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explosões
Introdução
Neste momento, é fundamental, como objetivo maior desta disciplina, apresentar os
aspectos normativos da Norma Regulamentadora NR 23 como orientações de
prevenção contra incêndios estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e como medidas
primárias no campo da prevenção. São as seguintes:
Publicação D.O.U. (redação dada pela Portaria SIT nº 221, de 06 de maio de 2011):
23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em
conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis.
23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações
sobre:
a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;
b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança;
c) dispositivos de alarme existentes.
23.2 Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em número suficiente e dispostas
de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-los com
rapidez e segurança, em caso de emergência.
23.3 As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente assinaladas por
meio de placas ou sinais luminosos, indicando a direção da saída.
23.4 Nenhuma saída de emergência deverá ser fechada à chave ou presa durante a
jornada de trabalho.
23.5 As saídas de emergência podem ser equipadas com dispositivos de travamento
que permitam fácil abertura do interior do estabelecimento.
Logo, podemos resumir e considerar que o fogo é constituído por três entidades
distintas que compõem o chamado "triângulo do fogo". São eles o combustível
Triângulo do fogo
Após iniciarem a combustão, os combustíveis geram mais calor. Esse calor provoca o
desprendimento de mais gases e vapores combustíveis, desenvolvendo uma
transformação em cadeia, que, em resumo, é o produto de uma transformação,
gerando outra. Também pode se representar essa reação em cadeia pelo tetraedro
do fogo:
CLASSE
Métodos de extinção
Como já conhecemos o triângulo do fogo, podemos entender que, para a correta
extinção do fogo, basta eliminar um dos elementos essenciais à sua existência, ou
seja, o calor, o comburente ou o combustível.
Os processos para extinção do fogo, com a eliminação de um de seus componentes,
são:
A RESFRIAMENTO:
Fogo em materiais Tecidos, madeiras, Retirada do calor, isto Água, espuma.
de fácil combustão, papéis, fibras etc. é, baixar a Obs.: 1.
com a propriedade temperatura para que
de queima em sua fique abaixo da
superfície e temperatura de
profundidade, e ignição.
que deixam
resíduos.
B ABAFAMENTO:
Fogo em produtos Graxa, vernizes, tintas, Retirada do Gás carbônico,
que queimam gasolina etc. comburente pó químico,
somente em sua (oxigênio). Nesse tipo espuma
Obs.: 1 Nos fogos classe A, em seu início, poderão ser usados ainda pós químicos
secos ou gases carbônicos.
Obs.: 2 Com a corrente desligada, esse incêndio passa a ser combatido como se fosse
de classe A ou B.
a) Sistema hidráulico;
b) Extintores.
Sistema hidráulico
A água, usada sob pressão, age no material incendiado.
Hidrantes
São dispositivos existentes em redes hidráulicas que facilitam o combate ao fogo. São
facilmente identificáveis pela porta vermelha com um visor, localizados normalmente
perto de escadas e elevadores.
Basicamente, compreendem:
Extintores
São aparelhos que servem para extinguir instantaneamente os princípios de incêndio.
De modo geral, são constituídos de um recipiente de metal contendo o agente extintor.
A seguir, apresentamos a relação dos extintores em uso nas empresas:
Obs.: Os extintores que não possuírem esse selo deverão ser encaminhados para esse
teste.
500 m2 pequeno 20 m
250 m2 médio 10 m
150 m2 grande 10 m
Atividades
Um funcionário de uma empresa ficou retido num incêndio dentro de suas instalações.
Como deve proceder nesse caso? Faça uma análise de acordo com nossas aulas de
incêndio e apresente as formas que esse funcionário deve proceder.
Chave de resposta:
• Se não puder sair, mantenha-se próximo a uma janela, de preferência com vista para
a rua. Sinalize sua posição até que seja percebido.
• Feche, mas não tranque a porta do cômodo onde estiver. Vede as frestas com um
cobertor ou tapete para não deixar entrar fumaça.
• Em caso de fumaça, mantenha-se junto ao chão e utilize um lenço ou toalha molhada
sobre o nariz e a boca (filtro). Deixe a fumaça escapar abrindo uma janela (ou
quebrando o vidro, se ela for fixa).
• Atire pela janela o que puder queimar facilmente (papéis, tapetes, cortinas etc.),
mas com cuidado para não machucar quem estiver na rua.
Compartimentação horizontal
Área máxima para compartimentação e composição
a) Paredes corta-fogo;
b) Portas corta-fogo;
c) Vedadores corta-fogo;
d) Registros corta-fogo (dampers);
e) Selos corta-fogo;
f) Cortina corta-fogo;
g) Afastamento horizontal entre aberturas.
Características de construção
Fachadas paralelas.
Essa norma, além das determinações mínimas exigidas, aponta também alguns
conceitos importantes para a sua interpretação, tais como: a distância máxima em
metros que o extintor poderá ser carregado do ponto onde está fixado até qualquer
outro ponto da área de proteção desse extintor, bem como outros conceitos que serão
lembrados e detalhados com clareza no decorrer das explicações.
• Extintores portáteis;
• Extintores sobre rodas.
São considerados extintores portáteis aqueles equipamentos com massa total até 20
kg. Os extintores sobre rodas são aqueles manuseados e transportados por um único
operador e que têm massa total superior entre 20 kg e 250 kg.
Outros dois fatores importantes para a realização do projeto são: a determinação da
carga nominal e a capacidade extintora equivalente dos extintores de incêndio. A carga
nominal de um extintor de incêndio é definida como a quantidade de agente extintor
presente dentro dele e é medida em litros ou quilogramas.
A capacidade extintora mínima é definida como sendo a quantidade necessária de
agente extintor (presente em um só ou em vários extintores) capaz de suprimir um
princípio de incêndio. Essa quantidade é determinada a partir de testes em laboratório.
