; estado de consciência; vias aéreas; respiração;


circulação.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 84


Segurança da cena

Tem como objetivo preservar a vida do socorrista. Para atingir esse objetivo, é
necessário:

- Verificar se o ambiente está seguro;


- Utilizar equipamentos de segurança;
- Sinalizar área.

Vias aéreas

a) São classificadas em vias aéreas superiores e estabilização da coluna cervical.


Nesse sentido, é fundamental:

• Falar com a vítima;


• Imobilizar a coluna cervical;
• Posicionar a vítima (de costas em uma superfície dura);
• Efetuar manobras de elevação do queixo ou da mandíbula;
• Visualizar a cavidade oral e retirar corpos estranhos.

Respiração e ventilação

* O tórax do paciente;
* Ver, ouvir e sentir se há movimento respiratório;
* Realizar respiração boca a boca.

Verificar a respiração

• Sentir o ar que é expirado;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 85


• Observar os movimentos respiratórios no tórax.

Parada respiratória

• Posicionar a cabeça;
• Iniciar a respiração boca a boca.

Circulação com controle de hemorragias

• Verificar a existência de pulso;


• Iniciar massagem cardíaca na ausência de pulso;
• Controlar sangramentos;
• Aquecer o paciente;
• Lembrar-se de manter a cabeça alinhada.

RCP – Ressuscitação cardiopulmonar

Segundo a Aliança dos Comitês de Ressuscitação, as diretrizes são para que leigos
executem as compressões torácicas de forma contínua, fazendo manter o fluxo
contínuo de sangue para o coração, cérebro e outros órgãos vitais, permitindo a
manutenção da vida por mais tempo.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 86


Estado de choque

O choque ocorre quando o sistema circulatório falha em mandar sangue para as


diversas partes do corpo.

Sinais e sintomas

✓ Pulso rápido;
✓ Respirações curtas, rápidas e irregulares;
✓ Pele fria e úmida; pálida e arroxeada nas extremidades;
✓ Agitação ou depressão do nível de consciência.

Hemorragias e/ou fraturas graves

✓ Dor intensa;
✓ Queimaduras graves
✓ Esmagamentos ou amputações;
✓ Exposições prolongadas a frio ou calor extremos;
✓ Acidente por choque elétrico;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 87


✓ Ferimentos extensos ou graves;
✓ Infecções graves.

Conduta

✓ Deitar a vítima de costas, com a cabeça alinhada e cervical imobilizada,


elevando os membros inferiores se não houver fraturas;
✓ Se houver hemorragia, comprimir o local;
✓ Cobrir a vítima;
✓ Providenciar transporte para remoção imediata a serviço de emergência de
hospital.

Hemorragia

Conceito: é a perda constante de sangue ocasionada pelo rompimento de um ou mais


vasos sanguíneos (veias ou artérias).

Classificação: a hemorragia pode ser externa ou interna.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 88


Hemorragia externa: é aquela que é visível, sendo, portanto mais fácil de identificar.
Se não for prestado atendimento, pode levar ao estado de choque. A hemorragia pode
ser arterial ou venosa. Na arterial, a saída de sangue acompanha os batimentos
cardíacos. Na venosa, o sangue sai continuamente.

Atendimento para hemorragia externa:

➢ Proteger-se com luvas (sempre que em contato com sangue ou fluidos


corpóreos). Identificar o local exato da hemorragia: o sangue espalha-se, e
podemos estar realizando atendimento no local errado;
➢ Colocar um pano limpo dobrado no local do ferimento que ocasiona a
hemorragia;
➢ Colocar a atadura em volta ou fazer uma atadura improvisada com tiras largas
ou cintos. Não utilizar objetos que possam causar dificuldade circulatória
(arames, barbante, fios etc.). Faça um curativo compressivo sem prejudicar a
circulação daquele membro;
➢ Se a hemorragia for em braço ou perna, eleve o membro; só não o faça se
houver fraturas. Pressione a área com os seus dedos (ponto de pressão) para
auxiliar a estancar a hemorragia;
➢ Caso o sangue continue saindo mesmo após a realização do curativo
compressivo, não retire os panos molhados de sangue;
➢ Coloque outro pano limpo em cima e uma nova atadura, evitando, com isso,
interferir no processo de coagulação;
➢ Evite usar torniquete, pois ele pode levar à amputação cirúrgica de membro se
não for afrouxado corretamente e no tempo certo;
➢ Se a hemorragia for abundante, pegue uma camisa ou um cinto, coloque um
pouco acima da hemorragia, dê um nó e puxe. Fique segurando firme: isso vai
diminuir a chegada de sangue ao local. Esse método é para substituir o
torniquete e não causa lesões circulatórias, pois, cada vez que o socorrista
cansar e tiver de "tomar fôlego", vai diminuir a pressão e aquela área será
irrigada com sangue arterial.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 89
Ferimentos

✓ Ferimento por arma branca;


✓ Ferimentos por arma de fogo;
✓ Acidente automobilístico;
✓ Queda de altura;
✓ Atropelamento;
✓ Agressão;
✓ Esportes de risco.

Fratura

Definição: fratura é a quebra de um osso. Pode ser completa (quando ocorre a


separação ou ruptura total de um osso) ou incompleta (fissura), quebra parcial com
ou sem desvio dos fragmentos.

Classificação de fraturas

a) Fechadas: quando não há solução de continuidade entre a pele e o osso


fraturado (trinca);

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 90


b) Abertas: quando existe um ferimento no local da fratura, porém o osso não se
expõe;
c) Expostas: quando existe uma abertura na pele por onde se expõe parte do
osso fraturado.

Como diagnosticar uma fratura: a inchação, a deformidade e a dor são os sintomas


mais comuns. Para melhor avaliação, estimule o socorrido a mobilizar o membro
afetado. As vítimas que apresentarem sinais de fratura do fêmur e fraturas múltiplas
na bacia devem ser levadas ao hospital imediatamente, pois essas fraturas costumam
sangrar muito. Ao sofrer uma fratura do fêmur, a vítima poderá perder até 1,5 litro de
sangue. Já se apresentar fraturas múltiplas da bacia, esse mesmo paciente poderá
perder até 3 litros de sangue.

Sinais e sintomas

✓ Dor intensa que aumenta com o movimento;


✓ Inchação do ponto fraturado;
✓ Deformidade de contorno;
✓ Perda de função (dificuldade de movimento);
✓ Posição anormal do membro fraturado;
✓ Mobilidade insólita de um ponto como se ali houvesse uma nova articulação;
✓ Sensação de crepitação.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 91


Conduta

✓ Não mover o paciente antes de conhecer a lesão;


✓ Não lhe permitir levantar-se ou sentar-se;
✓ Não lhe dar álcool ou estimulantes;
✓ Não remover a vítima sem uma prévia imobilização;
✓ Imobilize o local de modo a impedir que o osso fraturado se mexa e danifique
as partes moles. A imobilização costuma reduzir a dor;
✓ Não tente de forma alguma colocar o osso no lugar;
✓ Se houver ferimento na pele, lave com água e sabão e coloque uma compressa
de gaze cobrindo a região afetada antes de imobilizar.

Queimaduras

São agentes causadores: chama, brasa ou fogo; vapores quentes; líquidos ferventes;
sólidos superaquecidos ou incandescentes; substância química; radiações; frio
excessivo; eletricidade.

Térmicas

Causadas pela condução do calor através de líquidos, sólidos, gases quentes e do calor
de chamas.
Conduta: não interessa qual a profundidade da queimadura térmica, o primeiro
cuidado é a interrupção da atividade agressiva aos tecidos orgânicos do agente
agressor. Utilização de água corrente na zona lesada. Nunca estoure as bolhas que
se poderão formar na queimadura.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 92


Elétricas

Causadas pelo contato com a eletricidade de alta e baixa voltagem. O dano é causado
pela produção de calor que ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o corpo.
Conduta: a principal prioridade está em determinar se a vítima ainda permanece em
contato com a rede elétrica.

• Podem causar paradas cardíacas, e a reanimação cardiopulmonar pode ser


necessária;
• Deve-se encaminhar para o hospital.

Químicas

Provocadas pelo contato de substâncias corrosivas, líquidas ou sólidas com a pele. O


produto químico continua a reagir até ser totalmente removido. A pele libera água que
permite qualquer reação, portanto é melhor lavar e diluir com grande quantidade de
água.
Conduta: retirar a roupa impregnada pela substância. A lavagem deve começar
imediatamente.
Importante: identificar o produto.

Radiação

Resulta da exposição à luz solar ou a fontes nucleares. A pele libera água que permite
qualquer reação, portanto é melhor lavar e diluir com grande quantidade de água.
Conduta: aplicar água corrente ou toalhas molhadas; ingerir bastantes líquidos pelo
risco de desidratação.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 93


O que NÃO fazer?

• Não toque a área afetada;


• Nunca fure as bolhas;
• Não tente retirar pedaços de roupa grudados na pele. Se necessário, recorte
em volta da roupa que está sobre a região afetada;
• Não use manteiga, pomada, creme dental ou qualquer outro produto doméstico
sobre a queimadura;
• Não cubra a queimadura com algodão;
• Não use gelo ou água gelada para resfriar a região.

