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TRABALHO DE

OFICINA DE
REALIZAÇÃO I
(ÊNFASE EM
DIREÇÃO)

Aluno: Thiago freitas rosestolato


universidade federal fluminense
departamento de cinema e vídeo
professor: cezar migliorin
MORANGOS SILVESTRES, DE INGMAR BERGMAN

o NOTAS
Morangos Silvestres, de Ingmar Bergman, aborda o onirismo, diálogos filosóficos e a
alternância de tempo sem qualquer cerimônia ou didatismo por meio de uma viagem em
direção à mente do protagonista, Isak Brog, um professor de medicina que revisa vários
momentos de seu passado durante uma viagem -em seu sentido metafórico- de carro.
Essa visita onírica tem significado quando percebemos que Isak, no auge dos seus 70
anos, é um velho rude e egoísta e o contato com seu passado ideal, quando era um
homem fino, honesto e sensível, o faz mudar no presente, traçando um arco dramático
intensamente profundo e não linear.
O filme se passa em exatamente um dia, que é o tempo exato que Isak viaja até Lund
para receber o prémio da faculdade de onde estudou. Entretanto, Bergman explora esse
fato intensamente, fazendo com que o espectador sinta que se passaram vários dias com
suas alternâncias constantes entre realidade, sonho e passado.
É importante destacar que há uma continuidade entre os grandes blocos de cenas
contidos nas sequências do passado para que o espectador não fique completamente
perdido - as ações de uma cena possuem relação com as cenas conseguintes. Como por
exemplo na sequência de número 6, todas as cenas giram em torno da preparação do
aniversário do tio de Isak, Aron.
Ao final do trabalho, apresento-lhes um roteiro escrito por mim que teve como fonte
de inspiração esse filme. Mergulhar nessa narrativa me influenciou fortemente em
minhas criações, como no caso. Criei um roteiro em que um personagem é julgado pelas
suas facetas, seu alter ego e, a partir disso, uma reflexão crítica acerca das multiplas
personalidades do artista é colocada em pauta. Faço referência a esse filme, ao
surrealismo e ao grande mestre Ingmar Bergman.

o A CÂMERA, A ILUMINAÇÃO E SUAS RELAÇÕES COM O


PERSONAGEM
Além de uma narrativa extremamente excêntrica e dotada de simbolismos e metáforas
em que há muito de se explorar na linguagem do diretor, Bergman, em "Morangos
Silvestres", utiliza a iluminação para narrar e distinguir os momentos de onirismo e
realidade. Com uma iluminação que lembra o Neorrealismo Italiano, com fortes
contrastes entre luz e sombra, o diretor de fotografia dá luz e brilho às memórias do
passado, explodindo a luz nos figurinos brancos e na cozinha da antiga casa de Isak,
repassando uma sensação de ambiente caloroso, belo, ideal e despreocupado, sempre
contrastando com ambientes mais escuros do presente, expressando um presente sempre
opressivo e pessimista, sendo ele as consequências do seu passado. Com esse jogo de
luz, Bergman realiza uma crítica da nossa constante desvalorização do presente e nosso
desejo romântico naturalmente enraizado pelo passado.
A câmera, em todo o filme, segue o protagonista Isak Borg, sempre narrando os
acontecimentos em primeira pessoa. Essa técnica utilizada por Bergman favorece para o
espectador criar intimidade com o personagem, haja vista que esse personagem irá
sofrer intensamente, irá reviver o seu passado, sentir mágoas e etc. A única cena em que
a câmera abandona o personagem é na cena 15 da sequência 7. Isak não tem como
adentrar aquela cozinha pois ele não vive aquela realidade, aquilo é uma alucinação, ou
talvez um subconsciente do personagem, o surrealismo tem essa possibilidade de deixar
no ar essa questão temporal. Com isso, Isak não consegue interagir com os outros
personagens quando está no seu passado e, unicamente nessa cena, a câmera adentra
sozinha na cozinha para registar o aniversário do tio Aron.
o A HISÓRIA

SEQUÊNCIA 1: APRESENTAÇÃO DO PERSONAGEM E DA TRAMA

CENA 1 - CASA DE ISAK/QUARTO DE ISAK - INT/DIA


PRESENTE
Isak Borg, em V.O, conta um pouco de sua vida em quase como um monólogo
filosófico. Nesta cena, fica clara as principais características psicológicas do
personagem: Isak, no auge de seus 70 anos, é um professor de Medicina rude e egoísta
que possui saudade de seu passado, onde tudo era perfeito e ideal. Logo na primeira
cena, além de já sermos apresentados à sua empregada, Agda, já entramos em contato
com o objetivo dramático do protagonista: viajar para Catedral de Lund para receber o
Título Honorário.