A capacidade extintora deve respeitar a quantidade estabelecida pela NBR 12693:2010
reproduzida a seguir:
a) Nas áreas industriais e depósitos, deve existir no piso uma marcação sob o extintor
a fim de evitar que seu acesso seja obstruído. Essa marcação deve ter as seguintes
dimensões e cores:
Cuidados básicos
Instalações elétricas
* Não ligue mais de um aparelho por tomada. Essa é uma das causas de sobrecarga
na instalação elétrica;
* Não faça ligações provisórias. Tome sempre cuidado com as instalações elétricas.
Fios descascados, quando encostam um no outro, provocam curto-circuito e faíscas.
Instalações de gás
Áreas de circulação
As portas corta-fogo não devem ter trincos ou cadeados. Conheça bem o edifício em
que você circula, mora ou trabalha, principalmente os meios de escape e as rotas de
fuga.
Evite sempre que águas de lavagem atinjam os circuitos elétricos e/ou enferrujem as
bases das portas corta-fogo. Não permita jamais que a água se infiltre pelas portas
dos elevadores, pois isso pode provocar sérios acidentes.
Atenção:
Os tipos são:
a) Detector de fumaça;
b) Detector de temperatura;
c) Detector de chama;
d) Chuveiro automático: redes de pequenos chuveiros no teto dos ambientes;
e) Dilúvio: gera um nevoeiro d’água;
f) Cortina d’água: rede de pequenos chuveiros afixados no teto, alinhados para,
quando acionados, formarem uma cortina d’água;
g) Resfriamento: rede de pequenos chuveiros instalados ao redor e no topo de tanques
de gás, petróleo, gasolina e álcool. Geralmente são usados em áreas industriais;
h) Halon: a partir de posições tomadas pelo Ministério da Saúde, o Corpo de Bombeiros
tem recomendado a não utilização desse sistema, uma vez que seu agente é composto
de CFC, destruidor da camada de ozônio.
Iluminação de emergência
A iluminação de emergência, que entra em funcionamento quando falta energia
elétrica, pode ser alimentada por gerador ou bateria e acumuladores (não automotiva).
Alarme de incêndio
Os alarmes de incêndio podem ser manuais ou automáticos.
Os detectores de fumaça, de calor ou de temperatura acionam automaticamente os
alarmes. O alarme deve ser audível em todos os setores da área abrangida pelo
sistema de segurança. As verificações nos alarmes precisam ser feitas periodicamente,
seguindo as instruções do fabricante. A edificação deve contar com um plano de ação
para otimizar os procedimentos de abandono do local quando do acionamento do
alarme.
Portas corta-fogo
As portas corta-fogo são próprias para isolamento e proteção das rotas de fuga,
retardando a propagação do fogo e da fumaça. Elas devem resistir ao calor por 60
minutos no mínimo (verifique se está afixado o selo de conformidade com a ABNT).
Toda porta corta-fogo deve abrir sempre no sentido de saída das pessoas. Seu
fechamento deve ser completo. Além disso, elas nunca devem ser trancadas com
cadeados ou fechaduras e não devem ser usados calços, cunhas ou qualquer outro
artifício para mantê-las abertas. Não se esqueça de verificar constantemente o estado
das molas, maçanetas, trincos e folhas da porta.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 43
Rotas de fuga
Corredores, escadas, rampas, passagens entre prédios geminados e saídas são rotas
de fuga e devem sempre ser mantidas desobstruídas e bem sinalizadas.
Lixeiras
As portas dos dutos das lixeiras devem estar fechadas com alvenaria, sem possibilidade
de abertura, para não permitir a passagem da fumaça ou gases para as áreas da
escada ou entre andares do edifício.
Para-raios
O para-raios deve ser o ponto mais alto do edifício. Massas metálicas, como torres,
antenas, guarda-corpos, painéis de propaganda e sinalização, devem ser interligadas
aos cabos de descida do para-raios, integrando o sistema de proteção contra
descargas elétricas atmosféricas. O para-raios deve estar funcionando
adequadamente. Caso contrário, haverá inversão da descarga para as massas
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 44
metálicas que estiverem em contato com o cabo do para-raios. Os para-raios podem
ser do tipo Franklin ou Gaiola de Faraday. O tipo radioativo/iônico tem sua instalação
condenada devido à sua carga radioativa e por não ter eficiência adequada. A
manutenção dos para-raios deve ser feita anualmente por empresas especializadas
conforme instrução do fabricante. É preciso observar a resistência ôhmica do
aterramento entre elétrodos e a terra (máximo de 10 ohm) ou logo após a queda do
raio.
Equipe de emergência
O fogo sob controle proporciona ao ser humano conforto e segurança, além de permitir
a transformação de materiais necessários no dia a dia. Fora de controle, o fogo
inicialmente irá aquecer o ambiente e seus materiais, chegando a um ponto nos quais
os materiais poderão ser deformados e transformados, podendo vir a se transformar
em um incêndio. Independentemente do grau de desenvolvimento que o fogo sem
controle venha a atingir, perdas (materiais, ambientais, pessoais e sociais), na maioria
das vezes, ocorrerão. Acidentes em espaços fechados (bares e casas noturnas, por
exemplo) requerem uma atenção especial de todos os envolvidos e principalmente dos
profissionais de segurança no trabalho que implantam e fiscalizam o cumprimento das
normas de proteção e combate a incêndios existentes. Nesses estabelecimentos, a
presença de medidas ativas e passivas, bem como a existência de pessoal treinado,
a) Proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco em caso de incêndio;
b) Dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao
patrimônio;
c) Proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;
d) Dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros;
e) Proporcionar a continuidade dos serviços nas edificações e áreas de risco.
O fogo pode ser definido como um fenômeno físico e químico em que ocorre uma
reação de oxidação, emitindo luz e calor.
1) Combustível;
2) Comburente (oxigênio);
3) Calor;
4) Reação em cadeia.
A maioria dos sólidos combustíveis possui um mecanismo sequencial para sua ignição.