Desmaio: é a perda súbita e passageira, parcial ou total da consciência, acompanhada


de uma baixa temporária de suprimento sanguíneo e oxigênio no cérebro.
Sinais e sintomas: visão escurecida e perda parcial ou total da consciência; tontura e
palidez.

Crise convulsiva: é uma doença do sistema nervoso, não transmissível, que se


caracteriza por contrações desordenadas da musculatura, geralmente com perda da
consciência.
Sintomas: salivação abundante; perda de urina; movimentos desordenados dos
membros.
Causas: epilepsia; hipoglicemia; overdose; abstinência alcoólica; meningite; lesões
cerebrais: tumores, derrames e febre alta.
Conduta: avaliar a cena; lateralizar todo o corpo; não tentar conter mecanicamente a
crise; afastar tudo que possa lesar a pessoa; afrouxar as roupas; pedir ajuda e
aguardar cessar a crise.
Fase de recuperação: uma crise convulsiva leva em torno de 3 a 7 minutos. Após isso,
vem:

• O estado de sonolência;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 94


• Confusão mental;
• Reorganização do pensamento.

Asfixia: é causada por obstrução das via aérea. Suas manifestações incluem:

• Ausência ou dificuldade para falar;


• Angústia respiratória.

Acidentes por animais peçonhentos

O que são animais peçonhentos?

Animais peçonhentos são aqueles que produzem substância tóxica e apresentam um


aparelho especializado para inoculação dessa substância que é o veneno, possuem
glândulas que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o
veneno passa ativamente.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 95


Quais são os animais peçonhentos de importância em saúde pública?

Serpentes do grupo da jararaca, cascavel, surucucu e coral verdadeira; algumas


aranhas, como a aranha marrom, armadeira e a viúva-negra, além dos escorpiões
preto e o amarelo.

Primeiros socorros: muitos procedimentos, embora não recomendados, são ainda


amplamente empregados como medidas visando a retardar a absorção do veneno.
Boa parte deles pode, na verdade, contribuir para a ocorrência de complicações no
local da picada.

Serpentes: características dos gêneros de serpentes peçonhentas no Brasil.

Fosseta loreal presente

A fosseta loreal, órgão sensorial termorreceptor, é um orifício situado entre o olho e a


narina, daí a denominação popular de “serpente de quatro ventas”. Indica com
segurança que a serpente é peçonhenta. Todas as serpentes desse gênero são
providas de dentes inoculadores bem desenvolvidos e móveis situados na porção
anterior do maxilar.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 96
Jararaca: possui fosseta loreal ou lacrimal, tendo a extremidade da cauda com
escamas e cor geralmente parda. Nomes populares: caiçara, jararacuçu, urutu,
jararaca do rabo branco, cotiara, cruzeira e outros. As espécies mais agressivas
encontram-se em locais úmidos.

Cascavel: possui fosseta loreal ou lacrimal, a extremidade da cauda apresenta guizo


ou chocalho de cor amarelada. Nomes populares: cascavel, boicininga, maracamboia
etc. Essas serpentes são menos agressivas que as jararacas e encontram-se em locais
secos.

Coral verdadeira: não possui fosseta loreal (atenção: ausência de fosseta loreal é
característica de não venenosas. As corais são exceção). Coloração em anéis
vermelhos, pretos, brancos e amarelos. Nomes populares: coral, coral verdadeira,
boicará etc. São encontradas em tocas e possuem hábitos subterrâneos. Essas
serpentes não são agressivas. Seus acidentes são raros, porém, pelo risco de
insuficiência respiratória aguda, devem ser considerados como graves.

Como prevenir acidentes com animais peçonhentos?

• O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, além de botinas e sapatos,


evita cerca de 80% dos acidentes;
• Cerca de 15% das picadas atingem mãos ou antebraços. Use luvas de aparas
de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas etc. Não
se deve colocar as mãos em buracos;
• Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao
mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Cuidado ao revirar
cupinzeiros;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 97


• Onde há rato, há cobra. Limpe paióis e terreiros, não deixe amontoar lixo. Feche
buracos de muros e frestas de portas;
• Evite acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos, telhas, madeiras, bem como
mato alto ao redor das casas, que atraem e abrigam pequenos animais que
servem de alimentos às serpentes.

Primeiros socorros em casos de acidentes com picadas de cobra

✓ Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão;


✓ Manter o paciente deitado;
✓ Manter o paciente hidratado;
✓ Procurar o serviço médico mais próximo;
✓ Se possível, levar o animal para identificação.

Importante: O que não fazer em casos de acidentes com picadas de cobra.

• Não fazer torniquete ou garrote;


• Não cortar o local da picada;
• Não perfurar ao redor do local da picada;
• Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes;
• Não oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos.

Aranhas

Aranha marrom: aranha pouca agressiva, com hábitos noturnos. Encontrada em pilhas
de tijolos, telhas, beira de barracos, nas residências, atrás de móveis, cortinas e
eventualmente nas roupas.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 98


Aranha armadeira: aranha muito agressiva, com hábitos vespertinos e noturnos.
Encontrada em bananeiras, folhagens, entre madeira e pedras empilhadas e no interior
de residências.

Viúva-negra: encontrada predominantemente no litoral nordestino, causa acidentes


leves e moderados, com dor local acompanhada de contrações musculares, agitação
e sudorese.

Caranguejeiras e tarântulas: apesar de muito comuns, não causam envenenamento.


As que fazem teias áreas geométricas, muito encontradas dentro das casas, também
não oferecem perigo.

Escorpião

Os escorpiões são pouco agressivos e têm hábitos noturnos. Encontram-se em pilhas


de madeira, cercas, sob pedras e nas residências. Duas espécies merecem maior
atenção médica: T. serralatus (amarelo) e T. bahiensis (marrom).

Como prevenir acidentes:

✓ Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas,


lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas;
✓ Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras
e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada;
✓ Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de
um a dois metros junto das casas;
✓ Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas e os escorpiões
podem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o corpo;
✓ Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. É comum a presença
de escorpiões sob dormentes da linha férrea;
✓ O uso de calçados e de luvas de raspas de couro pode evitar acidentes.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 99


Primeiros socorros: lavar o local da picada; usar compressas mornas ajuda no alívio
da dor; procurar o serviço médico mais próximo; se possível, levar o animal para
identificação.

Importante: os soros antipeçonhentos são produzidos no Brasil pelo


Instituto Butantan (São Paulo), pela Fundação Ezequiel Dias (Minas Gerais)
e pelo Instituto Vital Brazil (Rio de Janeiro). Toda a produção é comprada
pelo Ministério da Saúde, que distribui para todo o país por meio das
Secretarias de Estado de Saúde. Assim, o soro está disponível em serviços
de saúde e é oferecido gratuitamente aos acidentados.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 100


Transporte de produtos perigosos
Em todo e qualquer acidente envolvendo o transporte rodoviário de produtos
perigosos, o órgão que receber essa informação deverá de imediato repassá-la ao
plantão do COBOM (Centro de Operações do Corpo de Bombeiros), a quem cabe
avaliar a situação e desencadear as primeiras ações de combate à emergência.

Em função do quadro apresentado, além do acionamento do Corpo de Bombeiros,


outras entidades deverão ser mobilizadas em caso de:

✓ Existência de vazamento de qualquer produto perigoso;


✓ Ocorrência de avarias nas embalagens de armazenamento dos produtos;
✓ Tombamento de veículos com produtos perigosos;
✓ Acidentes de trânsito com veículos transportadores de produtos perigosos em
que haja a necessidade da realização de transbordo da carga;

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 101


✓ Outras ocorrências, como explosões, incêndios ou casos que, de acordo com o
cenário apresentado, possam representar situações de perigo para a segurança
e saúde da comunidade ou para o meio ambiente.

Nos acidentes de trânsito ocorridos nas diversas estradas brasileiras, é


estatisticamente correto afirmar que os primeiros órgãos a tomarem conhecimento
dessas ocorrências são o Corpo de Bombeiros, bem como as Polícias Rodoviárias
Estadual ou Federal, no caso de eles se darem em rodovias estaduais ou federais,
respectivamente. Assim, caberá, na grande maioria dos casos, aos representantes
dessas entidades darem o primeiro atendimento aos acidentes, adotando as
providências iniciais.

As regras básicas do primeiro no local de um acidente com produto perigoso são:

1. Informe sua central de operações;


2. Sinalize e isole a área, desviando o fluxo de trânsito;
3. Aproxime-se cuidadosamente do local, sempre de costas para o vento, tomando o
ponto de vazamento como referência;
4. Avalie se há a possibilidade de entrar na área de risco sem ter contato com o produto
(pisar, tocar ou inalar) para realizar uma melhor avaliação da situação e verificar a
existência de vítimas;
5. Realize a identificação do produto envolvido na ocorrência; caso isso não seja
possível, tente entrar em contato com o motorista do veículo;
6. Repasse as informações à sua central de comunicações para o acionamento dos
demais órgãos, do transportador e do produtor, além do acionamento do plano de
emergência de cada localidade e do plano de emergência da empresa transportadora,
caso exista um.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 102


Identificação do produto

Os caminhões que transportam produtos perigosos possuem símbolos e documentos


que possibilitam a identificação dos produtos transportados de acordo com as normas
da ONU (Organização das Nações Unidas).

