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ESCOLA JUDICIAL DO TRT5

Formação Continuada de Assistentes e Assessores

Tema: Teoria geral de recursos e recurso


ordinário
Data: 17/02/17

Andréa Presas Rocha


andreapresas@gmail.com
1. Conceito, natureza jurídica e fundamentos

Conceito: meio processual que serve para viabilizar, dentro de um


mesmo processo, a integração, o esclarecimento, a anulação ou
reforma da decisão impugnada.

Natureza jurídica – Doutrina – duas correntes: recurso como ação


autônoma x recurso como modalidade e prolongamento do direito de
ação
 Direito brasileiro, constitui meio de impugnação da decisão judicial,
dentro de um mesmo processo
 Meios autônomos de impugnação: querela nullitatis; ação
rescisória; mandado de segurança

Fundamentos:
 aprimoramento das decisões judiciais
 inconformismo da parte vencida
 falibilidade humana
2. Classificação

Quanto à finalidade:
 Ordinários – destinados à correção de erros de procedimento (matéria
processual) e erros de julgamento (mérito), com ampla possibilidade de
discussão do acervo probatório, visando à obtenção de uma decisão justa.
 Extraordinários – visam à uniformização da interpretação da legislação
constitucional e federal (e.: RR, RE).

Quanto à fundamentação:
 Livre – a lei não exige que o recorrente aponte erro ou vício específico; os
tópicos da decisão podem ser livremente impugnados; o mero
inconformismo é suficiente para o seu cabimento.
 Vinculada – a lei exige que o recorrente aponte um vício específico na
decisão, preencha algum pressuposto específico de recorribilidade ou faça
a impugnação de matéria específica da decisão (ex.: ED, RR).

Quanto à extensão do inconformismo:


 Parcial
 Total
3. Princípios dos recursos trabalhistas

3.1. Duplo grau de jurisdição

CF, art. 5º, LV – LV - aos litigantes, em processo judicial ou


administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
 Não se trata de princípio constitucional – não é previsto na
CF, tampouco decorre do devido processo legal ou do
acesso à Justiça.
o O direito de recorrer somente pode ser exercido quando a
lei o disciplinar e forem observados os pressupostos
o TST – SUM-356 (causas de alçada)
3.2. Taxatividade

A previsão do rol de recursos é numerus clausus


(CLT e CF).

3.3. Singularidade ou unirrecorribilidade

Cada decisão comporta apenas um recurso


específico.
3.4. Fungibilidade

Possibilidade da parte interpor um recurso, ao invés de outro, desde que


presentes os requisitos do recurso adequado – decorre da instrumentalidade
do processo e se alinha com a simplicidade, informalidade e efetividade do
processo do trabalho.
SUM-421: I – Cabem embargos de declaração da decisão monocrática do relator
prevista no art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973), se a parte
pretende tão somente juízo integrativo retificador da decisão e, não, modificação
do julgado. II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática,
cumpre ao relator converter os embargos de declaração em agravo, em face dos
princípios da fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao
pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recorrente para, no prazo de 5
(cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às
exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015.
OJ-SDI2-69: Recurso ordinário interposto contra despacho monocrático
indeferitório da petição inicial de ação rescisória ou de mandado de segurança
pode, pelo princípio de fungibilidade recursal, ser recebido como agravo
regimental. Hipótese de não conhecimento do recurso pelo TST e devolução dos
autos ao TRT, para que aprecie o apelo como agravo regimental.
3.4. Fungibilidade
Pressupostos:
 Dúvida objetiva sobre o recurso cabível (= fundada discussão na doutrina e
na jurisprudência sobre qual recurso cabível);
 Inexistência de erro grosseiro ou má-fé:
o Há erro grosseiro quanto a lei expressamente disciplina o recurso e a
parte interpõe outro
o Há má-fé, por exemplo, quando a parte pretende apenas a
procrastinação do feito.
o OJ-SDI1-412 AGRAVO INTERNO OU AGRAVO REGIMENTAL.
INTERPOSIÇÃO EM FACE DE DECISÃO COLEGIADA. NÃO
CABIMENTO. ERRO GROSSEIRO. INAPLICABILIDADE DO
PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. É incabível agravo
interno (art. 1.021 do CPC de 2015, art. 557, §1º, do CPC de 1973) ou
agravo regimental (art. 235 do RITST) contra decisão proferida por
Órgão colegiado. Tais recursos destinam-se, exclusivamente, a
impugnar decisão monocrática nas hipóteses previstas. Inaplicável, no
caso, o princípio da fungibilidade ante a configuração de erro grosseiro.
 Atendimento dos pressupostos do recurso adequado.
3.5. Proibição de reforma in pejus

Exceções: matérias que o tribunal pode pronunciar de ofício, pois


estas decorrem do efeito translativo do recurso, para uma parte
da doutrina, e do efeito devolutivo, para outra.
 IN 39 do TST: Art. 4º, § 2º (não é decisão surpresa).
 Nos recursos extraordinários não há essa possibilidade, uma
vez que são de fundamentação vinculada, e cuja finalidade é
a uniformização da interpretação.

