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Unidade II
3 NÚCLEO E DIVISÃO CELULAR
O núcleo é um elemento exclusivo das células eucariontes e deve estar presente em, pelo menos, uma
fase do desenvolvimento da célula. A maior parte da informação genética de uma célula encontra‑se na
forma de cromossomos localizados dentro do núcleo.
Podemos comparar o núcleo a um grande centro de controle que comandará todo o metabolismo
celular através das informações que serão transcritas do DNA conforme a necessidade da célula.
A maioria das células é mononucleada, mas existem células, como as do tecido muscular estriado
esquelético, que são polinucleadas, ou as hemácias, que, quando maduras, perdem o seu núcleo. A
posição do núcleo na célula varia conforme a sua função. Células secretoras tendem a ter um núcleo
basal, enquanto células de revestimento possuem um núcleo mais central.
Quando uma célula não está em divisão, dizemos que seu núcleo é interfásico. O DNA estará
organizado na forma de cromatina que fica mergulhada em uma substância gelatinosa chamada de
nucleoplasma e separada do resto do citoplasma pelo envoltório nuclear. Também é possível observar
uma ou mais massas esféricas chamadas de nucléolos.
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Unidade II
Lâmina nuclear
EC
HC
NU
HC
EC
Figura 33 – A) Esquema do núcleo celular e B) Núcleo celular em micrografia, em que seta cheia – envoltório nuclear, HC –
heterocromatina, EC – eucromatina, Nu – nucléolo
A principal característica de uma célula eucarionte é o fato de seu material genético ficar isolado dos
outros elementos citoplasmáticos por uma membrana referida como envoltório nuclear, ou carioteca.
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Figura 34 – Envoltório nuclear (EN) visto ao microscópio. Setas mostram a descontinuidade do envoltório. EN – envoltório nuclear; C –
cromatina; Nu – Nucléolo; Np – nucleoplasma
Lembrete
Ao isolar o material genético em um compartimento especifico, esse envoltório passa a ter como
principal função o controle de toda e qualquer substância que poderá entrar em contato com o DNA, ou
seja, o envoltório nuclear exerce um papel fundamental como mediador do fluxo de substâncias entre
o interior do núcleo e o citoplasma.
O envoltório nuclear é formado por uma bicamada dupla e descontínua de natureza lipoproteica.
A membrana interna fica ligada ao nucleoplasma por meio de proteínas filamentosas chamadas de
lâmina nuclear. As proteínas da lâmina nuclear atuam como âncoras entre a membrana interna do
envoltório e a cromatina e dão estabilidade e forma ao núcleo. Já a membrana externa fica em
contato direto com o citoplasma e é rica em ribossomos. Projeções dessa membrana originam o
retículo endoplasmático rugoso.
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Unidade II
Figura 35 – Elementos do envoltório nuclear e sua relação com o retículo endoplasmático rugoso
Como dito anteriormente, o envoltório nuclear é descontínuo. Nesses pontos, observa‑se uma
fusão entre a membrana interna e externa formando um poro. Ao longo de todo o envoltório
é possível observar várias regiões de poro. A região é ocupada por um grupo de proteínas que
recebem o nome de nucleoporina (Nup); o conjunto de nucleoporinas que preenche cada um
desses poros recebe o nome de complexo de poro.
A função do complexo de poro e das proteínas a ele associadas está relacionada ao controle do
fluxo de moléculas. RNA, nucleotídeos, proteínas, carboidratos, fosfolipídios e íons são exemplos
de sustâncias que precisam entrar e sair do núcleo. As proteínas do complexo de poro atuariam
como mediadores desse transporte, que pode acontecer de forma passiva e/ou ativa dependendo
do tamanho, das características químicas e do gradiente de concentração da substância a ser
transportada.
