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O primeiro capítulo trata da introdução ao tema e se divide em 10 seções, além disso, tem
como propósito apresentar as concepções sobre o estudo minucioso da política econômica ao
longo do período republicano, que será tratado no restante do livro. (pg. 01)
O Brasil, a partir de 1580, estabeleceu-se como maior produtor de açúcar no mundo,
alicerçado no trabalho advindo de escravos africanos, e se manteve nessa situação até a segunda
metade do século XVII. No final desde século, a competição de colônias holandesas no Caribe,
franceses e inglesas causou danos à economia açucareira brasileira, a qual deixou de ser soberana,
tendo retornado a este status com a exploração de ouro a partir do ano de 1690. (pg. 01)
1. População
Em 1822, na época da Independência, o Brasil contava com “uma população entre 4,5 e 4,8
milhões de habitantes e cerca de um terço era escrava”. “Em 1850, a população brasileira possuía
cerca de 7,5 milhões de habitantes, com os escravos ainda respondendo por volta de 30% do
total”. Pesquisas no ano de 1872 demonstraram uma população em torno de 10,1 milhões de
habitantes, sendo que 1,5 milhão eram escravos. Já em 1890, a pesquisa mostrou uma população
de 14,3 milhões. (pg. 02)
2. Estimativas de produto
Durante o século XIX, informações sobre renda e produto são profundamente escassas.
Como consequência, as aferições devem ser vistas como suposições imensamente irregulares. (pg.
03)
De 1862-1889, por exemplo, Contador e Haddad afirmaram que a taxa de crescimento
anual do PIB era o total de 2,68% “e de 0,86% do PIB real per capita (Goldsmith, 1986, p. 20)”.
“Um intervalo amplo para a taxa de crescimento anual do PIB per capita entre 0,2 e 0,5% para o
período imperial poderia ser adotado como conjectura razoável, com base nas evidências que
sugerem importantes diferenças regionais.” (pg. 03-04)
3. Atividade
3.1. Agricultura e regiões
No momento da Independência, podia notar que a principal atividade era a agropecuária, a
qual representada a maior parte das exportações e do produto interno, entretanto, não existem
estatísticas no século XIX para a produção agrícola. (pg. 04)
Durante o Império, três produtos na agricultura detinham maior importância, o fumo, o
algodão e o açúcar, contudo, em 1830 o café ultrapassou a importância do açúcar como maior
produto exportado. A influência destes quatro produtos evidencia a atuação associada no que diz
respeito a totalidade das exportações. (pg. 04)
Neste período, a exportação do café cresceu com relação ao total das exportações, passou
de 20% para mais de 60%. O café tinha produção apenas no Rio de Janeiro e em uma parte de São
Paulo. Por outro lado, o açúcar teve sua importância reduzida de 30% para 10%, assim como a do
algodão que também reduziu de 21% para 4% com relação ao total das exportações. (pg. 05)
3.2. Indústria
Nos primeiros 25 anos após a independência do Brasil, os custos relacionados às
concessões à metrópole anterior e à Grã-Bretanha tiveram grande importância e possuíram papel
intermediador para que o novo regime fosse legitimado. No período do Império, a agricultura
ainda predominava na economia brasileira. (pg. 06-07)
3.3. Mineração
A atividade de mineração, por sua vez, em especial o ouro e os diamantes, tiveram seu
ápice na década de 1850 e em seguida iniciaram um declínio lento. As exportações de ambos
diminuíram, do ano de 1850-1880, cerca de 5% do total para menos de 1%. (pg. 07)
3.4. Serviços
As informações sobre o setor de serviços são parciais, com exceção do setor ferroviário que
será tratado posteriormente. É importante salientar que em 1870 a rede de tráfego possuía
700km em operação e em 1889 passou para 9.583 km. (pg. 08)
Outros serviços, como o varejo, atacado e serviços domésticos, também faziam parte da
rotina de muitas pessoas, contudo, o emprego rural ainda era o predominante, sendo que 2/3 da
população ainda estava envolvida, fato este limitador da expansão do setor de serviços. (pg. 08)
4.2. Escravidão
De 1800 até 1850 a importação dos escravos para os produtores de café era equivalente a
2/3 das importações totais, as quais chegaram a alcançar cerca de 2 milhões de pessoas. (pg. 09)
A cessação do tráfico gerou importantes consequências, a oferta era muito menor do que a
procura, ocasionando um aumento desenfreado do preço dos escravos e até a compra desses
escravos dentro do Brasil, levando a acumulação de escravos na região produtora de café. (pg. 10)
Apenas em 1884 foi retirado o empecilho dos fazendeiros, ano em que São Paulo legislou
sobre a permissão de a própria província arcar com os preços do transporte para os imigrantes
estrangeiros. Sendo que entre 1887 e 1889 houve uma entrada densa de imigrantes estrangeiros