3.6. Variabilidade

Significa a possibilidade da parte, dentro do prazo recursal,


alterar o recurso já interposto por outro, o correto – a previsão
constava no CPC/39, art. 809.
 Não mais existe tal princípio – com a interposição, opera-se a
preclusão consumativa.
3.7. Dialeticidade

Significa a necessidade de a parte fundamentar o recurso,


apontando as razões do pedido de reforma, de molde a, inclusive
permitir o contraditório (CPC, art. 1010).
 A jurisprudência majoritária aplica o princípio da dialeticidade
ao processo do trabalho, a despeito do art. 899 da CLT
(simples petição).
 Exceção: exercício do jus postulandi.

3.8. Irrecorribilidade das decisões interlocutórias (CLT, art.


893, §1º)

Finalidade: celeridade processual e prestigiar a autoridade do


juiz.
4. Remessa necessária ou recurso de ofício

 Decreto-lei 779/69 e CPC/496


 Não tem natureza de recurso (falta-lhe voluntariedade, dialeticidade,
preparo etc.): trata-se de condição de eficácia da sentença.
 Doutrina: aplica-se o efeito translativo, com ampla devolutividade, não se
aplicando o princípio da vedação da reformatio in pejus.
 SUM-303: FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO. I - Em dissídio individual, está sujeita ao
reexame necessário, mesmo na vigência da Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda
Pública, salvo quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a: a) 1.000 (mil) salários
mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; b) 500 (quinhentos)
salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito
público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; c) 100 (cem) salários mínimos para todos os
demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. II – Também não se sujeita ao
duplo grau de jurisdição a decisão fundada em: a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior
do Trabalho; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do Trabalho em
julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência; d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada
no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula
administrativa. III - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho está sujeita
ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses dos
incisos anteriores. IV - Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação
processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal
situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito
privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa.
5. Recurso e direito intertemporal (CLT, arts. 912 e 915;
CPC, art. 1046)

Princípios:
 irretroatividade da lei nova;
 vigência imediata da lei nova ao processo em curso;
 impossibilidade de renovação das fases processuais já
ultrapassadas pela preclusão (teria do isolamento dos atos
processuais):
o deve ser observada a lei vigente à época da interposição e
do julgamento;
o doutrina e jurisprudência admitem a aplicabilidade
imediata da lei se for mais benéfica ao recorrente (ex.:
majoração do prazo).
6. Decisões irrecorríveis no processo do trabalho
6.1. Decisão interlocutória
Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza
decisória, que resolve questão incidente, causa gravame a pelo menos
uma das partes e não põe fim ao processo (CPC, art. 203, §2º).
 Distingue-se das sentenças (CPC, art. 203, §1º), pois estas põem
fim ao processo ou à fase de cognição (CPC, arts. 485 e 487).
 Distingue-se do despacho, pois na interlocutória há lesividade da
decisão, o que inocorre no despacho.

Não são recorríveis de imediato:


 CLT, art. 893, § 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo
próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do
merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da
decisão definitiva.
 Necessidade de protesto? Grande parte da doutrina e da
jurisprudência majoritária tem entendido que sim, apesar da clareza
do art. 893, §1º.
 Mandado de segurança utilizado como sucedâneo recursal.
6.1. Decisão interlocutória

A Súmula 214 admite a recorribilidade imediata nas hipóteses:


a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou
Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
(o TST tem sido cauteloso na aplicação desta alínea)
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o
mesmo Tribunal; (recursos previstos no RI, como o AR)
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a
remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a
que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto
no art. 799, § 2º, da CLT.
6. Decisões irrecorríveis no processo do trabalho

6.2. Dissídios de alçada

Constitucionalidade do art. 2º, §4º, da Lei n. 5.584/70:


 Não há garantia constitucional a duplo grau.
 SUM-356 - O art. 2º, § 4º, da Lei nº 5.584, de 26.06.1970, foi
recepcionado pela CF/1988, sendo lícita a fixação do valor
da alçada com base no salário mínimo.
 Valor da data do ajuizamento da ação.
 Recorrível apenas pelas vias do ED e do RE:
o Precedentes STF: RE 136146 e RE 136154
o Não cabe RR: estes são contra decisões de TRT
o Desnecessário prequestionamento
6. Decisões irrecorríveis no processo do trabalho

6.3. Despachos

CPC, art. 203:


§3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.
§4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista
obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados
de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.

CPC, art. 1001: Dos despachos não cabe recurso.