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Figura 36 – Representação esquemática do complexo de poro. Podemos perceber a interação das proteínas do complexo de poro com
o nucleoplasma e o citoplasma
3.3 Nucléolo
O nucléolo é uma estrutura esférica formada por proteínas e RNA ribossômico responsável pela
produção dos ribossomos que ficaram livres no citoplasma ou associados ao retículo endoplasmático
rugoso. Uma vez que os ribossomos são as estruturas responsáveis pela síntese de proteínas, células
que possuem alta atividade de síntese proteica possuem nucléolos bem grandes, ao passo que células
como os linfócitos e monócitos, que produzem poucos ribossomos, possuem nucléolos pequenos. Os
ribossomos produzidos pelo nucléolo chegam até o citoplasma através do poro nuclear.
Envelope nuclear
Nucléolo
2 µm
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Unidade II
3.4 Cromatina
No interior do núcleo encontramos os genes. Por definição, um gene é uma sequência de nucleotídeos
que codifica um produto com função biológica. Os nossos genes estão organizados em 23 pares de
estruturas lineares, chamadas de cromossomos (2n=46). Porém, quando uma célula não está se dividindo,
os 46 cromossomos formam uma massa granular e difusa chamada de cromatina.
A cromatina é um complexo estrutural formado de DNA e proteínas estruturais que não se apresenta
de forma homogênea no núcleo, muito pelo contrário: em um núcleo interfásico sempre será possível
observar regiões mais densamente coradas e outras de coloração mais leve, conforme figura a seguir.
Figura 38 – Fotomicrografia de células da medula óssea com cromatina em diferentes estágios de condensação.
EC – Eucromatina; HC – Heterocromatina
Observação
As regiões de heterocromatina mostram que os genes estão inativos, sinalizando uma baixa atividade
de transcrição. Células onde a heterocromatina predomina estão metabolicamente inativas. Por outro
lado, células com predominância de eucromatina apresentam muitos genes ativos simultaneamente,
o que significa que a cromatina está ativa, ou seja, o DNA foi “esticado” para que a sequência de
nucleotídeos pudesse ser lida e transcrita para gerar produtos funcionais. Células como os neurônios e
os hepatócitos apresentam predominância de eucromatina, enquanto os espermatozoides e os linfócitos
circulantes apresentam predominância de heterocromatina.
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Chamamos de cromatina marginal aquela porção da cromatina que fica concentrada próxima à
lamina nuclear e de cromatina nucleolar aquela que fica associada ao nucléolo.
A estrutura da cromatina é mantida pela associação do DNA com proteínas estruturais que
recebem o nome de nucleossomos. Para formar a cromatina, a dupla fita de DNA se enrola ao redor
de nucleossomo por diversas vezes. Quanto mais o DNA vai se enrolando ao redor desse complexo
proteico, mais condensada a cromatina vai ficando. Na heterocromatina, as fibrilas de cromatina estão
comprimidas e enroladas umas sobre as outras, já na eucromatina, as fibrilas estão menos comprimidas
para permitir a transcrição.
Molécula de
dupla hélice de DNA esticada
Cromatina como
“contas de um colar“
Fibrila de cromatina
de 30 m
Cromosso
em metáfase
Centrômetro
Figura 39 – Etapas mostrando como o DNA é transformado em cromatina. As histonas estão sendo mostradas em vermelho e a fita de
DNA em azul. Note as diferenças da compactação entre a eucromatina e a heterocromatina
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Unidade II
Observando a figura a seguir, é possível identificar a natureza duplicada do cromossomo. Isso ocorre
porque todo o material genético precisa ser duplicado antes que a divisão celular ocorra. O evento de
duplicação do DNA e, consequentemente, do cromossomo ocorre durante a fase S do ciclo celular e será
abordado em detalhes mais adiante.
Braço p
Centrômero
Braço q
Cromátide
Cada cromossomo é formado por dois braços chamados de cromátides. A extremidade de cada
cromátide recebe o nome de telômero. Estudos mostram que o telômero está diretamente relacionado
ao envelhecimento celular, pois vai encurtando de tamanho a cada ciclo celular, de forma que, para
estender o ciclo de vida de uma célula e, consequentemente, reduzir os efeitos do envelhecimento no
organismo, seriam necessárias estratégias que impedissem a redução do telômero.
As cromátides são mantidas unidas pelo centrômero. A região da cromátide acima do centrômero
recebe o nome de braço p e a região da cromátide abaixo do centrômero recebe o nome de braço q.