O sólido precisa ser aquecido, quando então desenvolve vapores combustíveis que se
misturam com o oxigênio, formando a mistura inflamável (explosiva), cujo início se
torna dá na presença de uma pequena chama (ou mesmo fagulha ou centelha) ou em
contato com uma superfície aquecida acima de 500°C, dando origem à chama na
superfície do sólido, que fornece mais calor, aquecendo mais materiais e assim
sucessivamente. Alguns sólidos pirofóricos (sódio, fósforo, magnésio etc.) não se
comportam conforme o mecanismo acima descrito.
Os líquidos inflamáveis e combustíveis possuem mecanismos semelhantes, ou seja, o
líquido, ao ser aquecido, vaporiza-se e o vapor se mistura com o oxigênio, formando
a “mistura inflamável” (explosiva) que tem início na presença de uma pequena chama
(ou mesmo fagulha ou centelha) ou em contato com superfícies aquecidas acima de
500°C, dando origem à chama na superfície do líquido, que aumenta a vaporização e
a chama. A quantidade de chama fica limitada à capacidade de vaporização do líquido.
Os líquidos são classificados pelo seu ponto de fulgor, ou seja, pela menor temperatura
na qual liberam uma quantidade de vapor que, em contato com uma chama, produzem
um lampejo (uma queima instantânea). Entretanto, existe outra classe de líquidos,
denominados instáveis ou reativos, cuja característica é a de se polimerizar, decompor,
condensar violentamente ou ainda de se tornar autorreativo sob condições de choque,
pressão ou temperatura, podendo desenvolver grande quantidade de calor. A mistura
inflamável vapor-ar (gás-ar) possui uma faixa ideal de concentração para se tornar
inflamável ou explosiva, e os limites dessa faixa são denominados limite inferior de
inflamabilidade e limite superior de inflamabilidade, sendo expressos em porcentagem
ou volume.
Estando a mistura fora desses limites, não ocorrerá a ignição. Os materiais sólidos não
queimam através de mecanismos tão precisos e característicos como os dos líquidos e
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gases. Nos materiais sólidos, a área específica é um fator importante para determinar
sua razão de queima, ou seja, a quantidade do material queimado na unidade de
tempo que está associado à quantidade de calor gerado e, portanto, à elevação da
temperatura do ambiente.
Um material sólido com igual massa e com área específica diferente, como, por
exemplo, de 1 m² e 10 m², queima em tempos inversamente proporcionais; contudo,
libera a mesma quantidade de calor. No entanto, a temperatura atingida no segundo
caso será bem maior. Por outro lado, não se pode afirmar que isso é sempre verdade;
no caso da madeira, observa-se que, quando apresentada em forma de serragem, ou
seja, com áreas específicas grandes, não se queima com grande rapidez.
Comparativamente, a madeira em forma de pó pode formar uma mistura explosiva
com o ar, comportando-se, dessa maneira, como um gás que possui velocidade de
queima muito grande. No mecanismo de queima dos materiais sólidos, temos a
oxigenação como outro fator de grande importância. Quando a concentração em
volume de oxigênio no ambiente cair para valores abaixo de 14%, a maioria dos
materiais combustíveis existentes no local não mantém a chama na sua superfície.
A duração do fogo é limitada pela quantidade de ar e do material combustível no local.
O volume de ar existente numa sala de 30 m2 irá queimar 7,5 kg de madeira; portanto,
o ar necessário para a alimentação do fogo dependerá das aberturas existentes na
sala. Vários pesquisadores (Kawagoe, Sekine, Lie) estudaram o fenômeno, e a equação
apresentada por Lie é:
Quando houver mais de uma abertura de ventilação, deve-se utilizar um fator global
igual a: Ai √ Hi.
A razão de queima em função da abertura fica, portanto:
R = 5,5 Av √H para a queima em kg/min; R = 330 Av √ H para a queima em kg/h.
Por outro lado, se, numa área de piso de 10 m², existir 500 kg de material combustível
expresso em equivalente em madeira, ou seja, se a carga de incêndio específica for
de 50 kg/m² e a razão de queima devido à abertura para ventilação tiver o valor de
R1 e R2 acima calculado, então a duração da queima será respectivamente de 40 min
e 63 min.
O cálculo acima tem a finalidade de apresentar o princípio para determinação da
duração do incêndio real; não busca determinar o Tempo Requerido de Resistência ao
Fogo (TRRF) das estruturas. Esse cálculo é válido somente para uma abertura,
enquanto as outras permanecem fechadas (portas ou janelas); caso contrário, deve-
se redimensionar a duração do incêndio para uma nova ventilação existente.
A proximidade ainda maior entre habitações pode estabelecer uma situação ainda mais
crítica para a ocorrência da conflagração na medida em que o incêndio se alastrar
muito rapidamente por contato direto das chamas entre as fachadas. No caso de
habitações agrupadas em bloco, a propagação do incêndio entre unidades poderá se
dar por condução de calor via paredes e forros, por destruição dessas barreiras ou
ainda através da convecção de gases quentes que venham a penetrar por aberturas
existentes. Com o consumo do combustível existente no local ou decorrente da falta
de oxigênio, o fogo pode diminuir de intensidade, entrando na fase de resfriamento e
consequente extinção.
A influência da ventilação
Durante um incêndio, o calor emana gases dos materiais combustíveis, que podem ser
mais ou menos densos que o ar, em decorrência da variação de temperatura interna
e externa da edificação. Essa diferença de temperatura provoca um movimento
ascensional dos gases que são paulatinamente substituídos pelo ar que adentra na
edificação por meio das janelas e portas. A partir disso, ocorre uma constante troca
entre o ambiente interno e externo, com a saída dos gases quentes e fumaça e a
entrada de ar.