 Quando tiver conteúdo decisório (ex.: defere perícia, nega
seguimento a recurso), causando prejuízo à parte, pode ser
questionado na forma do art. 893, §1º, da CLT.
7. Pressupostos recursais (requisitos de admissibilidade)

São pressupostos processuais e condições da ação na esfera


recursal

Classificam-se em:
 Objetivos ou extrínsecos – dizem respeito a fatores externos
à decisão recorrida, geralmente posteriores a ela:
recorribilidade ou cabimento, adequação ou singularidade,
tempestividade, representação, preparo, regularidade formal
e assinatura.
 Subjetivos ou intrínsecos – dizem respeito à decisão recorrida
em si mesma considerada: legitimação para recorrer e
interesse recursal.
7.1. Pressupostos subjetivos ou intrínsecos
7.1.1. Legitimidade
Não se aplica a teoria da asserção na esfera recursal:
 a lei determina quem pode recorrer (CPC, art. 996):
o a parte que sucumbiu, total ou parcialmente;
o o terceiro prejudicado pela decisão;
 modalidade de intervenção de terceiro na fase recursal
(cabimento?)
 interesse jurídico: deve demonstrar que sofrerá os efeitos da
decisão, tal como acontece na assistência e intervenção de
terceiros (ex.: perito, advogado condenado solidariamente, sócio
da empresa ré, empresa do mesmo grupo)
o o Ministério Público quando atue como parte ou fiscal da ordem
jurídica (custos legis).
 OJ-SDI1-237 - I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para
recorrer na defesa de interesse patrimonial privado, ainda que de empresas
públicas e sociedades de economia mista. II – Há legitimidade do Ministério Público
do Trabalho para recorrer de decisão que declara a existência de vínculo
empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública, após a
Constituição Federal de 1988, sem a prévia aprovação em concurso público, pois é
matéria de ordem pública.
7.1.2. Interesse
Decorre da sucumbência, total ou parcial.
 Deve ser analisado numa visão retrospectiva (a posição processual antes
da prolação da decisão) e prospectiva (a posição processual que poderá
alcançar com a modificação da decisão que causa gravame)
o o interesse decorre da vantagem processual resultante da comparação
destes dois momentos.
 E quando há extinção do processo sem resolução de mérito? Divergência
doutrinária acerca da possibilidade.
o E se a própria parte arguiu preliminar invocando a extinção sem
resolução de mérito, em face do princípio da eventualidade da defesa,
haveria preclusão lógica?
 E quanto há improcedência total, a reclamada pode recorrer?
o E se houve cerceamento de defesa na instrução, que possa ensejar
modificação do julgado pelo tribunal, haveria interesse?
 Sucumbência formal (CPC/996) x sucumbência material (a parte
pretende uma decisão mais favorável)
 Possibilidade de interposição de recurso adesivo
Não há interesse quando a parte aceita a decisão, expressa ou tacitamente
(CLT/769):
 exemplo de aceitação tácita: pagamento; reintegração espontânea.
7.2. Pressupostos objetivos ou extrínsecos

7.2.1. Recorribilidade

A decisão contra a qual se oponha o recurso deve ser


recorrível: sentenças definitivas e terminativas, e determinadas
decisões interlocutórias.

Não são recorríveis: despachos e sentenças proferidas nos


dissídios de alçada.
7.2.2. Adequação ou singularidade

O recurso interposto deve ser adequado à decisão impugnada:


 cada espécie de decisão desafia um tipo de recurso previsto
na lei.

Princípio da fungibilidade ou instrumentalidade das formas:


 se a parte interpuser recurso inadequado (equivocado), este
será admitido se estiverem presentes os pressupostos
específicos de admissibilidade do recurso correto.
 erro grosseiro: não se aplica o princípio da fungibilidade (OJ’s
n. 412 da SDI-1 e n. 152 da SDI-2 do TST).
7.2.3. Tempestividade

Prazo unificado de 8 dias (Lei n. 5.584/70, art. 6º), exceto os


embargos declaratórios, cujo prazo é de 5 dias (CLT, art. 897-A).

Ministério Público, União, Estados, Distrito Federal, Municípios


e respectivas autarquias e fundações de direito público: prazo
em dobro para recorrer (CPC, arts. 180 e 183, §2º).

Não se aplica o prazo em dobro para os litisconsortes com


diferentes procuradores previsto no art. 229 do CPC (OJ-SDI1-
310) - incompatibilidade com a celeridade inerente ao processo
do trabalho.

CPC, art. 218, §4º - é considerado tempestivo o recurso


interposto antes do termo inicial do prazo (cancelamento da
Súmula 434).
7.2.4. Representação

A representação diz respeito à regularidade da representação


processual para a prática de atos processuais privativos de
advogado.

Jus postulandi – limitado à instância ordinária e às ações


envolvendo relação de emprego (Súmula n. 425 do TST).

