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ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2015, Vol.

23, nº 4, 913-927
DOI: 10.9788/TP2015.4-09

Repercussões das Redes Sociais na Subjetividade


de Usuários: Uma Revisão Crítica da Literatura

Gabriel Artur Marra e Rosa1


Faculdade de Psicologia e Psicopedagogia da Universidad del Salvador,
Buenos Aires, Argentina
Benedito Rodrigues dos Santos
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade Católica
de Brasília, Brasília, DF, Brasil

Resumo
Este artigo tem por objetivo mapear e revisar a literatura especializada sobre as repercussões das redes
sociais na subjetividade de seus usuários, de modo a averiguar se essa literatura tem o potencial de elu-
cidar os possíveis efeitos do processo denominado negociação de identidades na subjetividade dos
indivíduos contemporâneos. Para a consecução desse objetivo, utilizou-se a metodologia do estado
da arte, que verifica o status da produção acadêmica e científica sobre o tema. Acessaram-se quatro
bases de dados durante o período de dois anos. A literatura constata a estetização do self, mas a inter-
preta como sociedade de consumo, limitando o entendimento de outras possibilidades interpretativas
como um novo dispositivo de produção de sentidos. Assim, a conclusão a que se chegou é que, embora
existam resultados relevantes, o campo dos estudos sobre esses efeitos apresenta algumas lacunas que
precisam ser preenchidas para que se avance pelo próspero caminho virtual.
Palavras-chave: Redes sociais, repercussões, subjetividade, revisão de literatura.

Repercussions of Social Networks on User Subjectivity:


A Critical Literature Review

Abstract
This article aims to map and review the literature on the repercussions of social networks on the
subjectivity of its members to review whether such literature has the potential to elucidate the possible
effects of the process called negotiation of identities in contemporary subjectivity of individuals. To
achieve this goal, it was used the methodology of the state of the art, that checks the status of academic
and scientific literature on the subject. Four data bases were accessed by a period of two years. The
literature notes the aestheticization of the self, but interprets it as a consumer society, limiting the
understanding of other interpretive possibilities as a new device for the production of meanings. Thus
the conclusions reached is that although there are relevant results, the field of studies on these effects has
some gaps that need to be filled in order to advance through the prosperous virtual path.
Keywords: Social networks, repercussions, subjectivity, literature review.

1
Endereço para correspondência: Superquadra Norte (SQN) 106, bloco “H”, Apto. 202, Brasília, DF, Brasil
70748-080. E-mail: gabriel_marra@hotmail.com e beneditos@ucb.br
914 Rosa, G. A. M., Santos, B. R.

Repercusiones de Redes Sociales en la Subjetividad de Usuarios:


Una Revisión Crítica de Literatura

Resumen
Este artículo tiene por objetivo mapear y revisar la literatura sobre repercusiones de las redes sociales en
la subjetividad de sus usuarios para examinar si esta literatura tiene potencial para elucidar los posibles
efectos del proceso llamado negociación de identidades en la subjetividad de los individuos contem-
poráneos. Para lograr este objetivo, se utilizó la metodología del estado del status del arte, que verifica
el estado de la literatura académica y científica sobre el tema. Cuatro bases de datos fueron accedidas por
un período de dos años. La literatura evidencia la estetización del self, pero la interpreta como sociedad
de consumo, lo que limita la comprensión de otras posibilidades interpretativas como un nuevo disposi-
tivo para la producción de sentidos. Por lo tanto, se concluye que, aunque existan resultados relevantes,
el campo de los estudios sobre estos efectos aún posé brechas que necesitan ser llenadas para que se
avance por el próspero camino de lo virtual.
Palabras clave: Redes sociales, repercusiones, subjetividad, revisión de literatura.

É notória a influência das redes sociais da & Lee, 2013). Esse ganho de institucionalidade
internet no cotidiano de bilhões de pessoas, de acadêmica por parte desse assunto evidencia que
empresas e de instituições de diferentes partes o avanço nesse campo ocorreu de forma con-
do mundo. O fenômeno dessas redes ou softwa- comitante ao crescente interesse popular pelas
res sociais, somado às demais modalidades de redes sociais. De acordo com Lewis, Kaufman,
comunidades on-line, tornou-se um dos maiores Gonzalez, Wimmer e Christakis (2008), esse
acontecimentos dos últimos anos, constituindo- fenômeno alcançou o ápice com o surgimento
-se em uma nova modalidade de fazer sociedade de publicações e de conferências especializadas
(Lemos & Lévy, 2010). Esse crescente interesse em redes sociais, tais como o periódico Social
por essas redes também encontrou ressonância Networks e a The International Sunbelt Social
nos estudos acadêmicos. Nas últimas décadas, Network Conference. Com efeito, esses avan-
a Ciência das Redes, ou Science of Networks ços trouxeram, consigo, novos questionamentos
(Watts, 2004, 2007) desenvolveu-se e tornou-se a respeito de como o fenômeno das redes sociais
um proeminente campo de estudos que congrega pode repercutir na produção subjetiva em uma
diferentes áreas do conhecimento. sociedade globalizada e conectada por meio da
A disseminação de pesquisas nesse âmbito internet (Chou & Edge, 2012; Raleiras, 2009).
iniciou-se com a prerrogativa de se analisar, por Na atualidade, o uso das novas tecnolo-
exemplo, a história e a modalidade de funcio- gias digitais que, assim como as redes sociais,
namento dessas redes (Boyd & Ellison, 2007) possuem a internet como epicentro, gerou uma
e culminou em pesquisas sobre o ethos comu- forma específica de cultura que vem sendo de-
nicacional e interacional (Carrera, 2012), sobre nominada cibercultura. Em termos gerais, esse
a construção de identidades nas redes (Zhao, vocábulo pode ser definido como o conjunto
Grasmuck, & Martin, 2008), sobre a conforma- de processos tecnológicos, midiáticos e sociais
ção de grupos, sobre a proliferação de movi- emergentes a partir da década de 1970, com a
mentos sociais mediante a utilização das redes convergência das telecomunicações, da informá-
(Bernardini & Gobbi, 2013; Machado, 2007) e tica e da sociabilidade contracultural da época
sobre os possíveis benefícios e danos que essas (Castells, 1999a). No contexto da chamada ci-
redes e os demais recursos disponíveis na inter- bercultura, o advento dos sites de redes sociais
net podem causar aos seus usuários (Fortin & data do final da década de 1990. O SixDegrees
Araújo, 2013; Kross, Verduyn, Demiralp, Park, é reconhecido como o site pioneiro dessas redes
Repercussões das Redes Sociais na Subjetividade de Usuários: Uma Revisão Crítica 915
da Literatura.

