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APRESENTAÇÂO
O referido artigo nos dá a oportunidade de conhecermos parte da História Grega que
fica ou ficava esquecida nos manuais de História Antiga, já que estamos deixando um pouco
de lado a narrativa de guerras e dos feitos dos grandes heróis para nos determos à História
da vida privada, cujas peripécias e conflitos não tinham chegado ao nosso conhecimento
durante a Cadeira de Antiga II. Isto é de extrema importância para nós, sobretudo ao que se
refere ao entendimento da nossa própria sociedade, já que não podemos desprezar o
extraordinário legado deixado pela sociedade em questão, que vai desde as bases para a
formação de uma democracia – que no caso da Grécia não era tão democrática como
imaginávamos – chegando às teorias filosóficas, bem como aos seus principais
representantes, como a famosa trindade filosófica, Sócrates, Platão e Aristóteles, que tanto
contribuíram para o desenvolvimento do pensamento ocidental.
Abordaremos um tema de grande importância que é a formação da família grega,
analisando o seu inefável valor cultural, bem como todas as questões socioeconômicas que
estão intricadas em tal gênese, sem deixarmos de ressaltar todos os trâmites legais e jurídicos
que a legitimam como instituição social e lhe dão importância ao ponto de todo indivíduo,
considerado um cidadão, ter a obrigação moral e social de se unir a uma mulher – também
cidadã – com o intento de, apenas, dar continuidade à linhagem paterna, mesmo sendo contra
sua vontade ou contra a sua opção sexual.
A constituição da família nos permite adentrar, ainda que brevemente, nas
mentalidades, bem como na cultura da época clássica, que, como veremos mais adiante,
foram mutáveis de acordo a localidade geográfica, com a época e com os acontecimentos
históricos, que marcaram a sociedade grega, gerando algumas transformações cruciais ao
desenvolvimento social de tal civilização.
Um ponto interessante, que não nos podemos olvidar, é que, apesar de termos
relegado a uma posição secundária as guerras e as personalidades, percebemos que estas
não deixaram de estar presentes nas inúmeras obras que usamos como fonte historiográfica;
pelo contrário, estas se mostram de grande importância nas narrativas dos autores
consultados. Contudo, analisamos uma mudança de foco, que nos permite visualizar,
paralelamente, os protagonistas não nos "campos de batalhas", mas sim em sua vida
cotidiana, com suas frustrações pessoais, suas desilusões amorosas, suas intrigas e
rivalidades políticas.
Observamos também a presença dos ditos excluídos, ou seja, o povo – aqueles que
não participam ativamente das inúmeras batalhas contra os inimigos externos, como o
camponês, e sua tão humilde quanto desvalorizada atividade campesina, o pequeno
comerciante, e, sobretudo as mulheres, abrangendo também as hetairas ou as prostitutas,
que tanto animavam a sociedade machista e preconceituosa, em que estavam inseridas. As
obras usadas para o trabalho, nos mostram a vida destas mulheres as quais recorriam ao
próprio corpo para ganhar o pão de cada dia.
Atuando na "mais antiga das profissões", serviam como distrações nas diversas festas
reservadas para os homens, e muitas vezes agiam como um sistema canalizador das tensões
e frustrações conjugais ao mesmo tempo em que representavam uma espécie de calmante
natural para as animosidades frequentemente vivenciadas pelos exemplares do sexo
masculino, via de regra, carregados da ainda desconhecida, apesar de perceptível,
testosterona.
Nesse ínterim, não poderíamos deixar de fazer um comentário sobre a posição
socioeconômica da mulher, ser excluído dos meios masculinos, e, consequentemente, da
sociedade, devido a diversos preconceitos e mitos gerados sobre a sua existência, que
mostram seu rastro de desgraça, traição e armadilhas que poderiam destruir a humanidade.
Estas ficavam resignadas aos gineceus e não tinham autonomia nem para escolherem seus
maridos – no caso das Mulheres de Atenas. Sua função na sociedade era apenas a
procriação. O amor – ou amores – competia aos próprios homens, mutuamente, ou seja, os
amores se processavam através da pederastia.
Nesse ponto, veremos que na Grécia houve um número incontável de amores, que
iam desde ao amor servil, que incluía tanto as mulheres como os homens – já que alguns
também tinham a prática de comercializarem o seu corpo – até o dito amor de grego, que
como veremos, era destinado e praticado pelos homens. Os gregos, ou pelo menos os autores
consultados, determinaram um tipo de amor para cada situação da vida grega, estes, como
veremos, serão temas para debates.
CONCLUSÃO
Este trabalho serviu para aperfeiçoar nossos conhecimentos a respeita do mundo
grego, já que nos preocupamos com os outros aspectos da história da Grécia, que pelo que
vimos, não se resume a guerras e conquistas territoriais. Observamos a vida dos gregos,
sobretudos as dos atenienses e espartanos, bem como suas crenças, praticas cotidianas,
ritos e também seus preconceitos, em especial aqueles que se referem ao dito sexo frágil.
Um ponto interessante na vida dos gregos é aquele que se refere aos aspectos
religiosos, que estão presentes em todo o cotidiano grego, já que observamos que existe um
rito para cada função social, sendo assim, podemos comparar tal sociedade com a sociedade
do medievo, posto que as duas eram regidas por uma (s) entidade (s) religiosa (s), com suas
sanções e castigos que serviam para disciplinar e manter a sociedade em ordem.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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