CENA 2 - CASA DE ISAK/QUARTO DE ISAK - INT/NOITE


PRESENTE - Data: 1 de junho
Isak conta, em quase como um monólogo, sobre um sonho que teve durante uma de
suas caminhadas matinais.

SEQUÊNCIA 2: A METAFORIZAÇÃO DA VIDA DE ISAK POR MEIO DO


SURREALISMO

CENA 3 - RUA - INT/DIA


SONHO
Isak, em um sonho, encontra, em uma cidade vazia, um relógio sem ponteiros que
parece indicar o fim da vida ou o fim do tempo histórico para ele, o que é completado
depois pela visão de um caixão carregado por cavalos pretos, estes simbolizando a
selvageria, mistério e forças ocultas que possam habitar no interior de Isak. O caixão cai
da carroça e Isak percebe que o morto é ele mesmo. O morto o puxa incessantemente
para o caixão em um pedido metaforizado para a morte.
Nessa cena, percebemos que Isak não pode se livrar do outro contido em si.
Compreendemos esse "outro" com a interpretação de seu sonho, da descobertas do
inconsciente e a grande mistificação de Bergman constrói em cima desse sonho de Isak,
características essas intensamente presentes do surrealismo que Bergman se apropria.

SEQUÊNCIA 3: PREPARAÇÃO PARA VIAGEM À LUND

CENA 4 - CASA DE ISAK/QUARTO DE ISAK - INT/DIA


PRESENTE
Isak acorda do sonho em choque e negação e percebe que o dia já amanheceu.

CENA 5 - CASA DE ISAK/SALA - INT/DIA


PRESENTE
Isak vai até o quarto de Agda.

CENA 6 - CASA DE ISAK/QUARTO DE AGNES - INT/DIA


PRESENTE
Isak comunica à Agda que irá viajar de carro. Agda fica cabisbaixa pois eles já tinham
combinado de ir de avião e, agora, Isak quebra a promessa. Nesta cena, seu egoísmo é
representado na sua atitude.

CENA 7 - CASA DE ISAK/SALA - INT/DIA


PRESENTE
Isak vai até a sala arrumar suas malas. Agda tenta ajuda-lo mas seu meu humor matinal
acaba gerando uma atmosfera pessimista.

CENA 8 - CASA DE ISAK/COZINHA - INT/DIA


PRESENTE
Isak toma café da manhã. Marianne, sua nora chega em um pedido quase que forçado
para ir junto com Isak para Lund, ela deseja voltar para casa para morar junto com seu
esposo e filho de Isak, Evald. Isak topa e, nessa cena, fica evidente a repulsa que a nora
tem de Isak.

SEQUÊNCIA 4: VIAGEM ATÉ A CASA DE ISAK

CENA 9 - CARRO DE ISAK - INT/DIA


PRESENTE
Isak e Marianne conversam brevemente durante a viagem. Marianne não mede as
palavras e aponta a arrogância, egoísmo e o individualismo de Isak como características
evidentes de seu personagem.
Durante essa cena, entre os diálogos, temos quarto passagens de tempo para distender o
tempo dramático.
Isak diz que quer mostrar algo para Marianne.

SEQUÊNCIA 5: APRESENTAÇÃO DA CASA DA INFÂNCIA

CENA 10 - FLORESTA - INT/DIA


PRESENTE
Isak e Marianne saem do carro e caminham pela floresta. Isak apresenta uma casa para
Marianne. Isak diz que, ali, ele passava todos os verões com sua família durante sua
infância.

CENA 10 - CASA DA INFÂNCIA - EXT/DIA


PRESENTE
Marianne sai para dar um mergulho no lago, deixando Isak sozinho. Isak encontra o
canteiro dos morangos silvestres e começa a filosofar com intenso sentimentalismo, em
V.O, como a casa traz lembranças positivas, ideais e perfeitas de seu passado.

