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JUNHO DE 2019

Diogo Casanova
Diogo Magano
João Barreira
Rui Ferreira

ANÁLISE CINEMÁTICA DO SALTO EM


COMPRIMENTO
UNIDADE CURRICULAR: BIOMECÂNICA
Licenciatura em Ciências do Desporto pela ESSE/PP
Índice
1.Introdução ............................................................................................. 1

2.Salto em Comprimento ......................................................................... 2

2.1.Descrição do Salto em Comprimento ............................................. 2

2.2.Regulamento .................................................................................. 2

2.3. Descrição Técnica do Salto em Comprimento .............................. 3

2.4. Considerações técnicas do salto em comprimento ....................... 4

2.4.1.Distância de Impulsão ............................................................. 4

2.4.2.Comprimento da Corrida de Aproximação ............................... 5

2.5.Chamada ........................................................................................ 5

2.5.1.Erros comuns na fase da chamada do salto em comprimento 6

2.5.2.Ligação entre a corrida e o salto.............................................. 7

3.Cinemetria ............................................................................................ 8

3.4.Definição de Cinemetria ................................................................. 8

3.4.1.Procedimentos Metodológicos em Cinemetria......................... 8

4.Estudo................................................................................................... 9

4.4.Objetivos ........................................................................................ 9

4.5.Amostra .......................................................................................... 9

4.6.Instrumentos de Avaliação ........................................................... 10

4.6.1.Kinovea .................................................................................. 11

4.7.Avaliações .................................................................................... 11

4.7.1.Local das Avaliações ............................................................. 12

4.8.Resultados Obtidos ...................................................................... 12

4.8.1.Determinação dos resultados ................................................ 12

4.8.2.Análise dos resultados obtidos .............................................. 13

5.Aspetos a melhorar ............................................................................. 16


6.Conclusões Finais .............................................................................. 17

7.Referências Bibliográficas .................................................................. 18


1. Introdução

Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Biomecânica,


inserida no primeiro ano da licenciatura em Ciências do Desporto da ESE/PP. O
objetivo do trabalho é utilizar as técnicas e os conhecimentos adquiridos nesta
disciplina e aplicá-los na prática, mais propriamente na análise do salto em
comprimento.
Este trabalho foca-se na análise cinemática, uma das áreas de estudo da
biomecânica e através dela procuramos analisar e melhor o nosso desempenho
no salto em comprimento.
Devido à indisponibilidade dos intervenientes do estudo e à falta de mais
material, neste trabalho utilizámos apenas uma câmera, sendo a análise feita em
2D. Para além disso, houve fatores que não puderam ser considerados, tais
como: cálculo da Força através da adição de vetores, aceleração, entre outros.
Decidimos focar-nos apenas numa das fases do salto em comprimento,
sendo esta a fase da chamada. Foram priorizadas componentes para análise
como a altura do centro de massa, a velocidade de saída e de voo e a
determinação das amplitudes dos diferentes segmentos, relevantes ao salto em
comprimento.
O programa informático utilizado foi o Kinovea, que irá ser abordado mais
à frente.

1
2. Salto em Comprimento

2.1. Descrição do Salto em Comprimento

O salto em comprimento é um exemplo de atividade de força-velocidade,


onde o objetivo do saltador é, respeitando o regulamento específico, percorrer a
maior distância horizontal, possível.
O atleta procura a máxima velocidade de saída do próprio corpo, na
direção e ângulos corretos para a fase de suspensão. Só assim é possível
projetar o próprio corpo à máxima distância horizontal. No entanto, para o atingir,
o atleta tem de respeitar o regulamento específico do salto, que determina um
tempo máximo para o iniciar, delimita uma distância máxima de corrida bem
como uma zona de chamada, com um local determinado para a medição. (Paulo
Romão, Silvina Pais, 2005)

2.2. Regulamento

1. O salto será nulo quando um concorrente:


a) na chamada, pisa o solo para além da respetiva linha de chamada;
b) efetua a chamada fora da pista de balanço;
c) efetua a receção antes da caixa de areia e após a linha de chamada;
d) caminha na direção da tábua de chamada, dentro da caixa de areia;
e) efetua o seu salto após o tempo de 1 minuto e 30 segundos que lhe é
concedido para cada tentativa.