(Lemos & Lévy, 2010). Nele, os usuários tive- repercussões do fenômeno das redes sociais na
ram, pela primeira vez, a possibilidade de criar produção subjetiva dos usuários? Em que medi-
um perfil virtual que reunia registros de publica- da a literatura especializada nessa temática pode
ções e de contatos e viabilizava a navegação pe- elucidar esse questionamento, uma vez que se
las redes sociais. Estas se constituíam por meio pressupõe que os usuários desenvolvem um pro-
de utilizadores cadastrados nesse endereço ele- cesso de negociação de identidades ao utilizarem
trônico. Essas foram as características proclama- essas redes? Esses possíveis impactos, efeitos ou
das por Boyd e Ellison (2007) como definidoras repercussões na subjetividade dos usuários são,
de rede social na internet. portanto, o objeto de estudo do presente artigo.
No âmbito das pesquisas a respeito do ha-
bitus interacional dos usuários dessas redes, há A Metodologia Utilizada: Fontes
certo consenso entre investigadores quanto ao e Métodos
fato de que, ao selecionar o que será exposto ou
omitido sobre si mesmos, os usuários realizam Neste estudo, o exame da literatura especia-
um processo que tem sido denominado esteti- lizada centrou-se na temática das repercussões
zação do self (Carrera, 2012; Pinheiro, 2008; do fenômeno redes sociais na subjetividade con-
Zhao et al., 2008) ou negociação de identidades temporânea, particularmente, nos estudos e nas
(Rosa & Santos 2013). Esse processo se caracte- pesquisas publicados nos últimos oito anos (de
riza pela exposição de gostos e de preferências janeiro de 2007 a junho de 2014). Cabe ressal-
culturais que refletem traços e características das var que, por estarem imiscuídas no amplo campo
identidades dos participantes. Essa exposição de pesquisa da Cibercultura e, frequentemente,
tende a ocorrer de acordo com as circunstâncias, atreladas a estudos relacionados a outros am-
com as pessoas envolvidas e com os interesses bientes e dispositivos da internet, as investiga-
contrapostos nessas interações. O resultado des- ções sobre as redes sociais, por vezes, pulveri-
se processo se expressa por meio de perfis cus- zam-se por diversas áreas de concentração ou
tomizados e de postagens que tendem a priorizar figuram de forma secundária ou superficial em
aspectos considerados positivos no que diz res- pesquisas. Por isso, optou-se por estender o perí-
peitos aos participantes. odo desta revisão para oito anos e por incluir in-
Não obstante o profícuo desenvolvimento vestigações que comparem as redes sociais com
desse campo de pesquisa, o qual será revisado os demais dispositivos da internet com o intuito
e analisado criticamente neste artigo, a literatura de compreender melhor o atual status da produ-
especializada apresenta determinadas lacunas a ção científica existente sobre a temática.
serem preenchidas e desafios a serem elucidados As bases de dados bibliográficos acessa-
em relação a quais são os possíveis impactos, das foram a Scientific Eletronic Library Online
efeitos ou repercussões que essas redes possam (SciELO/Pepsico), o banco de teses e de disser-
vir a ocasionar na produção de sentidos ou, mais tações do Instituto Brasileiro de Ciência e Tec-
especificamente, na subjetividade de seus usuá- nologia (Ibict), o Portal Periódicos Capes e o
rios. Embora esse tema tenha sido abordado de Google Acadêmico. Utilizou-se a metodologia
forma esporádica como, por exemplo, com base do estado da arte, que compreende a avaliação
na noção de bem-estar (well-being; Chiu, Chen- acadêmica e científica de um tema com base na
ga, Huangb, & Chen, 2013; Kross et al., 2013), determinação de categorias que identifiquem
percebe-se carência de investigações sobre essa como um fenômeno vem sendo estudado e ana-
temática que, em grande parte dos trabalhos, é lisado. De acordo com Ferreira (2002), as pes-
analisada de forma tangencial ou não é conside- quisas bibliográficas têm como objetivo ressaltar
rada o objeto de estudo propriamente dito. a produção de determinadas áreas de conheci-
Assim sendo, o presente estudo objetiva mento destacando tendências teóricas e meto-
analisar se a literatura acadêmica pode respon- dológicas. Sendo assim, essa metodologia pode
der aos seguintes questionamentos: quais são as ser conceituada também com base na proposta
916 Rosa, G. A. M., Santos, B. R.

de mapear e de discutir a produção acadêmica analisar os resultados obtidos nas pesquisas,