SEQUÊNCIA 6: PREPARAÇÃO PARA O ANIVERSÁRIO DE TIO ARON.

CENA 11 - CASA - EXT/DIA


PASSADO
A luz do dia clareia, fazendo com que Isak presencie o seu passado com toda força de
realidade possível. Aqui, fica claro que a iluminação terá um papel crucial de distinguir
o onirismo da realidade, pois, as cenas em que se passam no passado irão possuir
sempre uma iluminação estourada e com forte contraste entre luz e sombra.
SONS que remetem ao onirismo são introduzidos para potencializar a atmosfera
fantasiosa.

CENA 12 - FLORESTA - EXT/DIA


PASSADO
Sara está colhendo morangos silvestres no plantio para seu tio Aron. Isak assiste tudo ao
longe. Sigfrid, primo de Sara, aparece e começa a tentar seduzi-la, mas Sara repulsa, diz
que está noiva de Isak.
Sigfrid diz que está apaixonado e, logo em seguida, beija Sara, que cede após um
desconcertante instante, mas que fica arrependida logo em seguida ao lembrar de Isak.
Um SOM de sino tocando como um chamado.

CENA 13 - CASA - EXT/DIA


PASSADO
Mrs.Borg pergunta para as gêmeas Brigitta e Kristina, irmãs de Isak, onde está Isak.
Elas respondem que está pescando com seu pai e que não ouviram o sino.
Isak continua a observar tudo ao longe e caminha em direção à casa.

CENA 14 - CASA/CORREDOR - INT/DIA


PASSADO
Isak caminha até a cozinha em meio à passos lentos, calculados e meticulosos. Isak nota
que sua família está reunida preparando um tipo de comemoração familiar: o
aniversário de seu tio Aron. Diversos pratos e talheres à mesa.

SEQUÊNCIA 7: ANIVERSÁRIO DO TIO ARON.

CENA 15 - CASA/COZINHA - INT/DIA


PASSADO
A família se reúne na mesa, que estão a mãe de Isak, seus 9 filhos e Sara. Um clima de
união e ao mesmo tempo desunião é estabelecido. Embora a família esteja reunida em
uma comemoração, há embates conflituoso como: as gêmeas fofocam de forma intensa,
fazendo com que Sara as abominem. Elas contam em plena comemoração que viram
Sara e Sigfird se beijando no canteiro dos morangos silvestres, fazendo com que Sara
fique irritada e se retire abruptamente da mesa.

CENA 16 - CASA/CORREDOR - INT/DIA


PASSADO
Sara chora compulsivamente na escada. Uma das irãs de Isak vai até Sara para conforta-
la. Sara diz que está arrependida e que Isak é um homem fino, honesto e sensível -
completamente o oposto que ele é no presente- e, por isso, não merece ser tratado dessa
forma.

CENA 17 - CASA/COZINHA - INT/DIA


PASSADO
As gêmeas cantam uma música para o tio surdo de Isak, Aron.

CENA 18 - CASA/CORREDOR - INT/DIA


PASSADO
Isak observa a comemoração ao longe. Em seguida, Sara diz para a irmã de Isak que irá
atrás de Isak e sai do cômodo.
Isak segue Sara e, em V.O, começa a contestar o sentimento de vazio e tristeza que
invadiu o seu coração após ele presenciar todos os elogios feitos por Sara para sua
pessoa.

SEQUÊNCIA 8: ENCONTRO COM SARA, A MENINA, E SEUS AMIGOS.

CENA 19 - CASA - EXT/DIA


PRESENTE
Isak caminha próximo à casa. Uma menina surge perguntando sobre a casa para Isak e,
coincidentemente, ela também está indo para Itália. Isak a convida para ir junto com ele
e Marianne.
Em seguida, a menina se apresente: Sara. Marianne surge e Isak conta que Sara irá com
eles até Lund no carro.

CENA 20 - CARRO - EXT/DIA


PESENTE
Sara encontra com Anders e Victor encostados no carro e os apresenta para Isak e
Marianne. Eles se preparam para voltar à viagem.

