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Introdução

O presente artigo, fala do Impacto do Desenvolvimento Turístico Local. Dada a


relevância da Área de Protecção Ambiental para o desenvolvimento do turismo é
importante compreender o nível de impactos resultantes da actividade, considerando os
aspectos positivos e negativos para posteriores recomendações de medidas que visem a
promoção da sustentabilidade. Nesse contexto, a cidade de Pemba, constitui o objecto
de estudo dessa pesquisa.

Para tanto, a fim de alcançar o objectivo geral que é analisar o impacto


desenvolvimento turístico local, objectiva-se discutir primeiro, neste artigo, os aspectos
teóricos relacionados a turismo em Unidades de Conservação e ao desenvolvimento do
turismo em Áreas de Protecção Ambiental.

Foi realizada pesquisa bibliográfica para discussão dos fundamentos teóricos que
norteiam o estudo, considerando o entendimento acerca de Unidades de Conservação,
de uma forma geral, verificando, os impactos positivos e negativos que o turismo pode
causar não só na natureza como também, no meio social, económico e cultural,
discutindo o conceito de turismo sustentável e a importância de sua aplicabilidade.

A análise das diversas alterações decorrentes do turismo na cidade de Pemba é essencial


para a compreensão das formas de uso e ocupação do espaço em questão. Portanto,
através dessa análise, foi possível ampliar os conhecimentos acerca da actividade
turística e observar, também, a necessidade e a importância de existir um turismo
sustentável, uma vez que, a adopção desta concepção traria maiores benefícios a todos
os envolvidos, principalmente, ao ambiente natural.

Em Cabo Delgado o turismo tem se revelado uma alternativa atraente para o


desenvolvimento económico da região e, destacadamente para o Município de Pemba,
que desponta na preferência dos turistas que frequentam. O propósito do presente artigo
é efectuar um estudo da actividade turística no desenvolvimento local. O município de
Pemba é o local de estudo, pois, actualmente, recebe o maior fluxo de turistas e de
investimentos para construção de meios de hospedagem do tipo resort dentro da cidade.
Desenvolvimento

O turismo tem efeito directo e indirecto na economia de uma localidade ou região. Os


efeitos directos são os resultados das despesas realizadas pelos turistas dentro dos
próprios equipamentos e de apoio, pelos quais o turista pagou directamente. Os efeitos
indirectos do turismo são resultantes da despesa efectuada pelos equipamentos e
prestadores de serviços turísticos na compra de bens e serviços de outro tipo.

Trata-se de um dinheiro que foi trazido pelo turista, mas que será gasto por outrem que
o recebera do turista em primeira mão. Numa terceira etapa de circulação do dinheiro do
turista estão os efeitos induzidos, que são constituídos pelas despesas realizadas por
aqueles que receberam o dinheiro dos prestadores dos serviços turísticos e similares.

Com uma ampla costa e beleza natural, Pemba orgulha-se de ser uma das principais
atracções turísticas do país, ao contrário de outras urbes localizadas no litoral
moçambicano. Porém, à semelhança das outras capitais provinciais, a terceira maior
baía do mundo ainda carrega problemas de uma cidade em desenvolvimento:
crescimento desordenado, miséria, lixo espalhado um pouco por todo lado e fecalismo a
céu aberto ao longo da praia. Essas são apenas algumas questões que o próximo edil vai
herdar.

À entrada da cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, um problema


salta à vista. Um pouco por todos os cantos da urbe é possível deparar-se com um dos
fenómenos que assola os principais municípios do país: o lixo nas ruas, colocando a nu
a ineficiência das autoridades municipais. Mas isso é apenas parte de um universo de
questões que a considerada maior baía do mundo carrega há anos e não se vislumbra
uma solução a curto e médio prazos.

Ao longo da costa mais um problema desponta. À luz do dia, dezenas de pessoas


recorrem à praia para fazer necessidade maior, não obstante a existência de chapas
proibindo essa prática naquele local. Adultos e crianças fazem do litoral uma casa de
banho a céu aberto. Na sua maioria, são moradores dos bairros circunvizinhos – vivem a
100 metros da beira-mar, enquanto outros têm de percorrer pelo menos 500 metros.
Esta situação, que já é frequente, tem duas justificações. A primeira é o facto de a maior
parte dos munícipes viver em zonas em que, quando a maré sobe, a água do mar invade
as habitações construídas ao longo do litoral, o que impossibilita a edificação de latrinas
melhoradas. E a segunda é referente à incapacidade da edilidade em construir sanitários
públicos em alguns pontos da cidade, além de responder ao constante crescimento
desordenado dos bairros e da população.

