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A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO DENTRO DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

DASSIE,Luciana Gouveia da Siva¹

RESUMO

O estudo sobre a atuação do Psicopedagogo no contexto escolar destaca as


habilidades para trabalhar as dificuldades de aprendizagem, instituindo caminhos
que liguem o saber e o não saber, estas ações devem acontecer no âmbito do
indivíduo, do grupo, da instituição e da comunidade, visando à aprendizagem. Dessa
forma, tem-se como finalidade neste artigo, discutir a importância desse profissional
através de sua atuação, evitando ou reprimindo o fracasso escolar em uma visão do
sujeito como um todo, objetivando facilitar o processo de aprendizagem; bem como
sua intervenção psicopedagógica família/escola.

Palavras-chaves: Aprendizagem; psicopedagogo; instituição escolar; dificuldades;


trabalho preventivo.

ABSTRACT: The study on the role of the school context psychopedagogists


highlights the skills to work learning difficulties, establishing paths linking knowing
and not knowing, these actions must occur within the individual, group, institution and
community, aimed at learning. Thus, it has been intended in this article, discuss the
importance of this work through his performance, avoiding or repressing school
failure in a vision of the subject as a whole, aiming to facilitate the learning process,
as well as his family psychoeducational intervention / school.

Keywords: Learning; psychopedagogists; school institution; difficulties; preventive


work.

¹ DASSIE. Luciana Gouveia da. Pós Graduando em Psicopedagogia, ;Faculdade de Asrorga


- Pr Professora efetiva das séries iniciais do Ensino Fundamental.
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1.INTRODUÇÃO

A psicopedagogia, é uma a ciência nova que estuda o processo de aprendizagem e


dificuldades, muito tem contribuído para explicar a causa das dificuldades de
aprendizagem, pois tem como objetivo central de estudo o processo humano do
conhecimento: seus padrões evolutivos normais e patologias bem como a influência
(família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento. Diante das sérias dificuldades
de aprendizagem dos educandos é muito importante a atuação psicopedagógica nas
escolas.
O Psicopedagogo por sua vez, tem a função de observar e analisar
criteriosamente a escola através de um processo investigativo, as causas que
podem estar impedindo a aprendizagem dos alunos, traçando intervenções
significativas no âmbito escolar.
Assim o verdadeiro trabalho do Psicopedagogo no contexto escolar, é
ressaltar um trabalho preventivo diante das dificuldades dos alunos. Diante desses
problemas, este profissional aos poucos está ganhando seu espaço nas instituições
de ensino, como um profissional qualificado.
O presente artigo surgiu da necessidade de relatar a importância do
Psicopedagogo dentro da escola, com o objetivo de fazer uma abordagem sobre a
atuação e importância deste profissional indispensável no âmbito escolar, no qual
contribui significantemente para o processo de ensino-aprendizagem.

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Os primórdios da Psicopedagogia historicamente ocorreram na Europa, ainda


no século XIX, evidenciada pela preocupação com os problemas de aprendizagem
na área médica. Naquela época achava-se que os comprometimentos na área
escolar eram provenientes de causas orgânicas, pois se procurava identificar no
físico as determinantes das dificuldades do aprendente, vinculada à ação do médico.
O primeiro centro psicopedagógico foi criado em Paris em 1946. Médicos e
pedagogos, cooperativamente, faziam um trabalho destinado a crianças com
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problemas escolares ou de comportamento, isto é, para aquelas que apresentavam


doenças crônicas como diabetes, tuberculose, cegueira, surdez ou problemas
motores.
As idéias francesas influenciaram a ação psicopedagógica argentina, de
grandes nomes como Sara Paín, Alícia Fernandez e Jorge Visca. Foi a
Psicopedagogia argentina, que influenciou a práxis brasileira.
Com o objetivo de melhorar a relação professor-aluno surge em 1958, no
Brasil, o Serviço de Orientação Psicopedagógica da Escola Guatemala, na
Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de Estudos e Pesquisas
Educacionais do MEC).
A categoria profissional dos Psicopedagogos organizou-se no país com a
divulgação da abordagem psico-neurológica do desenvolvimento humano. Sendo
assim, a Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do
processo de aprendizagem, tornando-se uma área de estudo específica que busca
conhecimento em outros campos e cria seu próprio objeto de estudo. Ocupa-se do
processo de aprendizagem humana: seus padrões de desenvolvimento e a
influência do meio nesse processo. É conhecida por atender crianças com
dificuldades de aprendizagem, porém é fato que tais dificuldades, distúrbios e
patologias podem aparecer em qualquer época da vida sendo também, objeto de
estudo do psicopedagogo.
A psicopedagogia é uma área inovadora que veio com o objetivo de contribuir
na dinâmica do processo ensino aprendizagem, caracterizando todos os aspectos:
família, escola e sociedade onde todos fazem parte do desenvolvimento da
aprendizagem.

3. ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e


terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas, recorrendo várias estratégias objetivando se ocupar dos
problemas que podem surgir. Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode
desempenhar uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da
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educação, ou atuar dentro da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao


psicopedagogo detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem;
participar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o
processo de integração e troca; promover orientações metodológicas de acordo com
as características dos indivíduos e grupos; realizar processo de orientação
educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.
Na linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remedi ativas, orientando
pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais das áreas
psicológica, psicomotora. fonoaudiológica e educacional, pois tais dificuldades são
multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. Esse profissional
deve ser um mediador em todo esse processo, indo além da simples junção dos
conhecimentos da psicologia e da pedagogia.
O psicopedagogo pode atuar tanto na Saúde como na Educação, já que o seu
saber visa compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana. Da
mesma forma, pode trabalhar com crianças hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituição hospitalar,
tais como psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e médicos.
No campo empresarial, o psicopedagogo pode contribuir com as relações, ou
seja, com a melhoria da qualidade das relações inter e intrapessoais dos indivíduos
que trabalham na empresa. As áreas de atuação do psicopedagogo são diversas,
pode atuar em escolas, clínicas, hospitais e empresas, sempre visando investigar e
intervir sobre os problemas instalados como uma prevenção diante dos problemas.
O psicopedagogo escolar, ou seja, Institucional tem a função de assessoria e
intervenção diante das dificuldades de aprendizagem, ele atua em todos os espaços
da escola observando criteriosamente sobre os problemas instalados. Trabalha com
a equipe pedagógica e professores.
O psicopedagogo clínico tem a função terapêutica. È na clinica que se faz a
avaliação psicopedagógica (processo investigativo), para depois intervir ou
encaminhar os pacientes. De acordo com Sampaio (2009) o diagnóstico
psicopedagógico clínico tem a função de investigar qual bloqueio o paciente esta
apresentando e que lhe acarreta as dificuldades de aprendizagem. Em relação ao
psicopedagogo hospitalar, é feita através de oficinas criativas com crianças na área
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oncológica, na orientação a enfermeiras em trabalhos de suporte tendo em vista a


orientação psicopedagógica a crianças, acompanhantes. Na empresa trabalha com
a aprendizagem em grupo, definições de funções profissionais e às diferentes
formas de planejar e construir, numa visão da aprendizagem em equipe que respeite
as diferenças, capacitando os profissionais para lidar com os problemas que surgem
na organização

