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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano


COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

Caracterização Geotécnica de um Solo Residual de Granito


Compactado com Incorporação de Resíduos Sólidos
Franciély Espindola da Silva
Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, Brasil, franciely.silva@unisul.br

Daniela Cristina May


Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, Brasil, daniela.may@outlook.com

Cesar Schmidt Godoi, MSc.


Tractebel Engineering / Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis/Palhoça, Brasil,
cesargodoi@hotmail.com

Fabio Krueger da Silva, Dr.


Instituto Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil, fabio.krueger@ifsc.edu.br

RESUMO: O estudo apresenta a caracterização geotécnica de um solo residual de granito


compactado da cidade de Anitápolis/SC, com incorporação de resíduo proveniente do processo de
reciclagem do plástico. O objetivo do estudo é avaliar a influência da adição do resíduo nas
características físicas e mecânicas de um determinado solo residual. Para tanto, foram realizados
ensaios em laboratório, utilizando amostra deformada de solo coletada em um talude e incorporando
diferentes porcentagens do resíduo. Foram realizados ensaios de caracterização física, e ensaios
mecânicos, tais como compactação, ISC, compressão confinada, cisalhamento direto e
permeabilidade. A análise dos resultados permitiu identificar as alterações provocadas pela
incorporação do resíduo, em teores de 10% e 20%. Os resultados obtidos mostraram que a mistura
com 10% de resíduo apresentou a melhoria nas características mecânicas em relação as demais
misturas.

PALAVRAS-CHAVE: Solo Residual de Granito Compactado, Reciclagem do Plástico, Ensaios em


Laboratório.

1 INTRODUÇÃO atos de reduzir, reutilizar e reciclar o lixo


produzido. Porém, quando esses conceitos não
O aumento da produção mundial de resíduos são aplicáveis, as opções de descarte se
plásticos e a falta de programas de gestão resumem à aterros sanitários ou lixões
adequados resultam em descartes inadequados provocando impactos negativos no âmbito
prejudiciais ao meio ambiente e a saúde humana. econômico e ambiental.
Os plásticos são bens duradouros, devendo A empresa Rextrin Reciclagem Ltda.,
ser tratados como matéria prima pós-consumo e localizada em Governador Celso Ramos/SC,
não como lixo. A política dos 3R’s, abordada trabalha com a reciclagem de resíduos sólidos.
durante a Conferência da Terra realizada no Rio Dentre os resíduos reciclados na empresa,
de Janeiro em 1992, consiste em um conjunto de encontramos o polipropileno e o polietileno.
ações sugeridas para reduzir os impactos Porém, de sua reciclagem resta um refugo que
ambientais provocados pelos resíduos sólidos não possui aplicação no mercado e acaba sendo
pós-consumo. Seus conceitos se baseiam nos encaminhado para aterros sanitários.
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Como consequência disso, a empresa


enfrenta uma série de dificuldades. O O resíduo é proveniente do processo de
armazenamento temporário do resíduo demanda reciclagem do plástico, e foi coletado na
espaço e local apropriado e seu transporte empresa Rextrin Reciclagem Ltda., localizada
acarreta em custos adicionais à empresa. no município de Governador Celso Ramos/SC,
Como resposta à esta problemática foi conforme Figura 2:
realizado um estudo envolvendo a incorporação
do resíduo em um solo residual com teores de
10% e 20% em relação ao peso. A proposta visa
analisar o comportamento geotécnico das
misturas solo + resíduo.
Para esta pesquisa foram realizados ensaios
de laboratório em amostras deformadas de um
solo residual de granito, de matriz
predominantemente granular, localizado no
município de Anitápolis/SC. Ensaios de
caracterização do solo, bem como ensaios
mecânicos de compactação, CBR, compressão
confinada, cisalhamento direto e permeabilidade
foram abordados para uma análise mais
completa do material de estudo. Figura 2. Resíduo gerado da reciclagem do plástico.

