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A CIVILIZAÇÃO MESOPOTÂMICA
Aspectos físicos
A antiga Mesopotâmia ocupava um território que corresponde, grosso
modo, ao do Iraque atual, limitada ao norte pelas montanhas do
Cáucaso, ao sul pelo golfo Pérsico, a leste pelas montanhas Zagros e
a oeste pelo deserto sírio.
OBS: No período sumeriano o Golfo Pérsico avançava bem mais para o
norte, porque com o passar dos séculos os dois rios continuaram a
depositar matéria aluvial na sua embocadura, alterando a linha da
costa.
A região divide-se naturalmente entre a Mesopotâmia Superior, ou
Alta Mesopotâmia (hoje Jezireh), que foi o centro do Império Assírio,
e a Mesopotâmia Inferior, ou Baixa Mesopotâmia, onde emergiu a
civilização suméria, que incluía a Babilônia na sua parte
setentrional.
Essas duas regiões da Mesopotâmia tinham climas contrastantes. A
Mesopotâmia Inferior era muito quente, úmida, pantanosa, sujeita a
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Aspectos humanos
A Mesopotâmia Inferior foi habitada por dois grupos étnicos bem
conhecidos: os acadianos, que eram semitas (designação comum a
vários povos, que segundo a tradição descendem de Sem – um dos
filhos de Noé, e tiveram seu berço na península arábica) e os sumérios,
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SUMÉRIA
A escrita
A civilização suméria durou aproximadamente de 3.500 a 2.000 a.C.
Em data bem remota produziu pequenas figuras a partir de sinetes
cilíndricos, que eram rolados na argila, e a partir deles os sumérios
desenvolveram figuras simplificadas (pictogramas) feitas sobre
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A religião suméria
As tradições literárias e lingüísticas incorporam idéias e imagens que
impõem, permitem e limitam diferentes maneiras de se ver o mundo, e
é provável que as mais importantes idéias mantidas vivas pela língua
suméria fossem religiosas.
Por volta de 2.250 a.C. surgiu um panteão de deuses, mais ou menos
personificando os elementos e as forças da natureza. Originalmente as
cidades tinham os seus próprios deuses, que formavam uma vaga
hierarquia, refletindo e moldando visões sobre a sociedade humana.
A cada deus era atribuída uma atividade ou função específica: havia
um deus do ar, outro das águas, outro do arado e uma deusa do amor e
da procriação, etc.
No topo da hierarquia divina havia uma trindade de grandes deuses
masculinos: o Pai dos deuses, um "Senhor do Ar" sem o qual nada
podia ser feito; um deus da sabedoria; e também um deus das águas
doces, que literalmente significavam a vida para a Suméria.
Isto revela uma visão do sobrenatural muito mais complexa e
elaborada do que qualquer outra em data tão remota.
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Evolução política
Pode-se distinguir três grandes fases na história da Suméria:
1ª) Período Arcaico (3.360 a 2.400 a.C.);
2ª) Período Acadiano (2400 e 2350 a.C.);
3ª) Período “Neo-sumério” (2.350 a 2.000 a.C.).
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Período Arcaico:
Foi marcado pelas várias guerras travadas entre Cidades-Estado,
suas ascensões e declínios, cuja comprovação é a existência de cidades
fortificadas e a aplicação da roda à tecnologia militar em toscas
quadrigas.
Por volta da metade desta fase, as dinastias locais começam a se
estabelecer com algum sucesso.
Originariamente a sociedade suméria parece ter tido alguma base
representativa e até mesmo democrática, mas o seu crescimento fez
com que os reis se distinguissem dos primitivos governantes-sacerdotes.
Estes reis provavelmente surgiram como “senhores de guerra”,
apontados pelas cidades para comandar as suas forças e que se
apegavam ao poder quando passava a situação de emergência que os
convocara. Deles se originaram as dinastias que lutavam entre si.
Período Acadiano:
Teve início quando Sargão I, rei de uma cidade situada no Alto
Eufrates chamada Acádia, conquistou as cidades sumérias entre 2.400 e
2.350 a.C. e inaugurou a supremacia acadiana.
Ele foi o primeiro de uma longa linhagem de construtores de impérios
e alega-se que mandou tropas a terras tão distantes quanto o Egito e a
Etiópia.
OBS: Existe uma cabeça em bronze que representa Sargão I, sendo uma
das primeiras representações reais.
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Período “Neo-sumério”:
Por volta de 2.350 a.C. povos da montanha chamados de gútios
puseram fim à hegemonia acadiana, dando início à última fase da
história da Suméria.
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Durante mais ou menos duzentos anos, até 2.000 a.C., o controle passou
novamente aos sumérios nativos, cujo centro era Ur. O primeiro rei
da Terceira Dinastia de Ur a exercer esta ascendência intitulou-se Rei da
Suméria e da Acádia.
A arte suméria desça fase mostrou uma nova tendência de exaltar o
poder do príncipe: os governantes procuravam incorporar a sua própria
magnitude em zigurates maiores e mais luxuosos.
Os domínios dos últimos reis vitoriosos de Ur se estendiam desde Susa,
nas fronteiras de uma terra chamada Elam, no Baixo Tigre, até Biblos,
na costa do Líbano.
