Professional Documents
Culture Documents
ARTIGO REVISÃO
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
PEDRO ABREU, ELSA AZEVEDO, LUÍS LOBO, CONCEIÇÃO SOUTO MOURA, CELSO PONTES
Serviços de Neurologia, Gastroenterologia e de Anatomia Patológica. Hospital de S. João. Porto.
RESUMO
A doença de Whipple é uma infecção bacteriana sistémica rara provocada pelo
Tropheryma whipplei. As manifestações no sistema nervoso central caracterizam-se
por demência lentamente progressiva, oftalmoplegia, cefaleias, mioclonias, disfunção
hipotalâmica, e por um movimento patognomónico – miorritmia oculomastigatória-
-esquelética. O tratamento desta doença é efectuado com antibioterapia que ultrapasse
a barreira hematoencefálica, durante pelo menos um ano. O rastreio da doença de
Whipple em pacientes com quadros de clínica exclusivamente neurológica, por vezes
atípicos ou sem diagnóstico definido, é muito importante dado que se trata de uma
doença potencialmente tratável.
Palavras chave: Doença de Whipple; Tropheryma whipplei; Infecção; Sistema Nervoso Central
SUMMARY
WHIPPLE DISEASE AND CENTRAL NERVOUS SYSTEM
Whipple disease (WD) is a rare systemic infection caused by the bacteria Tropheryma
whipplei. Slowly progressive dementia, supranuclear ophthalmoplegia, headache,
myoclonus, hypothalamic dysfunction, oculomasticatory-skeletal myorythmia are
characteristic manifestations when WD involves the central nervous system (CNS).
Treatment of cerebral WD should be performed with antibiotics that reach the CNS for
at the least one-year. We alert for the early diagnosis of WD in patients with exclusively
neurological clinical pictures, sometimes with atypical or non-definitive diagnosis,
because it is a potential treatable disease.
Key Words: Whipple Disease; Tropheryma whipplei; Infection; Central Nervous System
1200
DOENÇA DE WHIPPLE E SISTEMA NERVOSO CENTRAL
IL-12, o que por sua vez induz uma menor produção de larmente nos estádios precoces da doença, podendo pre-
IFN-γ e por consequência diminui a produção de imuno- ceder em vários anos as manifestações gastrointestinais
globulina G2 e a capacidade de fagocitose e de degrada- ou sistémicas 8,25. As manifestações extraintestinais mais
ção intracelular por parte dos macrófagos da mucosa in- comuns são a artropatia e sintomas constitucionais (parti-
testinal29-31. Esta diminuição da produção da IL-12 foi cularmente o emagrecimento, presente em mais de 2/3 dos
observada durante e após o tratamento da DW, indicando casos em algumas séries), no entanto, o sistema nervoso
que esta alteração não ocorre devido à desnutrição central, cardiovascular, mucocutâneo, pleuropulmonar e
debilitante acompanhante da doença ou à alteração da oftalmológico, por ordem de frequência, podem também
função e/ou diminuição do número dos monócitos32. ser afectados de algum modo durante a evolução da
A alta concentração de bactérias viáveis na mucosa doença 6,8,25 .
intestinal parece estar relacionada com um defeito na imu- Em 43% dos doentes com DW o SNC é atingido de
nidade celular da mucosa, que se caracteriza por uma defi- forma secundária pela doença5,6,39. Porém, em 15 a 20%
ciente resposta Th1 e pela presença de um número reduzi- dos doentes com alterações gastrointestinais frustres a
do de linfócitos TCD4+ na lâmina própria. Esta última DW pode apresenta-se simplesmente com alterações neu-
constatação sugere que a mucosa intestinal seja uma im- rológicas6,40. O SNC é afectado de uma forma isolada ou
portante porta de entrada para a T. whipplei32. primária em apenas 5% dos doentes5.