2. O salto será medido perpendicularmente desde a marca mais recuada


produzida por qualquer parte do corpo na caixa de areia até à linha de chamada
(aresta da tábua de chamada mais próxima da caixa de areia).
3. Os concorrentes têm direito a executar três saltos. Os oito melhores
são apurados para três saltos suplementares.
4. Os concorrentes são classificados em função do seu melhor salto
registado no concurso. (Costa, 2017)

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2.3. Descrição Técnica do Salto em Comprimento

Figura 1 - Fases do Salto em Comprimento, retirado do “Manual do Treinador – Nível I”


da Federação Portuguesa de Atletismo

Segundo a Federação Portuguesa de Atletismo e, conforme está descrito


no seu manual de treinador nível I, o salto em comprimento divide-se em quatro
fases: Corrida de balanço, Chamada, Voo e Queda.
• Durante a corrida de balanço a velocidade deve ir aumentando
progressivamente até à tábua de chamada.
• Na fase da chamada, o atleta deve procurar maximizar o ganho de
velocidade vertical e minimizar a perda de velocidade horizontal, fazendo
uma boa ligação entre a corrida e a impulsão.
• Durante a chamada o apoio deve ser feito pelo terço anterior do pé, num
movimento em “grifée”, rápido e ativo.
• Na fase final da chamada deve haver uma extensão completa da perna
de impulsão e uma subida da perna livre até a coxa ficar na horizontal.
• Na fase de voo o atleta deve procurar manter uma posição de “afundo”,
em que a perna livre fica na mesma posição do final da chamada. O tronco
deve estar direito.
• Antes da queda as pernas devem estender-se para a frente, o tronco
inclina-se para a frente e os braços são puxados para trás. Os pés são a
primeira zona do corpo a tocar na areia e o atleta deve procurar colocar a

3
bacia nesse ponto, minimizando assim a perda de distância durante a
queda.

2.4. Considerações técnicas do salto em comprimento

a
Considerando a 2 lei de Newton, o saltar com ou sem uma corrida de
aproximação (CA), está dependente das forças que o indivíduo exerce sobre o
solo até ao início da fase de voo. Estas forças podem ser agrupadas em forças
internas e forças externas ou de reação. Assim, as forças de reação são aquelas
que atuam sobre o corpo através das superfícies de contacto, e podem ser
representadas num plano mediante duas componentes. A componente vertical
será representada por um vetor que forma um ângulo reto com a horizontal, que
atua paralelamente a superfície de contacto, neste caso o solo (Hay, 1981),
formará um ângulo reto com a vertical.

2.4.1. Distância de Impulsão

A distância de impulsão é a junção de vários fatores, sendo estes, a


precisão com que o atleta coloca o pé na tábua de chamada e a sua condição
física, por sua vez, a distância de voo é regulada pela velocidade, ângulo, altura
de impulsão e pela resistência do ar. Destas variáveis, a velocidade,
nomeadamente no instante de saída da chamada, é das mais importantes.
Depende da velocidade desenvolvida na corrida de aproximação e das perdas
de velocidade observadas na chamada. Se tivermos em conta que o ângulo de
saída é resultante das componentes horizontal e vertical da velocidade, quanto
maior for a velocidade horizontal da corrida de aproximação, menor será o
ângulo de saída. De modo a se obter um bom compromisso entre estas
componentes, os saltadores desenvolvem na fase final da corrida de
aproximação velocidades equivalentes a 9,55 a 10,52 s aos 100 m (Popov,
1969).

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2.4.2. Comprimento da Corrida de Aproximação

À medida que as performances aumentam, a velocidade da corrida de


aproximação dos melhores saltadores mundiais também aumenta, assim como
o número de passos. Popov (1983) determinou o comprimento da CA necessário
por atletas masculinos para obterem uma velocidade ótima de corrida com base
nos tempos obtidos aos 30 m e 100 m.
Tendo em conta os objetivos delineados por Hay (1988), o comprimento da
CA estará condicionado pela percentagem da velocidade máxima que o sujeito
é capaz de controlar durante a chamada e pela capacidade de manter um padrão
de passada inalterável de um ensaio para outro.

Figura 2 – Tabela de Comprimento da CA, em passos, em função dos tempos registos


aos 30 e 100m (Popov, 1983)

Zotko (1991) afirma que a maioria dos saltadores em comprimento


utilizam cerca de 20-22 passadas, não atingindo mais de 89 - 94% da sua
velocidade máxima, salientando ainda que quando um atleta alcança valores na
ordem de 94% da sua velocidade máxima possui um nível técnico excelente.