Em um incêndio, ocorrem dois casos típicos que estão relacionados com a ventilação
e com a quantidade de combustível em chama. No primeiro caso, no qual a vazão de
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ar que adentrar no interior da edificação incendiada for superior à necessidade da
combustão dos materiais, temos um fogo aberto, aproximando-se a uma queima de
combustível ao ar livre, cuja característica será de uma combustão rápida. No segundo
caso, no qual a entrada de ar é controlada ou deficiente em decorrência de pequenas
aberturas externas, temos um incêndio com duração mais demorada, cuja queima é
controlada pela quantidade de combustível, ou seja, pela carga incêndio, na qual a
estrutura da edificação estará sujeita a temperaturas elevadas por um tempo maior
de exposição, até que ocorra a queima total do conteúdo do edifício.
Quando se tem um foco de fogo num ambiente fechado, como, por exemplo, em uma
sala, o calor destila gases combustíveis do material e ainda há a formação de outros
gases devido à combustão dos gases destilados. Esses gases podem ser mais ou
menos densos de acordo com a sua temperatura, a qual é sempre maior do que a do
ambiente, e, portanto, possuem uma força de flutuação com movimento ascensional
bem maior que o movimento horizontal. Os gases quentes vão se acumulando junto
ao forro e se espalhando por toda a camada superior do ambiente, penetrando nas
aberturas existentes no local. Os gases quentes, assim como a fumaça, são gerados
por uma fonte de calor (material em combustão) e fluem no sentido ascendente com
formato de cone invertido.
Esta figura é denominada "plume".
Dessa forma há duas maneiras de isolar uma edificação em relação à outra. São:
1) Lajes corta-fogo;
2) Enclausuramento das escadas através de paredes e portas corta-fogo;
3) Registros corta-fogo em dutos que intercomunicam os pavimentos;
4) Selagem corta-fogo de passagens de cabos elétricos e tubulações através das lajes;
5) Utilização de abas verticais (parapeitos) ou abas horizontais projetando-se além da
fachada, resistentes ao fogo e separando as janelas de pavimentos consecutivos
(nesse caso, é suficiente que esses elementos mantenham suas características
funcionais, obstruindo dessa forma a livre emissão de chamas para o exterior).
Durante esse processo, pode ocorrer que, em determinado instante, o esforço atuante
em uma seção se iguale ao esforço resistente, podendo ocorrer o colapso do elemento
estrutural. Os objetivos principais ao se garantir a resistência ao fogo dos elementos
estruturais são:
A população do edifício deve estar preparada para enfrentar uma situação de incêndio,
quer seja adotando as primeiras providências no sentido de controlar o incêndio, quer
seja abandonando o edifício de maneira rápida e ordenada. Para isso ser possível, é
necessário como primeiro passo a elaboração de planos para enfrentar a situação de
emergência que estabeleçam, em função dos fatores determinantes de risco de
incêndio, as ações a serem adotadas e os recursos materiais e humanos necessários.
A formação de uma equipe com esse fim específico é um aspecto importante desse
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 65
plano, pois permitirá a execução adequada do plano de emergência. Essas equipes
podem ser divididas em duas categorias decorrentes da função a exercer:
Em um edifício, podemos encontrar uma equipe distinta para cada função ou que as
exerça simultaneamente. Tais planos devem incluir a provisão de quadros sinóticos
em distintos setores do edifício (aqueles que apresentem parcela significativa da
população flutuante, como em hotéis) que indiquem a localização das saídas, do
quadro sinótico com o texto "você está aqui" e a dos equipamentos de combate manual
no setor.
Por último, deve-se promover o treinamento periódico dos brigadistas e de toda a
população do edifício.
Planta de risco
1)Ruas de acesso;
2)Saídas, escadas, corredores e elevadores de emergência;
3)Válvulas de controle de gás e outros combustíveis;
4)Chaves de controle elétrico;
5)Localização de produtos químicos perigosos;
6)Reservatórios de gases liquefeitos, comprimidos e de produtos perigosos.
7)Registros e portas corta-fogo que fechem automaticamente em caso de incêndios e
botoeiras para acionamento manual desses dispositivos;
8)Pontos de saídas de fumaça;
9)Janelas que podem ser abertas em edifícios selados;
10)Painéis de sinalização e alarme de incêndio;
11) Casa de bombas do sistema de hidrantes e de chuveiros automáticos;
12) Extintores etc.;
13)Sistema de ventilação e localização das chaves de controle;
14)Sistemas de chuveiros automáticos e respectivas válvulas de controle;
15)Hidrantes internos e externos e hidrantes de recalque e respectivas válvulas de
controle.
Plano de emergência
Na elaboração de um plano de emergência, deverá ter-se em conta os seguintes
fatores:
Orientações fundamentais
O profissional habilitado deve realizar uma análise dos riscos da edificação com
o objetivo de minimizar e/ou eliminar todos os riscos existentes, recomendando-se a
utilização de métodos consagrados, tais como: what if, check list, HAZOP, árvore de
falhas, diagrama lógico de falhas.
d) A população total e por setor, área e andar (fixa, flutuante, características, cultura
etc.);
Apoio externo: o Corpo de Bombeiros e/ou outros órgãos locais devem ser
acionados de imediato, preferencialmente por um brigadista, que deve informar:
Eliminar os riscos: por meio do corte das fontes de energia (elétrica etc.)
e do fechamento das válvulas das tubulações (GLP, oxiacetileno, gases, produtos
perigosos etc.), quando possível e necessário, da área sinistrada atingida ou geral.
Exercícios simulados
h) Falha de equipamentos;
i) Falhas operacionais;
a) Ocorrer um sinistro;
Auditoria do plano
Um profissional habilitado deve realizar uma auditoria do plano a cada 12
meses, preferencialmente antes de sua revisão. Nessa auditoria, deve-se avaliar se o
plano está sendo cumprido em conformidade, bem como verificar se os riscos
encontrados na análise elaborada pelo profissional habilitado foram minimizados ou
eliminados.