sobre uma determinada temática para identificar utilizou-se o conceito de indicador (González-
aspectos e dimensões que têm sido destacados e -Rey, 1999) para referenciar o componente ou
privilegiados e de efetuar uma análise crítica a o conjunto de elementos manifestos ou latentes
respeito. que, por meio da interpretação dos pesquisa-
As seguintes palavras-chave foram pesqui- dores, possibilitam a criação de categorias e a
sadas em três idiomas (português, inglês e espa- interpretação dos processos complexos que en-
nhol) nos títulos, nos resumos, nas palavras-cha- volvem a subjetividade humana. Deste modo, o
ve e, em alguns casos, ao longo dos textos: redes critério de inclusão dos trabalhos ao longo do
sociais, subjetividade, repercussões, efeitos, im- corpo do texto se deu com base nos indicado-
pactos e consequências. No que concerne ao cri- res selecionados e na relevância dos resultados
tério de inclusão, optou-se pelo uso da noção de para a apreciação crítica baseada na interpreta-
repercussão para descrever, de forma abrangen- ção desses indicadores.
te, o que tem sido abordado na literatura como A definição de subjetividade elencada nes-
efeitos, como impactos ou como consequências te trabalho refere-se à maneira como as pessoas
das redes sociais na produção de sentidos ou na se sentem e pensam com base no que elas vi-
produção subjetiva de seus usuários. Embora venciam nas redes, o que abrange os sentidos e
se esteja ciente das possíveis divergências con- os significados atribuídos a essas experiências.
ceituais, escolheu-se realizar essa aproximação Essa noção é oriunda da definição de subjetivida-
entre esses conceitos devido ao fato de que, na de como produto e como produtora de sentidos,
literatura de referência sobre esse tema, eles têm tal como propõe González-Rey (2011), a qual
sido utilizados indistintamente para representar se conforma na organização singular do sujeito
o que, neste artigo, compreendem-se como re- concreto e nos diferentes níveis da subjetividade
percussões: as possíveis consequências, os re- social, produzindo sentido para as vivências das
sultados ou as implicações do advento das redes pessoas em seus diferentes ambientes.
sociais na subjetividade de seus usuários. Assim, Com base nessas definições, analisar-se-á
reitera-se que, no presente estudo, as referidas como a produção acadêmica e científica acerca
definições foram equiparadas durante o levanta- das possíveis repercussões do fenômeno das re-
mento bibliográfico com o objetivo de realizar des sociais na subjetividade contemporânea tem
um mapeamento abrangente dos resultados ob- sido estudada e analisada. Ressaltar-se-ão os re-
tidos no campo da Cibercultura no que se refere sultados obtidos e assinalar-se-ão alguns desa-
às redes sociais. fios para futuras pesquisas.
Nas bases de dados mencionadas e com o
levantamento realizado por meio das palavras- A Conformação dos Grupos
-chaves definidas, encontraram-se poucos arti-
gos, teses e dissertações que abordam as reper- A constituição de grupos no âmbito do ci-
cussões das redes sociais na subjetividade como berespaço chamou a atenção de estudiosos logo
objeto de estudo propriamente dito. Porém, ao princípio da configuração das redes sociais,
usualmente, esse tema é abordado de forma pa- sobretudo, dos sociólogos e jornalistas (Lemos,
ralela ou com base em comparações entre ou- 2008; Maffesoli, 1987; Rheingold, 1993). A
tras categorias, como é o caso da identidade. Na chamada Sociedade em Rede (Castells, 1999a)
busca desses textos, prevaleceram produções pressupõe o deslocamento das comunidades para
das seguintes áreas: Comunicação Social, An- o ambiente virtual da internet e, por conseguin-
tropologia, Sociologia, Psicologia e Educação. te, para as redes sociais. De tal modo, surgiram
Entre os temas relacionados à temática, aqueles não apenas questionamentos sobre quais seriam
localizados com maior facilidade foram: con- as implicações desses grupos na sociedade, mas
sumo, identidade e grupos. Para categorizar também acerca de como estes podem influenciar
as tendências teóricas e metodológicas e para a inclusão social; acerca da forma como as pes-
Repercussões das Redes Sociais na Subjetividade de Usuários: Uma Revisão Crítica 917
da Literatura.

soas lidam com o espaço público e com as ques- de utilizar esses dispositivos com fins sexuais.
tões de ordem política; acerca do pertencimento Mocellin (2007), por seu turno, percebeu que os
às comunidades que se constituem nas redes e usuários de redes sociais também se interessam
que se estendem ao mundo fora delas. Esse mo- em procurar, em recuperar o passado, buscando
vimento de migração para as redes é visto por encontrar amigos e grupos de muito tempo. Para
Frangoso, Rebs e Barth (2011) como a confor- o autor, essa seria não apenas uma maneira de
mação de uma vinculação identitária múltipla e recuperar antigas amizades, mas também de re-
conexa; de experiência multiterritorial constitu- formular a própria identidade, tal como propõe
ída pelo vínculo territorial com dois lugares, o Giddens (2002), com base em uma construção
físico e o virtual. Desse aporte, pode-se inferir fundamentada na apropriação do passado para
que, embora se tratem de ambientes distintos, construir o futuro. Com uma perspectiva simi-
com atributos de realidade diferentes, há uma lar, Recuero (2008) aponta a vinculação a gru-
continuidade entre o que ocorre nas redes e fora pos nas redes como uma forma de declarar e de
delas, uma vez que um ambiente se reporta ao definir a identidade dos usuários e não somente
outro e vice-versa (Rosa & Santos, 2013). como uma forma de participar de grupos. Por
Há um consenso entre os pesquisadores de um lado, com base nos resultados obtidos nessas
que a continuidade entre os grupos que se cons- pesquisas, é nítido que a conformação de novos
tituem dentro e fora das redes é favorável tanto grupos por afinidades, além de propiciar o com-
ao desenvolvimento das relações interpessoais, partilhamento de ideias e de vivências, produz
como ao fomento do capital social (Ellison, certo senso de pertencimento e de identidade en-
Steinfield, & Lampe, 2007; Recuero, 2005). A tre os usuários. Por outro, retomando a questão
princípio, houve, por parte dos pesquisadores, das identidades, esses grupos possibilitam tam-
certo receio de uma possível substituição dos bém um maior espaço para o desenvolvimento
relacionamentos ditos reais pelos chamados re- da chamada identidade social (Castells, 1999b).
lacionamentos virtuais e de maior isolamento Neste caso, destaca-se o crescente engajamento
social por parte dos usuários. Contudo, pode-se em manifestações e em movimentos sociais que
observar que frequentes interações virtuais au- reivindicam melhoras na vida coletiva. O ativis-
xiliam na manutenção dos relacionamentos já mo em prol de causas pessoais e sociais passou a
existentes no mundo real e, quando não ocorrem ser objeto de pesquisas e motivação a reivindica-
de maneira isolada, tendem a intensificá-los (Ni- ções coletivas em diferentes países na atualidade
colaci-da-Costa, 2005b). Neste ponto, vale des- (Machado, 2007).
tacar a possibilidade de inclusão social por meio Em detrimento desses indicadores expressi-
de redes sociais de internet, processo este que vos, um questionamento presente entre usuários
tem sido alcunhado de inclusão digital (Mendon- e pesquisadores é o seguinte: estariam essas re-
ça, 2007) e que pode vir a favorecer segmentos des tornando as pessoas mais individualistas e
vulneráveis da população como, por exemplo, solitárias ou mais coletivistas e solidárias? De
os portadores de necessidades especiais. Sendo acordo com Paiva (2012), estabelece-se, nas
assim, o sentido de pertença surge como novi- redes, uma cultura da convergência na qual a
dade no que concerne à produção subjetiva dos individualidade e o narcisismo encontram uma
usuários, uma vez que as redes, as comunidades ecologia comunicacional irrigada pela coopera-
e os grupos que se constituem por meio dessas ção e pelo compartilhamento. Por isso, segundo
redes prescindem da presença física de seus par- o autor, em que pese o fato de que essa comuni-
ticipantes. cação é permeada pela futilidade e pela utilida-
Um dado relevante nesse contexto foi ob- de individualista e narcisista, é ali onde emerge
tido por Fortin e Araújo (2013) e diz respeito uma zona de retribalização (Maffesoli, 1987) e
a que os usuários vivenciam os dispositivos da de sociabilidade que transcende a dimensão in-
internet como um canal libertador e sentem ne- dividualista e se conecta com extensões comu-
cessidade de navegar, de se comunicar e também nitárias. Neste quesito, podemos inferir que a
918 Rosa, G. A. M., Santos, B. R.

