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ANTIGUIDADE ORIENTAL

Crescente Fértil – O berço do que chamamos de “Civilização”


Região de rios que tornam o solo extremamente propício para a agricultura (Tigre e
Eufrates, na Mesopotâmia, o Nilo, no
Egito, o rio Orontes, na Síria, o rio
Jordão, em Israel e na Jordânia).
Como se viu na aula anterior, nessa
região, no fim do período Neolítico,
nasceram as primeiras
“civilizações”.
2. Modo de Produção Asiático:
o que é Isso?
Características políticas
econômicas e sociais comuns aos povos do Crescente Fértil na Antiguidade – termo
presente no livro Formações Históricas Pré-Capitalistas, de Karl Marx.
A. Agricultura baseada em grandes obras de irrigação (civilizações hidráulicas ou de
regadio) - canais, diques e outros instrumentos engenhosos que realizavam o controle e a
circulação forçada da água, mandando-as dos grandes rios para as cidades e plantações
B. Estado centralizado, burocrático1, despótico (no Antigo Oriente, a política é
decidida de maneira autoritária no interior dos templos e palácios) e teocrático (não há, no
Antigo Oriente, Estado “laico”). Apenas na Grécia Antiga surgirão outras maneiras de lidar
com a política e com a coisa pública.
C. Estado possui três funções: dirigir a economia, coordenar a organização militar do
Estado e chefiar a religião, base de seu poder (na maioria dos lugares, o rei era dono de
todas as terras, mas há exceções). No Egito, por exemplo, o controle estatal sobre a
economia é chamado de estatismo faraônico.

1 O que é burocracia? “Organização permanente da cooperação entre numerosos indivíduos, na qual cada um exerce uma função especializada. O burocrata
exerce uma profissão separada da sua vida familiar, afastada, por assim dizer, de sua individualidade.”
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D. Servidão coletiva ou corveia real: o Estado exige, de toda a população livre,
trabalho nas obras públicas, do rei e das classes dirigentes. Embora existam escravos, eles
não são o esteio da produção, como no mundo greco-romano.
E. Sociedade hierarquizada, de forma que as elites apropriam-se do excedente dessas
populações pela cobrança de tributos (usados, portanto, para sustentar burocratas,
sacerdotes e soldados). É comum, sobretudo no Egito, o controle estatal sobre as terras.
No Egito, o faraó era considerado um deus vivo. A elite burocrática, religiosa e militar se
apropriava da produção dos camponeses através de tributos e da servidão coletiva. A
Mesopotâmia também é uma sociedade hierárquica, controlada por uma elite sacerdotal e
militar, que se apropria da produção dos camponeses. O rei, ao contrário do Egito, não é um
deus vivo, mas um representante dos deuses. Veja, abaixo, a estrutura geral dessas
sociedades:

Topo: Rei ou Faraó

Abaixo do rei, estavam os sacerdotes dos templos, os conselheiros mais próximos,


os governadores das províncias, e os chefes militares, seguidos por fiscais, escribas e
diversos burocratas e mercadores.

Camponeses = sustento dos templos e palácios por meio dos tributos e servidão
coletiva. Havia relativamente poucos escravos.