4. O PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO ESCOLAR

O Psicopedagogo, no contexto escolar é de suma importância. Trabalha de


forma preventiva diante das situações que envolvem o ensino, por meio de técnicas
e métodos próprios, possibilitando uma intervenção psicopedagógica e de
assessoria, tanto para os professores como para os alunos, e assim minimizando os
problemas de aprendizagem que ocorrem a todo tempo no ambiente escolar.
É neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista espaço. Uma
observação minuciosa e uma escuta atenta sem "pré conceitos", assinalada pela
imparcialidade, pode detectar a real problemática da instituição escolar. "Esse é o
papel do psicopedagogo nas instituições: olhar em detalhe, numa relação de
proximidade, porém não de cumplicidade", afirma Césaris (2001); facilitando o
processo de aprendizagem.
Afinal, a Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor
compreensão do processo da aprendizagem humana e assim estar resolvendo as
dificuldades da mesma, ou mesmo prevenindo-as, visando o interesse e o prazer do
aluno e do professor pelo processo de ensinar e aprender, garantindo o sucesso
escolar para todos.
A Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores nos quais se basear para
tentar explicar eventuais entraves no processo de aprendizagem, passando a
assumir um papel mais abrangente, "cujo principal objetivo é a investigação sobre a
origem da dificuldade de, bem como a compreensão de seu
processamento,considerando todas as variáveis que intervêm neste processo",
como afirma Rubinstein (1992, p. 103). Ou seja, a linha de trabalho definida pelo
psicopedagogo, é a forma de ação e investigação para identificar as possíveis
defasagens no processo de aprender. Tamanha a complexidade deste ato, todas as
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variáveis devem ser consideradas, desde uma disfunção orgânica ou uma falha no
processo de compreensão, que pode estar comprometendo a aprendizagem.
Assim, as necessidades individuais de aprendizagem não podem ser
definidas por apenas um fator, estando ele na própria criança, no meio familiar ou no
ambiente escolar. Exatamente por isso, Ferreira (2002), ressalta:
Devido a complexidade dos problemas de aprendizagem, a Psicopedagogia
se apresenta com um caráter multidisciplinar, que busca conhecimento em diversas
outras áreas de conhecimento, além da psicologia e da pedagogia. É necessário ter
noções de lingüística, para explicar como se dá o desenvolvimento da linguagem
humana e sobre os processos de aquisição da linguagem oral e escrita. Também de
conhecimentos sobre o desenvolvimento neurológico, sobre suas disfunções que
acabam dificultando a aprendizagem; de conhecimentos filosóficos e sociológicos,
que nos oferece o entendimento sobre a visão de homem, seus relacionamentos a
cada momento histórico e sua correspondente concepção de aprendizagem.
A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caráter preventivo bem
como assistencial. Na função preventiva, segundo Bossa (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de aprendizagem,
participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração,
promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e
particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já no
caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela
elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas
educacionais, fazendo com que professores, diretores e coordenadores possam
repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de
aprendizagem da criança ou, da própria "ensinagem".
Participando da rotina escolar, o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar, participando das reuniões de pais - esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos; dos conselhos de classe - avaliando o processo didático metodológico;
acompanhando a relação professor-aluno - sugerindo atividades ou oferecendo
apoio emocional e, finalmente acompanhando o desenvolvimento do educando e do
educador no complexo processo de aprendizagem que estão compartilhando.
Apesar desta dinâmica, Ferreira (2002), adverte:
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(...) Mesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de


aprendizagem, nunca conseguiria abarcá-los na sua totalidade, algumas crianças
com problemas escolares apresentam um padrão de comportamento mais
comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagógico mais
especializado em clínicas. Sendo assim, surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuação psicopedagógica; uma mais preventiva com o objetivo de
estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da escola e
outra, a clínico-terapêutica, onde seriam encaminhadas apenas as crianças com
maiores comprometimentos, que não pudessem ser resolvidos na escola.

Segundo Nádia Bossa,

a Psicopedagogia refere-se a um saber e a um saber fazer, às


condições subjetivas e relacionais – em especial familiares e
escolares – às inibições, atrasos, desvios do sujeito ou grupo a ser
diagnosticado. O conhecimento psicopedagógico não se cristaliza
numa delimitação fixa, nem nos déficit e alterações subjetivas do
aprender, mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade
afetiva de saber e fazer, reconhecendo que o saber é próprio do
sujeito (2000, p. 127).

Cabe ao psicopedagogo diferenciar dos problemas de aprendizagem as


perturbações que se produzem no contexto da instituição escolar, e os problemas
escolares que se manifestam na resistência às normas disciplinares, na má
integração do grupo, na desqualificação do professor e na inibição mental ou
expressiva.
Para entender, um pouco mais sobre o Psicopedagogo Institucional, é
importante compreender como se dá seu trabalho no âmbito escolar. Conforme
SAMPAIO ( 2009) é importante elencar alguns fatores para sua atuação, como:

 Auxiliar aos professores quanto às metodologias em sala de aula


(planos de aula);
 Ajudar na elaboração do PPP ( Projeto Político Pedagógico);
 Levantar os principais problemas da instituição
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 Encaminhar os alunos com dificuldades de aprendizagem para um


profissional qualificado como: (Psicopedagogos,Psicólogos,
Fonoaudiólogos etc.);
 Intervir com a família dos alunos para fornecer orientações;
 Auxiliar a equipe pedagógica (assessorias permanentes);
Diante disso, as escolas cada vez mais necessitam deste profissional, sendo
sua presença indispensável. Concorda-se com BARBOSA (2001p. 64). “a escola
acolhe no seu interior, diariamente uma diversidade enorme de relações, além de ter

que interagir com situações externas,culturais, políticas, educacionais etc., que


podem intervir no seu movimento positiva ou negativamente.``
Nesta profissão há muito á ser feito, mas acredita-se que aos poucos o
Psicopedagogo institucional vai ganhando espaço, e a divulgação do seu trabalho
em prol da educação se faz necessário principalmente pelo caráter preventivo e
assessoria; ferramentas indispensáveis para o êxito da qualidade da educação em
nossa sociedade.
Bossa (1994) afirma a necessidade da escuta na atuação psicopedagógica
quando salienta a percepção do interjogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar.
Para tanto, é importante saber lidar com possíveis reações como resistências,
bloqueios, sentimentos, pois, para muitos o Psicopedagogo é visto como um
fiscalizador e às vezes, não aceito de forma positiva por parte dos professores. Para
tanto é fundamental que sua atuação e seu trabalho no âmbito escolar sejam
esclarecidos.
O trabalho psicopedagógico tem como objeto as relações de ensinar/aprender
na instituição, eliminando assim fatores que interferem negativamente na
aprendizagem, orientando e direcionando todos os envolvidos neste processo.
A Psicopedagogia nasceu para contribuir na busca de soluções para a
questão do problema de aprendizagem e caminha para melhor compreensão desse
processo, integrando o aspecto afetivo e o cognitivo, estuda o ato de aprender e
ensinar, levando em conta as realidades internas e externas da aprendizagem
tomadas em conjunto.

5. O APOIO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA


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A família desempenha um papel primordial no processo de aprendizagem dos


alunos, pois muitas vezes os pais não querem enxergar a criança com as suas
dificuldades. O vínculo afetivo é primordial para o bom desenvolvimento da criança.
A atuação psicopedagógica se propõe a incluir os pais no processo de
desenvolvimento dos seus filhos, por intermédio de reuniões e possibilitando o
acompanhamento do trabalho realizado junto aos professores.
Os pais quando colocam os seus filhos na escola desejam que elas sejam
bem sucedidas e por isso quando este desejo não se realiza como esperado, surge
a frustração, rotulando muitas vezes a criança como incapaz, surgindo
consequentemente as dificuldades na aprendizagem.
As crianças que apresentam dificuldades na escola, na compreensão de
novas habilidades, estão correndo o risco de terem problemas nas diferentes áreas
escolares e na vida em geral, no seu desenvolvimento cognitivo, social e afetivo,
como um todo. Tais dificuldades são de grande importância, pois os problemas entre
o potencial da criança e a sua execução, devem ser avaliados com cuidado por um
profissional especializado em dificuldades de aprendizagem. Se ao papel da família
acrescentássemos o papel da escola teríamos a formação de uma rede, pois ambas
são responsáveis tanto pela aprendizagem como pela não-aprendizagem do sujeito.
Cada ser humano apresenta uma história diferente, uma necessidade
diferente, uma expectativa diferente quando se relaciona com o outro, inclusive com
o professor. Por sua vez, o professor em sala de aula não vê o aluno com o mesmo
olhar de outro professor.
Nesta perspectiva ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito,
como este se transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de
conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e
aprende. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o que é
aprender; como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas
estruturais que intervêm no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no
processo escolar.
É de relevante importância que o psicopedagogo conheça qual o significado
do sintoma de não aprendizagem que a família tem.
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De acordo com Paín (1986, p. 39 e 40):

Se considerarmos que o sinal de fracasso vai ser determinado pelas


expectativas da família em função da sua ideologia, nos veremos
obrigados a interpretar também de maneira diferente os
comportamentos provocados pelo fracasso. Podemos dizer que uma
mãe burguesa, identificada com seu filho, desloca o problema dele
sobre a professora [...] [...] O significado do sintoma para a família
será a imagem que os pais têm das causas e motivos que geram o
problema e os mecanismos colocados ao serviço da defesa contra a
desvalorização social que acarreta.