2.5. Chamada

A chamada pode ser considerada a fase mais crítica do salto em


comprimento, pois, a julgar pelas nossas pesquisas e pelo que é dito por outros
estudos e autores, é a fase que tem sido alvo de menor atenção por parte dos
investigadores.

5
O aspeto fundamental desta fase, como já foi referido acima, é a produção
de uma velocidade vertical elevada com a menor perda possível da velocidade
horizontal.
Harris, (1997) afirmou que os atletas que se dedicam aos saltos em
distância saltam num ângulo de cerca de 20º com a horizontal.
Helene (2013), referiu que aprendemos e ensinamos que para lançar
alguma coisa longe, o melhor é lançá-la de forma a formar um ângulo de cerca
45º com a horizontal. O recorde masculino atual, conquistado pelo americano
Mike Powell em 1991, é de 8,95 m e o recorde feminino, da representante da
então União Soviética Galina Chistyakova, é de 7,52 m, obtido em 1988. Esses
valores são significativamente abaixo do que seria esperado se o ângulo de
saída ocorresse a 45º. No entanto, esses valores não são possíveis no ser
humano pois, embora tenhamos alguma elasticidade, ela é bastante pequena
quando comparada, por exemplo, com a de um elástico. Deste modo, para que
um individuo ganhe velocidade vertical, este deve realizar algum esforço,
empurrando o chão para baixo.
Segundo Hay (1993), caso se verifique um controlo de 95%, da velocidade
máxima utilizar-se-ia uma corrida de aproximação de 20,11 m. Caso um atleta
fosse capaz de controlar a sua velocidade máxima de corrida, deveria dispor de
uma corrida de aproximação de 45,72 a 54,86 m.

2.5.1. Erros comuns na fase da chamada do salto em


comprimento

• Nas últimas passadas da corrida de balanço, que devem ser ligeiramente


mais curtas e mais rápidas, normalmente os atletas com a preocupação
de acertar na tábua de chamada, aumentam a amplitude da passada,
perdendo velocidade, ou pelo contrário, fazem passadas demasiado
curtas e a travar. Este erro resulta numa má ligação “corrida-chamada” e
numa consequente perda de velocidade.
• Chamada feita com um apoio pouco dinâmico e a travar, o que vai
prejudicar um dos fatores condicionantes do salto, a Velocidade de Saída.

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• Perna de chamada em flexão, provocando uma descida do Centro de
Gravidade, o que vai prejudicar um dos fatores condicionantes do salto, a
Altura do centro de Gravidade.

2.5.2. Ligação entre a corrida e o salto

Relativamente à corrida de aproximação, a subfase mais importante é a


transição corrida-chamada, onde se verifica uma verticalização do tronco e um
abaixamento do CM, numa clara preparação para a chamada. Estas alterações
influenciam o ritmo dos passos (frequência) e a sua amplitude. Deveremos,
assim, ter em conta as seguintes tarefas a realizar na fase final da corrida de
aproximação:
• ajustar o comprimento dos últimos passos para corrigir os erros
acumulados previamente na CA (Lee et ai. 1982; Hay ,1988);
• ajustar a posição do corpo em preparação para a chamada (Nixdorf
e Bruggeman, 1983);
• tentar aumentar a velocidade para chegar à tábua com a máxima
velocidade que se possa controlar durante a chamada (Hay, 1986).

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3. Cinemetria

3.4. Definição de Cinemetria

É o conjunto de métodos que procura medir os parâmetros “cinemáticos”


do movimento para a descrição de posições ou de movimentos no espaço. A
Cinemetria descreve como o corpo se movimenta, não se preocupando em
explicar as causas desses movimentos. Baseia-se na recolha de imagens do
movimento em estudo e na sua posterior análise. (Amadio, 1996)

3.4.1. Procedimentos Metodológicos em Cinemetria

1.Filmagem (cinematografia, cronociclografia, cineradiografia e


estroboscopia), sendo que a análise mais usada é realizada a partir de
gravações de vídeo.
2.Câmeras colocadas num plano (estudos 2D, ou seja, bidimensionais) ou
em mais do que apenas um plano (estudos 3D ou tridimensionais).
3.Colocação no plano/terreno de ação, marcas de referência, bem como
nodos (ponto de amplitude nula numa onda estacionária) do modelo a estudar.
4. Sistema de vídeo-analógico de medição do movimento, que se baseia
num programa informático (software) para captar os dados contidos nas imagens
vídeo gravadas, digitalizando os nodos em modo manual ou em contínuo de
cada fotograma.
5. Os dados obtidos são posteriormente tratados (eliminando-se o ruído
na passagem dos dados analógicos a digitais).
6. Determinação numérica das variáveis em análise, podendo representá-
las sob a forma de gráficos ou de imagens pictóricas (representado visualmente
ou por imagens). (Pinho, 2008)