Rótulo de risco

Placa em forma de losango que contém o número da classe de risco do produto


transportado, bem como o símbolo dessa classe, que possibilita a identificação do risco
principal do produto, mesmo à distância.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 103


Rótulo de risco - classe 8 - corrosivos

O número situado abaixo do símbolo, no rótulo de risco, indica a classe ou subclasse


da substância, de acordo com a classificação da ONU, que segue:

1. Explosivos:
1.1. Substâncias e artigos com risco de explosão em massa;
1.2. Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em
massa;
1.3. Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão, de
projeção, mas sem risco de explosão em massa;
1.4. Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo;
1.5. Substâncias muito insensíveis, com um risco de explosão em massa, mas que são
tão insensíveis que a probabilidade de iniciação ou de transição de queima para a
detonação, em condições normais de transporte, é muito pequena;
1.6. Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 104


Gases

2.1. Gases inflamáveis;


2.2. Gases não inflamáveis, não tóxicos;
2.3. Gases tóxicos.

3. Líquidos inflamáveis.

4. Sólidos inflamáveis; substâncias sujeitas à combustão espontânea e substâncias


que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis:
4.1. Sólidos inflamáveis;
4.2. Substâncias sujeitas à combustão espontânea;
4.3. Substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis.

5. Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos:


5.1. Substâncias oxidantes;
5.2. Peróxidos orgânicos.

6. Substâncias tóxicas (venenosas) e substâncias infectantes:


6.1. Substâncias tóxicas (venenosas);
6.2. Substâncias infectantes.

7. Materiais radioativos.

8. Corrosivos.

9. Substâncias perigosas diversas.

As cores dos rótulos de risco também estão relacionadas com as


características de periculosidade das substâncias; assim, tem-se:

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 105


Painel de segurança

Trata-se de uma placa de cor laranja que possibilita identificar o nome da substância
transportada, bem como os seus principais riscos.

O número situado na parte superior do painel representa o número de risco e serve


para identificar os riscos principal e subsidiários da substância transportada. O número
de risco pode ser composto por dois ou três algarismos, sendo que a importância do
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 106
risco é registrada da esquerda para a direita. Os algarismos que compõem os números
de risco têm o seguinte significado:

2 - Emissão de gás devido à pressão ou reação química;


3 - Inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases ou líquidos sujeitos a
autoaquecimento;
4 - Inflamabilidade de sólidos ou sólidos sujeitos à combustão espontânea;
5 - Efeito oxidante (favorece incêndio);
6 - Toxicidade;
7 - Radioatividade;
8 - Corrosividade;
9 - Risco de violenta reação espontânea.

Observações:

A letra “X” antes dos algarismos significa que a substância reage perigosamente com
água;
-A repetição de um número indica, em geral, aumento da intensidade daquele risco
específico;
-Quando o risco associado a uma substância puder ser adequadamente indicado por
um único número, este será seguido pelo algarismo 0 (zero).

Exemplos: 23 - gás inflamável; 336 - líquido muito inflamável, tóxico; X338 - líquido
muito inflamável, corrosivo, que reage perigosamente com água (*); 883 - produto
muito corrosivo, inflamável. (*) Não utilizar água, exceto com aprovação de um
especialista.

O número situado na parte inferior do painel de segurança representa o registro da


substância na classificação da ONU; assim, através do painel e com o esse número, é
possível identificar o nome específico do produto transportado; para tanto, há a
necessidade de se consultar a lista de produtos perigosos constante da legislação
pertinente (Portaria Nº 204, de 20/05/97, do Ministério dos Transportes) ou manuais
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 107
técnicos, como o Manual para atendimento de emergências com produtos perigosos,
da ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química e de Produtos Derivados).

Importante: Caso, no primeiro contato com um acidente envolvendo produto


perigoso, não estejam disponíveis nenhuma – ou quaisquer outras – dessas
referências, acione a central de sua entidade para obter informações quanto aos
procedimentos a serem adotados nessa situação.

A figura abaixo apresenta um exemplo de utilização do rótulo de risco e do painel de


segurança num veículo transportador de produtos perigosos.

Documentação de porte obrigatório no transporte

Além da simbologia de risco presente no veículo, os documentos relacionados com a


carga transportada podem fornecer importantes informações sobre a mesma. Entre
esses documentos, destaca-se a ficha de emergência, que é um documento de porte
obrigatório e contém o nome, endereço e telefone do expedidor da carga, além de
informações básicas sobre como proceder com aquele produto em situações
emergenciais. No caso do transporte de produtos perigosos fracionados (cargas
embaladas), o motorista deverá portar tantas fichas quantos forem os produtos.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 108


Procedimentos básicos

Segurança pessoal: o principal aspecto a ser considerado durante o atendimento a


acidentes que envolvem produtos químicos diz respeito à segurança das pessoas,
principalmente das primeiras que chegarem ao local da ocorrência.

O sucesso de uma operação de atendimento a acidentes envolvendo produtos


químicos está associado à rapidez e à eficiência no acionamento das equipes de
atendimento, à avaliação correta e desencadeamento de ações compatíveis com a
situação apresentada e à disponibilidade dos recursos necessários e capacidade de
mobilização.

Etapas de um atendimento emergencial

Os acidentes envolvendo produtos químicos podem ocasionar situações bastante


diferenciadas, necessitando, na maioria das vezes, de um desencadeamento de ações
específicas para cada caso. De uma maneira geral, no entanto, os trabalhos de
atendimento podem ser divididos nas seguintes etapas:

- Sinalização e isolamento da área, garantindo via de acesso para as equipes de


resposta;
- Avaliação inicial;
- Acionamento;

Outras providências:

- isolar a área, afastando os curiosos;


- sinalizar o local do acidente;
- eliminar ou manter longe de todos os focos de ignição;
- cigarro, motores, lanternas etc.;
- procurar atender às recomendações das fichas de emergência;
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 109
- entregar as fichas de emergência aos socorros públicos assim que chegar;
- avisar imediatamente ao transportador, ao embarcador do produto, ao corpo de
bombeiros e à polícia;
- outras informações julgadas necessárias.

Sinalização e isolamento da área

A primeira etapa de um atendimento emergencial referente a um acidente envolvendo


produtos perigosos diz respeito à sinalização do local e ao isolamento da área de forma
a garantir que todas as pessoas não envolvidas com a operação de emergência
mantenham-se afastadas da área de risco. Essa ação deve ser realizada sempre
mantendo-se o vento pelas costas, de modo a evitar a inalação de eventuais vapores
emanados do produto vazado. A sinalização e o isolamento são as primeiras tarefas
que devem ser realizadas para se manter o controle da situação. Para tanto, deve-se
utilizar os recursos necessários para essa operação, como cones de sinalização e faixas
de isolamento, entre outros.

Outro aspecto que deve ser levado em consideração nesse primeiro atendimento diz
respeito à garantia de uma via de acesso para as viaturas das equipes de emergência,
as quais chegarão ao local da ocorrência, que devem ter sua entrada na área facilitada;
dessa forma, é importante que equipes do trânsito operacionalizem essas ações.

Procedimentos básicos

Segurança pessoal: o principal aspecto a ser considerado durante o atendimento a


acidentes que envolvem produtos químicos diz respeito à segurança das pessoas,
principalmente das primeiras que chegarem ao local da ocorrência.

O sucesso de uma operação de atendimento a acidentes envolvendo produtos


químicos está associado à rapidez e à eficiência no acionamento das equipes de
atendimento, à avaliação correta e ao desencadeamento de ações compatíveis com a
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 110
situação apresentada e à disponibilidade dos recursos necessários e capacidade de
mobilização.

Riscos químicos

A seguir, são abordados os principais aspectos a serem observados nos acidentes de


acordo com as classes de risco dos produtos envolvidos.

Classe 1 - explosivos:

O explosivo é uma substância que é submetida a uma transformação química


extremamente rápida, produzindo simultaneamente grandes quantidades de gases e
calor. Devido ao calor, os gases liberados, por exemplo, nitrogênio, oxigênio, monóxido
de carbono, dióxido de carbono e vapor d'água, expandem-se a altíssimas velocidades,
provocando o deslocamento do ar circunvizinho, gerando um aumento de pressão
acima da pressão atmosférica normal (sobrepressão).

Muitas das substâncias pertencentes a essa classe são sensíveis a calor, choque e
fricção, como, por exemplo, azida de chumbo e fulminato de mercúrio. Já outros
produtos dessa mesma classe necessitam de um intensificador para explodirem.

De acordo com a rapidez e a sensibilidade dos explosivos, podem ocorrer dois tipos
de explosões: detonação e deflagração. A detonação é um tipo de explosão em que a
transformação química ocorre muito rapidamente, sendo que a velocidade de
expansão dos gases é muito superior à velocidade do som naquele ambiente (da
ordem de km/s). Já a deflagração é um tipo de explosão na qual a transformação
química é bem mais lenta, sendo que a velocidade de expansão dos gases é, no
máximo, a velocidade do som naquele ambiente. Nesse caso, pode surgir a combustão.