participação em redes redimensiona a produção ção das relações de poder e de domínio e que
intersubjetiva devido ao fato de que o usuário pode causar sentimentos de raiva, de vergonha,
pode interagir com muitas pessoas ao mesmo de tristeza e de medo às vítimas. Sendo assim,
tempo. Assim, a profusão de pessoas interagindo esse suposto senso de grupo ou de comunidade
simultaneamente é uma novidade em relação aos pode vir a ser acometido pelo seu par oposto, o
tempos precursores, nos quais não prescindía- senso de exclusão e de discriminação.
mos da presença física imediata. Diante desses primeiros indicadores que
A comunidade, como um todo, passa a ser elencamos, é possível afirmar que a literatura de-
representada pelos grupos nesses ambientes vir- monstra os sensos de pertença, de confiança e de
tuais do ciberespaço aos quais os indivíduos têm colaboração como os sentidos atribuídos pelos
a possibilidade de pertencer, inclusive, de forma usuários à participação nas redes sociais, tendo o
anônima. Sendo assim, cada pessoa pode vir a senso de grupo ou de comunidade como uma su-
ter um universo subjetivo oculto e, ao mesmo posta compreensão partilhada entre os usuários.
tempo, partilhado, o qual comparte apenas com Não obstante a relevância desses resultados ex-
determinadas pessoas de sua rede. Vale lembrar pressivos, cabe a crítica a respeito de como esses
que isso já ocorrera no passado. Contudo, hoje, os sensos podem repercutir na produção de sentidos
usuários têm não somente o suporte visual com- dos usuários, uma vez que é possível, a estes,
posto por textos, imagens e vídeos para projetar utilizar as redes sociais de diferentes maneiras,
e dar sentido a seu universo subjetivo, mas tam- por motivos variados e com finalidades distin-
bém outros usuários, anônimos ou não, conhe- tas (Rosa & Santos, 2014a). Ou seja, cada pes-
cidos ou não, que se conectam e discutem suas soa pode escolher fazer parte de grupos ou não,
ideias, seus sentimentos e suas aspirações. Há, de interagir com apenas algumas pessoas ou não e
fato, uma ampliação do universo intersubjetivo. até, por exemplo, utilizar as redes para exibir-se
Nesse contexto, Gobbi (2010) assinala que ou para observar, voyeuristicamente, os demais
as relações interpessoais adquirem maiores pro- sem sequer partilhar desse senso de pertença ou
porções em comunidades virtuais, nas quais a de confiança e de colaboração. Assim, no que
confiança e a colaboração permeiam as intera- concerne à repercussão desse fenômeno das re-
ções e permitem a sobrevivência de inúmeros des sociais na produção subjetiva dos usuários,
grupos em rede. Para ela, este fato dá origem torna-se frágil a tese do senso de pertença ou de
ao conceito de sociabilidade virtual, que, nesta colaboração e de confiança em redes devido às
perspectiva, ocorre por meio de grupos e de co- vicissitudes que os tipos de uso, as motivações
munidades que surgem como fator de união que e as finalidades dos usuários possam vir a ter,
provê meios para inserção social e participação tal como especificam Rosa e Santos (2014a).
na vida pública e que tendem a favorecer a busca Ademais, se se pensar, por exemplo, na questão
por soluções que tragam benefícios para todos. do cyberbullying e até do cyberpunk (Lemos,
Contudo, vale lembrar que há grupos e pessoas 2008), é possível vislumbrar que os sentidos que
com propostas escusas que podem cometer cri- os usuários atribuem às atividades nas redes são,
mes por meio das redes sociais, inclusive, que muitas vezes, opostos aos de confiança e de cola-
atentam contra os direitos humanos e contra o boração. Em que pese a pertinência desta crítica,
Estado de Direito. Portanto, atos nocivos ao bem- é possível evidenciar diversos avanços no cam-
-estar biopsicossocial das pessoas envolvidas e po, sobretudo, na área de concentração designa-
acometidas por estarem conectadas não podem da participação em grupo.
passar despercebidos nesta análise. Um exemplo
disto é o caso do chamado cyberbullying que, A Expressão e a Estetização
segundo Rodeghiero (2012), é um tipo de vio- do Self dos Usuários
lência que dissemina o preconceito em tom de
deboche ou de humor sarcástico provocado pela Com maior preponderância na Sociologia,
propagação de um discurso violento de legitima- na Comunicação Social e na Antropologia, há
Repercussões das Redes Sociais na Subjetividade de Usuários: Uma Revisão Crítica 919
da Literatura.