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4. Estudo

4.4. Objetivos

O nosso principal objetivo ao realizar este estudo prático foi colocar em


ação os conhecimentos teóricos adquiridos na disciplina e melhorar os nossos
resultados no salto em comprimento.
Utilizando a fundamentação teórica descrita no capítulo dois deste
trabalho e conjugando-a com a análise dos vídeos procuramos melhorar vários
aspetos do nosso salto, como a velocidade de saída, as amplitudes dos ângulos
e a altura do centro de massa.

4.5. Amostra

A amostra deste estudo foi composta por dois indivíduos, selecionados de


forma não aleatória e por conveniência. Foi tida em conta a disponibilidade de
ambos, sendo os membros do grupo com maior disponibilidade para realizar os
testes e com os horários mais compatíveis. Sendo o grupo formado apenas por
indivíduos do sexo masculino, não havia a hipótese de ter dois indivíduos de
géneros opostos, no entanto, um aspeto que foi tido em conta foi a diferença nas
idades de ambos os sujeitos. Os dados de cada indivíduo podem ser consultados
na tabela abaixo:

Tabela 1 – Dados da amostra

Idade Altura Massa Sexo Raça

João 20 Anos 1,78 m 65 Kg Masculino Caucasiana

Diogo 27 Anos 1,76 m 81 Kg Masculino Caucasiana

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4.6. Instrumentos de Avaliação

Foram utilizadas duas câmeras, inicialmente uma Fuji X-E1 que


conseguia 30 fps mas, cedo percebemos que um dispositivo capaz de captar
mais frames por segundo seria mais indicado para a nossa pesquisa por isso,
passamos a usar uma GoPro Hero 5 capaz de captar vídeo a 120 fps. Ambas as
câmeras foram dispostas no terreno conforme a figura abaixo (Figura 2), de
modo a captar de forma minuciosa a fase da chamada.

Ângulo de captura da câmera

Figura 3 -Posição dos Instrumentos de Captação

Equipamento Utilizado:
• Fujifilm X-E1 + Fujifilm XF 16mm – 55 mm. Formato: MPEG-2
Transport Stream MTS. File extension for an AVCHD (Advanced
Video Coding High Definition). 30 fps – 60 Hz 1920x1080;
• Câmera GoPro Hero 5. Formato: MPEG-2 Transport Stream MTS.
File extension for an AVCHD (Advanced Video Coding High
Definition). 120 fps - 60 Hz 1920x1080;
• Tripé Cullman Neomax 360 a 70cm de altura do solo;
• Fita métrica Stanley com 30 metros;
• Cronómetro (Télemovel, Smart Watch) ;

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A ação dos atletas em estudo ocorre tanto do lado direito para o lado
esquerdo, no sentido negativo do x, como do lado esquerdo para o lado direito,
no sentido positivo do x porque nem sempre foi possível utilizar a mesma pista.

4.6.1. Kinovea

O programa Kinovea é um software de análise de vídeo, utilizado


maioritariamente do âmbito desportivo, para avaliar, corrigir e melhorar a técnica
e performance do atleta em variadas modalidades desportivas. É um programa
completamente grátis e foi criado por Joan Charmant. A versão utilizada foi a
mais recente (0.8.15).
Requisitos mínimos:
• Microsoft Windows (XP, Vista, 7) + .NET platform 2.0 ou acima.
• Memória: 256 MB
• Resolução de ecrã: 1024×600 pixels.
• CPU: 1GHz.

4.7. Avaliações

Foram realizadas 3 avaliações, todas no horário da manhã, entre as 11 h


e as 12:30 h. As avaliações decorreram num período de duas semanas, não
havendo diferenças significativas na temperatura e no vento. No entanto, é de
salientar que o dia, 27 de maio de 2019 (último dia de avaliações) foi um dia
muito quente, com temperaturas a rondar os 30 graus e os indivíduos sentiram
algumas dificuldades com o calor.
As datas das avaliações foram as seguintes:
• 21 de maio 2019
• 23 de maio 2019
• 27 de maio 2019

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4.7.1. Local das Avaliações

Todas as avaliações foram realizadas na


Faculdade de Desporto da Universidade do
Porto, Rua Dr. Plácido Costa, Nº 91
4200-450 Porto.