SEQUÊNCIA 9: VIAGEM

CENA 21 - CARRO - INT/DIA


PRESENTE
Isak diz para Sara que tinha uma namorada que também se chamava Sara. Sara pergunta
onde está ela. Essa é uma deixa para que Isak conte sobre a vida atual de Sara: ela o
largou e casou-se com Sigfrid, irmão de Isak, após ter 6 filhos.
De repente, um carro desgovernado quase atinge o carro de Isak e capota. Isak consegue
desviar.

SEQUÊNCIA 10: O CASAL PROBLEMÁTICO

CENA 22 - RUA - INT/DIA


PRESENTE
Isak, Marianne, Sara, Anders e Victor saem do carro e correm em direção ao carro que
capotou. Um casal sai de dentro do carro, Isak oferece ajuda, eles tentam fazer o carro
do casal voltar a funcionar, mas não obtêm sucesso.

CENA 23 - CARRO - INT/DIA


PRESENTE
O casal, agora, também está no banco de trás apertado junto à Sara, Anders e Victor.
Eles também seguem viagem. Entretanto, o marido é egoísta e arrogante em contraste
com sua esposa fria e passiva. Eles brigam incessantemente, fazendo com que Isak e
Marianne se irritem e expulsem o casal do carro.

SEQUÊNCIA 11: ENCONTRO COM HENRIK

CENA 24 - POSTO DE ABASTECIMENTO - INT/DIA


PRESENTE
Isak para seu carro ao lado de uma bomba de gasolina. O frentista, coincidentemente, é
seu amigo Henrik.
Henrik elogia o trabalho de Isak como médico e chama sua esposa para apresenta-lo.
Henrik não cobra a gasolina como uma forma de agradecimento à Isak de todas as
coisas boas que fez durante seus anos de médico na cidade.

SEQUÊNCIA 12: ALMOÇO

CENA 25 - RESTAURANTE - INT/DIA


PRESENTE
Isak conta histórias sobre seus anos de médico na cidade para Marianne, Sara, Anders e
Victor. Em seguida, Isak diz que precisa visitar sua mãe que mora perto e se retira.
Marianne pede para ir junto com Isak, que permite.

SEQUÊNCIA 13: MRS.BORG

CENA 26 - CASA DA MRS.BORG/ SALA - INT/DIA


PRESENTE
Isak visita sua mãe ao lado de Marianne. Descobrimos uma verdade: todos os irmãos de
Isak estão mortos, exceto Isak.
Após alguns diálogos, Mrs.Borg dá para Isak de presente um relógio sem ponteiros, o
que simboliza novamente o fim do tempo em sua vida terrena.

SEQUÊNCIA 14: VIAGEM

CENA 27 - CARRO - INT/DIA


PRESENTE
Isak e Marianne estão no carro prontos para partir, mas uma briga entre Victor e Anders
travam sua viagem por alguns minutos.

CENA 28 - CARRO - INT/DIA


PRESENTE
Mais tarde, os cinco voltam à viagem, entretanto, agora, Marianne está dirigindo.
Isak, em V.O, conta sobre um sonho seu, que lhe parecia tangível e humilhante.
Isak fecha os olhos e escora a cabeça no vidro do carro.

SEQUÊNCIA 15: ISAK PERDENDO SUA AMADA

CENA 29 - CLAREIRA - INT/DIA


SONHO
Sara ofende Isak com palavras. Diz que Isak está velho e arrogante e que logo morrerá.
Um espelho é utilizado como um objeto para que Isak seja capaz de refletir sobre si
mesmo e sua condição de velho rude, ranzinza e ressentido.
Sara se retira, alegando que tem que cuidar do filho de Sigfrid.

CENA 30 - FLORESTA - INT/DIA


SONHO
Um berço está no meio da floresta. Sara se aproxima, pega o bebê e começa a ginga-lo.

CENA 31 - FLORESTA - INT/NOITE


SONHO
Sara faz declarações para um bebê em quase como um monólogo.
CENA 32 - FLORESTA - INT/DIA
SONHO
Sara corre com o bebê em direção à casa. Sigfrid espera os dois na porta de casa. Isak
vai até o carrinho de bebê e não encontra nada.