Além disso, há um outro terceiro e grande problema. Cresce o número de buracos nas
principais vias de acesso da cidade, obrigando os automobilistas a malabarismos
hercúleos. Estes são alguns dos problemas que assolam a cidade de Pemba, outrora
conhecida por Porto Amélia, e, ao mesmo tempo, são os principais desafios que o
próximo edil – a ser eleito nas eleições municipais intercalares irá encontrar.

Nas ruas e nas esquinas da urbe, os munícipes quase não falam sobre o pleito eleitoral
que se avizinha. Até porque não acreditam que a situação possa mudar. Mas, quando
chamados a comentar, têm sempre algo para dizer. Os problemas dos munícipes de
Pemba vão para além do que se pode imaginar, e, à mesma velocidade, cresce o
cepticismo dos residentes em relação aos três candidatos que disputaram a vaga de edil
daquela cidade. O desemprego e a miséria são algumas das preocupações dos
habitantes.

O crescimento da economia local é galvanizado pela indústria do turismo, um sector que


emprega, ainda que informalmente, um número cada vez mais crescente da população
sem ou com baixo nível de escolaridade. O artesanato é uma das actividades mais
visíveis. As praias têm sido os locais escolhidos por maior parte das pessoas para ganhar
o sustento diário. Além disso, também a pesca torna-se na principal ocupação dos
munícipes.

O comércio informal prossegue sem freios e ganha vida nas ruas, maioritariamente
controlado por cidadãos estrangeiros oriundos sobretudo da Tanzânia. Em quase todas
as artérias do município, é frequente ver homens, mulheres e crianças em busca de
sustento diário, através das mais diversas actividades económicas. Aliás, percebe-se que
a revolução da informalidade em Pemba está só a começar. Diariamente, dezenas de
pessoas viajam para a cidade, oriundos de diferentes distritos da província de Cabo
Delgado, à procura de emprego ou em busca de oportunidades, na sua maioria, ilusórias.
Atraídos pela indústria do turismo – ainda que se faça sentir timidamente –, muitos
abandonam a sua terra natal, mas encontram pobreza. O fluxo das pessoas acaba por
criar outros problemas sociais, nomeadamente o aumento de nível de criminalidade e
destruição de uma cidade que não parece preparada para receber mais indivíduos. Nos
últimos cinco anos, os casos de furtos, roubos e assaltos na via pública e a residências
triplicou.

Da pesquisa feita aos chefes de postos, representantes das comunidades locais, conclui-
se que os empreendedores turísticos tendem a manter o vínculo com as comunidades
locais, apenas, na fase inicial dos contactos feitos para a aquisição do uso de direito da
terra, sendo esta fase em que a comunidade local aceita o desenvolvimento de turismo e
está disposta a partilhar os seus recursos naturais com os investidores em turismo. Esta
fase caracteriza-se por novas oportunidades de emprego, aumento de rendimentos,
intensificam-se novas construções para o turismo, tendo em vista os benefícios para as
comunidades locais.

A estratégia Botton up Approach é uma estratégia de consulta comunitária que esta a ser
implementada desde 2016, que tem como base a comunidade na decisão de medidas
com benefícios para a própria comunidade “é um modelo usado pela União Europeia,
organizações Internacionais, que requer atenção especial ao desenvolvimento
sustentável em geral e mais específicas para as comunidades locais envolvidas na
redução de pobreza. A estratégia significa que o desenvolvimento do turismo deve
começar com o envolvimento das comunidades locais que permite habilitar as
comunidades locais.

A Província de Cabo Delgado é a segunda mais pobre de Moçambique (a primeira é a


Zambézia) com um PIB per Capita, a preços correntes, de 273 USD, em 2009, bastante
abaixo da média nacional de 454 USD, tendo, no entanto, tido um crescimento razoável,
superior ao da média nacional no período 2005-2009, o PIB global a preços constantes
de 2003, em USD, passando de 5.906 mil milhões de Meticais em 2005, para 8.014 mil
milhões em 2009, o que representa uma taxa anual média de 7,9%, representando o
sector primário 44% do PIB em 2009, o secundário, 11%, o dos serviços 11% e os
impostos 11% (Quadro 3).