pesquisas na área da Cibercultura que seguem meios de comunicação e de informação (Nico-


a tendência de considerar as possíveis reper- laci-da-Costa, 2005a), passa despercebida e é
cussões do fenômeno das redes sociais na sub- relegada ao ostracismo por uma suposta incom-
jetividade dos usuários como algo derivado da patibilidade entre o que seria uma transformação
reprodução e da diversificação do mercado e do nessa produção e uma ilusão ou simulação por
consumo em um mundo onde prevalece o capi- esta gerada. Transformação, aqui, traz consigo a
talismo globalizado. Segundo Sibilia (2008, p. ideia de novidade, de novo e, em contrapartida,
14), a transição fomentada pelo mercado entre a de ilusão ou de simulação que remete a uma mo-
web 1.0 e a web 2.0 criou um verdadeiro caldei- dificação considerada superficial e enfatizante
rão de novidades no que diz respeito à nova eta- apenas das supostas perdas na produção subjeti-
pa de desenvolvimento da internet. Sob essa óti- va precedente, considerada genuína e proveitosa.
ca, diferentemente da geração web 1.0, na qual a Nesse contexto, a chamada estética de si
meta era vender produtos e serviços pela rede, na ou estetização do self (Pinheiro, 2008), que se
web 2.0, o objetivo passou a ser a conversão dos reflete na exibição de gostos e de estilo de vida
usuários em codesenvolvedores de redes, com nas redes, é vista de maneira ambígua pelos pes-
base na combinação entre o velho slogan “faça quisadores. A alienação de si mesmo, a ilusão
você mesmo” e o imperativo “mostre-se como referente aos sentidos e os sentimentos que as vi-
for”. Para Sibilia (2008), essa tendência tem al- vências adquirem para os sujeitos, por um lado,
cançado também os demais meios de comunica- são assinalados como uma possível repercussão
ção e criado maneiras de ser e de conceber-se a das redes na subjetividade contemporânea, a
si mesmo conforme as mais variadas formas de qual acarreta um desprendimento da fantasia e
divulgação da vida íntima. da imaginação e camufla o real (Ferreira-Lemos,
Nessa mesma tendência e sob perspectiva 2011). No entanto, por outro lado, a exposição
similar, podemos considerar como referência e a publicação de escolhas pelas quais ocorre a
para este campo de estudo também os desen- autoidentificação nas redes também são conside-
volvimentos teóricos de Baudrillard (1999), que radas uma oportunidade de comparar, de recon-
concebe o fenômeno da produção subjetiva em siderar escolhas já feitas e, portanto, de experi-
redes como a criação de simulações que inibem a mentar, subjetivamente, novas maneiras de ser e
troca verdadeira entre seres humanos e produzem de agir (Nicolaci-da-Costa, 2005b). Esta última
certa espectralização da vida por meio de simu- concepção se baseia na ideia de que há, por par-
lacros. Esse ponto de vista, de certa forma, tam- te dos usuários, o intento de conciliar demandas
bém é compartilhado por Sodré (2002/2013, p. contraditórias e incompatíveis e de distancia-
158) que, por sua vez, pondera sobre a existência rem-se dos riscos inerentes à instabilidade que
de uma apropriação midiática que ele intitulou paira sobre os relacionamentos da vida real, bem
tecnonarcisismo, entendido como uma disso- como uma expressão transitória da identidade
lução do narcisismo no espelho e cujo ordena- entre todas as suas implicações na época atual
mento é considerado artificial e vetorizado pelo (Magalhães & Paiva, 2009).
universalismo jurídico e pelo mercado. Como Gómez e González (2008) enfatizam o com-
consequência, segundo Sodré (2002/2013), há promisso subjetivo e emocional que os indivídu-
transformações significativas no modo de pre- os destinam a atividades na internet e nas redes
sença do indivíduo no mundo contemporâneo sociais como consequência de um possível mal-
que, inclusive, podem vir a gerar ilusões para as -estar e de uma suposta frustração que o novo
pessoas que utilizam recursos e ferramentas dis- repertório tecnológico produz na subjetividade
poníveis na web, tais como as redes sociais. contemporânea. Segundo os autores, por conse-
Como evidenciam esses primeiros desdo- quência dessa frustração e do desencanto com o
bramentos, surge certa tendência cética por de- consumo que, sob esta ótica, já não propicia sa-
trás dos resultados dessas interações virtuais, tisfação ainda que provenha do imperativo “pos-
cuja produção subjetiva, ampliada por esses suir e ter tudo”, ocorre uma inversão do tempo
920 Rosa, G. A. M., Santos, B. R.

real em dedicação a atividades consideradas inú- pela celebração de banalidades, de consumo e de


teis ou supérfluas, nas quais as pessoas exercem futilidades em redes sociais; outro que enfatiza
o consumo por escolhas. o compromisso emocional e subjetivo dos usu-
Nessa visão, considera-se que há um mal- ários para com essas atividades, o que, de fato,
-estar difuso que acomete as pessoas na contem- sugere que há transformações significativas no
poraneidade, fazendo com que elas se comuni- modo de presença e no sentido que os indivíduos
quem e compartilhem o que expõem nas redes atribuem às suas atividades no mundo contempo-
sociais na procura de uma suposta realização râneo. Sendo assim, esse novo modo de presença
plena das necessidades humanas. Segundo Gó- e de interação entre sujeitos do mundo contem-
mez e González (2008), esse sentimento termina porâneo é o que suscita ainda mais inquietudes.
por concretizar-se em uma celebração do inútil, Seguindo essa linha de concentração, mas
do frívolo e do que é superficial. Diante dessa as- com um viés distinto, há pesquisas que abordam
serção, podemos reiterar que, nessa concepção, a expressão ou a estetização de si nas redes so-
parece que as transações entre indivíduos conec- ciais como um fator prevalente em relação à pro-
tados por redes sociais em escala global se redu- dução subjetiva. Com base nos postulados teóri-
zem ao supérfluo, ao consumismo, ao hedonis- cos de Turkle (1989) referentes à possibilidade
mo ou até mesmo a uma decaída da essência da de criação de um eu digital, as pesquisas sobre
vida e das relações humanas, como bem postula esse modo de expressão se desenvolveram bus-
Bauman (2001) com seus conceitos de fluidez e cando apreender como as pessoas se apropriam
de vida para o consumo. Contudo, ao restringir dos recursos e dos dispositivos existentes na in-
a nossa visão sobre o fenômeno dessa maneira, ternet e, sobretudo, nas redes sociais, para elabo-
estaríamos desconsiderando o fato de que as rar uma suposta recriação de si mesmas nesses
pessoas não somente interagem e mantêm con- ambientes. Segundo Turkle (1997, 2011), a in-
tatos, mas também reencontram antigos amigos serção no chamado mundo virtual não altera so-
pelas redes ligadas à internet, formam grupos de mente as relações interpessoais, mas também a
discussão e de encontros, reforçam o seu capital forma como se é. Nesta perspectiva, propende-se
social (Ellison et al., 2007), divulgam seus tra- a depositar, cada vez mais, os próprios anseios
balhos, expressam-se e buscam saber quem são e frustrações nas novas tecnologias e no mundo
elas mesmas por meio das redes sociais (Rosa & virtual e menos em si mesmo, no entorno e no
Santos, 2014a), entre outras características que próximo. Ao retornar desse mundo sedutor da
demonstram que esse fenômeno é mais amplo do tela dos computadores e dos celulares, os indi-
que aparenta ser. Sendo assim, torna-se necessá- víduos se tornam mais inseguros nas relações in-
rio revisar se essas atividades são realmente su- terpessoais e limitados em se sentirem plenos ao
pérfluas, ilusórias e consumistas ou se elas con- estarem em um ambiente ou em outro. Para a au-
têm ainda outros componentes não observados. tora, as pessoas expõem somente determinados
Embora esta crítica traga à baila uma su- aspectos de suas identidades nesses ambientes
posta lacuna existente nessa linha de desenvol- virtuais, o que torna a integração desses aspec-
vimento teórico, a referência a esses estudos tos problemática devido a que tais aspectos não
pode assinalar que, na área de concentração se encontram totalmente plasmados nem em um
das pesquisas que enfatiza a dimensão do con- ambiente, nem no outro, mas, sim, entre ambos.
sumo como potencial causador de repercussões Com base nos postulados teóricos de Turk-
na subjetividade dos usuários, destacam-se dois le (1989, 1997, 2011) referentes à possibilidade
indicadores relevantes: um que ressalta as reper- de criação de um suposto eu digital, avalia-se
cussões consideradas negativas das redes na sub- que as pesquisas sobre esse modo de expressão
jetividade contemporânea, as quais são descritas se desenvolveram buscando apreender como as
tanto por meio de ilusões geradas pela exposição pessoas se apropriam dos recursos e dos dispo-
da vida íntima e do consumo por escolhas, como sitivos existentes na internet e, sobretudo, nas
pela perda nas relações humanas ocasionada redes sociais para elaborarem uma suposta re-
Repercussões das Redes Sociais na Subjetividade de Usuários: Uma Revisão Crítica 921
da Literatura.