CENA 33 - CASA DE SARA - EXT/DIA


SONHO
Isak assiste da janela da casa Sara e seu irmão Sigfrid se beijando ao com de um piano
que Sara toca. Ao olhar com maior cuidado, Isak nota que Sara está, agora, com um
vestido de casamento e Sigfrid com um smoking de luxo. Os dois sentam na mesa de
jantar e se divertem.

SEQUÊNCIA 16: ACUSAÇÃO E PENITÊNCIA DE ISAK

CENA 34 - CASA - EXT/DIA


SONHO
Isak observa uma navalha de nuvem cortando a lua cheia em uma cena de referência a
"Um cão andaluz", de Luiz Buñuel. Isak toca a porta de uma campainha e machuca a
palma de sua mão com um prego preso na parede. Simbolizando a penitência em um ato
parecido com a crucificação de Jesus Cristo.
Um homem atende e pede para que Isak entre. Ele se apresenta, seu nome é inspetor
Alman.

CENA 35 - CASA/CORREDOR - INT/NOITE


SONHO
Isak e inspetor Alman passam por um corredor intensamente extenso.

CENA 36 - CASA/ SALA - INT/NOITE


SONHO
Em uma sala parecida com um tribunal, Isak entra ao lado de inspetor Alman. Na
plateia estão alguns de seus irmãos, Sara a jovem, Anders, Victor e outros.
Inspetor Alman pergunta à Isak qual o primeiro dever de um médico. Isak não sabe
responder. Inspetor Alman diz que é saber pedir perdão. Isak olha para a plateia com
olhar angustiado e ressentido.
A partir dai, iniciam jogos de verdades e mentiras na qual Isak é acusado de culpa,
incompetência, indiferença, egoísmo e falta de consideração pela sua própria esposa.

SEQUÊNCIA 17: TRAIÇÃO E SENTENÇA

CENA 37 - FLORESTA - INT/DIA


SONHO/PASSADO - 1 DE MAIO DE 1917
Inspetor Alman guia Isak até um ponto da floresta onde a ex-mulher de Isak, Karine,
beija um outro homem e ri de forma maléfica. Isak observa tudo ao longe.
Percebemos, após, que Isak está presenciando por meio de um sonho o seu passado
pois, de fato, isso aconteceu.
De repente, Karine desaparece e a sentença de Isak é concretizada: a solidão eterna.

SEQUÊNCIA 18: ISAK SE ABRINDO PARA MARIANNE

CENA 38 - CARRO - INT/DIA


PRESENTE
Isak acorda de seu sonho. Ele conta à Marianne sobre o ocorrido: "parece que quero me
dizer algo, que não quero ouvir acordado. Que estou morto, apesar de vivo"
Marianne se comove com a declaração de Isak, abrindo uma brecha para ela contar
sobre Evald e como ela se separou de seu marido.

SEQUÊNCIA 19: GRAVIDEZ DE MARIANNE

CENA 38 - CARRO - INT/NOITE


PASSADO
Evald e Marianne conversam brevemente no carro. Marianne conta que está grávida e,
abruptamente, Evald se retira do carro furioso.

CENA 39 - FLORESTA - INT/NOITE


PASSADO
Chuva forte. Árvores balançando freneticamente. Evald diz que não quer ter o filho e
que Marianne terá que escolher entre o filho e ele próprio. Evald volta ainda mais
frenético para o carro.

CENA 40 - CARRO - INT/NOITE


PASSADO
Evald diz para Marianne que seu princípio é a morte, aproximando seu discurso ao de
Isak no presente.

SEQUÊNCIA 20: MARIANNE SE ABRINDO PARA ISAK

CENA 41 - CARRO - INT/DIA


PRESENTE
Marianne se abre à Isak. Ela cita toda solidão, angústia e sentimento de morte que paira
o mundo e que, agora que está gravida, não deseja esses sentimentos negativos para ela.
Ela lembra do casal que encontraram na estrada e diz que seu casamento com Evald era
parecido com o deles, cheio de mentiras, traição e individualismo. Isak diz que seu
casamento também foi dessa forma. Marianne e Isak compartilham da mesma dor e, por
isso, seus personagens nessa cena são aproximados.

SEQUÊNCIA 21: PREMIAÇÃO DE ISAK

CENA 42 - CASA DE EVALD - EXT/DIA


PRESENTE
Isak, Marianne, Sara, Anders e Victor chegam à Lund. Agnes os recebe com um belo
sorriso e os ajuda a levar suas malas até a casa.