As células somáticas, ou seja, aquelas que não são gametas (células germinativas – óvulo/espermatozoide)
são chamadas de diploides por serem compostas por 23 pares de cromossomos (2n=46). Destes, 22 pares
são chamados de somáticos (1‑22) e um par é considerado sexual (XX – mulher e XY – homem).
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
1 2 3 4 5
A B
6 7 8 9 10 11 12
C
13 14 15 16 17 18
D E
ou
19 20 21 22
F G XX = & XY = %
Observação
O nosso organismo é formado por diferentes populações celulares com diferentes capacidades de
renovação. No quadro a seguir, temos classificadas as diferentes populações celulares encontradas no
nosso organismo de acordo com sua capacidade de mitose.
Para as células em renovação ou em crescimento, existe uma sequência de eventos que controlam
o desenvolvimento, o amadurecimento e a divisão celular. Essa sequência de eventos recebe o nome de
ciclo celular e tem como objetivo principal preparar a célula para que esta, ao entrar em mitose, produza
células‑filhas com o mesmo conteúdo genético da célula‑mãe. Podemos identificar duas grandes fases
no ciclo celular: a) interfase, que envolve o crescimento e amadurecimento da célula, e subdividida nas
fases G1, S e G2 e b) a mitose, que se refere à divisão celular em si.
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Unidade II
Prófase
G2
S
Metáfase
Mitose
Anafase
G1
Telófase
Intérfase Mitose
Figura 42 – Esquema do ciclo celular mostrando a interfase, composta pelas fases G1, S e G2, e a mitose, composta pelas fases
prófase, metáfase, anáfase e telófase
Durante o ciclo existem ainda pontos de controle entre cada estágio com o objetivo de garantir
que apenas as células que mantiverem as características essenciais da linhagem genitora continuem
o processo, interrompendo o ciclo daquelas células que não atingirem os requisitos necessários para
passar à fase seguinte.
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
4 INTERFASE
Chamamos de interfase o período compreendido entre duas divisões celulares. Durante esse
período, a célula cresce não apenas em tamanho, mas também se prepara para realizar de forma
eficiente uma nova divisão mitótica. A duração de cada ciclo depende muito de qual velocidade de
eventos mitóticos que a população celular deve realizar. No entanto, sempre identificamos três fases
durante a interfase: a G1, com alta atividade metabólica, a S, em que o DNA se duplica, e a G2, na
qual a célula se prepara para a divisão.
Síntese de DNA
Crescimento
G0 Preparação para
mitose
Células estáticas
Ex.: neurônios
4.1 G1
A G1 (gap1) é a fase mais longa da interfase e, justamente por isso, a que mais sofre influência
dos fatores ambientais que podem prejudicar a continuidade do ciclo. Durante essa fase, a célula
estará reunindo nutrientes para sintetizar macromoléculas importantes para a duplicação do DNA
na fase seguinte como também para a realização da mitose. Portanto, durante esse período, a célula
está em alta taxa metabólica devido à grande necessidade de RNA e proteínas, que serão sintetizados
constantemente. Assim, dois processos ocorrem intensamente durante a G1: a transcrição e a tradução.
Pensemos assim: a célula é uma grande fábrica. No citoplasma, temos a linha de produção onde tudo
que for necessário para o funcionamento e a manutenção da célula é gerado, portanto, temos várias
máquinas com diferentes funções; essas máquinas serão as proteínas. O núcleo da célula é a biblioteca
dessa fábrica, onde encontramos todos os livros que ensinam como as máquinas são montadas e como
elas devem funcionar. Cada um desses livros é dividido em vários capítulos que ensinam como uma das
máquinas deve atuar. Os cromossomos são os livros e os genes são os capítulos desses livros.
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Unidade II
Pois bem, é aí que temos um problema. Esses livros estão escritos em uma linguagem que não é
entendida pela linha de produção do citoplasma e, portanto, precisa ser modificada para que a proteína
possa ser montada de forma correta. Nesse ponto aparecem a transcrição e a tradução, dois processos
que irão adequar a “linguagem” dos genes a algo compreensível ao citoplasma. Tecnicamente, chamamos
isso de fluxo da informação gênica, o que permite todo o controle do funcionamento celular (Figura 13).