A detonação é caracterizada por apresentar picos de pressão elevada num período


extremamente pequeno de tempo, enquanto que a deflagração comporta-se de

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 111


maneira oposta. A sobrepressão gerada a partir de uma explosão pode atingir valores
elevados, provocando danos destrutivos a edificações e pessoas.

Entende-se por danos catastróficos às estruturas aqueles onde ocorre o seu colapso,
deixando o local sem condições de uso. Danos graves não comprometem a estrutura
como um todo, ou seja, é a ocorrência de danos, como rachaduras, queda de telhado
e porta danificada (arrancada), entre outros.

Exemplos de diferentes tipos de explosivos:

-Substâncias e artefatos com risco de explosão em massa. Ex.: TNT, fulminato de


mercúrio. Essas substâncias geram explosões do tipo detonação;
-Substâncias e artefatos com risco de projeção. Ex.: granadas. Essas substâncias
geram explosões do tipo deflagração;
-Substâncias e artefatos com risco predominante de fogo. Ex.: artigos pirotécnicos;
-Substâncias e artefatos que não apresentam riscos significativos. Ex.: dispositivos
iniciadores;
-Substâncias pouco sensíveis. Ex.: explosivos de demolição.

Por ser a explosão um fenômeno extremamente rápido e incontrolável, as medidas a


serem desencadeadas durante o atendimento a acidentes com produtos desse tipo
deverão ser de caráter preventivo.

Tais medidas incluem o controle dos fatores que podem gerar um aumento de
temperatura (calor), choque e fricção.

Em casos de incêndio, além do risco iminente de explosão, pode-se ter a emanação


de gases tóxicos e/ou venenosos. Nesses casos, a proteção respiratória adequada é o
equipamento autônomo de respiração a ar comprimido, além de roupas especiais.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 112


Nos incêndios envolvendo substâncias explosivas, esses equipamentos
oferecem proteção limitada devido à natureza do produto, ou seja, são
eficientes apenas para a proteção contra gases gerados pelo incêndio, e não
para os efeitos decorrentes de uma eventual explosão.

Outro aspecto importante diz respeito ao atendimento onde a explosão já tenha


ocorrido. De acordo com as características do produto envolvido, nem toda carga
envolvida pode ter sido consumida pela explosão, podendo, portanto, existirem nas
imediações do local da ocorrência produtos intactos, razão pela qual a operação de
remoção dos explosivos deve ser realizada sempre manualmente e com todo o cuidado
requerido.
Classe 2 - gases:

Gás é um dos estados da matéria. No estado gasoso, a matéria tem forma e volume
variáveis. A força de repulsão entre as moléculas é maior que a de coesão. Os gases
são caracterizados por apresentarem baixa densidade e capacidade de se moverem
livremente.
Diferentemente dos líquidos e sólidos, os gases expandem-se e contraem-se
facilmente quando alteradas a pressão e/ou temperatura.
Dessa forma, esta classe contempla os gases nas mais diversas condições conforme
abaixo:

-Gases permanentes - são aqueles que não podem ser liquefeitos à temperatura
ambiente, ou seja, são produtos com temperatura de ebulição bastante baixa. Por
exemplo, ar, argônio e dióxido de carbono;
-Gases liquefeitos - são aqueles que podem se tornar líquidos sob pressão à
temperatura ambiente. Por exemplo, GLP, cloro e amônia;
-Gases dissolvidos - são aqueles que se encontram dissolvidos sob pressão em um
solvente, como é o caso do acetileno;
-Gases permanentes altamente refrigerados - são os gases permanentes que se
encontram armazenados à sua temperatura de ebulição. Por exemplo, oxigênio

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 113


(temperatura de estocagem de -183 ºC) e nitrogênio (temperatura de estocagem de
-196 ºC).

Independentemente do risco apresentado pelo produto, seu estado físico representa


por si só uma grande preocupação, uma vez que os gases expandem-se
indefinidamente até ocuparem todo o recipiente que os contém. Em caso de
vazamento, os gases tendem a ocupar todo o ambiente mesmo quando possuem
densidade diferentes à do ar.

Além do risco inerente ao estado físico, os gases podem apresentar riscos adicionais,
como, por exemplo, inflamabilidade, toxicidade, poder de oxidação e corrosividade,
entre outros.

Alguns gases, como, por exemplo, o cloro, apresentam odor e cor característicos,
enquanto que outros, como é o caso do monóxido de carbono, não apresentam odor
ou coloração, o que pode dificultar a sua identificação na atmosfera, bem como as
ações de controle quando de um eventual vazamento.

Como mencionado anteriormente, os gases sofrem grande influência quando expostos


a variações de pressão e/ou temperatura. A maioria dos gases podem ser liquefeitos
com o aumento da pressão e/ou diminuição da temperatura. A amônia, por exemplo,
pode ser liquefeita quando submetida a uma pressão de aproximadamente 8 kgf/cm2
ou quando submetida a uma temperatura de aproximadamente -33,4º C.

Quando liberados, os gases mantidos liquefeitos por ação da pressão e/ou temperatura
tenderão a passar para seu estado natural nas condições ambientais, ou seja, estado
gasoso. Durante a mudança do estado líquido para o estado gasoso, ocorre uma alta
expansão do produto, gerando volumes gasosos muito maiores do que o volume
ocupado pelo líquido. A isso se denomina taxa de expansão. O cloro, por exemplo,
tem uma taxa de expansão de 457 vezes, ou seja, um volume de cloro líquido gera
457 volumes de cloro gasoso. Com a finalidade de reduzir a taxa de evaporação do
produto, poderá ser aplicada uma camada de espuma sobre a poça formada desde
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 114
que esse material seja compatível com o produto vazado. Em função disso, nos
vazamentos de produtos liquefeitos deverá ser adotada a preferência ao vazamento
na fase gasosa em vez do vazamento na fase líquida.

Uma propriedade físico-química relevante a ser considerada no atendimento a


vazamentos dos gases é a densidade do produto em relação à densidade do ar. Gases
mais densos que o ar tendem a se acumular ao nível do solo e, consequentemente,
terão sua dispersão dificultada quando comparada à dos gases com densidade próxima
ou inferior à do ar. Um outro fator que também dificulta a dispersão dos gases é a
presença de grandes obstáculos, como, por exemplo, as edificações nas áreas urbanas.

Alguns gases considerados biologicamente inertes, ou seja, que não são


metabolizados pelo organismo humano, sob certas condições, podem representar
riscos ao homem. Todos os gases, exceto o oxigênio, são asfixiantes. Grandes
vazamentos, mesmo de gases inertes, reduzem o teor de oxigênio dos ambientes
fechados, causando danos que podem culminar na morte das pessoas expostas.

Assim, em ambientes confinados, deve-se monitorar constantemente a concentração


de oxigênio. Nas situações em que a concentração de oxigênio estiver abaixo de 19,5
% em volume, deverão ser adotadas medidas no sentido de restabelecer o nível
normal de oxigênio, ou seja, em torno de 21 % em volume. Essas medidas consistem
basicamente em ventilação, natural ou forçada, do ambiente em questão.

Em função das características apresentadas pelo ambiente envolvido, a proteção


respiratória utilizada deverá obrigatoriamente ser do tipo autônoma. Nessas situações,
é de fundamental importância o monitoramento frequente do nível de oxigênio e dos
possíveis gases presentes na atmosfera.

Especial atenção deve ser dada quando o gás envolvido for inflamável,
principalmente se ele estiver confinado. Medições constantes dos índices de
explosividade no ambiente, através da utilização de equipamentos intrinsecamente

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 115


seguros, e a eliminação das possíveis fontes de ignição constituem ações prioritárias
a serem adotadas.

De acordo com as características do produto envolvido, e em função do cenário da


ocorrência, pode ser necessária a aplicação de neblina d'água para abater os gases ou
vapores emanados pelo produto.

A operação de abatimento dos gases será tanto mais eficiente quanto maior for a
solubilidade do produto em água, como é o caso da amônia e do ácido clorídrico.

Vale lembrar que a água utilizada para o abatimento dos gases deverá ser contida e
recolhida posteriormente para que ela não cause a poluição dos recursos hídricos
existentes na região da ocorrência. Já para os produtos com baixa solubilidade em
água, o abatimento através de neblina d'água também poderá ser utilizado, sendo
que, nesse caso, a mesma atuará com um bloqueio físico ao deslocamento da nuvem.

Deve-se ressaltar que a neblina d'água deverá ser aplicada somente sobre a nuvem,
e não sobre as eventuais poças formadas pelo gás liquefeito, uma vez que a adição
de água sobre elas provocará uma intensa evaporação do produto, gerando um
aumento dos vapores na atmosfera.

Após o vazamento de um gás liquefeito, a fase líquida do produto estará a uma


temperatura próxima à temperatura de ebulição do produto, ou seja, a um valor baixo
suficiente para que, em caso de contato com a pele, provoque queimaduras.