Parte assistida por advogado - a procuração deve ser juntada


até o momento da interposição do recurso, admitindo-se, em
caráter excepcional, que o advogado a exiba em 5 dias, sob
pena de se considerar ineficaz o ato (Súmula n. 383 do TST).
7.2.5. Preparo

Determinados recursos exigem o preparo:


comprovação de recolhimento das custas processuais
e do depósito recursal.
 A falta do preparo acarreta a deserção do recurso
(CPC, art. 1007, caput).
7.2.5.1. Depósito recursal (regras na IN n. 03/2013 do TST)

Natureza jurídica híbrida:


 garantia da execução (não se trata de taxa judiciária, como
as custas) - devido pelo empregador e apenas nas
condenações pecuniárias (Súmula 161 do TST).
 pressuposto recursal objetivo (RO, RR, Embargos no TST,
AI, RE)
 violação do acesso à Justiça e da isonomia?
o não há garantia constitucional ao duplo grau, até porque
se trata de pressuposto recursal / consagra a isonomia
real, já que, em regra, há desigualdade econômica entre
as partes / inibe a interposição procrastinatória,
priorizando a celeridade
7.2.5.1. Depósito recursal
Beneficiário da justiça gratuita:
 CPC, art. 98, §1º, VII – a comprovação da insuficiência de
recursos financeiros dá direito à gratuidade da justiça, a qual
compreende os depósitos previstos em lei para interposição de
recurso.
 Jurisprudência do TST – o benefício da justiça gratuita não
compreende a isenção do depósito recursal, na medida em que
este não ostenta natureza de taxa judiciária, mas sim de garantia
do juízo.
o E se o empregador for pessoa física? E se for firma individual,
micro ou pequena empresa em estado de insuficiência
econômica?
 Princípios da razoabilidade e proporcionalidade
 PL 1636/15 – estado da arte: aguardando designação de
relator na CTASP (proposição sujeita à apreciação
conclusiva pelas comissões – já foi aprovado na CDEIC;
falta CTASP e CCJC)
7.2.5.1. Depósito recursal

Não se sujeitam ao depósito recursal:


 Pessoas jurídicas de direito público (Decreto-Lei n. 779/69,
art. 1º);
 Ministério Público do Trabalho.
 Massa falida - não ocorre deserção do seu recurso pela falta
do depósito (Súmula n. 86 do TST), em razão dos seus bens
encontrarem-se arrecadados pelo juízo universal da falência.

Recurso em ação rescisória:


SUM-99 - Havendo recurso ordinário em sede de rescisória, o
depósito recursal só é exigível quando for julgado procedente o
pedido e imposta condenação em pecúnia, devendo este ser
efetuado no prazo recursal, no limite e nos termos da legislação
vigente, sob pena de deserção.
7.2.5.1. Depósito recursal
Deserção:
 A comprovação do recolhimento do depósito deve ser feita
dentro do prazo para a interposição do recurso, sob pena
de deserção (Lei n. 5.584/70, art. 7º).
o A interposição antecipada do recurso não prejudica o
prazo para o recolhimento do depósito (Súmula 245 do
TST), salvo nos casos de agravo de instrumento, para o
qual se exige a comprovação do depósito no ato da sua
interposição (CLT, art. 899, §7º).
7.2.5.1. Depósito recursal
Deserção:
 É ônus do recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação
a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção, sendo que,
atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para
qualquer recurso (Súmula 128, I, do TST).
o A insuficiência no recolhimento do depósito recursal implica
deserção, não sendo possível a sua complementação (Instrução
Normativa n. 39/2016 do TST, art. 10, parágrafo único).
o OJ-SDI1-140 - Ocorre deserção do recurso pelo recolhimento
insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda que a diferença
em relação ao “quantum” devido seja ínfima, referente a centavos.
o CPC, art. 932, parágrafo único - Antes de considerar inadmissível o
recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente
para que seja sanado vício ou complementada a documentação
exigível.
 Diante do disposto no CPC, é possível conceder prazo à parte
para complementar o depósito recursal quando a diferença for
ínfima, haja vista que se trata de vício formal?
7.2.5.1. Depósito recursal
Deserção:
 Na fase de execução, uma vez que o juízo já se encontra
garantido, não é exigível o depósito recursal. Todavia,
havendo elevação do valor do débito, exige-se a
complementação da garantia do juízo (Súmula 128, II, do
TST).
 Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o
depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as
demais, quando a empresa que efetuou o depósito não
pleiteia sua exclusão da lide (Súmula 128, III, do TST).
 O depósito recursal deve ser feito na conta do FGTS do
empregado, admitindo-se o depósito em outra conta na sede
do Juízo e à disposição deste, na hipótese de relação de
trabalho não submetida ao regime do FGTS (Súmula 426 do
TST) – a irregularidade implica deserção (Precedente: AIRR -
1405-20.2015.5.17.0011).
7.2.5.2. Custas
Isentos do pagamento de custas:
 União, Estados, Distrito Federal, Municípios e respectivas autarquias e
fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem
atividade econômica.
o não são isentas as entidades fiscalizadoras do exercício profissional
(CLT, art. 790-A).
 Ministério Público do Trabalho.
 Massa falida (Súmula n. 86 do TST) e sindicatos nas ações coletivas -
isentos do pagamento das custas processuais, salvo em caso de
comprovada má-fé (CDC, art. 87).
 Beneficiários da justiça gratuita.
 Empregador beneficiário da justiça gratuita:
o empregador pessoa física - basta a sua alegação de insuficiência de
recursos para ter direito à justiça gratuita (CPC, art. 99, §3º).
o demais casos - deve comprovar a insuficiência de recursos para que
tenha direito ao benefício (CPC, art. 98, I).
 Súmula n. 481 do STJ: “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a
pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua
impossibilidade de arcar com os encargos processuais”.
7.2.5.2. Custas
Relação de trabalho não empregatícia: aplica-se a sucumbência recíproca (IN
27/05 do TST)