A DW é uma doença difícil de reconhecer, não só pelo
Anatomopatologia facto de ser uma doença rara, mas também por ser uma
Dobbins33 postulou que todos os doentes com DW doença com manifestações clínicas muito variadas sobre-
apresentam um envolvimento anatomopatológico do cé- tudo quando não existem manisfestações sistémicas da
rebro34, o que é confirmado em parte pelos trabalhos de doença, no entanto, as alterações neurológicas mais fre-
vonHerbay et al (7 em 10 doentes tinham PCR+ no LCR quentes da DW são as alterações cognitivas, distúrbios
para T. whippley) 35. dos movimentos oculares, alterações do movimento (par-
As alterações cerebrais macroscópicas mais comuns ticularmente mioclonias) e alterações hipotalámicas (Qua-
na DW são a atrofia cerebral generalizada e a presença de dro II). Esta doença pode ainda manifestar-se sob a forma
pequenos nódulos esbranquiçados até 2 mm de diâmetro, de convulsões, encefalopatia de Wernike, alterações da
espalhados difusamente pela substância cinzenta do córtex linguagem (disfasia), alterações neurológicas focais (in-
cerebral e cerebeloso e na substância cinzenta clusive com envolvimento dos pares cranianos), altera-
subepidendimal presente à volta dos ventrículos e do aque- ções cerebelosas, síndroma meníngeo, alterações neuro-
duto. A nível microscópico ficou demonstrado que os lógicas mimetizando AVC e mielopatia (estas duas últimas
nódulos contém agregados de macrófagos fortemente PAS manifestações são consideradas excepcionais)2,39.
positivos diástase resistentes com restos de material
Quadro II - Manifestações Clínicas da Doença de Whipple no
bacilar, rodeados por grandes astrócitos reactivos. SNC
Num estádio mais avançado da doença os macrófagos
PAS positivos encontram-se também na substância bran-
Manifestações clínicas Percentagem de casos
ca podendo atingir o espaço subaracnoideu e associar-se
a morte neuronal, a formação de vacúolos e desmieliniza-
Alterações cognitivas 71%
ção5,36.
Foi também descrita a presença de microenfartes cere- Oftalmoplegia supranuclear 51%
brais (<5mm de diâmetro), provavelmente provocados por
microêmbolos de proveniência cardíaca, uma vez que nas Alteração do estado de consciência 50%
necrópsias destes doentes encontram-se com frequência Manifestações hipotalámicas 31%
vegetações nas válvulas cardíacas37,38.
Mioclonias 25%
Manifestações Clínicas Neurológicas
Ataxia 20%
A DW caracteriza-se, na maioria das vezes, por um
pródromo de poliartrite migratória, fadiga, emagrecimento MOE e MOM 20%
e anemia, seguido de um síndroma progressivo de dor e MOM - miorritmia oculomastigatória;
distenção abdominal, esteatorreia e caquexia 6. MOE - miorritmia oculofacioesquelética
(Quadro baseado no trabalho de Dutly et al 9)
Os sintomas extraintestinais são frequentes, particu-
1201
PEDRO ABREU et al
Diagnóstico
Louis et al39 propuseram critérios de diagnóstico para
a DW do SNC, baseados na clínica e em meios comple-
mentares de diagnóstico. Segundo estes autores, para se
realizar um diagnóstico definitivo de DW do SNC é neces-
sária a presença de pelo menos uma destas alterações:
MOM ou MOE, biópsia positiva e/ou análise PCR positi-
va. No caso da biópsia ser efectuada noutro tipo de tecido
que não o SNC, são requeridos sinais e sintomas neuroló-
gicos para se poder efectuar este diagnóstico. Ainda, se-
gundo estes critérios para se efectuar o diagnóstico de Fig. 2 - (PASD 100X)- Material PAS positivo, diástase resistente
possível DW do SNC é necessária a presença de, pelo no citoplasma dos macrófagos, observados no córion da mucosa
menos, um destes sinais/sintomas sistémicos: febre de entérica, em doente com doença de Whipple cerebral.
1202
DOENÇA DE WHIPPLE E SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Contudo, a presença de macrófagos com material PAS titativa com PCR em tempo real para a sequência de ADN
positivo não é completamente específica da DW, pois tam- RpoB, tendo sido proposto um cut-off baseado no número
bém está presente em doentes com infecções provocadas de cópias de ADN da bactéria para evitar resultados falso
pelo Mycobacterium avium-intracellulare, Rhodococus positivos (foram encontradas 102 a 105 cópias de ADN
equi, Bacillus cereus, corinebacterium, histoplasma ou por nos indivíduos infectados e nenhuma nos indivíduos sau-
determinado tipo de fungos. O diagnóstico diferencial dáveis) 25.
