Impasses da Democracia Representativa no século XXI
Rosa Maria Barbosa Freitas.
A Democracia Representativa nasceu no final do século XIX como um instrumento de poder
do povo com o objetivo de acolher as questões de ordem política, econômica, sociais e culturais de um determinado território, por meio do qual votar em políticos que ao se elegerem/ou não deveriam defender, gerir, estabelecer e executar todos os interesses da população de forma justa e igualitária. Vem atualmente passando por uma crise de credibilidade em virtude de escândalos de corrupção, somada a uma crise de ordem econômica que atinge o mundo. Com o desenvolvimento das sociedades modernas um grande número de pessoas, tomadas pela sua diversidade, pluralidade e antagonismo passam a exigir espaço, garantias de direitos e consolidação de conquistas, antes rejeitadas pela sociedade tradicional. Essa expansão da sociedade de forma numerosa e rápida chegou ao século XXI com inúmeros conflitos de interesses entre classes e grupos que se sentiam ameaçados pela nova forma de execução da política vigente, além dos viciosos e frequentes casos de corrupção, gerando descredito nas Instituições Políticas, rompendo a confiança na relação entre governantes e governados. Uma desconfiança Institucional obtendo como consequência alguns acontecimentos políticos mundiais como: a vitória de Trump nos Estados Unidos; o Brexit: saída do Reino Unido da União Européia, que configurou uma situação de instabilidade política e econômica na Europa; a mudança no panorama político partidário na França na eleição que garantiu a vitória de Macron como presidente; a concepção de “democracia real” em oposição à fracassada democracia liberal, surgido dos movimentos que tiveram origem das redes sociais na Espanha e que mobilizou uma nova geração descontente com a ordem vigente, que derrubando o monopólio do antigo e vicioso bipartidarismo no país e a recente eleição de Bolsonaro no Brasil, fruto de um sentimento de insegurança social e antipetismo amplamente alimentado pelos meios de comunicação tradicional. Do qual quase que diariamente presenciamos manifestações de indignação e falta de representatividade questionando o atual sistema político. Provocando uma avalanche de mudanças na escolha de seus representantes políticos em algumas democracias. Um movimento que em repúdio ao modelo representativo vigente, vem elegendo governos extremamente conservadores. Com a dificuldade de sair da crise econômica, que se arrasta com a falta de emprego e o aumento da desigualdade social; o cultivo de ideias fundamentalistas de ódio e preconceito as minorias de (raça, gênero, condição social e opção sexual ....); escândalos frequentes de corrupção envolvendo lideranças políticas; e a implantação de medidas de austeridade atingindo principalmente as políticas públicas extremamente necessárias para o povo, acabou gerando nas pessoas um sentimento de indignação e revolta, justamente pela desordem e o caos que a falta desses investimentos causam ao não chegarem como benefícios para melhorar a qualidade de vida da população. Outro ponto a ser destacado são os avanços que as novas tecnologias trouxeram com o acesso a informação de forma rápida e diversificada, com novos instrumentos de comunicação que passaram a possuir espaços de interatividade em tempo real a exemplo da Internet que proporcionou o acesso as redes sociais e diversas outras mídias, do qual a imprensa tradicional teve que se reinventar para manter seu público. Dessa forma a insatisfação da sociedade com as Instituições Políticas que já não representavam aos seus interesses gerou um sentimento de luta e resgate da representatividade, através de mobilizações nas redes sociais que deram voz as suas angústias esquecidas ao mesmo tempo que potencializavam manifestações de luta e organizavam os movimentos sociais, chamando a sociedade para um debate coletivo, rompendo as fronteiras com o fortalecimento da participação popular. Pois, é com a força do povo que se fortalece a Democracia.