É SEMPRE BATALHA, TAMBÉM DEPOIS DAS ELEIÇÕES

Passaram as eleições e continua a batalha para afirmar o que nos apaixona na vida, o
que nos dá sentido e gosto. Nesta campanha, tivemos momentos de grande intensidade
para afirmar o valor da vida, da liberdade, da família, do ensino, de tudo o que é
importante para o nosso povo. Toda esta luta seria vã se não fosse para afirmar o que
nos é mais caro: o abraço gratuito que recebemos pelo Mistério que se fez homem e
caminha conosco, suscitando continuamente o desejo do bem para todos.

A batalha continua porque é sempre tempo de reconhecer e reafirmar simplesmente a

Sua presença e não apenas os valores que Ele e a Igreja trouxeram ao mundo. Esta é a
batalha mais apaixonante que não termina e que muitos querem eliminar do contexto da
vida pública. O Papa Bento XVI o lembrou aos Bispos brasileiros e a todos nós:
“Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o
exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias
políticas (cf. GS, 76)”. De fato, o que está em jogo não é só a questão do aborto, mas a
inteira visão da nossa vida.

A política serve para defender a presença pública da nossa fé e das obras sociais e
educativas que constroem uma sociedade mais justa e humana. O Estado deve respeitar
os vários credos e subsidiar as obras que nascem das iniciativas sociais, particularmente
aquelas em prol dos mais necessitados. Continuaremos a lutar para espaços sempre
maiores de liberdade e de dignidade para todos, a começar da defesa da vida dos
nascituros.

Isso não é óbvio porque diante do poder ficamos como que anestesiados e paralisados, a
não ser que algo perturbe os equilíbrios estabelecidos, como aconteceu a partir do final
do 1º turno destas eleições presidenciais, quando a questão da vida ocupou o centro das
atenções. De fato, mesmo com todos os índices de crescimento econômico, estamos
diante de uma profunda crise do humano. Nesta hora somos chamados a dar uma
resposta, não apenas defendendo os valores cristãos, mas vivendo esta circunstância
como uma oportunidade de mostrar o cristianismo como resposta às exigências
elementares do coração.

Temos um sinal concreto que pode nos ajudar agora a entender a batalha na qual
estamos engajados: Marcos Zerbini foi eleito Deputado Estadual em São Paulo com
85.678 votos, e outros candidatos amigos que se envolveram nesta batalha. É um
exemplo de como Cristo muda as pessoas e as torna protagonistas em tudo, inclusive na
vida política. Unidos a pessoas assim, é possível continuar a batalha e trabalhar
promovendo o encontro entre quantos desejam a construção do bem comum.

Dom Filippo Santoro

(Novembro/2010)