criação de si mesmas nesses ambientes. Nesta novas formas de ser e até de construir novas
perspectiva encontram-se, sobretudo, estudiosos identidades nos ambientes virtuais da internet e
oriundos da Psicologia, da Sociologia e da Co- em sites de redes sociais.
municação Social. Para descrever e analisar esse Nesse contexto, Corredor, Pizón e Gerrero
fenômeno, são utilizadas, por vezes, expressões (2011) salientam que estamos diante de uma cul-
como expressão de si mesmo (self expression), tura global cujo descentramento das instituições,
apresentação de si mesmo (self presentation), do si mesmo e dos sentidos de comunidade tem
estetização do self, além da categoria de análise sido um dos efeitos da globalização e da migra-
identidade. ção da interação cotidiana para os espaços vir-
No Brasil, os trabalhos de Nicolaci-da-Cos- tuais. Esses autores destacam, como resultado,
ta (1998, 2005a) e de Recuero (2008, 2009) ti- a existência de um mundo sem centro no qual
veram grande influência no meio acadêmico por ocorre a construção de identidades em meio a
demonstrarem, respectivamente: que a expres- complexas negociações estratégicas que as pes-
são de si mesmo em dispositivos como as redes soas efetuam para dar coerência à experiência de
sociais e os desdobramentos procedentes dessa si e para construir um sentido de comunidade.
forma de se expressar podem, de fato, ocasionar Carrera (2012), por seu turno, complementa essa
efeitos na subjetividade dos participantes; que noção ao apontar a utilização de fotos como uma
a apropriação e a elaboração pessoal desses es- maneira de, mediante a corroboração ou a ratifi-
paços virtuais (fotologs e redes sociais) operam cação das pessoas que as visualizam e comentam,
como uma produção subjetiva análoga aos diá- dar sentido às identidades e às atividades. Se se
rios íntimos, produção essa que adquiriu novas pensar em um mundo descentralizado, tal como
configuração e proporção na atualidade. Com apontam Carrera (2012) e Corredor et al. (2011),
base em uma visão considerada mais positiva em poder-se-ia conjecturar que a maioria dos usuá-
relação a esse fenômeno, a produção acadêmica rios interage com outras pessoas provenientes de
cresceu em busca de uma compreensão de como outras cidades e de outros países no cotidiano.
essa suposta criação do eu digital, essa expres- Embora isso seja possível e ocorra apenas entre
são ou estetização do self pode ser vivenciada alguns usuários, não se pode deixar de repensar
subjetivamente pelos usuários das redes sociais essa questão, pois a experiência demonstra que
da internet. a interação cotidiana em redes sociais também
De pronto, surgiram algumas controvér- tende a ocorrer entre grupos restritos, como o
sias a respeito de como se dão essa criação do grupo de amigos, o que sugere, de certa forma, a
eu digital e suas possíveis consequências. Uma circunspecção dessa interação a um limite, mas
primeira concepção é a de que, ao expor-se e in- não inviabiliza que os usuários o ultrapassem.
teragir nas redes, os usuários tendem a estetizar Não obstante essa provocação e retoman-
ou a elaborar uma configuração identitária que do os resultados obtidos pelos autores men-
se aproxime das características de identidade al- cionados, principalmente por Carrera (2012),
mejadas ou socialmente desejadas (Salimkhan, corrobora-se que essa modalidade de fazer-se
Manago, & Greenfield, 2010; Zhao et al., 2008). presente nas redes sociais servindo-se de fotos
Uma segunda vertente ou linha de pensamento e de postagens tem, como matéria-prima, o ha-
deriva dessa primeira e enfatiza a ideia de que bitus comunicacional e interacional hodierno,
a elaboração de perfis e de seus correlatos equi- que é influenciado pela utilização dos diferentes
vale a um exercício e a uma experimentação de recursos e dispositivos presentes nesses ambien-
si mesmo no ambiente virtual e, portanto, reflete tes. Neste ponto, pode-se enfatizar o antagonis-
características próprias das identidades dos usu- mo e, ao mesmo tempo, o entrecruzamento das
ários (Fonseca, 2010; Neves & Portugal, 2011). perspectivas da expressão e da estetização do
Sob este último ponto de vista, pressupõe-se que self dos usuários que, por um lado, enfatizam a
os usuários buscam, nos recursos e nos dispo- influência do mercado e do consumo como fato-
sitivos tecnológicos, um modo de experimentar res alienantes e que, pelo outro lado, destacam
922 Rosa, G. A. M., Santos, B. R.