A Planta de risco de incêndio visa a facilitar o reconhecimento do local por parte das
equipes de emergência e dos ocupantes da edificação e das áreas de risco.
c) Hidrantes externos;
d) Número de pavimentos;
e) Registro de recalque;
f) Reserva de incêndio;
A planta de risco de incêndio deve ser conferida pelo vistoriador no local a ser fixada
a partir da primeira vistoria em que a edificação ou área de risco estiver ocupada. Por
ocasião de substituição de projeto ou alteração dos riscos existentes na edificação,
deve ser feita a substituição da planta de risco de incêndio.
Estrutura: indicar o tipo, por exemplo, de alvenaria, concreto, metálica, madeira etc.
Dimensões: indicar área total construída e de cada uma das edificações, altura de
cada edificação, número de andares, se há subsolos, garagens e outros detalhes.
Ocupação: indicar o tipo de ocupação de acordo com o regulamento de segurança
contra incêndio.
Isolamento de área: deve indicar a metodologia a ser usada para isolar as áreas
sinistradas e as pessoas responsáveis por esse processo.
✓ Atendimento imediato;
✓ Prestado à vítima de um acidente;
✓ Mal súbito.
Finalidade
✓ Manter a vida;
✓ Reduzir o agravamento das lesões;
✓ Encaminhar para socorro adequado.
Tem como objetivo preservar a vida do socorrista. Para atingir esse objetivo, é
necessário:
Vias aéreas
Respiração e ventilação
* O tórax do paciente;
* Ver, ouvir e sentir se há movimento respiratório;
* Realizar respiração boca a boca.
Verificar a respiração
Parada respiratória
• Posicionar a cabeça;
• Iniciar a respiração boca a boca.
Segundo a Aliança dos Comitês de Ressuscitação, as diretrizes são para que leigos
executem as compressões torácicas de forma contínua, fazendo manter o fluxo
contínuo de sangue para o coração, cérebro e outros órgãos vitais, permitindo a
manutenção da vida por mais tempo.
Sinais e sintomas
✓ Pulso rápido;
✓ Respirações curtas, rápidas e irregulares;
✓ Pele fria e úmida; pálida e arroxeada nas extremidades;
✓ Agitação ou depressão do nível de consciência.
✓ Dor intensa;
✓ Queimaduras graves
✓ Esmagamentos ou amputações;
✓ Exposições prolongadas a frio ou calor extremos;
✓ Acidente por choque elétrico;
Conduta
Hemorragia
Fratura
Classificação de fraturas
Sinais e sintomas
Queimaduras
São agentes causadores: chama, brasa ou fogo; vapores quentes; líquidos ferventes;
sólidos superaquecidos ou incandescentes; substância química; radiações; frio
excessivo; eletricidade.
Térmicas
Causadas pela condução do calor através de líquidos, sólidos, gases quentes e do calor
de chamas.
Conduta: não interessa qual a profundidade da queimadura térmica, o primeiro
cuidado é a interrupção da atividade agressiva aos tecidos orgânicos do agente
agressor. Utilização de água corrente na zona lesada. Nunca estoure as bolhas que
se poderão formar na queimadura.
Causadas pelo contato com a eletricidade de alta e baixa voltagem. O dano é causado
pela produção de calor que ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o corpo.
Conduta: a principal prioridade está em determinar se a vítima ainda permanece em
contato com a rede elétrica.
Químicas
Radiação
Resulta da exposição à luz solar ou a fontes nucleares. A pele libera água que permite
qualquer reação, portanto é melhor lavar e diluir com grande quantidade de água.
Conduta: aplicar água corrente ou toalhas molhadas; ingerir bastantes líquidos pelo
risco de desidratação.
• O estado de sonolência;
Asfixia: é causada por obstrução das via aérea. Suas manifestações incluem:
Coral verdadeira: não possui fosseta loreal (atenção: ausência de fosseta loreal é
característica de não venenosas. As corais são exceção). Coloração em anéis
vermelhos, pretos, brancos e amarelos. Nomes populares: coral, coral verdadeira,
boicará etc. São encontradas em tocas e possuem hábitos subterrâneos. Essas
serpentes não são agressivas. Seus acidentes são raros, porém, pelo risco de
insuficiência respiratória aguda, devem ser considerados como graves.
Aranhas
Aranha marrom: aranha pouca agressiva, com hábitos noturnos. Encontrada em pilhas
de tijolos, telhas, beira de barracos, nas residências, atrás de móveis, cortinas e
eventualmente nas roupas.
Escorpião
Rótulo de risco
1. Explosivos:
1.1. Substâncias e artigos com risco de explosão em massa;
1.2. Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em
massa;
1.3. Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão, de
projeção, mas sem risco de explosão em massa;
1.4. Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo;
1.5. Substâncias muito insensíveis, com um risco de explosão em massa, mas que são
tão insensíveis que a probabilidade de iniciação ou de transição de queima para a
detonação, em condições normais de transporte, é muito pequena;
1.6. Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa.
3. Líquidos inflamáveis.
7. Materiais radioativos.
8. Corrosivos.
Trata-se de uma placa de cor laranja que possibilita identificar o nome da substância
transportada, bem como os seus principais riscos.
Observações:
A letra “X” antes dos algarismos significa que a substância reage perigosamente com
água;
-A repetição de um número indica, em geral, aumento da intensidade daquele risco
específico;
-Quando o risco associado a uma substância puder ser adequadamente indicado por
um único número, este será seguido pelo algarismo 0 (zero).
Exemplos: 23 - gás inflamável; 336 - líquido muito inflamável, tóxico; X338 - líquido
muito inflamável, corrosivo, que reage perigosamente com água (*); 883 - produto
muito corrosivo, inflamável. (*) Não utilizar água, exceto com aprovação de um
especialista.
Outras providências:
Outro aspecto que deve ser levado em consideração nesse primeiro atendimento diz
respeito à garantia de uma via de acesso para as viaturas das equipes de emergência,
as quais chegarão ao local da ocorrência, que devem ter sua entrada na área facilitada;
dessa forma, é importante que equipes do trânsito operacionalizem essas ações.