Os valores das custas (CLT, arts. 789 e 789-A):


 No processo de conhecimento incidem à base de 2% sobre o valor da
condenação ou sobre o valor da causa ou sobre o valor que o juiz fixar,
observado o mínimo de R$ 10,64.
 O recolhimento das custas deve ser feito no mesmo prazo do recurso (CLT, art.
789, §1º), por meio de guias denominadas GRU – Guia de Recolhimento da
União.
 Em caso de recolhimento insuficiente, o recorrente deverá supri-lo no prazo de 5
dias, sob pena de deserção do recurso (CPC, art. 1007, §2º; Instrução
Normativa n. 39/2016 do TST, art. 10, parágrafo único).
 As multas por litigância de má-fé (CPC, art. 81) não se equiparam às custas, e,
portanto, o seu recolhimento não é pressuposto objetivo para interposição de
recursos (OJ-SDI-1-409).
7.2.6. Regularidade formal
CLT, Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e
terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas
neste Título, permitida a execução provisória até a penhora.
 Parte da doutrina entende que o RO pode ser interposto por
simples petição, ocasião em que o efeito devolutivo será amplo.
o E como fica o contraditório?
 Outra parte sustenta a necessidade de apresentação de razões,
declinando os tópicos da sentença que pretende reformar
(princípio da dialeticidade ou discursividade – amparo no art.
1.010 do CPC: “razões do pedido de reforma ou de decretação
de nulidade”).
o E se a parte estiver se valendo do jus postulandi?
 Recursos que exigem pressupostos específicos de
admissibilidade não podem ser interpostos por simples petição.
o RR – SUM-422
o AP – CLT/897, §1º
o RE – RI do STF
7.2.7. Assinatura

OJ-SDI1-120. I - Verificada a total ausência de


assinatura no recurso, o juiz ou o relator concederá
prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício.
Descumprida a determinação, o recurso será reputado
inadmissível (art. 932, parágrafo único, do CPC de
2015). II - É válido o recurso assinado, ao menos, na
petição de apresentação ou nas razões recursais.
 Preposto pode assinar recurso? (CLT, art. 843,
caput e §1º - o preposto representa a parte em
audiência)
 PJe
8. Efeitos dos recursos trabalhistas
8.1. Efeito devolutivo
Origem da palavra – direito romano antigo

Possibilidade de submeter a decisão impugnada a órgão jurisdicional,


geralmente diferente daquele que proferiu a decisão recorrida, devolvendo-
lhe a matéria para reapreciação, nos limites das razões do recorrente.
 As matérias que o tribunal pode conhecer de ofício integram o efeito
translativo. (parte da doutrina entende que o efeito translativo integra o
aspecto vertical do efeito devolutivo ou sua profundidade)
 Apenas o mérito do recurso integra o efeito devolutivo, abrangendo toda
a matéria impugnada.
o CPC, Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da
matéria impugnada. §1º Serão, porém, objeto de apreciação e
julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no
processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que
relativas ao capítulo impugnado. §2º Quando o pedido ou a defesa
tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a
apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
8.1. Efeito devolutivo

Limites:
 Princípio da proibição do reformatio in pejus.
 Aspecto horizontal ou de extensão do efeito devolutivo (CPC, art. 1.013,
caput) – a extensão é fixada pelo recorrente.
o Princípio dispositivo (iniciativa da parte quanto às matérias
impugnadas);
 Aspecto vertical ou profundidade do efeito devolutivo (CPC, art. 1.013,
§§1º e 2º) – a profundidade decorre de previsão legal.
 SUM-393 - I - O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário,
que se extrai do § 1º do art. 1.013 do CPC de 2015 (art. 515, §1º, do CPC
de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial
ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados
em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo impugnado. II - Se o
processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário,
deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos termos do § 3º do art.
1.013 do CPC de 2015, inclusive quando constatar a omissão da
sentença no exame de um dos pedidos.
8.2. Efeito translativo