• Duplica a informação
Replicação contida no DNA
Chamamos de transcrição o processo pelo qual a informação contida no DNA é convertida em RNA
dentro do núcleo celular, o que acarretará a geração de um produto funcional para o metabolismo
celular. Esse é o primeiro passo para a adequação da linguagem que comentamos acima.
Durante a transcrição, a informação contida no DNA (um polímero de nucleotídeos em fita dupla)
é utilizada como molde para a geração de uma sequência completar na forma de fita simples, o RNA.
Quem faz a leitura do DNA para transcrevê‑lo como RNA é uma enzima chamada RNA polimerase, como
podemos ver na figura a seguir.
Direção da
RNA-polimerase transcrição Dupla-hélice
de DNA
Trifosfatos de
ribonucleosídeo
Canal de entrada
Canal de Sítio ativo de trifosfatos de
5’ saída do RNA ribonucleosídeo
Transcrito de RNA Região curta de
recentemente hélice DNA/RNA
sintetizado
Figura 45 – Mecanismo de transcrição de um fragmento de DNA (em laranja) em RNA (indicado pela seta)
através da ação da DNA polimerase (em azul)
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
• RNA mensageiro (RNAm) – que terá a sequência de nucleotídeos necessária para a síntese de
proteínas. Lembrando do nosso exemplo, é ele que tem a informação de como a máquina deve ser
montada e para que ela serve.
• RNA ribossômico (RNAr) – será convertido em ribossomo no nucléolo. O ribossomo fará a leitura
do RNAm para que a síntese de proteínas ocorra. Segundo o nosso exemplo, o ribossomo será o
responsável por ler o manual e solicitar as peças necessárias para a montagem da proteína.
• RNA transportados (RNAt) – mobiliza o aminoácido que será utilizado para a síntese de
proteína. Cada aminoácido terá um RNAt específico para carregá‑lo. Voltando ao nosso exemplo,
os aminoácidos seriam as peças da nossa máquina. Quando o ribossomo lê o capítulo (RNAm),
ele identifica qual a peça, ou seja, qual aminoácido é necessário naquele momento. Ele avisa o
RNAt, que irá ligar‑se ao aminoácido necessário e levá‑lo até o ribossomo, que irá encaixá‑lo na
sequência conforme a receita (RNAm) mandar.
Uma vez transcritos todos os RNA necessários, estes chegarão ao citoplasma através do complexo de
poro onde irão atuar no passo seguinte da expressão gênica, a tradução.
A tradução é um processo que ocorre no citoplasma, por isso que o RNAm, o RNAt e o ribossomo
precisam sair do núcleo, seu local de produção. O processo de tradução está demonstrado na figura
a seguir. Para que a síntese proteica ocorra, o ribossomo irá se ligar ao RNAm, e o RNAt se liga ao
ribossomo. Estando todos os elementos integrados, inicia‑se o processo de leitura. O ribossomo lê o
RNAm, três nucleotídeos por vez. Para cada três nucleotídeos, aqui chamados de códon, existe um
aminoácido correspondente. O RNAt traz o aminoácido referente ao códon lido, que irá se unir ao
aminoácido que já estiver lá. Um novo códon é lido e o processo se repete até que o ribossomo encontre
o códon de terminação. Seria o equivalente à palavra FIM do nosso capítulo. Quando isso ocorre, o
ribossomo se solta do RNAm e o processo de síntese proteica termina.
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Unidade II
aa1
aa1 tRNA
iniciador -
tRNA com
primeiro Subunidades
aminoácido Iniciação
ribossomais
Anticódon
UAC
Códon de
parada AUG 5’ 3’
5’ Códon de 3’ Alongamento
Reciclagem dos aa1 (essa etapa ocorre
início AUG aa2
componentes traducionais várias vezes)
aa3
aa4
Fator de
liberação aa5
Polipeptídeo
completo
Terminação
Códon de
parada UAG
5’ 3’ 5’ 3’
Figura 46 – Resumo do mecanismo de tradução. Observe a interação entre os três tipos de RNA produzidos durante o processo de
transcrição. O mRNA (vermelho) será lido pelo ribossomo (em marrom) que foi formado pelo rRNA, enquanto o tRNA (fita rosa)
carregará os códons dos aminoácidos
Saiba mais
À medida que os processos de transcrição e tradução ocorrem, a célula vai crescendo e amadurecendo.