No Egito, a escrita hieroglífica, por sua complexidade, era dominada apenas pelos
escribas; o domínio da escrita, privilégio de uma elite, se constituía, assim, numa forma de
poder e dominação. Simplificações do hieróglifo: Hierático e demótico. Os escribas
cobravam impostos registravam arrecadações, a produção agrícola, atividades comerciais,
copiavam poemas, histórias, escreviam cartas para as pessoas e registravam
determinações faraônicas e religiosas
Na Mesopotâmia, com os sumérios, surgiu – pela primeira conhecida vez na história
– a escrita, chamada cuneiforme. A escrita também permanece monopólio dos escribas.
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Texto da época: "Sê escriba. Não terás canseiras e ficarás preservado de outros
tipos de trabalho. Não terás de transportar a enxada, a picareta e o cesto. Não terás de
guiar o arado e serás poupado de todos os tipos de canseira. Deixe que te recorde o
estado miserável do camponês: quando chegam os funcionários para fixar a taxa da
colheita, as serpentes já levaram metade do cereal e o hipopótamo comeu o resto. O
pássaro voraz é uma calamidade para os camponeses. O trigo que restava na eira
desapareceu, os ladrões levaram-no. Não pode pagar o que deve pelos bois que pediu
emprestados; além disso, os bois morreram de tanto lavrarem e debulharem. E já o
escriba atraca à margem do rio para calcular o imposto sobre a colheita, com um séquito
de servos armados de bastões e de núbios com ramos de palmeira". (Sátira dos ofícios.
Citado por CAMINOS, Ricardo A. "O Camponês". In: DONADONI, Sérgio (dir.). O homem
egípcio. Lisboa: Presença, 1994)

* OBS: Como se verá, hebreus e fenícios constituem, de certo modo, exceções dentro
dessa estrutura.
3. O Egito Antigo – SEIS pontos importantes
“O Egito Antigo foi a mais longa experiência humana de continuidade político-cultural
da história” Ciro Flamarion
A. “Dádiva do Nilo”: Nilo fertiliza terras ao redor, permitindo sua ocupação.
B. Primeiro Estado centralizado da história: Men (Menés do Grego) ou Narmer
(nomes incertos) teria unificado o Egito, tornando-se, assim, o primeiro faraó (lembre-se
hipótese causal hidráulica)

O Egito Antigo era negro

“Os egípcios tinham apenas um termo para designar a si mesmos: = kmt


,= “os negros” (literalmente)
(...) O totemismo, as cosmogonias, a arquitetura, os instrumentos musicais, a língua
etc, são reminiscências do Egito na cultura da África Negra. A antiguidade egípcia é, para
cultura africana, o que a antiguidade greco-romana é para a cultura ocidental”

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Cheik Anta Diop – A Origem dos Antigos Egípcios

C. Pensamento: o pensamento egípcio normalmente é caracterizado como mítico e


conservador. Outra característica do pensamento egípcio é a crença no poder “mágico” da
palavra, da escrita, das imagens, gestos e símbolos em geral.
D. Religião: politeísta e antropozoomorfica (deuses combinam formas de homens e
animais).
E. Revolução Armaniana e o monocultismo: durante o reinado de Amenhotep IV (ou
Amenófis IV, do grego), uma nova modalidade de culto foi praticada, o culto ao disco visível
do sol: Aton, um deus universal, criador de todas as coisas. Foram proibidos os cultos a
deuses cujos sacerdotes possuíam uma influência que ameaçava o faraó, como é o caso
de Amon. O rei mudou então seu nome para Akhenaton (“aquele que serve Aton”), e
construiu uma nova capital para o Egito, Akhetaton (hoje Tell El-Amarna), o que dá a essa
época o título de período amarniano. Akhenaton acabou morto por sacerdotes de Amon.
Denominamos isso monocultismo (culto obrigatório à um deus específico), e NÃO
MONOTEÍSMO, como está em alguns livros didáticos brasileiros, uma vez que o culto a
alguns outros deuses que não ameaçavam o faraó continuou permitido. O culto a Aton,
aliás, era uma exclusividade do faraó. Mesmo existindo uma sincera inclinação mística do
faraó, a religião tinha claras implicações políticas: os sacerdotes, especialmente aqueles
ligados Amon, perdiam seu poder.
F. Arte: ligada ao poder e religião: “o que mais interessava não era a boniteza, mas a
plenitude. A tarefa do artista consistia em preservar tudo com a maior clareza e
permanência possível” (E. Gombrich, A História da Arte, Editora LTC, p. 60)
4. A Mesopotâmia (atual Iraque) – CINCO informações fundamentais
A. “Terra Entre rios”: surgiu entre os rios Tigre e Eufrates - eles deixam uma planície
de terras férteis.
B. Cidades Reino: A Mesopotâmia era composta por diversas cidades independentes
e nunca chegou a ser um único país como o Egito. Os povos genericamente chamados de
mesopotâmios (não existe um povo “mesopotâmico”) eram compostos por diversas
populações com línguas e culturas diferentes: assírios, babilônios e neobabilônicos,
sumérios, acadianos.
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C. Religião: Politeísta. Como no Egito, na Mesopotâmia, o mito explicava o mundo
(seus fenômenos naturais, a origem de um povo, a origem de determinadas estruturas
sociais) e ajudava a legitimar a ordem social.
D. Ciência e Arte: Destaca-se a divisão do círculo em 360o, a astronomia, os Zigurates
e os Jardins Suspensos da Babilônia.
E. Código de Hammurabi * (4º, e NÃO o 1º da história). Leia abaixo:

O Nascimento da Lei? Será mesmo?


“É muito comum dizer-se que a Mesopotâmia conheceu as primeiras leis da história
do homem. Mas, na verdade, os '’códigos’ mesopotâmicos eram muito diferentes das
legislações atuais: eles não tinham leis que estabelecessem as características de um
crime e a pena que deveria ser aplicada. Diferentemente, em geral, parecem ser
coletâneas de sentenças reais, que descreviam uma situação concreta e particular e
diziam o que deveria acontecer com o acusado. Como, por exemplo, nesta famosa
passagem do "código" de Hammurabi: ‘se um pedreiro construiu uma casa para um
homem livre, mas não reforçou seu trabalho e a casa que ele construiu caiu e matou o
dono da casa, então, esse pedreiro será morto.’ O efeito prático dessas coleções de
sentenças reais parece ter sido o de servir de modelo para que os funcionários
resolvessem casos semelhantes (...) Os "códigos" mais antigos foram: o de Ur-Nammu
(2112-2095 a.C.), o de Lipit Ishtar (1934-1925), as leis de Eshuna (fim do XIX a.C.) e o de
Hammurabi, rei da Babilônia entre 1792 e 1750 a.C”. Fonte: Marcelo Rede, A Mesopotâmia,
Editora Saraiva, São Paulo, 2002, p. 38.
5. TRÊS Pontos Fundamentais sobre os Fenícios (“País da Púrpura”)
(povo parcialmente fora do modo de produção asiático)
A. Cidades-estados Oligárquicas e Talassocráticas (isto é, cujo poder é baseado no
poderio marítimo): não havia um Estado centralizado fenício, mas sim várias cidades-
estados independentes, controladas por uma oligarquia de comerciantes e proprietários
agrícolas.
B. Maior potência comercial do mundo Mediterrânico. Ganham destaque perfumes,
objetos de madeira talhada. Tecidos de lã, algodão e linho eram tingidos com a famosa