Outro aspecto relevante nos acidentes envolvendo produtos gasosos é a possibilidade


da ocorrência de incêndios ou explosões. Mesmo os recipientes contendo gases não
inflamáveis podem explodir em casos de incêndio. A radiação térmica proveniente das
chamas é, muitas vezes, suficientemente alta para provocar um aumento da pressão
interna do recipiente, podendo causar sua ruptura catastrófica e, consequentemente,
o seu lançamento a longas distâncias, causando danos a pessoas, estruturas e
equipamentos próximos.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 116
Em muitos casos, dependendo da análise da situação, a alternativa mais segura pode
ser a não extinção do fogo, mas apenas seu controle, principalmente se não houver a
possibilidade de eliminar a fonte do vazamento.

Certas ocorrências envolvendo produtos gasosos de elevada toxicidade ou


inflamabilidade exigem que seja efetuada a evacuação da população próxima ao local
do acidente.

A necessidade ou não da evacuação da população dependerá de algumas variáveis,


como, por exemplo:

Risco apresentado pelo produto envolvido;


-Quantidade do produto vazado;
-Características físico-químicas do produto (densidade, taxa de expansão etc.);
- Condições meteorológicas na região;
-Topografia do local;
- Proximidade a áreas habitadas.

Gases criogênicos:

Os gases criogênicos devem merecer cuidados especiais quando da ocorrência de


vazamentos. Esses gases, para serem liquefeitos, devem ser refrigerados a
temperaturas inferiores a -150 ºC. Devido à sua natureza "fria", os gases criogênicos
apresentam quatro riscos principais:

a. Riscos à saúde.

Os gases criogênicos, devido a baixa temperatura, poderão provocar severas


queimaduras ao tecido, conhecidas por enregelamento, quando do contato com líquido
ou mesmo com o vapor. A formação de uma nuvem a partir de um gás criogênico
sempre representará uma situação de risco, visto que a densidade do vapor será maior
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 117
que a do ar, uma vez que a temperatura é muito baixa, o que provocará o
deslocamento do ar atmosférico e, consequentemente, redução na concentração de
oxigênio no ambiente.

b. Efeitos sobre outros materiais.

A baixa temperatura desses gases acarretará situações de risco, uma vez que o
simples contato do produto com outros materiais poderá danificá-los. Por exemplo, se
houver contato do produto com tanques de armazenamento de produtos químicos,
estes se tornarão quebradiços, acarretando o vazamento do produto estocado.

Outro efeito significativo é a capacidade que os gases criogênicos têm para solidificar
ou condensar outros gases. Não devemos esquecer que a temperatura de solidificação
da água é de 0 ºC à pressão atmosférica. Isso quer dizer que a água presente na
umidade atmosférica poderá congelar; assim, se isso ocorrer próximo a, por exemplo,
uma válvula (que pode ser a do próprio tanque com vazamento), ela apresentará
dificuldade para a realização de manobras. Assim sendo, não se deve jamais jogar
água diretamente sobre um sistema de alívio ou válvulas de um tanque criogênico.
Também não se deve jogar água no interior de um tanque criogênico, pois a ela atuará
como um objeto superaquecido (ela está a 15 ou 20 ºC), acarretando a formação de
vapores e, portanto, aumento da pressão interna do tanque.

c. Intensificação dos riscos do estado gasoso.

Além dos riscos inerentes ao próprio estado gasoso, já contemplado anteriormente, o


vazamento de um gás criogênico poderá intensificar tais riscos. Por exemplo, o
vazamento de oxigênio liquefeito acarretará o aumento da concentração desse produto
no ambiente, o que poderá causar a ignição espontânea de certos materiais orgânicos.
Por tal razão, não devem ser utilizadas roupas de material sintético (náilon), e sim
roupas de algodão. Um aumento de 3% na concentração de oxigênio provocará um
aumento de 100% na taxa de combustão de um produto.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 118


O hidrogênio, por sua vez, pode impregnar-se em materiais porosos, tornando-os mais
inflamáveis que nas condições normais.

d. Alta taxa de evaporação no estado gasoso.

Os gases criogênicos, quando expostos à temperatura ambiente, tendem a se


expandir, gerando volumes gasosos muito superiores ao volume de líquido inicial. Para
o nitrogênio, um litro de produto líquido gera 697 litros de gás, enquanto que para o
oxigênio a proporção é de 863 vezes. Dessa forma, fica claro que os recipientes
contendo gases criogênicos jamais poderão ser aquecidos ou terem seu sistema de
refrigeração danificado sob pena de ocorrer a superpressurização do tanque, sendo
que os sistemas de alívio poderão não suportar a demanda de vapores, acarretando a
ruptura do tanque.

A nuvem gerada pelo vazamento de um gás criogênico será fria, invisível (a parte
visível não indica a extensão total da nuvem), dificultará a visibilidade e tenderá a se
acumular sobre o solo, pois a densidade do produto será maior que a do ar devido à
baixa temperatura.
Dessa forma, algumas regras básicas deverão ser seguidas rigorosamente quando do
atendimento a um acidente envolvendo um gás criogênico, entre as quais destacam-
se:

-Aproxime-se e trabalhe nas áreas livres do derramamento;


-Evite entrar na nuvem. Se o fizer, utilize roupas herméticas não porosas, máscara
autônoma de respiração, luvas de amianto ou de couro e botas de borracha;
Utilize neblina d'água para conter a nuvem e fortes jatos para resfriar os tanques
expostos ao fogo. Não direcione água aos sistemas de alívio de pressão ou nas poças
de produto;
Evacue grandes áreas (600 m) de um tanque criogênico em chamas. Não apague o
fogo a menos que o fluxo de gás possa ser estancado;
Em caso de queimaduras, lave a área com água morna, afrouxe as roupas e encaminhe
a vítima ao hospital;
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 119
Atente para estancar o vazamento, mas, se houver dúvida, controle a situação até
que um técnico da empresa fabricante do produto, com conhecimento mais
especializado, compareça ao local.

Os assuntos abordados neste capítulo levaram em consideração apenas os riscos


inerentes ao estado físico do produto, ou seja, não foram considerados de maneira
detalhada os riscos intrínsecos dos produtos, como, por exemplo, a inflamabilidade,
toxicidade ou corrosividade. As ações específicas a serem desencadeadas de acordo
com o risco apresentado pelo produto serão descritas nos respectivos capítulos.

Classe 3 - líquidos inflamáveis:

Líquidos inflamáveis são líquidos, mistura de líquidos ou líquidos contendo sólidos em


solução ou em suspensão que produzem vapores inflamáveis a temperaturas de até
60,5 ºC em teste de vaso fechado. Via de regra, as substâncias pertencentes a essa
classe são de origem orgânica, como, por exemplo, hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos
e cetonas, entre outros. Para uma resposta mais segura às ocorrências envolvendo
líquidos inflamáveis, faz-se necessário o pleno conhecimento de algumas propriedades
físico-químicas dos mesmos antes da adoção de quaisquer ações.

Essas propriedades, assim como suas respectivas aplicações, estão descritas a seguir:

a. Ponto de fulgor (flash point).

É a menor temperatura na qual uma substância libera vapores em quantidades


suficientes para que a mistura de vapor e ar logo acima de sua superfície propague
uma chama a partir do contato com uma fonte de ignição. Considerando a temperatura
ambiente numa região de 25 ºC, e ocorrendo um vazamento de um produto com ponto
de fulgor de 15 ºC, significa que o produto nessas condições está liberando vapores
inflamáveis, bastando apenas uma fonte de ignição para que haja a ocorrência de um
incêndio ou de uma explosão. Por outro lado, se o ponto de fulgor do produto for de
30 ºC, significa que ele não estará liberando vapores inflamáveis. Então, de acordo
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 120
com o citado, o conceito de ponto de fulgor está diretamente associado à temperatura
ambiente.

b. Limites de inflamabilidade.

Para um gás ou vapor inflamável queimar, é necessário que exista, além da fonte de
ignição, uma mistura chamada "ideal" entre o ar atmosférico (oxigênio) e o gás
combustível. A quantidade de oxigênio no ar é praticamente constante, em torno de
21% em volume. Já a quantidade de gás combustível necessário para a queima varia
para cada produto e está dimensionada através de duas constantes: o Limite Inferior
de Explosividade (LIE) e o Limite Superior de Explosividade (LSE). O LIE é a mínima
concentração de gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de provocar a
combustão do produto a partir do contato com uma fonte de ignição. Concentrações
de gás abaixo do LIE não são combustíveis, pois, nessa condição, tem-se excesso de
oxigênio e pequena quantidade do produto para a queima. Essa condição é chamada
de "mistura pobre".

O LSE é a máxima concentração de gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de


provocar a combustão do produto a partir de uma fonte de ignição. Concentrações
de gás acima do LSE não são combustíveis, pois, nessa condição, tem-se excesso de
produto e pequena quantidade de oxigênio para que a combustão ocorra. É a chamada
"mistura rica".

Os valores do LIE e LSE são geralmente fornecidos em porcentagens de volume


tomadas a aproximadamente 20 ºC e 1 atm. Para qualquer gás, 1% em volume
representa 10000 ppm (partes por milhão). Pode-se então concluir que os gases ou
vapores combustíveis só queimam quando sua percentagem em volume estiver entre
os limites (inferior e superior) de explosividade, que é a mistura "ideal" para a
combustão.