O progresso da célula durante a G1 é avaliado por dois pontos de controle, o ponto de restrição (ponto
R) e o ponto de controle de lesão do DNA. O quadro a seguir resume os eventos que ocorrem em cada
ponto de controle.
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Durante o ponto de restrição, a célula verificará sua aptidão para entrar em mitose, levando em
consideração se houve um crescimento no volume citoplasmático, adesão às células vizinhas e à matriz
extracelular e funcionamento e quantidade adequada de proteínas e enzimas envolvidas nas fases
seguintes. No caso de um ou mais desses processos não terem ocorrido de forma adequada, será ativada
a proteína Rb (pRb), responsável por estimular a continuidade do ciclo. Já no ponto de controle de
lesão de DNA, é avaliada a presença de danos no DNA e se eles podem ser reparados. No caso de danos
irreparáveis do DNA, existe o aumento da expressão da proteína p53, que bloqueia a passagem da célula
para a fase seguinte, ou seja, impede que o DNA alterado seja replicado e passado para as gerações
seguintes. Nesses casos, a p53 induzirá a morte celular.
Regulação da fase G1
• Ponto de restrição
— monitoramento do tamanho;
Nossa célula respondeu positivamente a todos os pontos de controle e pode passar para a fase seguinte.
Observação
4.2 S
A fase S é conhecida como fase de síntese, pois é nela que ocorre a duplicação do DNA, permitindo
a formação de novas cromátides que serão divididas entre as células‑filhas, de modo a garantir que
elas tenham o mesmo conteúdo genético da célula‑mãe. Ao replicar todo o seu DNA, a célula estará
garantindo a passagem das suas informações de forma íntegra e precisa. Voltando ao nosso exemplo, é
como se a nossa fábrica, a célula, resolvesse abrir uma filial e precisasse fazer uma cópia de todos os seus
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Unidade II
livros, os cromossomos, na íntegra e da forma mais precisa possível para que a filial trabalhe exatamente
como a matriz.
A replicação do DNA é um processo semiconservativo, como observado na figura a seguir. Para que
a replicação ocorra, é necessária a ação de um grupo de enzimas que irão desenrolar a hélice do DNA e
separar as fitas, de forma que cada uma das fitas sirva de molde para a geração da fita‑filha. O processo
semiconservativo, ou seja, cada molécula nova de DNA, possui uma fita antiga e uma fita recém‑sintetizada,
o que garante que a nova molécula de DNA seja idêntica à molécula preexistente na célula.
Figura 47 – Processo de replicação do DNA. Em A), temos o esquema demonstrando o caráter semiconservativo do processo e, em (B),
o processo de síntese da nova fita de DNA
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
A enzima responsável por adicionar os nucleotídeos que formaram a nova fita recebe o nome de
DNA polimerase, que adiciona os nucleotídeos conforme o princípio de pareamento das bases (Adenina
– Timina; Citosina – Guanina).
Nas células eucariontes, a fase S não tem a função de replicar apenas o DNA, mas também as
histonas para garantir a formação da cromatina quando as células‑filhas retornarem à interfase.
Durante a fase S também existe o ponto de controle de qualidade do DNA, que avalia se o DNA
duplicado está realmente como antes da replicação. O próprio DNA polimerase é responsável por essa
avaliação, podendo remover a sequência errada e substituir por uma correta, impedindo a passagem do
erro para as gerações futuras.
Erros identificados e corrigidos, a célula pode seguir adiante e entrar na última fase da interfase, a G2.