pode ser efectuado com a coloração Ziehl – Neelsen para Apesar da PCR ser um método com uma boa especifi-
os casos cuja infecção é devida a organismos álcool-áci- cidade, existem autores que recomendam a análise de mais
do resistentes52-54. do que um tecido orgânico54 e a utilização de dois conjun-
O facto de não obtermos biópsias intestinais positivas tos de “primers” bem caracterizados e obtidos a partir de
não invalida o diagnóstico de DW, pois a doença pode ser dois genes diferentes do bacilo, de modo a evitar a pre-
restrita à sub-mucosa e por isso não ser diagnosticada sença de falsos positivos por contaminação25.
numa biópsia de mucosa. Além disso as biópsias podem A serologia apresentou, inicialmente, resultados pro-
ser normais durante a evolução da doença. Esta situação missores31; porém, trata-se de um método sem sensibili-
acontece, particularmente, quando as biópsias são reali- dade e especificidade suficientes para a detecção da bac-
zadas nas fases iniciais da doença ou após o início da téria25.
antibioterapia55-57. Na DW, as alterações nos exames laboratoriais de roti-
A microscopia electrónica é utilizada, desde 1961, para na são consideradas inespecíficas, podendo revelar, em
identificar/confirmar a presença da bactéria T.Whippley. alguns casos, anemia hipocrómica ou normocítica,
No entanto, trata-se de um meio complementar de diagnós- linfocitopenia, eosinofilia, trombocitose, velocidade de
tico que não está presente em todos os hospitais e que sedimentação elevada, aumento das proteínas de fase agu-
exige métodos laboratoriais complexos e demorados para da (como a proteína C reactiva), hipoalbuminemia, carên-
a preparação das amostras, de modo que actualmente só é cia de ferro, alterações da função hepática e alterações
utilizada nos casos em que os resultados da PCR e/ou hidroelectrolíticas9,25. Estas alterações são devidas, na
histologia são duvidosos9. maior parte das vezes, à síndroma de má absorção intesti-
A imunohistoquímica melhora a sensibilidade e espe- nal ou à enteropatia perdedora de proteína. Nestes doen-
cificidade dos métodos histológicos sendo, hoje em dia, tes também encontramos com frequência esteatorreia, re-
possível detectar o bacilo em macrófagos de sangue peri- dução da absorção da xilose, baixos níveis sanguíneos de
férico usando anticorpos policlonais56-60. carotenos e de colesterol25.
O cultivo da bactéria foi extraordinariamente difícil e As alterações do líquor são também consideradas
só em 1999 Raoult D et al31, utilizando técnicas laboratori- inespecíficas. O estudo do líquor pode ser normal ou apre-
ais especiais, conseguem pela primeira vez cultivar o mi- sentar pleocitose e aumento de proteínas. No sobrena-
crorganismo a partir de fibroblastos humanos. dante da centrifugação do líquor é possível, em alguns
Actualmente, a cultura do organismo é feita apenas doentes, encontrar células PAS positivas 69.
com o propósito da investigação, podendo ser realizada As alterações no EEG e nas técnicas de imagiologia
em fibroblastos humanos (MRC5), células Hel e monócitos cerebral que estes doentes muitas vezes apresentam não
de sangue periférico18,61. são consideradas patognomónicas.
A PCR é nesta doença um instrumento diagnóstico O EEG pode apresentar uma actividade inespecífica de
importante, pois apresenta uma grande sensibilidade e ondas lentas70.
especificidade 62, sendo especialmente útil nos casos com A TC e RM cerebral podem ser normais ou demonstrar
manifestações atípicas e/ou quando o diagnóstico não atrofia cerebral, lesões ocupando espaço com captação
pode ser confirmado histologicamente3, 4, 24, 62. de contraste, lesões da substância branca, lesões anela-
Esta técnica possibilitou a identificação desta bactéria res captantes de contraste e hidrocefalia6,40, 71 (Figura 3).
em numerosos tecidos, como no coração63, no vítreo64, A RM é, no entanto, superior à TC uma vez que consegue
nas células de sangue periférico65,66, no pulmão67, e mais detectar lesões de menor dimensão71.
recentemente, no líquor35.
Existem várias sequências genéticas baseadas no 16S Tratamento
rRNA, 23S rRNA ou RpoB do bacilo que se podem utilizar A DW não tratada pode ser fatal25, mas, uma vez inici-
para identificar a bactéria através da PCR68. ada a terapêutica com antibióticos, a maior parte dos do-
Recentemente, foi possível realizar uma análise quan- entes apresenta melhoria clínica e laboratorial5.