Procedimentos básicos
Riscos químicos
Classe 1 - explosivos:
Muitas das substâncias pertencentes a essa classe são sensíveis a calor, choque e
fricção, como, por exemplo, azida de chumbo e fulminato de mercúrio. Já outros
produtos dessa mesma classe necessitam de um intensificador para explodirem.
De acordo com a rapidez e a sensibilidade dos explosivos, podem ocorrer dois tipos
de explosões: detonação e deflagração. A detonação é um tipo de explosão em que a
transformação química ocorre muito rapidamente, sendo que a velocidade de
expansão dos gases é muito superior à velocidade do som naquele ambiente (da
ordem de km/s). Já a deflagração é um tipo de explosão na qual a transformação
química é bem mais lenta, sendo que a velocidade de expansão dos gases é, no
máximo, a velocidade do som naquele ambiente. Nesse caso, pode surgir a combustão.
Entende-se por danos catastróficos às estruturas aqueles onde ocorre o seu colapso,
deixando o local sem condições de uso. Danos graves não comprometem a estrutura
como um todo, ou seja, é a ocorrência de danos, como rachaduras, queda de telhado
e porta danificada (arrancada), entre outros.
Tais medidas incluem o controle dos fatores que podem gerar um aumento de
temperatura (calor), choque e fricção.
Gás é um dos estados da matéria. No estado gasoso, a matéria tem forma e volume
variáveis. A força de repulsão entre as moléculas é maior que a de coesão. Os gases
são caracterizados por apresentarem baixa densidade e capacidade de se moverem
livremente.
Diferentemente dos líquidos e sólidos, os gases expandem-se e contraem-se
facilmente quando alteradas a pressão e/ou temperatura.
Dessa forma, esta classe contempla os gases nas mais diversas condições conforme
abaixo:
-Gases permanentes - são aqueles que não podem ser liquefeitos à temperatura
ambiente, ou seja, são produtos com temperatura de ebulição bastante baixa. Por
exemplo, ar, argônio e dióxido de carbono;
-Gases liquefeitos - são aqueles que podem se tornar líquidos sob pressão à
temperatura ambiente. Por exemplo, GLP, cloro e amônia;
-Gases dissolvidos - são aqueles que se encontram dissolvidos sob pressão em um
solvente, como é o caso do acetileno;
-Gases permanentes altamente refrigerados - são os gases permanentes que se
encontram armazenados à sua temperatura de ebulição. Por exemplo, oxigênio
Além do risco inerente ao estado físico, os gases podem apresentar riscos adicionais,
como, por exemplo, inflamabilidade, toxicidade, poder de oxidação e corrosividade,
entre outros.
Alguns gases, como, por exemplo, o cloro, apresentam odor e cor característicos,
enquanto que outros, como é o caso do monóxido de carbono, não apresentam odor
ou coloração, o que pode dificultar a sua identificação na atmosfera, bem como as
ações de controle quando de um eventual vazamento.
Quando liberados, os gases mantidos liquefeitos por ação da pressão e/ou temperatura
tenderão a passar para seu estado natural nas condições ambientais, ou seja, estado
gasoso. Durante a mudança do estado líquido para o estado gasoso, ocorre uma alta
expansão do produto, gerando volumes gasosos muito maiores do que o volume
ocupado pelo líquido. A isso se denomina taxa de expansão. O cloro, por exemplo,
tem uma taxa de expansão de 457 vezes, ou seja, um volume de cloro líquido gera
457 volumes de cloro gasoso. Com a finalidade de reduzir a taxa de evaporação do
produto, poderá ser aplicada uma camada de espuma sobre a poça formada desde
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 114
que esse material seja compatível com o produto vazado. Em função disso, nos
vazamentos de produtos liquefeitos deverá ser adotada a preferência ao vazamento
na fase gasosa em vez do vazamento na fase líquida.
Especial atenção deve ser dada quando o gás envolvido for inflamável,
principalmente se ele estiver confinado. Medições constantes dos índices de
explosividade no ambiente, através da utilização de equipamentos intrinsecamente
A operação de abatimento dos gases será tanto mais eficiente quanto maior for a
solubilidade do produto em água, como é o caso da amônia e do ácido clorídrico.
Vale lembrar que a água utilizada para o abatimento dos gases deverá ser contida e
recolhida posteriormente para que ela não cause a poluição dos recursos hídricos
existentes na região da ocorrência. Já para os produtos com baixa solubilidade em
água, o abatimento através de neblina d'água também poderá ser utilizado, sendo
que, nesse caso, a mesma atuará com um bloqueio físico ao deslocamento da nuvem.
Deve-se ressaltar que a neblina d'água deverá ser aplicada somente sobre a nuvem,
e não sobre as eventuais poças formadas pelo gás liquefeito, uma vez que a adição
de água sobre elas provocará uma intensa evaporação do produto, gerando um
aumento dos vapores na atmosfera.
Gases criogênicos:
a. Riscos à saúde.
A baixa temperatura desses gases acarretará situações de risco, uma vez que o
simples contato do produto com outros materiais poderá danificá-los. Por exemplo, se
houver contato do produto com tanques de armazenamento de produtos químicos,
estes se tornarão quebradiços, acarretando o vazamento do produto estocado.
Outro efeito significativo é a capacidade que os gases criogênicos têm para solidificar
ou condensar outros gases. Não devemos esquecer que a temperatura de solidificação
da água é de 0 ºC à pressão atmosférica. Isso quer dizer que a água presente na
umidade atmosférica poderá congelar; assim, se isso ocorrer próximo a, por exemplo,
uma válvula (que pode ser a do próprio tanque com vazamento), ela apresentará
dificuldade para a realização de manobras. Assim sendo, não se deve jamais jogar
água diretamente sobre um sistema de alívio ou válvulas de um tanque criogênico.