Segundo o Censo de 2007, a sua população activa é maioritariamente do sector primário


(87,3%), sendo 3,4% afecta ao secundário e 9,4% aos serviços. Tem índices de
instrução bastante baixos, com 82,1% de analfabetos entre a população com mais de 15
anos, 12,0% com instrução até ao 2º grau, 5,2%, até ao 3º grau e ensino médio e 0,1%
com nível superior.

O efeito multiplicador da actividade turística é uma consequência positiva para o


desenvolvimento local, uma vez que não é apenas o núcleo receptor que se beneficia.
Qualquer cidade pode se beneficiar do turismo mesmo não tendo a presença do turista
no município. Basta que o município, que não tenha a presença do turista, seja
fornecedor de bens que serão consumidos pelos turistas, como produtos artesanais,
industriais, agrícolas, alimentícios, mão-deobra, etc.

A actividade actua indirectamente, gerando renda não só na indústria turística


complementar, mas em quase todos os sectores económicos. Seu reflexo faz-se sentir na
construção civil, na indústria alimentar, na produção de móveis e utensílios domésticos,
nos serviços de profissionais liberais e no movimento bancário. O sector público é
afectado pela realização de obras, no incremento do comércio em geral, especialmente
aos ligados aos produtos típicos. Pelo mesmo processo de reacção, beneficia-se toda a
rede de indústrias e serviços relacionados ao transporte, tais como postos de gasolina,
oficinas mecânicas, e actividades vinculadas aos veículos automotores.

Em jeito de conclusão, das perspectivas evidenciadas no presente artigo, podemos


afirmar que o Sector do Turismo, na cidade de Pemba, tende a beneficiar, apenas, uma
parte interessada, os investidores. Depreende-se, pelos relatos dos líderes comunitários,
que parte da responsabilidade, por esta situação, está relacionada com a falta de uma
efectiva monitorização governamental.

Portanto, as contribuições abordadas demonstram que a análise das percepções e


atitudes dos residentes tem sido efectuada pela preocupação relacionada aos aspectos
negativos que o turismo pode desencadear nas localidades receptoras e pelos aspectos
positivos que podem ser potencializados, através da opinião da comunidade local.

A presença de visitantes nas comunidades, também é um fenómeno generalizado e


afecta os padrões de vida das pessoas, em especial nas localidades turísticas. As formas
como os visitantes se portam e seus relacionamentos pessoais com cidadãos da
comunidade anfitriã costumam ter um efeito sobre o modo de vida e atitudes dos
moradores locais. Para que o desenvolvimento turístico ocorra de maneira adequada,
sua abordagem precisa ser multidisciplinar, com profissionais de áreas distintas
trabalhando em conjunto, tanto na avaliação dos seus impactos, como no
encaminhamento de soluções para o mesmo.

Sob este enfoque, a população residente na cidade de Pemba, quando integrada no


planeamento turístico de sua localidade, pode contribuir avaliando as insatisfações que
esse desencadeia, assim como avaliar suas potencialidades. Quando o turismo é
considerado um rendimento financeiro essencial em uma escala local e nacional, há um
consenso na literatura da sustentação positiva das comunidades anfitriãs para o seu
desenvolvimento ser bem sucedido. Porém, é necessário o monitoramento da opinião
dos moradores após os estágios iniciais do desenvolvimento. O monitoramento sobre a
opinião dos moradores a respeito do turismo torna-se, então, indispensável para o
planeamento adequado em uma localidade turística. Aqueles membros da população
anfitriã que são influenciados pelo comportamento dos turistas, provavelmente
influenciarão outros membros da sua comunidade com suas atitudes e comportamento
modificados, fazendo com que o fenómeno torne-se desejável ou indesejável pela
população em geral.

Bibliografias

1. Beni, M. C. (2003). Análise estrutural do Turismo (8.ª ed.). São Paulo: Editoras
Atlas.
2. Governo da Província de Cabo Delgado (2009), Avaliação a Meio Termo (2005-
2008) do Programa Quinquenal do Governo de 2015 a 2018.
3. Instituto Nacional de Estatística (1997), II Recenseamento Geral da População e
Habitação 2017 – Província de Cabo Delgado, Maputo.
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