desconhecida, só existem alguns relatos literários e
iconografia. Por isso, para representar a música barroca dessa época trazemos uma peça europeia. O canon a seguir é de Domenico Gabrielli. O cânone é um tipo de composição em que as várias partes repetem a parte inicial, em tempos diferentes. (Canon para Violino e Cello de D. Gabrielli) Em seguida já vemos uma atividade musical se disseminar. As pequenas orquestras privadas se multiplicam, as irmandades atuam intensamente, as igrejas apresentam rica variedade de música, as corporações militares possuem suas bandas estáveis e a ópera torna-se verdadeira mania. Salas de concerto e teatros aparecem em diversas cidades, especialmente em Salvador, São Paulo, Recife e no Rio de Janeiro. Foi nessa efervescência cultural que temos o maior nome do barroco brasileiro: Jose Maurício Nunes Garcia. Sua contribuição inestimável para a música brasileira talvez seja o ponto de referência mais sólido de evolução estética para a música que viria nos próximos períodos. Ouviremos a Overture Relâmpagos e Trovões, deste compositor, uma peça executada com pouca frequência, mas de grande valor histórico e artístico. Ainda no século XVII, ouviremos a obra de um compositor tão famoso em sua época quanto Corelli e Vivaldi. Albinoni ficou conhecido no século XX por seu adágio, que ouviremos em sua versão para voz e orquestra de cordas. A história dessa peça é interessante pois se trata de um manuscrito resgatado das ruínas da biblioteca de Dresden após um bombardeio na segunda guerra mundial. A recuperação foi feita pelo musicólogo Remo Giazotto. Ouviremos agora o Concerto Grosso em Ré Maios Opus 6 número 4, de Arcagelo Corelli, o mais prolífero compositor de obras instrumentais do século XVII. A música erudita no Brasil possui um triângulo muito forte entre colonos ricos, escravatura e a igreja. Negros e mulatos foram educados musicalmente, nos padrões eruditos europeus, formando orquestras e bandas que tinham grande qualidade artística. Na falta de um sistema de patrocínio privado e com raras igrejas mantendo grupos estáveis, formaram irmandades musicais, que funcionavam como sindicatos e entidades de mútuo socorro e monopolizavam a contratação de obras e espetáculos musicais encomendados pelas Câmaras municipais e a maior parte da música de Igreja. Essas irmandades construíram muitas igrejas para seu uso privado, onde havia uma estrutura musical permanente. Em meados do século XVIII, Minas Gerais viveu uma grande “corrida ao ouro”. A riqueza gerada por essa produção de ouro acabou por criar uma sociedade refinada nessa região, fato que propiciou o florescimento de uma arte colonial. A vinda da corte apenas intensificou este florescimento. Nascia o movimento barroco colonial conhecido como Escola Mineira. Ouviremos movimentos selecionados do Te Deum de Lobo de Mesquita, um dos patronos da Escola Mineira. Ouviremos por último, a peça de um grande nome, cuja obra sobreviveu pelo esforço conjunto de musicólogos renomados, um artista que compôs seu legado na Vila de São José, atual Tiradentes. Com o texto litúrgico tradicional, Magnificat de Manoel Dias de Oliveira, em sua transcrição para voz solo e orquestra de cordas com contínuo.