1203
PEDRO ABREU et al
1204
DOENÇA DE WHIPPLE E SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Alguns autores advogam que, se existir uma boa tante, uma vez que se trata de uma doença potencial-
resposta clínica, os doentes poderão ser monitoriza- mente tratável e um atraso no tratamento pode resul-
dos com biópsias duodenais aos 6 meses e ao fim de tar em lesões cerebrais irreversíveis 34,40.
um ano do início da terapia79, podendo interromper-se
o tratamento se não se identificar material PAS + 25 . CONCLUSÃO
Outros autores, porém, são mais cautelosos, já que A identificação dos factores de risco da doença, o
afirmam que um terço dos doentes podem ter recidivas desenvolvimento de novas técnicas imunohisto-
se nos basearmos apenas no aspecto histológico80 e, químicas, serológicas e moleculares que permitam um
além disso, também porque as mudanças histológicas diagnóstico mais rápido e o desenvolvimento de téc-
nem sempre acompanham as alterações clínicas e la- nicas moleculares para testar a susceptibilidade aos
boratoriais81; recomendam o uso da PCR, em detrimen- antibióticos vão permitir, no futuro, melhorar as estra-
to da biópsia intestinal, para decidir quando se deve tégias de prevenção, diagnóstico e tratamento da
suspender a antibioterapia e para monitorização da doença de Whipple.
evolução da doença durante e após a terapia 80 .
No caso de existirem manifestações do SNC só deve BIBLIOGRAFIA
suspender-se a terapia quando a PCR no LCR e no 1. WHIPPLE GH: A hitherto undescribed disease characterized
anatomically by deposits of fat and fatty acids in the intestinal
duodeno forem negativas, devendo após a suspensão
mesenteric lymphatic tissues. Bull Johns Hopkins Hosp 1907; 18:
da medicação efectuar-se exames de PCR do LCR em
382-391
função da evolução clínica do doente 5. 2. MESSORI A, DI BELLA P, POLONARA G et al; An unusual
Após a terapia, o seguimento clínico destes doen- spinal presentation of Whipple disease; Am J Neuroradiol 2001;
tes deve ser efectuado durante um longo período de 22: 1004-1008
tempo (no mínimo dez anos), uma vez que existe ten- 3. RELMAN DA, SCHMIDT TM, MACDERMOTT RP, FALKOW
dência para a ocorrência de recidivas tardias com S: Identification of the uncultured bacillus of Whipple’s disease. N
atingimento grave do SNC 14,82. Engl J Med 1992; 327:293–301.
4. FENOLAR F, RAOULT D: Mini Review – Whipple disease;
Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology; Jan 2001, p. 1-8
Diagnósticos Diferenciais
5. ANDERSON M: Neurology of Whipple’s disease. J Neurol
Com base na clínica e nas características
Neurosurg Psychiatry 2000; 68: 2–5
imagiológicas da DW com alterações do SNC, pode- 6. DURAND DV, LECOMTE C, CATHEDRAS P, ROUSSET H,
mos afirmar que os diagnósticos diferenciais desta GODEAU P: Whipple Disease. Clinical Review of 52 cases. The
doença são vastos. SNFMI Research Group on Whipple Disease. Societe Nationale
Várias formas de encefalopatia, algumas Francaise de Medecine Interne.Medicine 1997; 76(3): 170-84
encefalites, doenças desmielinizantes e a maior parte 7. DOBBINS WO: 1987 Whipple’s disease. Charles C Thomas,
das vasculites do SNC têm muitas características em Springfield, III
comum com a DW. As doenças granulomatosas do 8. FLEMING JL, WIESNER RH, SHORTER RG: Whipple Disease:
Clinical, biochemical and histopatologic features and assessment
SNC (inclusive a sarcoidose), infecções crónicas do
of treatment in 29 patients. Mayo Clin Proc 1988; 63:539-551
SNC (tuberculose, infecções por bactérias atípicas e
9. DUTLY F, ALTWEGG M: Whipple’s Disease and “Tropheryma
VIH) podem também ser confundidas com a DW. As whippelii” . Clin Microbiol Rev: July 2001, p. 561–583
fases iniciais da DW mimetizam a doença de Alzheimer 10. FEURLE GE, DÖRKEN B, SCHÖPF E, LENHARD V: HLA-
e se existirem movimentos associados, a doença de -B27 and defects in the T-cell system in Whipple’s disease. Eur J
Creutzfeldt-Jakob80. Também a citopatia mitocondrial Clin Invest 1979; 9:385-389
se pode apresentar com oftalmoplegia e mioclonias. 11. OLIVIERI I, BRANDI G, PADULA A et al: Lack of associa-
Apesar da evolução ser geralmente diferente, as do- tion with spondyloarthritis and HLA-B27 in Italian patients with
enças degenerativas hereditárias, e nomeadamente Whipple’s disease. J Rheumatol 2001; 28: 1294–97.