Possibilidade de o tribunal conhecer de matérias não


invocadas pelo recorrente (ex.: questões de ordem
pública)
 Parte da doutrina entende que o efeito translativo
integra o aspecto vertical do efeito devolutivo ou sua
profundidade.
8.3. Efeito regressivo
Possibilidade de retratação do órgão prolator da decisão.
CPC, Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz,
no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. §1º Se não houver retratação, o juiz
mandará citar o réu para responder ao recurso.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: (...)
§3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...) §7º Interposta a apelação em
qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias
para retratar-se.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal. (...) §2º O agravo será dirigido ao relator, que
intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze)
dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo
órgão colegiado, com inclusão em pauta.
8.4. Efeito substitutivo

O acórdão substitui a decisão impugnada no que tiver sido objeto de


recurso (CPC, art. 1.008), ainda quando a mantem pelos próprios
fundamentos.

8.5. Efeito suspensivo

A decisão impugnada fica suspensa até que o recurso seja julgado, não
podendo ser iniciada a fase de cumprimento da sentença, nem mesmo
de forma provisória.
 A regra, no processo do trabalho, é no sentido de que os recursos
não possuem efeito suspensivo, sendo recebidos apenas no efeito
devolutivo, pelo que a parte poderá promover o cumprimento
provisório da sentença, conforme autorizado pelo art. 899 da CLT.
o SUM-414 – medida cautelar para obtenção de efeito suspensivo.
 Em se tratando de dissídio coletivo, há a possibilidade de se deferir
efeito suspensivo (Lei 10.192/01).
8.6. Efeito extensivo

Ocorre quando o julgamento do recurso produz efeitos para as


pessoas que não figuraram como recorrentes (ex.:
litisconsórcio unitário).

8.7. Efeito obstativo

Impede que a sentença adquira a qualidade de coisa julgada,


total ou parcialmente.

8.8. Efeito diferido

É observado quando, para o conhecimento de um recurso, é


exigida a interposição de outro (ex.: recurso adesivo).
8.9. Efeito expansivo

Teoria da causa madura (CPC, art. 1.013, §§3º e 4º; SUM-393, II)
 Permite ao tribunal julgar o mérito quando a causa já estiver madura (sem
necessidade de dilação probatória).
 CPC, art. 1.013, §3º Se o processo estiver em condições de imediato
julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar
sentença fundada no art. 485; II - decretar a nulidade da sentença por não
ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III -
constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que
poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de
fundamentação. §4º Quando reformar sentença que reconheça a
decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito,
examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao
juízo de primeiro grau.
o SUM-393-II - Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o
recurso ordinário, deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos
termos do § 3º do art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando
constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos.
9. Juízo de admissibilidade

RO - CPC, Art. 1.010, §3º Após as formalidades previstas nos §§


1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz,
independentemente de juízo de admissibilidade.
 IN 39 do TST: Art. 2° Sem prejuízo de outros, não se aplicam
ao Processo do Trabalho, em razão de inexistência de
omissão ou por incompatibilidade, os seguintes preceitos do
Código de Processo Civil: (...) XI - art. 1010, §3º
(desnecessidade de o juízo a quo exercer controle de
admissibilidade na apelação).
o Fundamento: CLT, art. 659, VI: “despachar os recursos
interpostos pelas partes, fundamentando a decisão
recorrida antes da remessa ao Tribunal Regional,”

RR – Art. 896, §1º - regramento próprio: o presidente do Tribunal,


em decisão fundamentada, pode recebe-lo ou denegá-lo
10. Natureza da decisão que aprecia a presença dos
pressupostos recursais

Efeitos ex tunc (retroagem à data do fato que ocasionou o não


conhecimento do recurso = término do prazo recursal da decisão
impugnada) ou ex nunc (data da decisão do tribunal que inadmite o
recurso)?
 SUM-100 – solução híbrida: I - O prazo de decadência, na ação
rescisória, conta-se do dia imediatamente subsequente ao trânsito
em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou
não. (...) III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de
recurso intempestivo ou a interposição de recurso incabível não
protrai o termo inicial do prazo decadencial.
o Recurso não conhecido por falta de pressupostos processuais,
efeitos ex nunc.
o Recurso não conhecido por intempestividade ou não
cabimento, salvo dúvida razoável, efeitos ex tunc.
11. Limites das contrarrazões
Doutrina e jurisprudência majoritárias entendem que a
parte não pode formular requerimentos, invocar
matérias não mencionadas no recurso ou pretender a
reforma da decisão.
 Possibilidade de a parte formular alguns
requerimentos (ex.: pronunciamento pelo tribunal de
matérias que possa conhecer de ofício; aplicação e
penalidades; pronúncia de prescrição).
o Necessidade de contraditório.
o Prescrição: polêmica na jurisprudência e na
doutrina sobre essa possibilidade (TST admite -
RR-44200-39.2009.5.06.0017, DEJT 10/02/2017).
12. Majoração dos poderes do relator – CPC/932

Mesmas prerrogativas tem o juiz de primeiro grau (CPC, art. 139)

Finalidade de agilizar a tramitação dos processos em 2º grau.