Figura 4 – Faculdade de Desporto da Universidade do


Porto (retirado de https://www.essr.net/cdcomunicacao/al7092/PAA/FADEUP.html )

4.8. Resultados Obtidos

Tabela 2 – Resultados Obtidos

Resultados Obtidos
Ângulo da Altura
Altura Velocidade Ângulo de
Salto Perna de Máxima
do CM de saída Projeção
(m) Impulsão do CM
(m) (m/s) (º)
(º) (m)

Avaliação 4,55 1,08 7,45 14 58 1,35

João
Avaliação
5,00 1,10 7,70 15 57 1,38

Avaliação 5,25 1,21 8,69 20 60 1,40

Avaliação 4,20 1,05 7,20 7 55 1,19

Diogo
Avaliação 4,50 1,13 7,60 8 57 1,21

Avaliação 4,65 1,16 7,80 8 57 1,24

4.8.1. Determinação dos resultados

A câmera colocada no terreno captou a fase da chamada. As imagens


permitiram-nos analisar o ângulo de projeção, depois de estabelecermos um
centro de massa fixo e de observar a trajetória do mesmo na fase de voo. As
imagens permitiram-nos também analisar a amplitude do ângulo da perna de

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projeção assim como calcular a velocidade de saída e de voo e outras
amplitudes.
A corrida de aproximação foi cronometrada por um membro do grupo e a
distância da mesma foi medida com uma fita métrica de forma a obtermos os
𝛥𝑑
dados necessários para o cálculo da velocidade média ( 𝑣 = ).
𝛥𝑡

Foram testadas várias distâncias para a corrida de aproximação de modo


a perceber qual a melhor para cada um. Foram testadas as distâncias de 16, 18,
20 e 22 metros.
Para a obtenção da amplitude dos ângulos na fase da chamada
recorremos ao programa Kinovea.
Através de uma medida de referência, conseguimos introduzir uma
medida de escala no programa de modo a conseguirmos calcular a velocidade
nas várias fazes do vídeo.

4.8.2. Análise dos resultados obtidos

Figura 5 – Simulador para o salto em comprimento

Esta tabela demonstra os vários valores que seriam necessários para


igualar o recorde do mundo do salto em comprimento, estabelecido por Mike
Powell em 1991 (8,95 m)

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Utilizamos esta tabela, a literatura consultada e analisámos saltos de
atletas de alto rendimento de forma a ter vários pontos de referência para
podermos comparar com os nossos saltos.
Ambos os alunos tiveram melhorias significativas no seu salto, sendo que
o João foi quem teve melhorias mais significativas. Analisando ao pormenor,
percebemos que há várias diferenças nos saltos de ambos, como pode ser
observado nas figuras abaixo (Figura 6 e Figura 7), onde estão presentes o
melhor salto de cada um.

Figura 6 – Análise do melhor salto do João (5,25 m)

Figura 7 – Análise do melhor salto do Diogo (4,65 m)

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Após observar ambas as imagens, chegamos à conclusão de que, no
geral, o João obteve melhores valores e aproximou-se mais dos valores
estabelecidos como ótimos para o salto em comprimento (amplitude do angulo
de projeção, altura do centro de massa, velocidade de saída, etc.) do que o
Diogo.
O salto do Diogo é demasiado na direção horizontal, o que faz com que a
fase de voo seja mais curta e, para além disso, atinja o ponto máximo da
distância vertical muito cedo e muito baixo. O pé é colocado muito atrás do limite
da chamada, não tirando o máximo potencial da corrida de aproximação.
Podemos afirmar que a velocidade tem grande influência nos resultados
e a isso está aliada a distância da corrida de aproximação. Ambos os indivíduos
obtiveram melhores resultados com uma distância de 22 metros. Caso houvesse
uma melhor técnica e um melhor controlo da velocidade, esta distância poderia
ser aumentada.
No entanto, tanto um como outro seriam capazes de realizar um salto mais
longe se, aliado a estes valores e este tipo de análise, houvesse uma melhor
execução das técnicas do salto em comprimento e de corrida.
Durante as avaliações, nenhum dos intervenientes teve disponibilidade
para treinar, apenas foram realizados alguns exercícios de técnica de iniciação
ao salto em comprimento, nos dias de realização das avaliações.