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púrpura de Tiro, extraída de um molusco (múrex). Os fenícios descobriram a técnica de
fabricação do vidro.
C. A civilização ocidental deve aos fenícios a difusão do alfabeto.
6. TRÊS Pontos Fundamentais Sobre a Pérsia (Planalto Iraniano)
A. Eles criaram o sistema de administração Imperial utilizado, na posteridade, por
outros povos: Ciro I, o Grande (559 a.C.-529 a.C), príncipe persa, iniciador da dinastia
Aquemênida, foi responsável por fundar o Império Persa.. Com a morte prematura de
Cambises e a ascensão de Dario I (522-486 a.C.), o Império chegou ao seu apogeu. Ele
estabeleceu uma organização administrativa que dividiu o Império Persa em vinte
províncias, chamadas satrápias, as quais eram regidas por sátrapa (governador) e
obrigadas a pagar um imposto de acordo com as posses e riquezas da província. Tal
técnica de administração foi copiada pelos romanos. Ele reforçou a diplomacia e criou uma
rede de estradas que ligava cidades-sedes do governo às províncias. Dario viabilizou os
sistemas de impostos e estimulou o comércio com a criação da moeda de ouro, o dárico.
Houve também grande respeito aos costumes e religião dos povos dominados.
B. Guerras Médicas: Como será visto posteriormente, Dario I e seu sucessor, Xerxes
I, entraram em guerra com os gregos, dando origem às Guerras Médicas. O resultado final,
como também será visto, foi a vitória grega, marco da decadência momentânea do Império
Persa. A dinastia Aquemênida teve definitivo fim em 331 a.C., quando o último dos Darios
foi derrotado por Alexandre, O grande.
C. Religião: Zoroastrismo - Spenta Mainyu (Bondade) e Angra Mainyu ou Arimã
(Maldade)2, filhos de Ahura Mazda (ou Ormuz-Mazda), o Ser Supremo, o único Criador, o
imortal
7. Os Hebreus – Um Breve Panorama (não decore esta ordem, apenas entenda) 
Torá + Monoteísmo.
(povo parcialmente fora do modo de produção asiático)
A. Era dos Patriarcas (2000-1200 a.C.): os povos hebreus eram tribos nômades e
viviam na Mesopotâmia Abraão teria lançado as bases do monoteísmo judaico, maior
contribuição histórica dos hebreus. Por volta de 2 mil a.C., os hebreus teriam ido à Palestina,

2 É incorreto dizer que eles criam o “maniqueísmo” já que, na Antiguidade, existiu de fato uma religião chamada Maniqueísmo, que é posterior ao zoroastrismo.

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buscando a Terra Prometida por Deus. Em 1.800 a.C., no entanto, fortes secas e ataques
estrangeiros obrigaram os hebreus a deixar a Palestina e migrar para o Egito. Por volta de
1.250 a. C, liderados por Moisés, os hebreus conseguiram escapar do Egito, episódio
conhecido como Êxodo.
B. Juízes (1.200 – 1030 a.C.): após vagar pelo deserto, os hebreus chegaram na
Palestina, chefiados por Josué, organizando-se de forma tribal. Para enfrentar os ataques
dos inimigos, eles passaram a escolher um líder temporário, o juiz. Destacam-se, nesse
período, leis de proteção aos órfãos e viúvas.
C. Reis (1010 – 587 a.C.): segundo a tradição, o povo hebreu foi até Samuel, o último
dos juízes, e pediu para ter um rei. Os hebreus escolheram Saul como rei, em 1030 a.C. Foi
instaurada a monarquia. O grande sucessor de Saul, Davi foi responsável por derrotar os
arqui-inimigos filisteus. Salomão, filho de Davi, governou entre 966 e 933 a.C. Teria sido ele
o construtor do famoso templo de Jerusalém, ponto de referência espiritual de seu povo.
No entanto, após a morte de Salomão, houve uma divisão entre as tribos de Israel, o Cisma
Hebraico, nascendo dois reinos: Judá, com capital em Jerusalém, e Israel, com capital em
Samaria.
D. Conquista e Diáspora (539 a. C. – 70 d.C.): após essa divisão, chegou ao fim a
independência política dos hebreus. Os hebreus foram presos pelo imperador
mesopotâmico Nabucodonosor, episódio conhecido como Cativeiro da Babilônia. Ciro, rei
dos persas, no entanto, libertou os hebreus da Babilônia e permitiu sua volta à região de
Judá, como povos subordinados aos persas. Os hebreus, então, reconstruíram Judá e
foram, a partir de então, chamados de judeus. Finalmente, a Judéia foi dominada pelo
Império romano. É a chamada diáspora hebraica. Os judeus só retornaram à região no
século XX, após a 2ª Guerra Mundial, com a criação do Estado de Israel.

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MAPA MENTAL: ANTIGUIDADE ORIENTAL

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