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A Arquitetura
A Pintura 2
Os pintores, de um modo geral, procuram reproduzir a realidade, submetida a uma beleza idealista.
O espírito clássico, a ordem e as formas simétricas são traços marcantes desta pintura. A paisagem
não é mais um quadro pintado atrás dos personagens. Torna-se independente e contribui para o
sentimento geral. As figuras são envolvidas pela atmosfera, e a invenção do claroescuro, por
Leonardo da Vinci, parece resultar não apenas do desejo de representar melhor a realidade, mas
ainda da necessidade de estabelecer a unidade e fazer com que a luz represente um papel
importante no conjunto. Na pintura renascentista podemos distinguir três grandes escolas com
características próprias, facilmente perceptíveis, quando se adquire alguma familiaridade com seus
artistas representativos. Essas escolas são: a florentina, a veneziana e a romana.
A florentina cujo centro de irradiação fora a cidade de Florença a partir da segunda metade do século
XV, caracterizou-se pelo intelectualismo, que se exprimiu tanto pelo predomínio da linha sobre a cor
como pela sensibilidade espiritualizada do claro escuro. A veneziana, que se irradiou de Veneza,
notabiliza-se pelo predomínio da cor sobre o desenho ou a linha. Os venezianos são luminosos
coloristas. Sugerem o volume e o contorno por meio de massas e cores, exprimindo-se pouco pelo
desenho. Falam mais aos sentidos do que ao espírito. São sensuais, decorativos e suntuosos. A
romana realiza o equilíbrio entre a linha dos florentinos e a cor dos venezianos. Em outras palavras,
entre o intelectualismo florentino e o sensualismo veneziano, entre a razão e o sentido.
O pintor Sandro Botticelli fez parte da escola florentina. Em suas obras compõe alegorias mitológicas
(Nascimento de Vênus é um exemplo; acima), literárias e cenas religiosas na qual expressa um
requintado intelectualismo. Apreciam os belos trajes, os nus são castos, a linha sugere o volume.
Alessandro di Mariano di Vanni Felipepi nasceu na cidade italiana de Florença, no dia 1º de março
de 1445. Desenvolveu um estilo personalíssimo, caracterizado pela elegância do seu traçado e pela
força expressiva de suas linhas.
A maior figura da pintura renascentista, entretanto, é Leonardo Da Vinci. Não podemos compreender
este gênio da escola florentina sem conhecer os seus manuscritos, fruto de suas experiências e
meditações de seu espírito universal.
O maior representante da escola veneziana é Ticiano, que domina toda a primeira metade do século
XVI. Sua personalidade se afirma na pintura de cores quentes e luminosas, com uma composição
suntuosa e vigor do espaço atmosférico. A antiguidade sugere-lhe assuntos, mas os motivos são por
ele encontrados na realidade. Tem um grande apego à vida e à beleza feminina, como demonstra a
sua Vênus de Urbino.
Rafael, da escola romana, destaca-se pela delicadeza de traços, pela conciliação do paganismo com
o cristianismo e pelo equilíbrio entre a linha e a cor. Geralmente o conhecemos como pintor das
madonas, tipos ideais e serenos de beleza feminina, suaves, um pouco lânguidas, muitas vezes
convencionais, pois muitas de suas obras foram praticamente feitas por discípulos. Destacam-se
pelos valores expressivos na organização e distribuição dos elementos: massas, volumes, áreas,
cores e linhas nos seus quadros, aplicando com sensibilidade os princípios matemáticos e
geométricos, então bastante em voga entre os renascentistas italianos. Teve um sentimento do
espaço, articulando-o com os volumes. Deixou alguns dos mais belos e eloquentes retratos da
pintura universal, tanto pela acuidade da observação psicológica, segurança de técnica, como pela
simplicidade e bom gosto da composição.
Michelangelo, artista que por sua originalidade se torna verdadeiro solitário, difícil de ser classificado
dentro das características gerais dessas escolas. Foi escultor, pintor, arquiteto e poeta. A pedido do
papa Júlio II, pintou o teto da capela Sistina, dividindo-o em nove retângulos, contando a história da
criação do mundo e do homem. No fundo desta capela, pintou o Juízo Final, monumental afresco
com 17 metros de altura, por 13 de largura. É uma obra magnífica pela sua exuberância de formas e
linhas concebida em plena renascença e que prenuncia o barroco.