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5. Aspetos a melhorar

Após a análise dos resultados obtidos e depois de algumas dificuldades,


apontámos alguns aspetos que deveremos melhorar no futuro de forma a
potenciar mais os resultados e explorar mais a área da cinemática:
1 - Melhorar a velocidade e desenvolver uma técnica de corrida correta.
2 - Melhorar a força reativa e desenvolver a capacidade de salto.
3 - Adquirir a ligação “corrida – impulsão” e a técnica da chamada.
4 – Fazer e análise em 3 dimensões.
5 - Realizar os testes durante mais tempo e aliar os mesmos a treinos de
técnica de corrida e salto.
6 - Melhorar o ângulo de projeção, especialmente o Diogo.
7- Utilizar uma câmera com melhor qualidade, de modo a não haver
distorção nas imagens captadas. Isto dificultou o processo de análise e afetou
ligeiramente os resultados obtidos.

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6. Conclusões Finais

Em modo de conclusão, após a realização deste trabalho existe um


sentimento comum de que os objetivos foram cumpridos. Todos ficámos a
perceber melhor os vários aspetos relevantes ao sucesso no salto em
comprimento e ao mesmo tempo adquirimos conhecimentos práticos sobre a
análise cinemática.
Este último ponto, para nós, foi o mais importante pois, acima de tudo,
tentamos que este trabalho fosse mais focado na prática. Com isto, sentimos
que estamos de certa forma minimamente preparados caso, no futuro, tenhamos
de utilizar o Kinovea ou um programa parecido para análises, sendo isto muito
importante para nós.
Do ponto de vista teórico, pudemos comprovar por nós mesmos o que é
mencionado na literatura. Assim verifica-se que para obter-se um bom resultado
na distância do salto devemos conseguir encontrar um equilíbrio entre todos os
paramentos do salto, ou seja, um aumento significativo de uma das variantes e
uma diminuição significativa de outra não traz benefício ao salto.

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7. Referências Bibliográficas

Amadio, A. (1996). Fundamentos Biomecânicos para a Análise do Movimento


Humano.
Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), Manual do Treinador – Nível I, Salto
em Comprimento, pp 35-38
Harris (1997). Question #58. Is a good long jumper a good high jumper American
Journal of Physics 65: 105
Hay, J. (1993). Citius, Altius, Longius (Faster, Higher, Longuer): The
biomechanics of jumping for distance. Journal Biomechanics. Vol 26 (1).
Hay, J. G. (1988). Approach Strategies In The Long Jump. International Journal
of Sport Bomechanics. 4, pp 114-129.
Hay, J. G. (1988). The Approach Run in the Long Jump. Track Technique, 105,
3339-3342.
Hay, J.G.; Miller, J.A.; Canterna, R.W. (1986). The Techniques of Elite Male Long
Jumpers. Journal Biomechanics, vol. 19. n° 10. Pp 885-886.
Hay, J.G. (1981). Atletismo: Saltos. In: Biomecânica das Técnicas Desportivas,
a
pp. 343-353, 2 Edição -Interamericana.
Helene, O. (2013). Alguma física dos saltos em altura e distância. Revista da
Biologia.
Lee, D.N.; Lishman, J.R.; Thomson, J.A. (1982). Regulation of Gait in Long
Jumping. Journal of Experimental Psychology: Human Perception
Performance, 8, 448-459.
Nixdorf, E.; Bruggemann, P. (1983). Para se preparar para as molas do salto em
comprimento. Um estudo biomecânico sobre o problema do abaixamento
do centro de gravidade do corpo. O Ensino do Atletismo.1539-1541.
Pinho, J. P. (2008). Análise Cinemática da Marcha do Indivíduo com Síndrome
de Down Adulto. A influência da obesidade no padrão de marcha.
Popov, V.P. (1983). The Long Jump Run-up. Track Technique, 85, 2708-2709.
Popov, V.P. (1969). Training for the Long Jump, trans, by Masami Okamoto
(Tokyo: Baseball Magazine Co), pp 27.

18
Zotko, R. (1991 ). "Controle du processus d'entraînement chez les sauteurs",
Amicale des Entraîneurs Français d'Athlétisme, n° 119, 37 - 41.

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