Mistura pobre, mistura ideal e mistura rica


Conforme já mencionado, os valores de LIE e LSE variam de produto para produto.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 121
Existem equipamentos capazes de medir a porcentagem em volume no ar de um gás
ou vapor combustível. Esses instrumentos são conhecidos como explosímetros. Os
explosímetros são equipamentos compostos fundamentalmente por sensores,
resistores e circuitos transistorizados, tendo seu princípio de funcionamento baseado
na Ponte de Wheatstone.

Quando a mistura de gás combustível/ar penetrar no sensor do aparelho, a mesma


entra em contato com um resistor aquecido, provocando sua imediata combustão. O
calor gerado nessa queima modifica o valor do resistor, desequilibrando a Ponte de
Wheatstone. Um circuito eletrônico encarrega-se de acusar uma deflexão no ponteiro
de medição proporcional ao calor gerado pela queima.

Esses equipamentos são blindados e, portanto, à prova de explosões, o que vale dizer
que tanto a combustão que ocorre em seu interior quanto qualquer eventual curto-
circuito em suas partes eletrônicas não provocam explosões, mesmo que o LIE do gás
esteja ultrapassado.

Nas operações de emergência envolvendo gases ou vapores combustíveis, e que


exijam a utilização de explosímetro, é importante que o operador tome algumas
precauções básicas quanto ao seu uso adequado, tais como:

- Calibrar o aparelho sempre em área não contaminada pelo gás;


-Realizar medições frequentes em diversos pontos da região atingida, levando em
conta as propriedades do gás e fatores como localização e direção do vento, entre
outros;
-Em locais onde existam grandes quantidades de gás combustível, é conveniente que
o equipamento seja calibrado após cada medição, evitando assim sua saturação, o que
nem sempre é percebido pelo operador.

Além do ponto de fulgor e do limite de inflamabilidade, outro fator relevante a ser


considerado é a presença de possíveis fontes de ignição.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 122
Nas situações emergenciais, estão presentes, na maioria das vezes, diversos tipos de
fontes que podem ocasionar a ignição de substâncias inflamáveis. Entre elas, merecem
destaque:

-Chamas vivas;
-Superfícies quentes;
-Automóveis;
-Cigarros;
-Faíscas por atrito;
-Eletricidade estática.

Especial atenção deve ser dada à eletricidade estática, uma vez que ela é uma fonte
de ignição de difícil percepção. Trata-se na realidade do acúmulo de cargas
eletrostáticas que, por exemplo, um caminhão-tanque adquire durante o transporte.

Se, por algum motivo, o produto inflamável que esteja sendo transportado, seja líquido
ou gás, tiver de ser transferido para outro veículo ou recipiente, será necessário que
os mesmos sejam aterrados e conectados entre si de modo a evitar a ocorrência de
uma diferença de potencial, o que poderá gerar uma faísca elétrica, representando
assim uma situação de alto potencial de risco.

É importante lembrar que, assim como os equipamentos de medição, todos os demais,


como lanternas e bombas, deverão ser intrinsecamente seguros.

Por questões de segurança, muitas vezes não é recomendável a contenção de um


produto inflamável próximo ao local do vazamento, de modo a se evitar concentrações
altas de vapores em locais com grande movimentação de pessoas ou equipamentos.

Classe 4 - sólidos inflamáveis:

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 123


São substâncias sujeitas à combustão espontânea e substâncias que, em contato com
a água, emitem gases inflamáveis. Essa classe abrange todas as substâncias sólidas
que podem se inflamar na presença de uma fonte de ignição, em contato com o ar ou
com a água, e que não estão classificadas como explosivos. De acordo com o estado
físico dos produtos dessa classe, a área atingida em decorrência de um acidente é,
normalmente, bastante restrita, uma vez que sua mobilidade no meio é muito pequena
quando comparada à dos gases ou líquidos, facilitando assim as operações a serem
desencadeadas para o controle da emergência.

Em função da variedade das características dos produtos dessa classe, eles estão
agrupados em três subclasses distintas, a saber:

Os produtos dessa subclasse podem se inflamar quando expostos ao calor, choque ou


atrito, além, é claro, de chamas vivas. A facilidade de combustão será tanto maior
quanto mais finamente dividido o material estiver. Os conceitos de ponto de fulgor e
limites de inflamabilidade apresentados no capítulo anterior também são aplicáveis aos
produtos dessa classe.

Como exemplos desses produtos, podemos citar o nitrato de ureia e o enxofre.

Subclasse 4.2 - substâncias sujeitas à combustão espontânea:

Nessa subclasse, estão agrupados os produtos que podem se inflamar em contato


com o ar, mesmo sem a presença de uma fonte de ignição. Devido a essa
característica, esses produtos são transportados, na sua maioria, em recipientes com
atmosferas inertes ou submersos em querosene ou água. Quando da ocorrência de
um acidente envolvendo esses produtos, a perda da fase líquida poderá propiciar o
contato deles com o ar, motivo pelo qual a estanqueidade do vazamento deverá ser
adotada imediatamente.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 124


Outra ação a ser desencadeada em caso de acidente é o lançamento de água sobre o
produto, de forma a mantê-lo constantemente úmido, desde que ele seja compatível
com água, evitando assim sua ignição espontânea.

O fósforo branco ou amarelo e o sulfeto de sódio são exemplos de produtos que se


ignizam espontaneamente quando em contato com o ar.

Subclasse 4.3 - substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis:

As substâncias pertencentes a essa classe, por interação com a água, podem tornar-
se espontaneamente inflamáveis ou produzir gases inflamáveis em quantidades
perigosas.

O sódio metálico, por exemplo, reage de maneira vigorosa quando em contato com a
água, liberando o gás hidrogênio que é altamente inflamável. Outro exemplo é o
carbureto de cálcio, que, por interação com a água, libera acetileno.

De uma maneira geral, os produtos dessa classe, e principalmente os das subclasses


4.2 e 4.3, liberam gases tóxicos ou irritantes quando entram em combustão.

Pelo exposto, e associado à natureza dos eventos, as ações preventivas são de suma
importância, pois, quando as reações decorrentes desses produtos se iniciam, ocorrem
de maneira rápida e praticamente incontrolável.

Classe 5 - oxidantes e peróxidos orgânicos:

A classe 5 está dividida nas subclasses 5.1 - oxidantes e 5.2 - peróxidos orgânicos.

Um oxidante é um material que libera oxigênio rapidamente para sustentar a


combustão dos materiais orgânicos. Outra definição semelhante afirma que o oxidante
é um material que gera oxigênio à temperatura ambiente ou quando levemente
aquecido. Assim, pode-se verificar que ambas as definições afirmam que o oxigênio é
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 125
sempre liberado por um agente oxidante. Devido à facilidade de liberação do oxigênio,
essas substâncias são relativamente instáveis e reagem quimicamente com uma
grande variedade de produtos. Apesar de a grande maioria das substâncias oxidantes
não serem inflamáveis, o simples contato delas com produtos combustíveis pode gerar
um incêndio, mesmo sem a presença de fontes de ignição. Outro aspecto a considerar
é a grande reatividade dos oxidantes com compostos orgânicos. Geralmente essas
reações são vigorosas, ocorrendo grandes liberações de calor, podendo acarretar fogo
ou explosão. Mesmo pequenos traços de um oxidante podem causar a ignição de
alguns materiais, tais como o enxofre, a terebentina, o carvão vegetal etc. Com o
aumento da concentração de oxigênio, além do aumento na taxa de combustão de um
produto, a quantidade necessária para a queima será menor, ou seja, o LIE, Limite
Inferior de Explosividade, é reduzido, podendo ocorrer a ignição espontânea do
produto.

Quando aquecidos, alguns produtos dessa subclasse, como, por exemplo, nitratos e
percloratos, entre outros, liberam gases tóxicos que se dissolvem na mucosa do trato
respiratório, produzindo líquidos corrosivos.

Como exemplo de produto oxidante, podemos citar o peróxido de hidrogênio,


comercialmente chamado de água oxigenada. Esse produto é um poderoso agente
oxidante e, em altas concentrações, reage com a maioria dos metais, como Cu, Co,
Mg, Fe, Pb, entre outros, o que acarretará sua decomposição com risco de
incêndio/explosão.

Mesmo sem a presença de uma fonte de ignição, soluções de peróxido de hidrogênio


em concentrações acima de 50% em peso (200 volumes) em contato com materiais
combustíveis podem causar a ignição desses produtos.

Os peróxidos orgânicos são agentes de alto poder oxidante, sendo que a maioria é
irritante para os olhos, pele, mucosas e garganta. Os produtos dessa subclasse
apresentam a estrutura - O - O - e podem ser considerados derivados do peróxido de
hidrogênio (H2O2), onde um ou ambos os átomos de hidrogênio foram substituídos
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 126
por radicais orgânicos. Assim como os oxidantes, os peróxidos orgânicos são
termicamente instáveis e podem sofrer decomposição exotérmica e autoacelerável,
criando o risco de explosão. Esses produtos são também sensíveis a choque e atrito.