2 MATERIAIS UTILIZADOS 3 METODOLOGIA

Inicialmente foi coletada uma amostra de solo, e Com o objetivo de estudar o comportamento
posteriormente foi adicionado diferentes teores físico e mecânico do solo foi realizadas a coleta
de um resíduo. de amostra de solo, com armazenamento em
laboratório, preparação da amostra por secagem
2.1 O Solo prévia e posterior destorroamento. O resíduo foi
coletado junto à empresa Rextrin sendo
O solo residual de granito foi coletado na face armazenado em laboratório.
de um talude localizado no município de A partir dessas amostras foram realizados
Anitápolis/SC, conforme Figura 1: ensaios físicos e mecânicos nas misturas 1 e 2.
Na Tabela 1 estão representadas as misturas
ensaiadas nesta pesquisa.

Tabela 1. Misturas utilizadas.


Misturas %Solo %Resíduo
Solo Natural 100 0
Mistura 1 90 10
Mistura 2 80 20

Foram realizados ensaios de análise


granulométrica, massa específica, limites de
liquidez e plasticidade; e os ensaios mecânicos
Figura 1. Local de coleta do solo. de compactação, CBR, compressão confinada,
2.2 O Resíduo cisalhamento direto; e permeabilidade.
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índices de plasticidade e atividade.


Com isso, sabe-se que o solo apresenta
4 RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO plasticidade média com IP de 11,27%. E índice
DOS RESULTADOS de atividade da argila medianamente ativo, com
IA de 0,78.
Na sequência estão apresentados os resultados Através do método de classificação SUCS, é
obtidos nos ensaios de caracterização física e possível verificar que o solo apresenta caráter de
mecânica do solo e das misturas 1 e 2, bem uma areia siltosa, classificado como SM. Na
como a interpretação dos resultados. classificação HRB o solo natural foi classificado
como um A-6, apresentando características de
4.1 Caracterização Física um solo argiloso de comportamento fraco a
pobre se fosse utilizado como subleito de uma
Através dos ensaios de caracterização física rodovia. O índice de grupo calculado foi de
foi obtida a curva granulométrica (Figura 3) do 2,98.
solo natural, apresentando 0,17% de
pedregulho, 53,57% de areia, 31,85% de silte e 4.2 Compactação
14,40% de argila.
Este ensaio foi realizado na energia normal de
compactação, moldado em três camadas de 26
golpes com auxílio de um soquete de 2,5 kg em
uma altura de queda de 30 cm. O ensaio foi
realizado com secagem prévia do material até
uma umidade de 5% abaixo da umidade ótima.
Foram realizados cinco pontos de compactação
com reuso do material de ensaio. A Figura 4
apresenta as curvas de compactação, bem como
os resultados dos ensaios.

Figura 3. Curva granulométrica do solo natural.

No ensaio de massa específica dos sólidos


obteve-se o valor de 2,65 g/cm3.
O solo apresentou um coeficiente de
uniformidade igual a 29,40 (desuniforme) e um
coeficiente de curvatura igual a 0,75 (mal
Figura 4. Curvas de compactação.
graduado).
Os ensaios para determinação dos limites de
A Figura 5 apresenta uma correlação
Atterberg do solo apresentaram valores de
entre o peso específico seco máximo obtido no
34,12% e 22,85% para limite de liquidez e
ensaio de compactação com a porcentagem de
plasticidade, respectivamente. Uma vez
solo na mistura, permitindo avaliar seu
conhecidos os limites de consistência do solo,
comportamento a medida que se incorpora
outros índices podem ser definidos, como os
resíduo na matriz.
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vazios em função da expansão do solo e


misturas 1 e 2. Nota-se que o índice de vazios
aumenta conforme a proporção de resíduo é
adicionada. No caso da expansão, observa-se
que ocorre uma redução na mistura 1 em
relação ao solo, vindo após, um aumento da
expansão. Todavia, os valores são melhores nas
misturas, uma vez que o incremento de resíduo
provoca menos expansão. Ressalta-se que os
valores são relativamente baixos, e as variações
não denotam efeito prático.

Figura 5. Correlação entre o peso específico aparente


seco máximo.e a porcentagem de solo na mistura.