a expressão, a experimentação ou a estetização ários observam o que ocorre alhures como teles-
do self como aspectos relevantes para a produ- pectadores anônimos ou como observadores não
ção subjetiva de sentidos na contemporaneida- participantes. Um exemplo ilustre para esse mo-
de. Do resultado dessas correntes divergentes e, vimento oposto é o do resultado obtido no estudo
ao mesmo tempo, complementares emerge, por realizado por Chou e Edge (2012). Eles detec-
conseguinte, um novo olhar que dá lugar ao ou- taram que determinados usuários observavam e
tro como legitimador do que se posta nas redes percebiam os demais pelo Facebook como mais
sociais. Os usuários estariam, então, imersos em felizes que eles próprios. Sendo assim, podemos
um meio influenciado pelo mercado, no qual eles assinalar que essas forças opostas confluem para
possuem uma suposta liberdade para se expres- a expressão de si mesmo ou das identidades dos
sar e estetizar o self ou a si mesmos mediante usuários e, ao mesmo tempo, para a interação e
o uso dos recursos e dos dispositivos presentes a observação que se estabelecem com os demais
na rede. Simultaneamente, estariam sujeitos ao utilizadores das redes, conformando-se em um
crivo dos outros usuários que se conectam e in- movimento dialético entre o par identidade-alte-
teragem pelas redes sociais. ridade, que se expressa em meio a postagens, a
Com efeito, essa maneira de interagir passou fotos, a comentários e a compartilhamentos.
a ser vista entre pesquisadores como uma forma
de buscar legitimação do que se pensa, do que se A Negociação de Identidades
sente e do que se declara como sendo identida- nas Redes Sociais
de própria com base na opinião do outro (Rosa
& Santos, 2013). Entretanto, Twenge, Konrath, Rosa e Santos (2013), partindo desses pres-
Foster, Campbell e Blushman (2008) apontam supostos, postulam que há um processo de nego-
um incremento de tendências narcisistas entre ciação de identidades nos sites de redes sociais
usuários, em que pese a função social e utilitária que ocorre com base na seleção de traços e de ca-
de sites como o Facebook, o que se contrapõe à racterísticas de identidades expostas ou ocultas
tese de que as opiniões alheias seriam uma forma por meio da exposição de preferências culturais.
preponderante de definir identidades e de buscar Neste ponto de vista, esse processo de expressão
legitimação por parte do outro. Nesta visão, a re- ou de estetização de si mesmo advém de maneira
lação com o outro se reproduziria de forma ima- recíproca entre os utilizadores que, dependendo
ginária por meio da elaboração do perfil e das das pessoas com quem interagem, tendem a ex-
postagens, constituindo-se como uma relação por ou não determinados traços e características
mais do sujeito consigo mesmo do que dele com próprias. Assim, para os autores, os usuários se
o outro. A despeito da evidente presença des- manifestam posicionando-se diante de fatos, de
se incremento das tendências narcisistas, Paiva versões, de pessoas e de grupos na medida em
(2012) assevera que há uma congruência entre que esses posicionamentos possam proporcionar
o narcisismo e a cultura do compartilhamento, algum tipo de benefício para os sujeitos envol-
o que torna essa forma de se fazer presente e de vidos nas interações. Essas manifestações, por
interagir nas redes uma maneira não apenas nar- um lado, revelam o que os participantes sentem,
císica, mas viabilizadora de uma discussão ainda pensam e desejam, contudo, por outro, dissimu-
mais complexa. lam o que ocorre por detrás das interações.
Em meio a essas concepções opostas, é Em decorrência desse fenômeno e da conti-
sensato inferir que, embora haja uma tendência nuidade das relações interpessoais no ambiente
narcísica de se fazer presente nas redes sociais, virtual das redes e na vida fora destas, os usuá-
de vislumbrar o universo de possibilidades de rios podem ter, segundo Rosa e Santos (2013),
exibicionismo e de estetização do self nesses re- sentimentos positivos e negativos, tais como: se-
cintos, também é recorrente o uso dessas redes gurança – por estabelecer e manter contatos com
para observar, de forma voyeurística, as fotos, as outras pessoas a distância e também por arma-
postagens e as interações alheias. Isto é, os usu- zenar dados e registrar atividades –; satisfação e
Repercussões das Redes Sociais na Subjetividade de Usuários: Uma Revisão Crítica 923
da Literatura.

felicidade – por se expressar e receber feedbacks interagem diariamente e intercambiam informa-