Nos Estados Unidos, antes de um peróxido orgânico ser aceito para carregamento,
seja em caminhão ou trem, o Departamento de Transportes (DOT) exige uma série de
testes de sensibilidade, ou seja, ponto de fulgor, taxa de queima, decomposição
térmica, teste de impacto, entre outros. Somente após esses testes e a diluição do
produto, o DOT permite o seu carregamento. Alguns produtos poderão formar
peróxidos durante a estocagem se os mesmos estiverem expostos a hidrogênio ou a
oxidantes, e formarão com maior facilidade caso estejam no estado líquido.

Devido ao risco de formação de peróxidos, para alguns compostos é sugerido um


período máximo de estocagem de 3 meses, como, por exemplo, éter isopropílico,
divinil acetileno, cloreto de vinilideno, potássio metálico e amideto de sódio, entre
outros.

Já para outros produtos, é sugerido um período máximo de estocagem de 12 meses,


como, por exemplo: éter etílico, tetrahidrofurano (THF), dioxano, metilisobutilcetona,
éteres vinílicos, diciclopentadieno, metilacetileno, ciclohexano, tetrahidronaftaleno,
cumeno, metilciclopentano.

Outros compostos possuem risco de formação de peróxidos caso haja polimerização;


para esses produtos, o período de estocagem máximo sugerido é de 12 meses. Entre
eles, podemos citar o estireno, butadieno, tetrafluoretileno, vinil acetileno, acetato de
vinila, cloreto de vinila, vinilpiridina e clorobutadieno. Porém, quando estocados no
estado líquido, o potencial para formação de peróxidos aumenta para alguns produtos,
principalmente butadieno, clorobutadieno e tetrafluoretileno, podendo para esses
casos ser considerado três meses o período máximo de estocagem.

Caso haja suspeita da formação de peróxido, alguns procedimentos básicos deverão


ser adotados:
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 127
-Isole a área;
-Inspecione visualmente os recipientes;
-Não tente movê-los;
-Verifique se há corrosão, ferrugens ou ondulações na embalagem ou na tampa. Se
houver, assuma a existência de peróxidos;
-Verifique se há formação de cristais brancos ou pó;
-Se o selo da tampa estiver rompido, considere o material potencialmente explosivo;
-Se houver suspeita de formação de peróxidos, não abra a embalagem. Acione o
fabricante;
-Se for necessário abrir a embalagem, gire a tampa vagarosamente no sentido anti-
horário, atentando para minimizar o atrito;
-Se a tampa resistir em abrir, pare. Entenda que o material é explosivo.

Quando houver necessidade de conter ou absorver produtos oxidantes ou peróxidos


orgânicos, deverá ser considerado que a maioria deles poderá reagir com matéria
orgânica e que, portanto, nas ações de contenção/absorção, não poderá ser utilizada
terra, serragem ou qualquer outro material incompatível. Nesses casos, recomenda-se
a utilização de materiais inertes e umedecidos, como, por exemplo, a areia. Muitos dos
produtos aqui classificados necessitam de equipamentos cativos para as operações de
transbordo. Isso se deve à alta instabilidade química de certas substâncias dessa
classe. Um dos métodos mais utilizados e eficientes para a redução dos riscos
oferecidos pelos produtos da classe 5 é a diluição em água, desde que o produto seja
compatível com a mesma.

A diluição tem por objetivo reduzir o poder oxidante e sua instabilidade. Porém, devido
à solubilidade de alguns desses produtos, a água de diluição deverá ser armazenada
de modo a se evitar poluição. Também nos casos de fogo, a água é o agente de
extinção mais eficiente, uma vez que retira o calor do material em questão. Já a
espuma e o CO2 serão ineficazes, pois atuam com base no princípio da exclusão do
oxigênio atmosférico, o que não é necessário num incêndio envolvendo substâncias
oxidantes.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 128
Classe 6 - substâncias tóxicas (venenosas) e substâncias infectantes:

A classe 6 está dividida nas seguintes subclasses:

6.1 - substâncias tóxicas (venenosas);


6.2 - substâncias Infectantes.

Substâncias tóxicas (venenosas):

São substâncias capazes de provocar a morte ou danos à saúde humana se ingeridas,


inaladas ou por contato com a pele, mesmo em pequenas quantidades.

As vias pelas quais os produtos químicos podem entrar em contato com o nosso
organismo são três: inalação, absorção cutânea e ingestão. A inalação é a via mais
rápida de entrada de substâncias para o interior do nosso corpo. A grande superfície
dos alvéolos pulmonares, que representam num homem adulto 80 a 90 m², facilita a
absorção de gases e vapores, os quais podem passar à corrente sanguínea e serem
distribuídos a outras regiões do organismo. Já com relação à absorção cutânea,
podemos dizer que existem duas formas de as substâncias tóxicas agirem. A primeira
é como tóxico localizado, onde o produto em contato com a pele e age na sua
superfície, provocando uma irritação primária e localizada. A segunda forma é como
tóxico generalizado, quando a substância tóxica reage com as proteínas da pele ou
mesmo penetra através dela, atinge o sangue e é distribuída para o nosso organismo,
podendo atingir vários órgãos. Apesar de a pele e a gordura atuarem como uma
barreira protetora do corpo, algumas substâncias, como ácido cianídrico, mercúrio e
alguns defensivos agrícolas, têm a capacidade de penetrar através da pele.

Quanto à ingestão, essa é considerada uma via de ingresso secundário, uma vez que
tal fato somente ocorrerá de forma acidental. Os efeitos gerados a partir de contatos
com substâncias tóxicas estão relacionados com o grau de toxicidade delas e o tempo
de exposição ou dose. Em função do alto risco apresentado pelos produtos dessa
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 129
classe, durante as operações de atendimento a emergências é necessária a utilização
de equipamentos de proteção respiratória.

Entre esses equipamentos, pode-se citar as máscaras faciais com filtros químicos e os
conjuntos autônomos de respiração a ar comprimido. Deve-se sempre ter em mente
que os filtros químicos apenas retêm os poluentes atmosféricos, não fornecendo
oxigênio e, dependendo das concentrações, podendo saturar-se rapidamente. Para a
escolha do filtro adequado, é indispensável que o produto presente na atmosfera seja
previamente identificado.

Já os conjuntos autônomos de respiração a ar comprimido deverão ser utilizados em


ambientes confinados, em situações onde o produto envolvido não esteja identificado
ou em atmosferas com altas concentrações de poluentes.

Comumente associa-se a existência de um produto num ambiente com a presença de


um odor. No entanto, como já foi mencionado anteriormente, nem sempre isso ocorre.
Algumas substâncias são inodoras, enquanto outras têm a capacidade de inibir o
sentido olfativo, podendo conduzir o indivíduo a situações de risco. O gás sulfídrico,
por exemplo, apresenta um odor característico em baixas concentrações, porém em
altas concentrações pode inibir a capacidade olfativa. Assim sendo, é fundamental que,
nas operações de emergência onde produtos dessa natureza estejam presentes, sejam
realizados constantes monitoramentos da concentração dos produtos na atmosfera.

Os resultados obtidos nesses monitoramentos poderão ser comparados com valores


de referência conhecidos, como, por exemplo, o LT (Limite de Tolerância), que é a
concentração na qual um trabalhador pode ficar exposto durante oito horas diárias ou
quarenta e oito horas semanais sem sofrer efeitos adversos à sua saúde, e também o
IDLH, que é o valor imediatamente perigoso à vida, ao qual uma pessoa pode ficar
exposta durante trinta minutos sem sofrer danos à sua saúde.

Dado o alto grau de toxicidade dos produtos da Classe 6, faz-se necessário lembrar
que a operação de contenção deles é de fundamental importância, já que,
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 130
normalmente, são também muito tóxicos para a vida aquática, representando
portanto alto potencial de risco para a contaminação dos corpos d'água, devendo ser
dada atenção especial àqueles utilizados na recreação, irrigação, dessedentação de
animais e abastecimento público.

Substâncias infectantes:

As substâncias infectantes são aquelas que contêm microrganismos viáveis, incluindo


uma bactéria, vírus, “rickettsia”, parasita, fungo ou um recombinante, híbrido ou
mutante, que provocam ou geram a suspeita de que possam provocar doenças em
seres humanos ou animais.

Materiais radioativos:

Para fins de transporte, material radioativo é qualquer material cuja atividade


específica seja superior a 70 kBq/kg. Nesse contexto, atividade específica significa a
atividade por unidade de massa de um radionuclídio ou, para um material em que o
radionuclídio é essencialmente distribuído de maneira uniforme, a atividade por
unidade de massa do material. Para efeito de classificação dos materiais radioativos,
incluindo aqueles considerados como rejeito radioativo, deverá sempre ser consultada
a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

As normas relativas ao transporte desses materiais (CNEN-NE-5.01 e normas


complementares a ela) estabelecem requisitos de radioproteção e segurança a fim de
que seja garantido um nível adequado de controle de eventual exposição de pessoas,
bens e meio ambiente à radiação ionizante. Entretanto, é necessário também levar em
conta outras propriedades que possam significar um risco adicional.