6. O EDUCADOR E O EDUCANDO: A PRÁTICA DOCENTE SOBRE O OLHAR


PSICOPEDAGÓGICO

Cada criança tem o processo de desenvolvimento diferente, algumas


aprendem com maior facilidade enquanto outras aprendem mais devagar. E nesse
momento que é de fundamental importância que o professor analise individualmente
cada criança para poder adequar os conteúdos conforme a necessidade de cada
um.
As mudanças de estratégias de ensino podem contribuir para que todos
aprendam. Em alguns casos, as estratégias de ensino não estão de acordo com a
realidade do aluno. A prática do professor em sala de aula é decisiva no processo de
desenvolvimento do educando. Esse talvez seja o momento do professor rever a
metodologia utilizada para ensinar seu aluno, através de outros métodos ou
atividades ele poderá detectar quem realmente está com dificuldade de
aprendizagem, evitando os rótulos muitas vezes colocados erroneamente, que
prejudicam a criança trazendo-lhe várias conseqüências, como a baixa-estima e até
mesmo o abandono escolar. “O que é ensinado e aprendido inconscientemente tem
mais probabilidade de permanecer”. (COELHO, 1999 p.12).
Assim, deve-se propiciar um ambiente favorável à aprendizagem, ou seja, em
que sejam trabalhadas também a auto-estima, a confiança, o respeito mútuo e a
valorização do aluno.
Ao entrarmos em contato com a Psicopedagogia, percebemos, a partir das
leituras e estudos, principalmente dos escritos de Alicia Fernández, que: “ser
ensinante significa abrir um espaço para aprender. Espaço objetivo e subjetivo em
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que se realizam dois trabalhos simultâneos: a construção de conhecimentos e a


construção de si mesmo, como sujeito criativo e pensante”. (FERNÁNDEZ, 2001,
p.30).
Portanto, ensinar e aprender são processos interligados. Não podemos
pensar em um, sem estar em relação ao outro. Ainda segundo Fernandez (2001,
p.29), entre o ensinante e o aprendente, abre-se um campo de diferenças onde se
situa o prazer de aprender. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e
demais integrantes da família, como também, os professores e companheiros da
escola.
O professor não apenas transmite os conhecimentos ou faz perguntas, mas
também ouve o aluno, deve dar-lhe atenção e cuidar para que ele aprenda a
expressar-se, a expor suas opiniões.
Segundo Firmino (2001), "Evidências sugerem que um grande número de
alunos possui características que requerem atenção educacional diferenciada".
Neste sentido, um trabalho psicopedagógico pode contribuir muito, auxiliando
educadores a aprofundarem seus conhecimentos sobre as teorias do ensino e
aprendizagem e as recentes contribuições de diversas áreas do conhecimento,
redefinindo-as e sintetizando-as numa ação educativa.

7. A importância da legalização do psicopedagogo como profissão

A Psicopedagogia é uma profissão que atende às necessidades do século


XXI. Aprender a Aprender é a premissa deste século, é a condição para podermos
viver dentro de um mundo de mudanças rápidas, resultantes do advento da
transformação da tecnologia e informática, onde é necessário que a capacidade de
transformação das pessoas e conseqüente possibilidade de aprendizagem seja
intensamente cuidada.
Aprender a Aprender, objeto de estudo e de atuação da Psicopedagogia. A
Psicopedagogia pertence à Educação e Saúde e as instituições em geral. É
procurada prioritariamente por educadores que querem mostrar às crianças, jovens
e adultos, a sua possibilidade de aprendizagem. A Psicopedagogia é uma realidade,
um fato.
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A Psicopedagogia surgiu de uma demanda específica da sociedade: o