Observa-se na Figura 5 uma relação próxima


da linearidade para o peso específico seco
máximo em função da porcentagem de solo na
mistura. Ou seja, quanto maior a porcentagem
de solo na mistura, menor peso específico seco
máximo. Esse fato se justifica devido ao peso
específico do resíduo ser inferior ao do solo.
Outra constatação é em relação à, nesse caso,
a equação exponencial se adaptar melhor aos Figura 6. Correlação entre a expansão e o índice de
resultados. Isso pode ser justificado pelo maior vazios.
valor de R2, e devido ao peso específico seco
máximo ser mais coerente, quando a 4.4 CBR
porcentagem de solo na mistura for igual a zero.
Após o ensaio de expansão se deu início ao
4.3 Expansão ensaio de CBR. O corpo de prova foi retirado
do tanque de imersão, e após 15 minutos em
Entende-se por expansão de um solo o seu repouso, para escoamento da água foi colocado
aumento de volume quando submetido a na prensa de CBR.
imersão na água. Esse fenômeno está associado Durante a realização do ensaio são realizadas
praticamente a solos com elevadas frações de leituras em diferentes pontos de penetração, mas
silte e argila. Na Tabela 2 estão apresentados os para realização do ensaio apenas duas leituras
resultados obtidos, indicando expansão máxima são utilizadas: 2,54 e 5,08 mm. Os valores para
de 0,4% para a Mistura 2. este ensaio estão representados na Figura 7 e
apresentados na Tabela 3.
Tabela 2. Resultados obtidos no ensaio de expansão.
Misturas Expansão (%)
Solo 0,65
Natural
Mistura 1 0,17
Mistura 2 0,40

Na Figura 6 está representado o índice de


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Figura 7. Curvas de CBR. Figura 9. Correlação entre o CBR e a porcentagem de


solo na mistura.
Tabela 3. Resultados obtidos no ensaio de CBR.
Misturas CBR (%) Conclui-se que o aumento de resíduo na
Solo 8,34 mistura faz com que a resistência à penetração
Natural aumente na faixa compreendida de 80% a 90%
Mistura 1 10,69
de solo. Entretanto, ambas as misturas
Mistura 2 9,38
apresentam uma melhora da resistência em
relação ao solo natural.
A Figura 8 correlaciona os valores de CBR e
índice de vazios. 4.5 Compressão Confinada

Para verificação da deformabilidade foi realizado


o ensaio de compressão confinada. O ensaio
seguiu-se de 8 estágios de carga, sendo que os
valores das amostras de solo natural e misturas
1 e 2 estão apresentados conforme Figura 10 e
Tabela 4.

Figura 8. Correlação entre o CBR e o índice de vazios.

Verifica-se que apesar da parcela de índice de


vazios ter aumentado, houve uma melhora na
resistência à penetração. Constata-se uma
melhora até o teor de 10% de resíduo, vindo
após, uma perda de resistência.
Na Figura 9 apresenta a correlação entre o
valor de CBR com a porcentagem de solo na
Figura 10. Curvas do ensaio de compressão confinada.
mistura.
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envoltórias de Mohr-Coulomb obtido nos


Tabela 4. Resultados obtidos no ensaio de compressão ensaios (Figura 12).
confinada.
Misturas cv médio cm2/s Cr Cc
Solo 2,32E-01 0,08 0,24
Natural
Mistura 1 2,51E-01 0,06 0,23
Mistura 2 3,60E-01 0,14 0,26

Os valores elevados de cv correspondem à


natureza arenosa do material, indicando que a
compressão destes solos ocorre em um período
de tempo relativamente curto, com rápida
dissipação de poro-pressões e que as
Figura 12. Envoltórias de Mohr-Coulomb.
deformações cisalhantes nestes solos devem
ocorrer de forma drenada. Os valores de ângulo de atrito e coesão estão
Abaixo está representada a Figura 11, que relacionados na Tabela 5 para o solo natural e
correlaciona os coeficientes de misturas 1 e 2.
compressibilidade e recompressibilidade com a
porcentagem de solo na mistura. Tabela 5. Resultados obtidos no ensaio de cisalhamento
Observa-se que a mistura 1 tem um direto.
coeficiente de compressão e recompressão Misturas c ϕ
menor em relação ao solo e a mistura 2, sendo (kN/m2) (°)
desta forma, menos compressível. Solo Natural 8,34 29,60
Mistura 1 10,69 39,20
Mistura 2 9,38 35,50

Através dos ensaios de cisalhamento direto


foram obtidos parâmetros de coesão e ângulo de
atrito. Os valores para ângulo de atrito foram
29,6°, 39,2° e 35,5° para o solo e misturas 1 e 2
respectivamente.
A curva que correlaciona o ângulo de
atrito com a porcentagem de solo na mistura
está representada na Figura 13.