OBS: Ao término dessa fase observa-se o ocaso da civilização suméria,
porém, ela não desapareceu completamente, mas a sua individualidade se
perdeu na História geral da Mesopotâmia e do Oriente Próximo.
Havia muitos inimigos nas fronteiras da Suméria. Por volta de 2.000
a.C. os elamitas atacaram a Suméria e Ur caiu sob seu domínio. Mas
isso ocorreu após uma hostilidade intermitente de quase mil anos,
resultado da luta para controlar as rotas que dão acesso às terras
altas do Irã e aos minérios de que a Mesopotâmia necessitava.
Ao longo de aproximadamente 1.500 anos a Suméria construiu o
arcabouço da civilização Mesopotâmica, legando aos seus sucessores
sua escrita, literatura, mitologia, construções monumentais, idéias
de justiça e legalidade, e as raízes de uma grande tradição religiosa,
visto que, tais fundamentos já estavam amplamente enraizados e
difundidos em toda aquela região.
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BABILÔNIA
Por volta 2.105 a.C. (data da fundação da primeira dinastia pelos
invasores amoritas) surgiu na Mesopotâmia um novo e importante
império: a Babilônia.
Com cerca de l.100 quilômetros de extensão e aproximadamente 160
quilômetros de largura, a Babilônia era um grande Estado, na verdade o
maior que surgira na região até a época.
Possuía uma estrutura administrativa elaborada e um dos seus principais
reis, Hamurabi (1.792 – 1.750), organizou um famoso código de leis,
baseado no princípio do "olho por olho".
Hamurabi também foi o primeiro governante a unificar toda a
Mesopotâmia; embora o império tivesse vida curta, a cidade da
Babilônia seria, a partir de então, o centro simbólico dos povos semitas
do sul.
Hamurabi assumiu o governo da Babilônia em 1.792 a.C. e seus
sucessores mantiveram a união do reino até pouco depois de 1.600 a.C.,
quando a Mesopotâmia voltou a ser dividida.
Hamurabi governou as cidades de Nínive e Ninrud, no Tigre, e Mari, no
Alto Eufrares, e controlava este rio até as proximidades de Alepo.
Como provavelmente aconteceu com as primeiras coleções de sentenças
e regras que sobreviveram apenas em fragmentos, o Código de
Hamurabi foi gravado em pedra e exposto no pátio dos templos para
que o povo reconhecesse o poder real.
Com maior extensão, e de forma mais ordenada do que as primitivas
coleções, ele reunia cerca de 282 artigos, tratando de forma abrangente
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O pensamento babilônico
A civilização babilônica apresenta-se como muito sofisticada e marcada
pela suntuosidade.
O grande palácio de Mari, no Alto Eufrates, possuía paredes de mais de
doze metros de espessura e cobria uma área de cerca de 140 x 180
metros. Era cercado por belíssimos pátios, e possuía mais ou menos
trezentas divisões, formando um complexo arquitetônico harmonioso e
exuberante.
Nessas fabulosas edificações foi encontrada grande quantidade de
tabuletas de argila revelando diferentes assuntos do governo da
Babilônia, dando-nos evidências da vida intelectual dominante.
A astrologia dos babilônios impulsionou a observação da natureza, e ao
procurarem prever o destino sondando as estrelas, os babilônicos
criaram a Astronomia, registrando uma importante série de observações
astronômicas.
Por volta de 1.000 a.C. era possível prever eclipses lunares. Em dois ou
três séculos, a trajetória do Sol e de alguns planetas havia sido traçada
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O ocaso da Babilônia
Diferentemente do que aconteceu com a Assíria, a decadência e queda
da Babilônia não resultou fundamentalmente de uma derrota militar,
mas de pelo menos três fatores principais.
O primeiro foram certas características negativas da personalidade do
seu último soberano, o usurpador Nabônidus.
O segundo foi o processo interno que provocou uma profunda divisão
entre o governo e as classes mais influentes — dos sacerdotes e
comerciantes — em um ambiente onde crescia o sentimento
cosmopolita.
O terceiro foi marcado pela rápida acumulação de poder e prestígio por
parte de Ciro, o Grande, que tinha agora também a coroa dos medas.
Os problemas políticos da Babilônia começaram com a morte de
Nabucodonosor II, em 562 a.C. Seu filho, Amel-marduk, era um
homem fraco, que não pôde controlar efetivamente o Estado. Dois anos
depois, Nergal-shar-usur (Neriglissar – marido de Kashaya, filha de
Nabucodonosor II) chefiou uma rebelião que provocou o assassinato do
monarca e a usurpação da coroa (em 559 a.C.).
Neriglissar morreu em 556 a.C., deixando no trono seu filho Labshi-
marduk, cuja incapacidade política estimulou uma nova rebelião,
naquele mesmo ano, tendo os conspiradores escolhido como soberano
um dos seus líderes, Nabu-naid (Nabônidus).
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ASSÍRIA
O curso histórico da Assíria é paralelo ao da Babilônia, embora com
algumas características distintas.
A despeito de outros antecedentes, os verdadeiros fundadores do antigo
Império Assírio, durante os primeiros séculos do segundo milênio a.C.,
foram os amoritas. O antigo Império continuou a existir até ser
conquistado por Hamurabi, por volta de 1780 a.C.
No século XVI a.C., os hurritas, um povo de origem indo-européia,
fundaram o reino Mitani entre as montanhas Zagros e o lago Van.
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