fracasso escolar, a falha na aprendizagem, o insucesso do ensino.
Podemos dizer hoje, e afirmar que a Psicopedagogia não é uma disciplina
híbrida, não surgiu em laboratório, não é um produto da pedagogia e da psicologia e,
com isto, não se restringe, absolutamente, a estas duas áreas. É sim, um espaço
transdisciplinar, pois se constitui a partir de uma nova compreensão acerca da
complexidade dos processos de aprendizagem e, dentro desta perspectiva, das
suas deficiências.
É uma área portanto, que não se volta apenas aos psicólogos e pedagogos.
Utiliza conhecimentos advindos da pedagogia e da psicologia, assim como de várias
outras áreas de conhecimento, alcançando aquilo que denominamos de
transdisciplinaridade. É uma área que requer um estudo específico, que vai além do
conhecimento adquirido pelos profissionais acima mencionados.
O psicopedagogo é um profissional que também se dedica ao
assessoramento da instituição escolar, visando assegurar ao profissional desta
instituição as condições necessárias para uma melhor compreensão do complexo
processo de ensinar e aprender. E é parte deste processo a compreensão, por parte
do professor, de seu próprio o processo de aprendizagem. Neste sentido, o trabalho
desenvolvido pelo psicopedagogo institucional permite a composição de
determinadas medias, próprias à análise de cada instituição, as quais proporcionam
melhores condições e qualidade de trabalho aos docentes.
A grande expansão dos cursos de formação e especialização em
Psicopedagogia é sinal do reconhecimento deste profissional. Desde a década de 70
esta formação vem ocorrendo em caráter regular e oficial, em instituições
universitárias. Esta formação foi regulamentada pelo MEC em cursos de pós-
graduação e especialização, com carga horária de 360 horas.
Portanto, isso mostra que mais uma vez há importância da legalização do
Psicopedagogo como profissão é fundamental, para fortalecer e dinamizar as áreas
de saúde e educação em nosso país; colocar a favor do desenvolvimento de nosso
país na forma de efetivos contribuidores.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Saber lidar com o diferente; estruturar o sujeito, não é uma tarefa fácil, mas o
psicopedagogo deve ter sempre este compromisso social. E a partir das reflexões
envolvidas no processo de intervenção, contribuir para o esclarecimento destes
déficits na aprendizagem, que não tem como causa apenas deficiências do aluno,
mas que são conseqüência de problemas na instituição escolar, como também a
família e outros membros da comunidade, que interferem no processo. É importante
que tenhamos em mente, que o trabalho do psicopedagogo se dá numa situação de
relação entre pessoas. O objetivo deste profissional é o de conduzir a criança ou
adolescente, ou a instituição a reinserir-se numa escolaridade normal e saudável.
Problemas de aprendizagem existem e sempre vão existir, mas só que agora há
uma diferença, temos um olhar novo, clínico e mais amplo voltados para eles. Um
olhar de um profissional que deve ser mais requisitado, e que não deixa de ser, de
grande relevância no âmbito escolar.
De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, reconheceu-se os efeitos
dos problemas de aprendizagem na escola, necessitando ainda mais da atuação do
profissional psicopedagogo dentro dela; trabalhando com diagnósticos, auxiliando os
professores na sala de aula e principalmente na prevenção dos casos de crianças
com problemas de aprendizagem, evitando mais um fracasso escolar.
Portanto, a regulamentação da profissão psicopedagogo, contribui para a
percepção global do fato educativo, para a compreensão satisfatória dos objetivos
da Educação e da finalidade da escola, possibilitando uma ação transformadora.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABPp - Associação Brasileira de Psicopedagogia. www.abpp.com.br


COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. Editora Ática, 1999.

FERNÁNDEZ, Alicia. Os Idiomas do Aprendente: Análise de modalidades


ensinantes em famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre: Artmed,
2001.

BOSSA, Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da


prática.– 3, ed – Porto Alegre: Artmed, 2007.

FERNÁNDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada: Abordagem Psicopedagógica


clinica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

SIMAIA, Sampaio. Escola: vilã de algumas histórias de dificuldades de


aprendizagem. Disponível em http://www.psicopedagogiabrasil.com.br. Acesso em
17 de Novembro de 2012.

VISCA, J. Psicopedagogia: novas contribuições. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,


1991.

PAIN, S. – Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto


Alegre, Artes.
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FERREIRA, Renata Tereza da Silva. A importância da psicopedagogia no ensino


fundamental - 1ª a 4ªséries. Disponível em www.psicopedagogiaonline.com.br.
Publicado em 25 de junho de 2002. Acesso em: 27 de novenbro de 2012.

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