Observação
4.3 G2
Finalmente, na fase G2, a célula se preparará para entrar em mitose. Esse é um período que se
caracteriza pela reorganização das organelas e síntese de proteínas não histônicas que irão se associar
aos cromossomos durante a mitose. Também é essencial a avaliação do DNA que foi duplicado durante
a fase S e se esse DNA foi totalmente duplicado. Por isso, durante a G2, existem dois pontos de controle.
O ponto de controle de lesão de DNA avalia se o DNA foi corretamente duplicado e se os erros foram
corrigidos; o segundo ponto é o ponto de controle de DNA não replicado que averiguará se todo o
material genético foi duplicado. Caso este último ponto encontre falhas, ocorre o impedimento da
passagem da fase G2 para a mitose até que todo o DNA tenha sido duplicado.
A figura a seguir mostra as alterações sofridas na quantidade de DNA durante a interfase e mitose,
mostrando que durante as fases G1 e G2 a quantidade de DNA não se altera.
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Unidade II
Metáfase
Cromossomos com uma única cromátide
A divisão celular compreende o evento que incluía cariocinese, ou seja, a divisão do conteúdo
nuclear, e a citocinese, que seria a divisão do conteúdo citoplasmático. Nas células somáticas, esse
evento recebe o nome de mitose por gerar células‑filhas geneticamente idênticas às células‑mães.
Sendo assim, uma célula somática 2n=46, após sofrer mitose, irá gerar duas células geneticamente
idênticas em quantidade e qualidade genética, portanto, as células‑filhas também serão 2n=46. No
entanto, nem todas as células se dividem por mitose. As células germinativas, que irão gerar os gametas,
precisam reduzir o seu número de cromossomos para garantir a manutenção genética da espécie. Assim,
essas células sofreram um processo de divisão celular diferente, chamado de meiose, no qual a célula
que inicia o processo é 2n=46 e as células‑filhas geradas, em número de 4, serão n=23. A figura a seguir
apresenta a associação dos processos de mitose e meiose na formação dos gametas.
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Homem 44+XY
44+XY 44+XY
Mitose
44+XY
Meiose I
22+X 22+Y
Meiose II
Figura 49 – Associação dos processos de mitose e meiose na formação dos gametas masculinos. Nota‑se que na mitose há uma
conservação do número de cromossomos, enquanto que ao final da meiose houve uma redução no número final e cromossomos
4.4.1 Mitose
A mitose é o processo de divisão celular que conclui o ciclo celular de uma população de células
em renovação. Somente as células somáticas se dividem por mitose, uma vez que esste processo é
responsável pela conservação da informação genética. Assim, é comum dizer que a mitose é uma
divisão equacional.
A prófase é a fase inicial da mitose e se caracteriza pela condensação da cromatina até que os
cromossomos, já duplicados, se tornem visíveis. Paralelamente a esse processo, ocorre o rompimento
do envoltório nuclear em várias vesículas que se dispersam pelo citoplasma. Outro evento importante
na prófase é a formação e o posicionamento de dois centrossomos que agiram na formação das fibras
do fuso. Com a fragmentação do envoltório nuclear, os centrossomos se posicionam de lados opostos,
e as fibras do fuso se alongam até se prenderem aos cineticóros. Esse processo é essencial para o
alinhamento e a segregação dos cromossomos que ocorrerão nas fases seguintes.
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Unidade II
A fase seguinte é a metáfase, na qual os cromossomos atingem o ponto máximo da sua condensação. A
grande característica da fase é a movimentação dos cromossomos graças às fibras do fuso, de forma que
eles se alinhem na região equatorial da célula, chamada de placa metafásica. Esse passo é extremamente
importante, uma vez que organiza os cromossomos em uma região para que na fase seguinte ocorra a
separação igualitária das cromátides.
Na anáfase teremos a separação das cromátides irmãs para polos opostos da célula. Essa separação
só é possível devido à movimentação das fibras do fuso que puxam as cromátides em direção aos
centrossomos de forma a garantir que os polos recebam o mesmo tipo e a mesma quantidade de
informação genética.
Finalmente, na telófase, essas cromátides já chegaram aos respectivos polos celulares e as fibras do
fuso começam a desaparecer. As cromátides começam a se descondensar para regenerar a cromatina,
as vesículas formadas pelo rompimento do envoltório nuclear durante a prófase começam a se fundir
ao redor dessa nova cromatina e os novos núcleos começam a ser formados em cada polo da célula.