Art. 932, Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o


recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente
para que seja sanado vício ou complementada a documentação
exigível.
 Finalidades: prestigiar o julgamento do mérito do recurso; evitar
a jurisprudência defensiva; facilitar o acesso à instância recursal.
 SUM-435 - Aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o
art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973).

Possibilidade de retratação em Agravo Interno – CPC, Art. 1.021.


13. A força criativa do direito pelos tribunais

13.1. Precedente judicial

CPC, Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua


jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente.
§1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos
fixados no regimento interno, os tribunais editarão
enunciados de súmula correspondentes a sua
jurisprudência dominante. §2o Ao editar enunciados de
súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias
fáticas dos precedentes que motivaram sua criação.
13.1. Precedente judicial

Common Law
 O precedente vai se sedimentando aos poucos, a partir do momento
em que as instâncias inferiores àquela que criou o precedente passam
a segui-lo e admitir sua força.
o O que confere a força ao precedente é a sua aceitação pelas partes
e pelas instâncias inferiores (aura democrática).
 O precedente é feito para decidir casos passados, e, incidentalmente,
casos futuros.

Civil Law (direito brasileiro)


 O direito é criado pela lei, podendo os tribunais, por meio de
interpretação do ordenamento, diante de casos concretos, criar teses
que possam ser aplicadas em outros casos análogos.
o Os precedente já nascem dotados de efeito vinculante.
 O procedente se extrai do julgamento proferido pelos tribunais
superiores e tem força vinculante para as instâncias inferiores em
casos futuros.
13.1. Precedente judicial
Precedente é a tese extraída do julgamento, que pode ser aplicada em casos
análogos, em razão de suas peculiaridades, importância e generalidade.
 É a chamada ratio decidendi (razão determinante da decisão).
o Somente a interpretação jurídica que se extrai do enquadramento dos
fatos ao regramento legal pode ser objeto do precedente (as
controvérsias fáticas são únicas e desafiam um único julgamento, cuja
tese não pode ser transportada para outras demandas).
 Precedentes não se confundem com direito jurisprudencial (repetição de
decisões reiteradas).
o Precedentes consistem no resultado da densificação de normas
estabelecidas a partir da compreensão de um caso e suas
circunstâncias fáticas e jurídicas.
 No momento da aplicação do caso-precedente, analisado no caso-
atual, se extrai a ratio decidendi ou holding. Trata-se de uma solução
jurídica explicitada argumentativamente pelo intérprete a partir da
unidade fático-jurídica do caso-precedente. Por isso não se confunde
com a jurisprudência, pois não se traduz em tendências do tribunal,
mas na própria decisão do tribunal com respeito à matéria.
13.1. Precedente judicial
Pressupostos para a criação:
1. Os tribunais não podem criar súmulas para casos
hipotéticos, mas somente diante de julgamentos de
casos concretos.
2. As súmulas devem vir acompanhadas de seu
histórico, com referência aos julgamentos que lhe
deram suporte, para que sejam conhecidos os seu
motivos determinantes.
3. Publicidade – os precedentes devem ser
organizados por questão jurídica decidida e divulgados
preferencialmente na web (CPC, art. 927, §5o).
13.2. Força vinculante da jurisprudência dos tribunais
CPC, Art. 927 – estabelece uma política pública de vinculação da jurisprudência no
plano horizontal e no plano vertical.
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade; (já está previsto na CF)
II - os enunciados de súmula vinculante; (já está previsto na CF)
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução
de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e
especial repetitivos; (trata-se de inovação que atribui força vinculante a
decisões de 2o grau e das instâncias extraordinárias)
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
(inovação que prevê a vinculação das instâncias inferiores às súmulas
simples do STF e TST)
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem
vinculados. (as decisões proferidas pelo Pleno e pelo OE possuem efeito
vinculante)
- Inconstitucionalidade dos incisos III, IV e V?
- Inciso IV – ainda que se entenda pela constitucionalidade, somente são de
observância obrigatória aquelas súmulas editadas na forma do art. 926 do CPC.
13.2. Força vinculante da jurisprudência dos tribunais

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:


(...)
§ 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489,
§ 1o, quando decidirem com fundamento neste artigo.
§ 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em
julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências
públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam
contribuir para a rediscussão da tese.
§ 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de
julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da
alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
§ 4o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada
ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a
necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os
princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia.
§ 5o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os
por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede
mundial de computadores.
13.2. Força vinculante da jurisprudência dos tribunais

Argumentos favoráveis:
 Segurança jurídica.
 Previsibilidade do direito e da interpretação das decisões.
 Efetividade do princípio da isonomia.
 Duração razoável.
 Diminuição da litigiosidade.
 Racionalidade do Poder Judiciário.