Figura 11. Correlação entre o coeficiente compressão e


recompressão e a porcentagem de solo na mistura

4.6 Cisalhamento Direto

O ensaio de cisalhamento direto fornece valores


de coesão e ângulo de atrito, obtidos através da
interpretação da envoltória de Mohr-Coulomb,
que são parâmetros essenciais para os cálculos
de estabilidade de taludes, fundações e outras
obras de engenharia.
Na sequência estão apresentadas as
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Figura 13. Correlação entre o ângulo de atrito e a com isso é possível avaliar sua resistência após a
porcentagem de solo na mistura. ruptura.

Observa-se que o ângulo de atrito aumenta


gradativamente com a adição de resíduo na
mistura, isto ocorre até um limite máximo, a
partir do qual, diminui novamente. Ou seja, o
resíduo auxilia na resistência ao cisalhamento,
devido a transferência de esforços dos grãos do
solo para as fibras. Quando os valores são
correlacionados, constata-se que a mistura 1
apresenta o maior ângulo de atrito. Observa-se,
ainda, que os maiores valores para ângulo de
atrito se encontram na faixa de 80% a 90% de Figura 15. Curvas tensão cisalhante versus deformação
horizontal do terceiro estágio de tensão normal.
solo em relação ao resíduo na mistura.
A Figura 14 apresenta a correlação entre os
Acima temos as curvas do terceiro estágio de
valores de ângulo de atrito obtidos no momento
carregamento, onde é possível verificar um
da ruptura com o índice de vazios de cada
ponto de ruptura em 3,6% de deformação
amostra ensaiada.
horizontal. A curva do solo apresenta um pico
de ruptura, onde perde resistência à medida em
que se aumenta a deformação horizontal. Para a
mistura 1 nota-se que após o ponto de ruptura
há um comportamento constante na resistência.
Já a mistura 2 continua resistindo ao esforço
mesmo após a ruptura. As misturas apresentam-
se, em geral, crescentes com os deslocamentos
horizontais, tendendo a atingir valores
constantes com o aumento dos deslocamentos.
Observa-se que, em relação aos resultados
obtidos, que as misturas 1 e 2 não apresentaram
queda na resistência ao longo das deformações,
apresentando, em geral, rupturas plásticas, com
mobilização crescente das tensões cisalhantes
Figura 14. Correlação entre o ângulo de atrito e o índice
com os deslocamentos, tendendo a atingir
de vazios.
valores constantes após certo nível de
Observa-se que a medida que se acrescenta deslocamento.
resíduo, o material possui mais espaços vazios Verifica-se que a mistura 2 apresenta na
em seu interior, o que normalmente resultaria curva tensão cisalhante (τ) versus deformação
em uma perda na resistência. Porém, nesse caso, horizontal (dh), valores da tensão cisalhante
apesar do aumento no índice de vazios o solo sempre crescentes com os deslocamentos, nem
aumentou a resistência, devido provavelmente à sempre evidenciando o valor máximo alcançado
composição do resíduo, que absorve uma com clareza. Sugere-se que a fibra presente no
parcela de carga. solo continua resistindo ao esforço cisalhante
A seguir, estão representadas as curvas que apesar de ocorrida a ruptura do material.
descrevem o comportamento do material
enquanto resiste a força cisalhante (Figura 15), 4.7 Permeabilidade
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O ensaio fornece o coeficiente de