A Escultura 3
O maior escultor do renascimento italiano foi também Michelangelo. Suas próprias pinturas, pelo
vigor do desenho e dos volumes, possuem caráter escultório. Em 1501, por encomenda da Signoria,
começa a executar em Florença, num bloco de mármore abandonado junto da catedral, a estátua
colossal de Davi, que está hoje na Academia de Arte da cidade. Dotada de grande técnica, tem
algumas características marcantes como: eloquência, heroísmo, força, visão dramática e grandiosa
do mundo.
Ghiberti, escultor florentino, destacou-se com suas duas portas de bronze no Bastitério de Florença.
A sua Porta do Paraíso prima pela comunicação realista, justeza do modelado e senso de
profundidade. As cenas do Velho testamento, desde a criação de Adão e Eva até o encontro de
Salomão com a rainha de Sabá, no templo de Jerusalém, superam as expectativas.
Outra figura importante na escultura italiana foi Donatello, realista, com suas figuras carregadas de
verdades humanas, com fortes influências da escultura romana como povoam as suas obras: Davi e
Gattamelata.
Leonardo da Vinci nasceu em 1452, no pequeno vilarejo de Vinci, próximo a Florença, na Itália, daí
vem seu nome, e morreu aos 67 anos no castelo onde vivia em Cloux, França, no ano de 1519. Era
filho ilegítimo de um advogado e tabelião, com uma camponesa, mas teve o apoio de um tio com
quem aprendeu a apreciar e observar com atenção a natureza.
Bem cedo se tornou um estudioso das águas, das plantas e dos animais. Desde então teve sempre
uma curiosidade permanente de descobrir a razão do funcionamento de tudo. Apresentou talento
artístico precocemente, o que levou o pai a encaminhá-lo para o ateliê de um famoso mestre, Andréa
Verrochio, em Florença. Aos 20 anos se destacava como pintor, mas nunca se restringiu ao mundo
da arte, dividindo-se entre a pintura, escultura e experimentos em múltiplas áreas. Uma inteligência
extraordinária, o talento quase sobrenatural e uma forte intuição, num período de grande
efervescência cultural e científica, o Renascimento transformou Leonardo da Vinci num dos maiores
gênios da história - o maior de todos, segundo alguns, por sua versatilidade e antevisão do futuro.
Fez descobertas espantosas para a época, quando a Europa recém se libertava do obscurantismo
da Idade Média.
Da Vinci dissecava cadáveres, uma atividade mal vista na época. Produziu cerca de 120 estudos
inéditos do corpo humano, com desenhos extremamente detalhados - quase tomografias - dos
músculos, ossos, nervos, tecidos, artérias, explicando o funcionamento de cada órgão ou sistema e
o desenvolvimento do feto. Fez descobertas que só se confirmariam no século XX, como a
arteriosclerose. São notáveis, por exemplo, suas conclusões sobre o mecanismo da visão, pois
quando todos acreditavam que o olho humano emitia um facho de luz para ver as coisas, ele deduziu
exatamente o contrário: é o olho que recebe a luz e transmite a imagem ao cérebro através do nervo
óptico. É de Leonardo também O Homem de Vitruviano, conhecida ilustração sobre a simetria e as
proporções humanas, baseada num tratado do arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollo. Leonardo
tinha uma certa aura de mistério. Era melancólico e reservado, contam historiadores, costumava
escrever de modo inverso, da direita para a esquerda, com uma caligrafia que só pode ser lida num
espelho por especialistas, e às vezes introduzia erros em seus projetos para enganar a quem
tentasse copiá-los. Leonardo Da Vinci sempre foi considerado um homem à frente do seu tempo e
uma unanimidade artística. É dele a pintura mais famosa do mundo, a Mona Lisa, que se encontra no
Museu do Louvre, em Paris. Também na arte foi um gênio inquieto, procurando novos materiais e
técnicas inovadoras na incansável busca à perfeição. São características na sua obra, por exemplo,
a riqueza dos movimentos, paisagens de fundo e o sfumato - camadas de cores que produzem maior
sensação de profundidade, forma, volume, e contornos sem definição. O que se destaca nele é uma
multiplicidade de campos de atuação, pois era pretensão dos humanistas de então ter uma visão de
todas as áreas do conhecimento. É um artista singular. Sua obra é pequena em número quando
comparada com a de outros artistas do Renascimento Italiano, mas é uma obra de tal ordem
revolucionária que muda o curso da arte. É um inovador em todos os aspectos.