Na região da placa equatorial começa a se formar constrição citoplasmática graças aos microtúbulos
remanescentes que formam um anel contrátil, o que culmina na separação total do citoplasma da célula
para as duas células‑filhas; é a citocinese.
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Centríolos
Envoltório nuclear
em formação
α-actinina
Anel de actina e
miosina contrábil
Actinina
Microtúbulos Miosina
remanescentes
(interzonais) Membrana
celular
Cromossomo
Nucléolo
Telófase
Figura 51 – Representação esquemática da telófase mostrando a importância das fibras do fuso no processo de citocinese
A mitose possui dois pontos principais de controle. O primeiro deles é o ponto de controle de
montagem do fuso, que impede que a segregação das cromátides ocorra antes do alinhamento
total dos cromossomos na placa metáfasica. O segundo é o ponto de controle de segregação do
cromossomo, que impede a ocorrência da citocinese antes que todas as cromátides tenham sido
corretamente separadas e segregadas até o polo celular. O objetivo desse monitoramento é justamente
garantir que as células‑filhas sejam geneticamente idênticas às células‑mãe.
Saiba mais
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Unidade II
4.4.2 Meiose
A meiose é o processo responsável pela formação dos gametas, pois transforma uma célula
germinativa diploide (2n=46) em quatro células haploides (n=23). Para isso, é necessária a ocorrência
de duas divisões nucleares sequenciais.
Figura 52 – Sequência de eventos ocorridos durante a prófase I que permite a formação do crossing‑over
Observação
Os eventos ocorridos na mitose voltam a acontecer na meiose, portanto, teremos uma repetição
da prófase, metáfase, anáfase e telófase, mantendo as mesmas características descritas no processo de
mitose. A diferença é que agora elas acontecerão duas vezes. Chamamos de meiose I a primeira divisão
nuclear da meiose. É durante a prófase I que ocorre o crossing‑over; durante a anáfase I, acontecerá
a separação dos cromossomos homólogos. Assim, podemos concluir que a meiose I é a divisão nuclear
reducional. Ao final dessa etapa, ou seja, na telófase I, teremos a formação de duas células com 23
cromossomos duplicados.
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Interfase Profase
Telofase
Dependendo da espécie pode existir uma pausa entre as etapas I e II da meiose, mas no caso dos
humanos esse processo é contínuo.
Na meiose II ocorre a separação das cromátides irmãs em um processo semelhante ao que acontece
na mitose. Uma vez que a meiose I gera duas células e cada uma delas passará pela fase de meiose II,
temos ao final do processo a formação de quatro células com 23 cromossomos.
Lembrete
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Unidade II
Mitose Meiose
Somática Gametas
Tipo de célula formada Diploide Haploide
Número de cromossomos em cada célula 2n =46 N=23
Presença de variabilidade genética Ausente Presente
Exemplo de aplicação
Sabendo das características de cada uma das fases da divisão celular (prófase, metáfase, anáfase e
telófase), reflita sobre quais as consequências para a célula‑filha se houver falhas em cada uma dessas fases.
Resumo
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BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
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Unidade II
Exercícios
A) Alternativa correta.
Justificativa: a duplicação do DNA ocorre durante a fase chamada de S, que fica entre G1 e G2
da intérfase.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: os cromossomos estão alinhados na região equatorial da célula para serem puxados
e divididos.
D) Alternativa incorreta.
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Unidade II
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a anáfase é caracterizada como uma etapa de separação que irá gerar um cromossomo
independente; na telófase, todos os cromossomos já estão localizados juntamente aos centríolos, e a
cromatina, por sua vez, começa a passar por um processo de descondensação.
Questão 2. Denominamos transcrição o processo pelo qual uma molécula de RNA é produzida.
Sabemos que, para que esse processo aconteça, é necessário um “molde”. Sobre a transcrição, marque a
alternativa correta:
A) Uma molécula de RNA é utilizada como molde para a síntese de outra molécula.
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