permeabilidade, que é uma propriedade que A influência do resíduo ao solo proporciona o
indica a maior ou menor facilidade da água desenvolvimento de um novo material
percolar através do solo. Na Tabela 6 estão geotécnico com características próprias,
apresentados os valores para o coeficiente de observado pela melhoria das propriedades
permeabilidade do solo natural e misturas 1 e 2. mecânicas do novo material. Para este estudo
foram obtidas as conclusões principais:
Tabela 6. Resultados obtidos no ensaio de a) O solo apresentou predominância
permeabilidade. arenosa. Quanto aos parâmetros de
Misturas k
graduação, o solo apresentou
(cm/s)
Solo Natural 2,84E-06
comportamento desuniforme e indicou
Mistura 1 1,10E-05 comportamento mal graduado.
Mistura 2 1,28E-05 b) Verificou-se que o peso
específico seco máximo diminui à medida
A Figura 16 representada a seguir, apresenta que a porcentagem de resíduo aumenta,
uma correlação entre o coeficiente de indicando uma menor sobrecarga à
permeabilidade (k) em e o índice de vazios (e), estrutura subjacente, no caso de ser
do solo e misturas 1 e 2. utilizado como aterro sobre solos moles.
Sabe-se que o índice de vazios se relaciona c) Neste estudo as fibras presentes
com a permeabilidade devido a porosidade. Ou no resíduo melhoraram a resistência ao
seja, quanto maior a porosidade do solo maior o cisalhamento do solo, atuando como
seu índice de vazios e consequentemente mais elementos que provocam uma especie de
permeável (não se aplicando esta regra para as enfilagem dos grãos. Esta adição faz com
argilas). Essa analogia é válida para solos de que a fibra atue como um elemento de
mesma granulometria. Neste caso, o solo e as reforço, provocando um melhor
misturas indicam esse comportamento, onde a entrosamento entre as particulas. Verificou-
mistura 2 que possui o maior índice de vazios é se que o melhor desempenho foi obtido pela
mais permeável que a mistura 1 e o solo mistura 1. A mistura 2 apresentou a maior
respectivamente. compressibilidade. Outro parâmetro obtido
foi o coeficiente de adensamento (cv), os
valores elevados de cv correspondem à
natureza arenosa do material, e indicam que
a compressão ocorre em um curto período
de tempo.
d) O acréscimo de resíduo na
mistura aumentou a porosidade, e com isso,
aumentou a velocidade de percolação da
água no solo. O solo e misturas 1 e 2 se
enquadram no comportamento para areias
finas e argilosas. Devido as características
do resíduo, o emprego desse material torna-
se interessante em aplicações como material
Figura 16. Correlação entre o coeficiente de drenante, aterros leves e reforço de solos.
permeabilidade e o índice de vazios. e) Conclui-se que o acréscimo de
resíduo praticamente não influência a
expansão, pois a variação é muito pequena,
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS do ponto de vista prático. Os valores baixos
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de expansão podem ser explicados pelo solo Solos Residuais Compactados da Região Centro –
utilizado, pois solos residuais com níveis de Sul do Brasil. São Paulo. 1967.
May, Daniela; Silva, Franciély Espindola.
laterização apresentam esse Caracterização Geotécnica de um Solo Residual de
comportamento. Granito Compactado com Incorporação de Resíduos
Sólidos. TCC – UNISUL. Palhoça. 2016.
Vargas, M. Characterization, Identification and
AGRADECIMENTOS Classification of Tropical Soils. Proc. Second
Agradecemos aos nossos pais, professores, International Conference on Geomechanics in
Tropicals Soils. Singapore. 1988.
amigos, colegas, e aos profissionais que
contribuíram para a realização deste estudo.

REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6457:


Amostras de solo: Preparação para ensaios de
compactação e ensaios de caracterização. Rio de
Janeiro, 2016.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6459:
Solo: Determinação do limite de liquidez: método de
ensaio. Rio de Janeiro, 2016.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6508:
Grãos de solos que passam na peneira de 4,8 mm:
Determinação da massa específica dos grãos. Rio de
Janeiro, 1984.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7180:
Solo: Determinação do limite de plasticidade. Rio de
Janeiro, 2016.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7181:
Análise Granulométrica. Rio de Janeiro, 2016.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7182:
Solo: Ensaio de compactação. Rio de Janeiro, 2016.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9895:
Solo: Índice de suporte Califórnia: método de
ensaio. Rio de Janeiro, 1987.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12007:
Solo: Ensaio de adensamento unidimensional. Rio de
Janeiro, 1990.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14545:
Solo: Determinação do coeficiente de
permeabilidade de solos argilosos a carga variável.
Rio de Janeiro, 2000.
ASTM - American Society for Testing and Materials.
D3080: Standard Test Method for Direct Shear Test
of Soils Under Consolidated Drained Conditions.
PA, USA, 2011.
Casagrande, M.D.T. Estudo do comportamento de um
solo reforçado com fibras de polipropileno visando o
uso como base de fundações superficiais. 2001, 95p.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2001.
Cruz, Paulo Teixeira da. Propriedades de Engenharia de

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