12. BAI JC, MOTA AH, MAURINO E et al: Class I and class II
entre nós a doença de Machado-Joseph que cursa com
HLA antigens in a homogenous Argentinean population with
perturbação da motilidade ocular, poderão constituir
Whipple’s disease: lack of association with HLA-B27. Am J
um diagnóstico diferencial. Gastroenterol 1991; 86: 992–94.
Assim, este amplo leque de diagnósticos diferen- 13. CHEARS WCJ, ASWORTH CT: Electron microscopic study
ciais faz com que o rastreio da DW em pacientes com of the intestinal mucosa in Whipple’s disease: demonstration of
quadros de clínica exclusivamente neurológica, por ve- encapsulated bacilliform bodies in the lesion. Gastroenterology
zes atípicos ou sem diagnóstico definido, seja impor- 1961; 41:129-38
1205
PEDRO ABREU et al
14. GROSS JB, WOLLAEGER EE, SAUER WG, HIUZENGA KA, 72(2): 217-26
DAHLIN DC, POWER MH: Whipple’s disease: report of four 30. MARTH T, NEURATH M, CUCCHERINI BA, STROBER W:
cases, including two brothers, with observations on pathologic Defects of monocyte interleukin 12 production and humoral immu-
physiology, diagnosis and treatment. Gastroenterology 1959; 36: nity in Whipple’s disease. Gastroenterology. 1997; 113(2): 442-8
65–93. 31. RAOULT D,BIRG ML, LA SCOLA B et al: Cultivation of the
15. DYKMANN DD, CUCCHERINI BA, FUSS IJ, BLUM LW, Bacillus of Whipple’s disease. N Engl J Med 2000; 342:620-625
WOODWARD JE,STROBER W: Whipple’s disease in a father- 32. MARTH T, KLEEN N, STALLMACH A, et al: Dysregulated
-daughter pair. Dig Dis Sci 1999; 44: 2542–44 Peripheral and Mucosal Th1/Th2 Response in Whipple’s Disease.
16. YARDLEY JH, HENDRIX TR: Combined electron and light Gastroenterology 2002; 123: 1468-1477
microscopy in Whipple’s disease: demonstration of “bacillary” 33. DOBBINS WO: Whipple’s disease. Mayo Clin Proc 1988;
bodies in the intestine. John Hopkins Hospital Bulletin 63:623–624
1961;109:80-98 34. SCHNIDER PJ, REISINGER EC, GERSCHLAGER W, et al:
17. DOBBINS WO, KAWANISHI H: Bacillary characteristics in Long-term follow-up in cerebral Whipple’s disease. Eur J
Whipple’s disease an electron microscopic study. Gastroenterol- Gastroenterol Hepatol 1996; 8:899–903
ogy 1981; 80:1468-75 35. VONHERBAY A, DITTON HJ, SCUHMACHER F, et al:
18. LA SCOLA B, FENOLLAR F, FOURNIER PE, ALTWEGGG Whipple’s disease: staging and monitoring by cytology and polymer-
M, MALLET M, RAUOLT D: Description of Tropheryma ase chain reaction analysis of cerebrospinal fluid. Gastroenterol-
whipplei gen.nov, sp. nov., the Whipple’s disease bacillus. Int J ogy 1997; 113:434–41.