para a substituição dos ainda 107 mil escravos para o trabalho assalariado. (pg. 11)
7. Comércio exterior
O Brasil tinha grande importância econômica como exportador. Teve de ser realizada uma
mudança estrutural nas exportações, realocando-se geograficamente, sendo que a Grã-Bretanha
deixou de ser a principal transferindo esta importância para os Estados Unidos e para Europa
Continental. “A mudança da estrutura de origem das importações no período imperial refletiu o
declínio da capacidade competitiva das importações britânicas paulatinamente substituídas por
produtos concorrentes, especialmente da Alemanha e dos Estados Unidos”. (pg. 18)
9. Finanças públicas
9.1. Receita
“A preeminência brasileira no mercado mundial de café, somada à inelastidade preço
da demanda pelo produto, tinha importantes implicações sobre a incidência da taxação sobre o
café. Houve, no período imperial como um todo, uma tendência à desvalorização cambial, embora
em 1889 a taxa de câmbio tivesse voltado à paridade de 1846”. (pg. 22-23)
Impor taxas às províncias era de suma importância, uma vez que as receitas advindas
representavam cerca de 25% das receitas totais do governo. Apesar de o recolhimento de
impostos ser ilegal, “subterfúgios nos anos 1830 abriram caminho para a sua adoção”. (pg. 24)
Não obstante as discussões no âmbito do Legislativo na década de 1880, não se pôde
chegar a um acordo com relação ao modo de disposição das receitas entre as províncias. Então o
governo central entendeu por ignorar a ilegalidade do recolhimento de taxas das importações das
províncias. (pg. 24)
9.2. Despesa
“O nível de despesas do governo central dependia em grande medida dos gastos militares
relacionados a operações internas e externas. O Sul e a Corte contribuíam com dois terços da
receita do governo central, em contraste com um terço do Norte e do Nordeste. A receita do
governo central em São Paulo era de 7% do total, inferior à do Pará e à de Bahia e Pernambuco,
mas a despesa era de apenas 2% do total”. (pg. 25)
10. Conclusões
No ano de 1820 o PIB brasileiro poderia ser comparado ao mexicano e equivalia a pouco
mais da metade do PIB per capita dos Estados Unidos. “A expansão do café foi acompanhada pela
retração relativa, e em certos casos, absoluta da exportação/produção de commodities
tradicionalmente exportadas pelo Nordeste como algodão, açúcar e fumo”. (pg. 27)
No âmbito político, interesses paulistanos se sobressaíram aos interesses nordestinos.
Após a Guerra do Paraguai, com a vitória, os militares republicanos tiveram sua influência
aumentada. Os resultados econômicos em razão do adiamento da abolição da escravatura e o
cansaço das instituições imperiais ocasionaram a proclamação da República e “ à rápida reversão
do quadro econômico favorável da segunda metade da década de 1880”. (pg. 28)
1. Introdução
Este período foi um dos mais complicados para os responsáveis pelas políticas econômicas,
posto que durante a primeira década foram observadas transformações “estruturais” na economia
brasileira, “destacadamente a súbita disseminação do trabalho assalariado no campo e o
reordenamento da inserção do país na economia internacional”. (pg. 29)
O capítulo 02 tem como objetivo discorrer sobre as transformações estruturais mais
importantes, as quais afetaram diretamente o desenvolvimento da política econômica, e em
seguida, relatar quais foram as providências econômicas tomadas durante os anos 1890. (pg. 29)
7. Conclusões
Após as explanações deste capítulo, é possível se concluir de três formas. Primeiramente,
não pode ser levada em conta a visão tradicional da política econômica adotada durante a
Primeira República no sentido de que era apenas em privilégio da indústria cafeeira. (pg. 75)
Em seguida, as conclusões relacionadas aos mecanismos de operação das relações
econômicas internacionais, nos dois sentidos, tanto sob taxas de câmbio flutuantes, quanto sob o
padrão-ouro. (pg. 75)
A última conclusão seria no que diz respeito à política econômica e o estilo das políticas
econômicas que teve início a partir de 1930, com uma intervenção do governo maior nos acordos
internacionais. (pg. 76)
“É certamente lícito inferir-se que os governos do regime anterior a 1930 fracassaram
fundamentalmente ao não promover as mudanças estruturais necessárias para dar maior
estabilidade macroeconômica ao país, tal como maior diversificação das exportações, uma base
fiscal menos vulnerável a choques externos e assim por diante”. (pg. 76)
Os desequilíbrios externos fizeram com que o Brasil conseguisse criar condições internas
para manter sua estabilidade na economia. Conclui-se, portanto, que as modificações nas relações
internacionais são fatos viáveis de explicar as adoções de políticas econômicas e as mudanças nas
estruturas após o período da Primeira República. (pg. 77)