a respeito do que posta –; vergonha ou medo – ções e opiniões, gostos e preferências. Todavia,
de se expor, da violência e de possíveis contra- em que pese a evidência de possíveis repercus-
dições entre o que é visto nas redes e fora delas sões negativas desse fenômeno na produção sub-
– (Rosa & Santos, 2014b); ciúmes, inveja e raiva jetiva, tais como o senso de exclusão e de discri-
– pelo que se vê em relação a si e aos demais. minação e os sentimentos de dilaceramento ou
Os autores mencionados reiteram, contudo, de fragmentação, ainda não está claro se essas
que ainda não há maiores evidências das possí- seriam as únicas repercussões e se elas trariam
veis repercussões desse processo de negociação algo de novo à subjetividade de cada usuário das
de identidades na subjetividade dos usuários das redes sociais, uma vez que se pode questionar se
redes sociais. Entretanto, como possíveis conse- tais reflexos seriam somente uma intensificação
quências negativas, sugerem duas possibilida- do que havia antes.
des. A primeira é o sentimento de dilaceramento Como resultado da revisão crítica da biblio-
que envolve uma situação paradoxal entre o que grafia aqui realizada, concluímos que a literatu-
o indivíduo é e o que deseja ser. A segunda é o ra especializada abrange, de forma limitada, as
sentimento de despedaçamento, pois a possibili- questões norteadoras do presente trabalho. No
dade de sentir-se fragmentado existe devido ao entanto, entre os indicadores mais expressivos
resultado de múltiplas representações e de múlti- das possíveis repercussões das redes na produ-
plos contatos com diversos universos subjetivos ção subjetiva de seus usuários destacamos, pri-
que independem dos critérios de tempo e de es- meiramente, o sentido de canal libertador, a su-
paço e das tradições que geram sentidos para as posta necessidade de navegar, de se comunicar
identidades dos indivíduos (Giddens, 2002). e também de utilizar esses dispositivos com fins
De fato, tal como apontam as pesquisas, sexuais. Em segundo lugar, o senso de comuni-
pode-se concluir que os resultados dessa moda- dade, que deriva em sentidos como o de pertença
lidade peculiar de expressão e de interação apre- ou de colaboração e de confiança que possivel-
sentam implicações no que se refere à produção mente há entre os usuários. Em terceiro lugar, a
subjetiva contemporânea. Isto é, uma vez que a expressão ou a estética do si mesmo ou do self,
continuidade entre o que ocorre nas redes sociais que se manifesta na difusão de gostos e de pre-
e fora delas estabelece-se no dia a dia e a produ- ferências culturais e na elaboração de perfis, em
ção subjetiva torna-se descentralizada e tramada meio a um processo de negociação de identida-
em redes, as pessoas ampliam o alcance de seus des que pode culminar tanto no incremento de
universos intersubjetivos e a produção de senti- tendências narcísicas e voyeurísticas, como na
dos. Consequentemente, os usuários encontram intensificação da busca pela legitimação e pelo
recursos que podem enaltecer tendências narcí- reconhecimento por parte do outro ou em senti-
sicas e até voyeurísticas, mas buscam também mentos adversos, como o de dilaceramento e de
uma legitimação por parte do outro e um sentido despedaçamento. Por último, outra repercussão
para suas identidades e para as atividades que previsível na subjetividade dos usuários é aquela
realizam. Porém, ainda não está claro o que há derivada da ampliação do universo intersubjeti-
de novo nas possíveis repercussões derivadas da vo e do contato com culturas distantes geografi-
ampliação desse universo intersubjetivo. camente.
Nesse contexto e com base no pressuposto
do senso de comunidade em redes gerado entre Considerações Finais
os chamados mundos real e virtual, percebe-se
que os sentidos engendrados nessas interações Os resultados evidenciados até o presente
podem variar e que os sentimentos subsequentes momento iluminam o caminho promissor para
podem ser bons e ruins, conforme a percepção o desenvolvimento de futuras pesquisas. No
que cada pessoa tenha dessa dinâmica que se es- entanto, as perguntas norteadoras deste artigo
tabelece entre o usuário e seus pares, com quem permanecem em aberto. A predominância de
924 Rosa, G. A. M., Santos, B. R.

estudos que ressaltam resultados negativos e até Um segundo desafio pode ser o da compre-
positivos da utilização das redes sociais tende a ensão mais abrangente de como essa ampliação
enclausurar o advento de novas possibilidades da relação intersubjetiva é percebida por usuá-
interpretativas, limitando o alcance das pesqui- rios de diferentes faixas etárias, gêneros, etnias,
sas e a compreensão de como esse fenômeno é nacionalidades e níveis socioeconômicos. Como
realmente vivenciado pelos usuários, o que re- resultado, mais estudos comparativos das per-
sulta em um ponto cego no que se refere à reper- cepções desses usuários podem fornecer subsí-
cussão das redes sociais na produção subjetiva dios para se repensar a produção subjetiva em um
contemporânea. mundo no qual as redes sociais perpassam gran-
Com base nessas evidências, torna-se, por- de parte das atividades das pessoas que coabitam
tanto, imprescindível explorar ainda mais as os conglomerados urbanos, os meios rurais e as
possíveis repercussões do fenômeno das redes populações mais isoladas. Tanto a comparação
sociais da internet na subjetividade do homem entre a opinião de duas gerações – a das pesso-
contemporâneo para que possamos compreender as que já nasceram em tempos de redes sociais
melhor os sentidos que emergem das interações e daquelas que, de certa forma, adaptaram-se e
entre usuários conectados em redes em uma es- passaram a utilizá-las –, quanto a observação das
cala global. Embora se tenha observado algu- pessoas que utilizam redes sociais com fins es-
mas incidências dessas redes no que se refere ao pecíficos, como, por exemplo, para o trabalho,
comportamento, aos sentimentos e aos sentidos para o entretenimento e relacionamentos anôni-
atribuídos pelos usuários às atividades realiza- mos, como é o caso dos chamados perfis fakes
das nesses ambientes, demonstraram-se, ao lon- (falsos), podem fornecer dados importantes para
go do texto, algumas lacunas que precisam ser análises.
preenchidas para que se avance pelo próspero Por último, o elevado nível de informação
caminho virtual. e a utilização de recursos e de dispositivos para
Tendo em vista a possibilidade de que esses se expressar e interagir nas redes sociais po-
indicadores contribuam para a atuação em dife- dem repercutir não somente na subjetividade,
rentes âmbitos, tais como o clínico, o social e o mas também no desenvolvimento dos processos
educacional, um primeiro desafio é o de analisar cognitivos do usuário. Este último aspecto, não
ainda mais como se dá essa relação entre o eu e abordado neste artigo, pode ser mais uma pos-
o outro, entre o que é alteridade e identidade nas sibilidade de convergência em pesquisas que,
vivências dos usuários das redes virtuais. Consi- imersas nesse amplo campo de investigação, po-
derando ainda que há um processo de negocia- dem contribuir para o avanço do conhecimento
ção de identidades em um meio onde existem e para a articulação entre a teoria e a prática em
certa liberdade de expressão e enorme profusão diferentes âmbitos. Considerando a exacerbada
de referenciais socioculturais, ademais da influ- utilização de celulares, de microcomputadores e
ência do mercado e da conformação de diferen- de tablets que comportam esses aplicativos, esse
tes grupos, torna-se relevante apreender melhor pode ser também mais um caminho.
como essa aproximação entre indivíduos distan-
tes fisicamente é sentida e como a continuidade Referências
entre dentro e fora das redes passa a ser elabora-
da subjetivamente por esses usuários que expres- Baudrillard, J. (1999). Tela total: Mito-ironias da era
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Recebido: 17/07/2014
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