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RESUMO
ABSTRACT
This article presents a computer assisted music analysis of Ligeti’s Ramifications (1968-69),
for string orchestra or 12 soloist strings. It takes as point of view the automatism applied to pitch
transformations and procedures for time nesting of layers in Ligeti’s works. The objective of the text is
to show that for textural pieces composed in this context, the use of Wavelet Transform could be a way
to reveal the composer’s complex build.
Keywords: Ligeti, Analysis, Texture, Wavelet
1 Introdução
1
Ligeti descreve um sonho quando criança e vincula a sua construção textural com a metáfora de uma teia de
aranha [Bernard, 1993; Saraiva, 2008].
pensamento canônico na peça devido a complexidade rítmica de cada uma das
camadas e o grande número de linhas canônicas que soam simultaneamente.
[Morrison, 1985-1986] analisa também aspectos relacionados a manipulação das
alturas nas Dez Peças para Quinteto de Sopros (1968) de Ligeti. Mais uma vez, estes
dois autores destacam a combinação do complexo das alturas com o entrelaçamento
do processo rítmico.
Nota-se nestas obras uma morfologia muito característica de Ligeti, são processos que
geram flutuações cromáticas vinculadas a microestruturas melódicas, transformação
do conteúdo harmônico por expansão e contração intervalar, transformação cromática
de tríades e no contexto geral as texturas resultantes sofrem transformações de
dinâmica, articulação e figuração rítmica. No tratamento rítmico, Ligeti cria um
processo de conexão de camadas com figuração rítmica variada. As alturas são
conectadas em rede e defasadas no tempo para produzir uma maior articulação da
textura da obra. Este aspecto da técnica de Ligeti aponta para uma composição que
insere mudanças tanto no domínio tempo (articulação rítmica em rede) quanto da
freqüência (transformação micro-intervalares) e, portanto, levou-nos a indagar sobre a
possibilidade de analisar este material com uma ferramenta computacional que
apontasse para mesma direção.
Existem pelo menos duas maneiras de abordar a Teoria sobre Wavelets: uma é através
das Transformadas Contínuas e outra através de Análise em Multi-Resolução (MRA).
Sendo que a segunda é a abordagem utilizada neste trabalho. A MRA possibilita
decompor um sinal f(t), com t ∈ R, em aproximações sucessivas de resolução cada
vez menor, numa sequência de processos de filtragem consecutivos. Na MRA duas
funções são utilizadas: a Wavelet e a Função de Escala, que são ortogonais entre si. A
função Wavelet é utilizada para gerar um filtro passa-altas2 que dá origem aos
chamados Coeficientes de Detalhes (CD) do sinal; a função de escala, com oscilações
2
A expressão “passa-alta” descreve o comportamento de um filtro que dada uma freqüência de corte deixa passar
somente as componentes do espectro com valor frequencial acima deste valor.
em baixas frequências, é utilizada para criar um filtro passa-baixas responsável pelos
chamados Coeficientes de Aproximação (CA) [vide Luvizotto, 2007].
4 Análise
Como apresentado em 3.2 são os valores dos dois tipos de coeficientes que vão
descrever o conteúdo espectral da obra em análise. Em cada nível de resolução, seja
para os detalhes (CD) ou a aproximação (CA), a sonoridade encontrada é única, pois é
consequência da ortogonalidade entre as Wavelet e a Função de Escala. Desta forma,
geramos novas camadas associadas a Transformada Wavelet e podemos, então,
comparar o seu conteúdo espectral com as camadas criadas por Ligeti. Dada a
extensão do artigo, analisamos apenas o trecho inicial de “Ramifications”, ou seja, os
24 segundos iniciais da peça que refletem o desdobramento dos elementos iniciais
apresentados no trecho da partitura da fig. 01.
Fig. 02 – Analise wavelet do trecho de”Ramification”. Cada linha é uma camada de coeficientes, sendo
que, de cima para baixo, há 08 camadas de detalhamento e 01 de aproximação.
Fig. 03 –(esquerda) Conteúdo espectral da camada de detalhe CD6 de 375 a 750Hz; (direita) conteúdo
espectral da CD7 de 187,5 a 375Hz. (escala linear, freq. Na vertical e tempo na horizontal). Como
grifado nas duas imagens, em cada um dos dois gráficos há concentração da energia em torno da nota
La2 (220 Hz) e La3 (440Hz).
5 Discussão e Conclusão
Referências
KINZLER, Hartmuth. "Gyorgy Ligeti: Decision and Automatism in Désordre, 1re etude,
Premier Livre." Interface: Journal of New Music Research 20.2 (1991): 89-124.
SARAIVA, Lourdes. “O Coro dos Contrários em White on White de Gyorgy Ligeti: aspectos
da organização formal”. In: IV Jornada de Pesquisa e XVIII Seminário de Iniciação
Cientifica, 2008.
http://www.ceart.udesc.br/revista_dapesquisa/volume3/numero1/musica.htm.