Syst Evol Microbiol 2001;51: 1471-1479 36. ROMANUL FCA, RADVANY J, ROSALES RK: Whipple’s
19. WILSON KH, BLITCHINGTON R, FROTHINGAN R, disease confined to the brain: a case studied clinically and patho-
WILSON JAP: Phylogeny of the Whipple’s disease-associated logically. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1977;40:901–909
bacterium, Lancet 1991; 338:474-475 37. ENZIGER EM, HELWIG EB: Whipple´s disease: a review of
20. RELMAN DA, SCHMIDT TM, MACDERMOTT RP, the literature and report of 15 patients. Virchows Arch Pathol
FALKOW S: Identification of the uncultured bacillus of Whipple’s Anat 1963; 336:238-269
disease. N Eng J Med 1992; 327:203-301 38. MCALLISTER HA, FENOGLIO JJ: Cardiac involvement in
21. MATWALD M, DITTON HJ, VON HERBAY A, RAINEY FA, Whipple’s disease. Circulation 1975; 52:152–6.
STACKEBRANDT E: Reassessment of the phylogenetic position 39. LOUIS ED, LYNCH T, KAUFMANN P, FAHN S, ODEL J:
of the bacterium associated with whipple disease and determina- Diagnostic guidelines in central nervous system Whipple’s disease;
tion of the 16S-23S ribosomal intergenic spacer sequence. Int J Ann Neurol 1996; 40(4):561-8
Syst Bacteriol 1996; 46:1078-1082 40. SCHNIDER P, TRATTNIG S, KOLLEGER H, AUFF E: MR of
22. MAIWALD M, SCHUMACHER F, DITTON HJ et al: Envi- cerebral Whipple Disease. AJNR Am J Neuroradiol 1995; 16:1328-
ronmental occurrence of Whipple’s disease bacterium -1329
(Tropheryma whippelii). Appl Environ Microbiol 1998; 64:760– 41. SCHWARTZ MA, SELHORST JB, OCHS AL et al:
2. Oculomasticatory myorhythmia: a unique movement disorder oc-
23. ERHBAR HM, BAUERFEIND P, DUTLY F, et al: PCR-positive curring in Whipple’s disease. Ann Neurol 1986; 20:677–83.
tests for Tropheryma whippelii in patients without Whipple’s 42. TISON F, LOUVET–GIENDAJ C, HENRY P et al: Permanent
disease. Lancet 1999; 353:2214. bruxism as a manifestation of the oculo–facial syndrome related
24. STREET S, DONOGHUE HD, NEILD GH: Tropheryma to systemic Whipple’s disease. Mov Disord 1992; 7:82–5.
Whippelli DNA in saliva of healthy people, Lancet 1999; 43. SIMPSON DA,WISHNOW R, GARGULINSKI RB et al: Oculo-
354:1178-1179 -facial myorhythmia in central nervous system Whipple’s disease:
25. MARTH T, RAOULT D: Whipple’s disease – Seminar. Lancet additional case and review of the literature. Mov Disord 1995;
2003; 361: 239-246 10:195–200.
26. BJERKNES R, ODEGAARD S, BJERKVIG R, BORKJE B, 44. HAUSSER–HAUW C, ROULLET E, ROBERT R, et al: Oculo–
LAERUM OD: Whipple’s disease. Demonstration of a persisting facio–skeletal myorhythmia as a cerebral complication of sys-
monocyte and macrophage dysfunction. Scand J Gastroenterol temic Whipple’s disease. Mov Disord 1988;3: 179–84.
1988; 23(5): 611-9 45. STAMBOULIS E, KARARIZOU E, MANTA P et al: Segmen-
27. DOBBINS WO 3 rd : Is there an immune deficit in Whipple’s tal myoclonus in Whipple’s disease. Electromyogr Clin
disease? Dig Dis Sci 1981; 26(3): 247-52 Neurophysiol 1995; 35:113–16.
28. GROLL A, VALBERG LS, SIMON JB, EIDINGER D, WILSON 46. WEEKS RA, SCOTT J, BROOKS RA et al: Cerebral Whipple’s
B, FORSDYKE DR: Immunological defect in Whipple’s disease. disease. BMJ 1996; 312:371–3.
Gastroenterology 1972; 63(6): 943-50. 47. RAJPUT AH, MCHATTIE JD: Ophthalmoplegia and leg
29. MARTH T, ROUX M, VON HERBAY A, MEUER SC, FEURLE myorhythmia in Whipple’s disease: report of a case. Mov Disord
GE: Persistent reduction of complement receptor 3 alpha-chain 1997; 12:111–14.
expressing mononuclear blood cells and transient inhibitory serum 48. FEURLE GE, VOLK B, WALDHERR R: Cerebral Whipple’s
factors in Whipple’s disease. Clin Immunol Immunopathol 1994 ; disease with negative jejunal histology. N Engl J Med 1979;
1206
DOENÇA DE WHIPPLE E SISTEMA NERVOSO CENTRAL
1207
1208