Também não se deve jogar água no interior de um tanque criogênico, pois a ela atuará
como um objeto superaquecido (ela está a 15 ou 20 ºC), acarretando a formação de
vapores e, portanto, aumento da pressão interna do tanque.
A nuvem gerada pelo vazamento de um gás criogênico será fria, invisível (a parte
visível não indica a extensão total da nuvem), dificultará a visibilidade e tenderá a se
acumular sobre o solo, pois a densidade do produto será maior que a do ar devido à
baixa temperatura.
Dessa forma, algumas regras básicas deverão ser seguidas rigorosamente quando do
atendimento a um acidente envolvendo um gás criogênico, entre as quais destacam-
se:
Essas propriedades, assim como suas respectivas aplicações, estão descritas a seguir:
b. Limites de inflamabilidade.
Para um gás ou vapor inflamável queimar, é necessário que exista, além da fonte de
ignição, uma mistura chamada "ideal" entre o ar atmosférico (oxigênio) e o gás
combustível. A quantidade de oxigênio no ar é praticamente constante, em torno de
21% em volume. Já a quantidade de gás combustível necessário para a queima varia
para cada produto e está dimensionada através de duas constantes: o Limite Inferior
de Explosividade (LIE) e o Limite Superior de Explosividade (LSE). O LIE é a mínima
concentração de gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de provocar a
combustão do produto a partir do contato com uma fonte de ignição. Concentrações
de gás abaixo do LIE não são combustíveis, pois, nessa condição, tem-se excesso de
oxigênio e pequena quantidade do produto para a queima. Essa condição é chamada
de "mistura pobre".
Esses equipamentos são blindados e, portanto, à prova de explosões, o que vale dizer
que tanto a combustão que ocorre em seu interior quanto qualquer eventual curto-
circuito em suas partes eletrônicas não provocam explosões, mesmo que o LIE do gás
esteja ultrapassado.
-Chamas vivas;
-Superfícies quentes;
-Automóveis;
-Cigarros;
-Faíscas por atrito;
-Eletricidade estática.
Especial atenção deve ser dada à eletricidade estática, uma vez que ela é uma fonte
de ignição de difícil percepção. Trata-se na realidade do acúmulo de cargas
eletrostáticas que, por exemplo, um caminhão-tanque adquire durante o transporte.
Se, por algum motivo, o produto inflamável que esteja sendo transportado, seja líquido
ou gás, tiver de ser transferido para outro veículo ou recipiente, será necessário que
os mesmos sejam aterrados e conectados entre si de modo a evitar a ocorrência de
uma diferença de potencial, o que poderá gerar uma faísca elétrica, representando
assim uma situação de alto potencial de risco.
Em função da variedade das características dos produtos dessa classe, eles estão
agrupados em três subclasses distintas, a saber:
Subclasse 4.3 - substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis:
As substâncias pertencentes a essa classe, por interação com a água, podem tornar-
se espontaneamente inflamáveis ou produzir gases inflamáveis em quantidades
perigosas.
O sódio metálico, por exemplo, reage de maneira vigorosa quando em contato com a
água, liberando o gás hidrogênio que é altamente inflamável. Outro exemplo é o
carbureto de cálcio, que, por interação com a água, libera acetileno.
Pelo exposto, e associado à natureza dos eventos, as ações preventivas são de suma
importância, pois, quando as reações decorrentes desses produtos se iniciam, ocorrem
de maneira rápida e praticamente incontrolável.
A classe 5 está dividida nas subclasses 5.1 - oxidantes e 5.2 - peróxidos orgânicos.
Quando aquecidos, alguns produtos dessa subclasse, como, por exemplo, nitratos e
percloratos, entre outros, liberam gases tóxicos que se dissolvem na mucosa do trato
respiratório, produzindo líquidos corrosivos.
Os peróxidos orgânicos são agentes de alto poder oxidante, sendo que a maioria é
irritante para os olhos, pele, mucosas e garganta. Os produtos dessa subclasse
apresentam a estrutura - O - O - e podem ser considerados derivados do peróxido de
hidrogênio (H2O2), onde um ou ambos os átomos de hidrogênio foram substituídos
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 126
por radicais orgânicos. Assim como os oxidantes, os peróxidos orgânicos são
termicamente instáveis e podem sofrer decomposição exotérmica e autoacelerável,
criando o risco de explosão. Esses produtos são também sensíveis a choque e atrito.
Nos Estados Unidos, antes de um peróxido orgânico ser aceito para carregamento,
seja em caminhão ou trem, o Departamento de Transportes (DOT) exige uma série de
testes de sensibilidade, ou seja, ponto de fulgor, taxa de queima, decomposição
térmica, teste de impacto, entre outros. Somente após esses testes e a diluição do
produto, o DOT permite o seu carregamento. Alguns produtos poderão formar
peróxidos durante a estocagem se os mesmos estiverem expostos a hidrogênio ou a
oxidantes, e formarão com maior facilidade caso estejam no estado líquido.
A diluição tem por objetivo reduzir o poder oxidante e sua instabilidade. Porém, devido
à solubilidade de alguns desses produtos, a água de diluição deverá ser armazenada
de modo a se evitar poluição. Também nos casos de fogo, a água é o agente de
extinção mais eficiente, uma vez que retira o calor do material em questão. Já a
espuma e o CO2 serão ineficazes, pois atuam com base no princípio da exclusão do
oxigênio atmosférico, o que não é necessário num incêndio envolvendo substâncias
oxidantes.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 128
Classe 6 - substâncias tóxicas (venenosas) e substâncias infectantes:
As vias pelas quais os produtos químicos podem entrar em contato com o nosso
organismo são três: inalação, absorção cutânea e ingestão. A inalação é a via mais
rápida de entrada de substâncias para o interior do nosso corpo. A grande superfície
dos alvéolos pulmonares, que representam num homem adulto 80 a 90 m², facilita a
absorção de gases e vapores, os quais podem passar à corrente sanguínea e serem
distribuídos a outras regiões do organismo. Já com relação à absorção cutânea,
podemos dizer que existem duas formas de as substâncias tóxicas agirem. A primeira
é como tóxico localizado, onde o produto em contato com a pele e age na sua
superfície, provocando uma irritação primária e localizada. A segunda forma é como
tóxico generalizado, quando a substância tóxica reage com as proteínas da pele ou
mesmo penetra através dela, atinge o sangue e é distribuída para o nosso organismo,
podendo atingir vários órgãos. Apesar de a pele e a gordura atuarem como uma
barreira protetora do corpo, algumas substâncias, como ácido cianídrico, mercúrio e
alguns defensivos agrícolas, têm a capacidade de penetrar através da pele.