CENA 43 - CASA DE EVALD/SALA - INT/DIA


PRESENTE
Isak, Marianne, Evald e Agnes sobem as escadas que dão acesso aos quartos. Isak e
Agnes seguem sozinhos até um quarto.

CENA 44 - CASA DE EVALD/QUARTO DE HOSPEDES - INT/DIA


PRESENTE
Isak e Agnes entram no quarto de hospedes. Da porta entre aberta, eles observam uma
discussão de Evald e Marianne.

CENA 45 - CATEDRAL DE LUND - EXT/DIA


PRESENTE
Isak caminha junto com um bando ao som de baterias e trompetes até a catedral.

CENA 46 - CATEDRAL DE LUND - INT/DIA


PRESENTE
O bando senta-se nos bancos. Logo após, Isak é chamado para premiação. Em seguida,
em V.O, enquanto está sendo premiado, Isak conta um pouco cobre toda a história
durante a viagem e, deixando a insinuar que esse passeio pelo inconsciente teve a
função de dar um chove de realidade, forçando-o a perceber sua condição de velho
ranzinza e solitário.

SEQUÊNCIA 22: MUDANÇA DE ISAK - O ARCO DO PERSONAGEM

CENA 47 - CASA DE EVALD/QUARTO DE HOSPEDES - INT/NOITE


PRESENTE
Agda serve o remédio de Isak. Após um tempo, Isak pede desculpas para Agnes por ter
sido egoísta e ter ido de carro. Agnes agradece e se retira.
Isak escuta uma canção e vai até a janela. Lá embaixo, estão Sara, Victor e Anders
cantando ao lado de um canteiro no formato de um caixão rodeado por flores para Isak.
Eles se despedem de Isak e vão embora.

CENA 48 - CASA DE EVALD/QUARTO DE HOSPEDES - INT/NOITE


PRESENTE
Isak está deitado na cama. Evald chega e eles tem uma conversa sobre o destino do
casamento de Evald. Em seguida, Marianne chega. Isak a elogia e diz que gosta muito
da garota. Aqui, presenciamos o fim do arco dramático do protagonista: Isak, de egoísta
e insensível, agora tem uma enorme sensibilidade e capacidade de amar as pessoas.
Isak deita em sua cama e começa a lembrar as lembranças de sua infância.

SEQUÊNCIA 23: ENCONTRO DO PAI

CENA 49 - CASA DA INFÂNCIA - EXT/DIA


PASSADO
Isak conversa brevemente com Sara, que convida Isak para um passeio na floresta.

CENA 50 - FLORESTA/BEIRA DO MAR - INT/DIA


PASSADO
Sara deixa Isak em um penhasco na qual é possível enxergar a beira do mar. Isak avista,
ao longe, seu pai pescando a seu lado. Os dois de divertem.
Isak observa fixamente por algum instante tudo com um olhar caloroso e intensamente
sentimental.

SEQUÊNCIA 24: SATISFAÇÃO

CENA 51 - CASA DE EVALD/QUARTO DE HOSPEDES - INT/NOITE


PRESENTE
Isak sorri na cama. Um som que remete ao passado enche em primeiro plano.
FIM.

 UM MANDATO DE FACETAS
Agora, nessa parte do trabalho, disponibilizo um roteiro criado por mim que teve
como fonte de inspiração a cena 36, quando Isak entra em um tribunal e é julgado pelas
suas facetas. Nessa minha história, Túlio será julgado pelo seu passado. O surrealismo é
um movimento que me atrai muito e não consegui deixar de adaptar essa idéia.

 SINOPSE
Túlio, um renomado diretor de cinema, comemora seu aniversário de 60 anos. Todos
estão presentes, sua esposa, Elsa (48), seu filho, Calixto (20), e sua diretora assistente,
Berta (40), além de diversos outros convidados. Tudo parece muito festivo até Túlio ser
envenenado e ser transportado para um tribunal, onde será julgado por todos os crimes
contra a vida cometidos por ele. Nesse emaranhado de verdades e mentiras, realidade e
alucinação se misturam em um surrealista estudo sobre a personalidade do artista.

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