Dada a especificidade desses materiais, é aconselhável que, em qualquer acidente


durante o transporte de produtos radioativos, seja sempre acionado um especialista
nessa área para assessorar os técnicos de atendimento à emergência.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 131


Classe 8 - corrosivos:

Substâncias corrosivas são aquelas que apresentam uma severa taxa de corrosão ao
aço. Evidentemente, tais materiais são capazes de provocar danos também aos tecidos
humanos. Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que apresentam
essas propriedades e são conhecidos por ácidos e bases. Ácidos são substâncias que,
em contato com a água, liberam íons H+, provocando alterações de pH para a faixa
com valores situados entre 0 (zero) a 7 (sete). As bases são substâncias que, em
contato com a água, liberam íons OH-, provocando alterações de pH para a faixa de 7
(sete) a 14 (quatorze).

Como exemplo de produtos dessa classe, pode-se citar o ácido sulfúrico, ácido
clorídrico, ácido nítrico, hidróxido de sódio e hidróxido de potássio, entre outros. Muitos
dos produtos pertencentes a essa classe reagem com a maioria dos metais, gerando
hidrogênio, que é um gás inflamável, acarretando assim um risco adicional.

Certos produtos apresentam como risco subsidiário um alto poder oxidante, enquanto
outros podem reagir vigorosamente com a água ou com outros materiais, como, por
exemplo, compostos orgânicos. O contato desses produtos com a pele e os olhos pode
causar severas queimaduras, motivo pelo qual deverão ser utilizados equipamentos de
proteção individual compatíveis com o produto envolvido. Via de regra, as roupas de
PVC são as normalmente recomendadas para o manuseio dos corrosivos.

O monitoramento ambiental durante as operações envolvendo esses materiais pode


ser realizado através de diversos parâmetros, de acordo com o produto envolvido,
entre os quais vale destacar as medições de pH e condutividade. Nas ocorrências
envolvendo ácidos ou bases que atinjam corpos d'água, uma maior ou menor variação
do pH natural poderá ocorrer, dependendo de diversos fatores, como, por exemplo, a
concentração e quantidade do produto vazado, além das características do corpo
d'água atingido.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 132


Um dos métodos que pode ser aplicado em campo para a redução dos riscos é a
neutralização do produto derramado. Essa técnica consiste na adição de um produto
químico de modo a levar o pH próximo ao natural.

No caso de substâncias ácidas, os produtos comumente utilizados para a neutralização


são a barrilha e a cal hidratada, ambas com característica alcalina. A utilização da cal
virgem não é recomendada, uma vez que sua reação com os ácidos é extremamente
vigorosa.

Antes que a neutralização seja efetuada, deverá ser recolhida a maior quantidade
possível do produto derramado, de modo a se evitar o excessivo consumo de produto
neutralizante e, consequentemente, a geração de grande quantidade de resíduos.

Os resíduos provenientes da neutralização deverão ser totalmente removidos e


dispostos de forma e em locais adequados.

Como já foi dito anteriormente, a neutralização é apenas uma das técnicas que podem
ser utilizadas para a redução dos riscos nas ocorrências com corrosivos. Outras
técnicas, como a absorção, remoção e diluição, deverão também ser contempladas,
de acordo com o cenário apresentado.

A seleção do método mais adequado a ser utilizado deve sempre levar em


consideração os aspectos de segurança e proteção ambiental. No caso de se optar
pela neutralização do produto, deve-se considerar que ela consiste basicamente no
lançamento de outro produto químico no ambiente contaminado e que, portanto,
poderão ocorrer reações químicas paralelas àquela necessária para a neutralização.
Outro aspecto a ser ponderado é a característica do corpo d'água, o que às vezes
direciona os trabalhos de campo para o monitoramento dele, de forma a se aguardar
uma diluição natural do produto. Esses casos normalmente ocorrem em águas
correntes, onde o controle da situação é mais difícil devido à mobilidade do produto
no meio.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 133


Se ocorrer um descontrole durante a neutralização, poder-se-á ter uma inversão
brusca na escala do pH, o que ocasionará efeitos muito mais danosos aos ecossistemas
que resistiram à primeira variação do pH. De modo geral, nos corpos d'água onde há
a presença de vida, não é aconselhável o lançamento de produto químico sem o
acompanhamento de especialistas.

Durante as reações de neutralização, quanto mais concentrado estiver o produto


derramado, maior será a liberação de energia em forma de calor, além da possibilidade
de ocorrência de respingos, motivo pelo qual cabe reforçar a necessidade dos técnicos
envolvidos nas ações utilizarem roupas de proteção adequadas durante a realização
dessas atividades.

A técnica de diluição somente deverá ser utilizada nos casos em que não houver
possibilidade de contenção do produto derramado e quando seu volume for bastante
reduzido. Isso se deve ao fato de que, para se obter concentrações seguras utilizando
esse método, o volume de água necessário será sempre muito grande, ou seja, na
ordem de 1000 a 10000 vezes o volume do produto vazado.

Vale ressaltar que, se o volume de água adicionado ao produto não for suficiente para
diluí-lo a níveis seguros, ocorrerá o agravamento da situação devido ao aumento do
volume da mistura.
Como pôde-se observar nos comentários anteriores, a absorção e o recolhimento são
as técnicas mais recomendadas quando comparadas com a neutralização e a diluição.

Essa classe representa, provavelmente, o segundo maior volume no transporte


rodoviário, perdendo apenas em quantidade manipulada para os líquidos inflamáveis.
Esse dado é importante, pois, devido às características desses produtos, o potencial
de risco apresentado ao ambiente, e consequentemente ao homem, obriga que ações
de controle sejam adotadas imediatamente quando da ocorrência de acidentes.

Substâncias perigosas diversas:

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 134


Incluem-se nessa classe as substâncias e os artigos que durante o transporte
apresentarem um risco não abrangido por qualquer das outras classes.

São exemplos de substâncias incluídas nessa classe: acetaldeído amônia; hidrossulfito


de zinco; mamona em grãos, farinha, pasta ou flocos; polímeros, granulados,
expansíveis, que desprendem vapores inflamáveis e substâncias que apresentam risco
para o meio ambiente, líquidas não especificadas entre outras.

Considerações finais

Até o início dos anos oitenta, havia poucas e dispersas legislações de proteção ao meio
ambiente. Com o advento da Lei nº 6.938/81, que criou a Política Nacional do Meio
Ambiente, passou-se a ter a visão mais protecionista nas questões ambientais. Institui-
se, a partir de então, as responsabilidades de pessoas físicas ou jurídicas, de direito
público ou privado, que, direta ou indiretamente, causem degradação ambiental,
independentemente de culpa, adotando-se para o caso a teoria da responsabilidade
objetiva, na qual o risco é que determina o dever de responder pelo dano.

Segundo os princípios da responsabilidade objetiva previstos na Lei nº 6.938/81, todo


aquele que deu causa responde pelo dano, bastando para isso provar o nexo causal
entre a ação produzida e o dano efetivo. A responsabilidade é tida como objetiva, pois
independe de um elemento subjetivo, ou seja, a culpa, que antes era fundamental na
apuração de responsabilidades provenientes de danos. Dessa forma, com o advento
da lei em referência, desnecessário se tornou provar a culpa do causador de dano
ambiental, de tal forma que a prova de culpa se tornou irrelevante, restando somente
num caso concreto estabelecer o nexo causal.

Especificamente, num acidente de transporte rodoviário de produtos perigosos, ainda


que a empresa transportadora tenha tomado todos os cuidados e não tenha, a
princípio, culpa pelo acidente, a responsabilidade pelos danos ambientais causados

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 135


continua sendo da empresa transportadora, pois a ausência de culpa, nesse caso, não
é mais excludente da responsabilidade de indenizar e reparar os danos.

A Lei de Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938, no seu artigo 3º, inciso IV,
define o poluidor como: "a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental". Observa-se que, no caso em tela, a responsabilidade civil atinge, além do
transportador, que efetivamente é o poluidor direto, também o fabricante, importador
e destinatário do produto, os quais são considerados poluidores indiretos. Dessa
forma, o fabricante do produto continua responsável pelos danos decorrentes de
impactos ao meio ambiente e a terceiros gerados por acidentes envolvendo seus
produtos, mesmo não sendo o causador direto do acidente.

Quem fabrica, importa ou adquire um produto perigoso está assumindo os riscos de


um evento indesejado e as consequências que aquele produto pode causar. É
importante frisar que, no caso de um acidente envolvendo o transporte rodoviário de
produtos perigosos, o poluidor inicialmente é o transportador; caso ele não responda
pelo acidente, tanto o fabricante quanto o importador e o destinatário do produto
podem ser acionados a responder pelo acidente caso o transportador não o faça. No
caso de os responsáveis indiretos responderem pelo ônus do acidente, eles podem,
num segundo momento, acionar judicialmente o responsável direto (transportador)
para serem ressarcidos dos prejuízos gerados pelo acidente.

A Constituição Federal de 1988 recepcionou a Lei de Política Nacional do Meio


Ambiente, o art. 225 da CF/88, fixando os princípios gerais em relação ao meio
ambiente ao estabelecer, no parágrafo terceiro, que as condutas e atividades lesivas
ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano causado.
Destaca-se no dispositivo constitucional que a responsabilidade penal é prevista não
só para a pessoa física como também para a pessoa jurídica.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 136


Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

Segundo o disposto no parágrafo 3º, do art. 225 da CF, "as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados".

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PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 138

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