Quanto à ingestão, essa é considerada uma via de ingresso secundário, uma vez que
tal fato somente ocorrerá de forma acidental. Os efeitos gerados a partir de contatos
com substâncias tóxicas estão relacionados com o grau de toxicidade delas e o tempo
de exposição ou dose. Em função do alto risco apresentado pelos produtos dessa
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 129
classe, durante as operações de atendimento a emergências é necessária a utilização
de equipamentos de proteção respiratória.
Entre esses equipamentos, pode-se citar as máscaras faciais com filtros químicos e os
conjuntos autônomos de respiração a ar comprimido. Deve-se sempre ter em mente
que os filtros químicos apenas retêm os poluentes atmosféricos, não fornecendo
oxigênio e, dependendo das concentrações, podendo saturar-se rapidamente. Para a
escolha do filtro adequado, é indispensável que o produto presente na atmosfera seja
previamente identificado.
Dado o alto grau de toxicidade dos produtos da Classe 6, faz-se necessário lembrar
que a operação de contenção deles é de fundamental importância, já que,
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES 130
normalmente, são também muito tóxicos para a vida aquática, representando
portanto alto potencial de risco para a contaminação dos corpos d'água, devendo ser
dada atenção especial àqueles utilizados na recreação, irrigação, dessedentação de
animais e abastecimento público.
Substâncias infectantes:
Materiais radioativos:
Substâncias corrosivas são aquelas que apresentam uma severa taxa de corrosão ao
aço. Evidentemente, tais materiais são capazes de provocar danos também aos tecidos
humanos. Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que apresentam
essas propriedades e são conhecidos por ácidos e bases. Ácidos são substâncias que,
em contato com a água, liberam íons H+, provocando alterações de pH para a faixa
com valores situados entre 0 (zero) a 7 (sete). As bases são substâncias que, em
contato com a água, liberam íons OH-, provocando alterações de pH para a faixa de 7
(sete) a 14 (quatorze).
Como exemplo de produtos dessa classe, pode-se citar o ácido sulfúrico, ácido
clorídrico, ácido nítrico, hidróxido de sódio e hidróxido de potássio, entre outros. Muitos
dos produtos pertencentes a essa classe reagem com a maioria dos metais, gerando
hidrogênio, que é um gás inflamável, acarretando assim um risco adicional.
Certos produtos apresentam como risco subsidiário um alto poder oxidante, enquanto
outros podem reagir vigorosamente com a água ou com outros materiais, como, por
exemplo, compostos orgânicos. O contato desses produtos com a pele e os olhos pode
causar severas queimaduras, motivo pelo qual deverão ser utilizados equipamentos de
proteção individual compatíveis com o produto envolvido. Via de regra, as roupas de
PVC são as normalmente recomendadas para o manuseio dos corrosivos.
Antes que a neutralização seja efetuada, deverá ser recolhida a maior quantidade
possível do produto derramado, de modo a se evitar o excessivo consumo de produto
neutralizante e, consequentemente, a geração de grande quantidade de resíduos.
Como já foi dito anteriormente, a neutralização é apenas uma das técnicas que podem
ser utilizadas para a redução dos riscos nas ocorrências com corrosivos. Outras
técnicas, como a absorção, remoção e diluição, deverão também ser contempladas,
de acordo com o cenário apresentado.
A técnica de diluição somente deverá ser utilizada nos casos em que não houver
possibilidade de contenção do produto derramado e quando seu volume for bastante
reduzido. Isso se deve ao fato de que, para se obter concentrações seguras utilizando
esse método, o volume de água necessário será sempre muito grande, ou seja, na
ordem de 1000 a 10000 vezes o volume do produto vazado.
Vale ressaltar que, se o volume de água adicionado ao produto não for suficiente para
diluí-lo a níveis seguros, ocorrerá o agravamento da situação devido ao aumento do
volume da mistura.
Como pôde-se observar nos comentários anteriores, a absorção e o recolhimento são
as técnicas mais recomendadas quando comparadas com a neutralização e a diluição.
Considerações finais
Até o início dos anos oitenta, havia poucas e dispersas legislações de proteção ao meio
ambiente. Com o advento da Lei nº 6.938/81, que criou a Política Nacional do Meio
Ambiente, passou-se a ter a visão mais protecionista nas questões ambientais. Institui-
se, a partir de então, as responsabilidades de pessoas físicas ou jurídicas, de direito
público ou privado, que, direta ou indiretamente, causem degradação ambiental,
independentemente de culpa, adotando-se para o caso a teoria da responsabilidade
objetiva, na qual o risco é que determina o dever de responder pelo dano.
A Lei de Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938, no seu artigo 3º, inciso IV,
define o poluidor como: "a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental". Observa-se que, no caso em tela, a responsabilidade civil atinge, além do
transportador, que efetivamente é o poluidor direto, também o fabricante, importador
e destinatário do produto, os quais são considerados poluidores indiretos. Dessa
forma, o fabricante do produto continua responsável pelos danos decorrentes de
impactos ao meio ambiente e a terceiros gerados por acidentes envolvendo seus
produtos, mesmo não sendo o causador direto do acidente.
Segundo o disposto no parágrafo 3º, do art. 225 da CF, "as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados".
Referências bibliográficas