Argumentos contrários:
 Toda decisão é ato de vontade, sentimento e justiça – não se pode inibir o juiz
de interpretar e fazer os acertamentos devidos o caso concreto.
 O 1o e 2o grau são Cortes de Justiça – analisam toda a matéria fática e jurídica
e estão mais perto do conflito.
 Necessidade de se manter a democracia interna do Judiciário, na qual todos os
seus membros podem interpretar o direito.
 A uniformização engessa a evolução do direito – o Brasil é um país continental,
com peculiaridades que justificam interpretações distintas, ainda mais no Direito
do Trabalho, que sofre diariamente os impactos das mudanças; sociais,
políticas, econômicas e jurídicas.
13.2. Força vinculante da jurisprudência dos tribunais

Quando o magistrado for aplicar a jurisprudência, deve observar:


 Contraditório efetivo
 Demonstrar que o enunciado ou súmula se aplicam ao caso
 Demonstrar a existência de distinção (distinguishing) ou
superação de entendimento (overrulling), quando a parte
invoque precedente, súmula ou jurisprudência.

Quando o magistrado não for aplicar a jurisprudência, deve


observar:
 Demonstrar distinguishing ou overrulling.
II. Recurso Ordinário

Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior: I - das decisões
definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e II - das
decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua
competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais,
quer nos dissídios coletivos.

Sumaríssimo:
Art. 895, §1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso
ordinário: I - (VETADO). II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no
Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria
do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem
revisor; III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à
sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na
certidão; IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com
a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do
voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a
certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão. §2º Os
Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o
julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas
demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.
II. Recurso Ordinário

RO no TST – Art. 225 do RI

Efeito devolutivo (CLT/899): possibilidade de medida cautelar


para atribuir efeito suspensivo (SUM-414-I)

Razões x simples petição (jus postulandi)

Preparo – custas e depósito recursal

Juízo de admissibilidade – inaplicabilidade do art. 1.010, §3º, do


CPC (IN 39 do TST, Art. 2°)
1. Teoria da causa madura
O tribunal pode, de logo, enfrentar o mérito quando a causa já estiver madura (sem
necessidade de dilação probatória).

CPC, art. 1.013, §§3o e 4o:


Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
impugnada.
(...)
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal
deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485; (processo extinto sem resolução
de mérito)
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites
do pedido ou da causa de pedir; (sentenças citra, ultra e extra petita)
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que
poderá julgá-lo; (sentença citra petita)
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição,
o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem
determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.
E quando a sentença é improcedente porque não reconheceu a existência de
vínculo empregatício?
2. Saneamento das nulidades no RO
O saneamento das nulidades pode ser feito em qualquer recurso: possibilita que o
tribunal suspensa o julgamento do recurso, determine a baixa dos autos para a
renovação ou prática do ato processual, e, após renovado ou praticado, prossiga
no julgamento.
 É uma extensão do efeito devolutivo do recurso no aspecto vertical.

CPC, art. 938:


Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do
mérito, deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão.
§ 1o Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser
conhecido de ofício, o relator determinará a realização ou a renovação do ato
processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as
partes.
§ 2o Cumprida a diligência de que trata o § 1o, o relator, sempre que possível,
prosseguirá no julgamento do recurso.
§ 3o Reconhecida a necessidade de produção de prova, o relator converterá o
julgamento em diligência, que se realizará no tribunal ou em primeiro grau de
jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução.
§ 4o Quando não determinadas pelo relator, as providências indicadas nos §§
1o e 3o poderão ser determinadas pelo órgão competente para julgamento do
recurso.
III. Bibliografia básica

BRANDÃO, Claudio; MALLET, Estêvão (coordenadores). Processo do


trabalho (Coleção repercussões do Novo CPC, v. 4, coordenador geral
Fredie Didier Jr.). Salvador: Juspodivm , 2015.
CAIRO JR, José. Curso de direito processual do trabalho. 10ª ed. Salvador:
Juspodivm, 2016.
DIDIER JR, Fredie; PEIXOTO, Ravi. Novo código de processo civil:
comparativo com o código de 1973. Salvador: Ed. Juz Podivm, 2015.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho.
14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel.
Novo código de processo civil comentado. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2015.
MIESSA, Élisson (coordenador). O novo Código de Processo Civil e seus
reflexos no processo do trabalho. 2ª ed. Salvador: Juspodivm , 2016.
NERY JR. Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo civil
comentado. 16ª ed. São Paulo: RT, 2016.
SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho: de acordo com o
novo CPC. 10ª ed. São Paulo: LTr, 2016.

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