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1 Artigo publicado no site SSEX BBOX – Sexualidade fora da caixa em 28 de agosto de 2016.
Para acessar a publicação original: http://www.ssexbbox.com/2016/08/para-desaprender-o-
queer-dos-tropicos-desmontando-a-caravela-queer/
2 Jota Mombaça é também Monstra Errática e MC Katrina. É uma bicha não binária do Nordeste
Assim, falta à elite teórica do queer nos trópicos reconhecer de que modos
a colonialidade do queer não se dá somente de fora para dentro – isto é, do
mundo euroestadunidense para os contextos periféricos –, mas também de
dentro para dentro, por efeito de um “colonialismo interno” levado a cabo pelos
mesmos teóricos de gênero que ora questionam a supremacia do queer do Norte
sobre os queer do Sul. Nesse sentido, a oposição macro-estrutural Norte e Sul
produz contraditoriamente um apagamento das tensões Sul-Sul e contribui para
a perpetuação de modos de dominação epistemológica, ética e política não
previstos por autores como Pedro Paulo Gomes Pereira.
p.s.: quando falo em “elite teórica queer do Brasil”, refiro-me à rede de teóricos
de gênero e sexualidade consolidados, bem posicionados nos rankings formais
de produção de conhecimento, empregados por universidades de renome,
majoritariamente brancos e cisgêneros. Falo de gente como Richard Miskolci,
que durante o I Seminário Queer do SESC (que não por acaso ficou conhecido
como Cisminário) chegou a afirmar que a ausência de pessoas trans*,
racializadas e dissidentes sexuais na programação do referido evento se devia
a uma “falta de vocabulário” que ele, e a equipe por ele formada, estava tentando
suprir com suas pesquisas, falas e publicações.
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