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1.

INTRODUÇAO

A educação inclusiva surge da necessidade de romper os paradigmas da


intolerância e preconceitos com as pessoas que possuem necessidades especiais. Incluí-
los não é apenas garantir a permanência em uma sala de aula comum, é necessário
propiciar suporte pedagógico, além de um ambiente lúdico, sadio e acolhedor.
A atual política educacional brasileira, no que tange às diretrizes
para a educação especial, enfatiza a inclusão dos alunos com
necessidades educacionais especiais nas classes comuns, na
perspectiva de abolir as práticas segregacionistas que vêm
norteando a educação desses alunos. Entretanto, no que tange à
educação básica no ensino público e privado, a educação
inclusiva tem representado um desafio (BRASIL, 2006).

Lima (2006, p. 27), afirma que:


A forma como a sociedade interage com as pessoas com
deficiência se modificou e vem se transformando ao longo da
história [...]. Somente com a modificação da sociedade,
propiciada pela interação com as pessoas com deficiência, é que
se pode vislumbrar uma sociedade mais fraterna e cooperativa.

Assim, a educação inclusiva trata-se de uma educação em que a escola se


adapta ao indivíduo que se busca incluir e não o contrário. Além de ser um importante
fator para o relacionamento social e desenvolvimento das habilidades de todos os
educandos que a contemplam.
Ao falar em educação inclusiva com enfoque no Transtorno do Espectro
Autista (TEA), não se aborda apenas um mero desejo, mas um direito do autista e de
seus familiares e um dever da escola, como assegura a fundamentação legal que visa
trazer ao conhecimento os exercícios legais que tratam sobre as políticas públicas da
educação inclusiva com enfoque no exercício da inclusão na rede regular de ensino.
Aos alunos, é dever do Estado oferecer escolas com recursos especializados,
profissionais multidisciplinares para oferecerem um ambiente educacional mais
humanizado, com professores capacitados, aptos a lidarem com as mais diversas
situações. Porém é necessária a participação de todos neste processo, principalmente da
família, pois esta será a base para a criança que tenha alguma necessidade especial de
ensino. A escola tem o papel de criar um ambiente formativo e compete a família apoiá-
la transmitindo valores morais.
Compete aos educadores, além de aprender a adaptar o planejamento e os
procedimentos de ensino, olharem para as habilidades e competências dos alunos, e não
apenas para suas limitações. Destacando-se a importância de que as formações inicial e
continuada estejam conectadas ao cotidiano escolar.
O presente trabalho tem por objetivo analisar o processo de inclusão do aluno
público alvo da educação especial (PAEE) e, assim, refletir sobre a importância das
práticas pedagógicas inclusivas na escola.

2. O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA

O Manual de Transtornos Mentais - DSM-5 (2013), o qual tem expressiva


importância nos parâmetros clínicos dos diagnósticos de transtornos neuropsiquiátricos
em todo o mundo, descreve o autismo como, em geral, um distúrbio de
desenvolvimento que leva a severos comprometimentos de comunicação social e
comportamentos restritivos e repetitivos que tipicamente se iniciam nos primeiros anos
de vida.
A Lei Nº 12.764, de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, em seu § 1º
considera a pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome
clínica caracterizada na forma dos incisos I ou II:
I deficiência persistente e clinicamente significativa da
comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência
marcada de comunicação verbal e não verbal usada para
interação social; ausência de reciprocidade social; falência em
desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de
desenvolvimento;
II padrões restritivos e repetitivos de comportamentos,
interesses e atividades, manifestados por comportamentos
motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos
sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de
comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos
(BRASIL, 2012).

Estudos apontam o autismo como uma condição permanente, ou seja, a criança


que nasce com autismo se torna um adulto com autismo.
Este transtorno pode ser associado com deficiência intelectual, dificuldades de
coordenação motora e de atenção, podendo manifestar outras condições como a
síndrome de déficit de atenção e hiperatividade, dislexia ou dispraxia.
Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldades de aprendizagem em
diversos estágios da vida, desde estudar na escola, até aprender atividades da vida
diária, como, por exemplo, tomar banho ou preparar a própria refeição. Algumas
poderão levar uma vida relativamente “normal”, enquanto outras poderão precisar de
apoio especializado ao longo de toda a vida.

3. A ESCOLA INCLUSIVA

O direito de acesso ao ensino é um exercício de cidadania assegurado pelo


decreto Nº 6.094, de abril de 2007, que “dispõe sobre a implementação do Plano de
Metas Compromisso Todos pela Educação, pela União Federal, em regime de
colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das famílias e
da comunidade, mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando
a mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica” (BRASIL, 2007).
Onde, o cidadão independente de sua condição física, psicológica, moral, econômica e
social tem o direito assegurado de usufruir os espaços municipais, estaduais e federais
de educação. Ou seja, “garantir o acesso e permanência das pessoas com necessidades
educacionais especiais nas classes comuns do ensino regular, fortalecendo a inclusão
educacional nas escolas públicas” (BRASIL, 2007).
Entende-se por educação inclusiva uma concepção de ensino contemporânea
que tem como objetivo garantir o direito de todos à educação. Pressupondo a igualdade
de oportunidades e a valorização das diferenças humanas, o que implica na
transformação da cultura, das práticas e das políticas vigentes na escola e nos sistemas
de ensino, de modo a garantir o acesso, a participação e a aprendizagem de todos.
A prática inclusiva dos alunos com deficiência nas classes comuns das escolas
regulares é desafiadora e gera muitas dúvidas para pais, profissionais da educação e à
própria sociedade. No entanto, a Declaração de Salamanca, (1994), assegura que:
A educação de alunos com necessidades educativas especiais
incorpora os princípios já comprovados de uma pedagogia
saudável da qual todas as crianças podem se beneficiar,
assumindo que as diferenças humanas são normais e que a
aprendizagem deve ser adaptada às necessidades da criança, em
vez de esta a ter de se adaptar a concepções predeterminadas,
relativamente ao ritmo e à natureza do processo educativo”
(p.7).
A inclusão para realmente fazer jus à palavra dita, precisa acompanhar uma
preparação tanto do próprio professor quanto da escola, que é de grande importância
para o desenvolvimento da criança, pois não é o indivíduo autista que deve adaptar-se
ao ambiente, mas sim o ambiente que deve ser adaptado e receber a educação inclusiva,
pois existem leis que determinam esta afirmação.
Não se pode pensar em inclusão escolar, sem penar em um ambiente inclusivo.
O ambiente escolar que recebe esses alunos, ao matricular, deve garantir toda a
preparação de profissionais e estrutura escolar, para que os mesmos sejam aceitos e
atendidos conforme todo o processo inclusivo propõe, abandonando os atos que
segregam os indivíduos autistas, pois tais atos em nada ajudam, só vem a prejudicar.
Os sistemas de ensino devem organizar as condições de acesso aos espaços,
aos recursos pedagógicos e à comunicação que favoreçam a promoção da aprendizagem
e a valorização das diferenças, de forma a atender as necessidades educacionais de todos
os alunos (Brasil, 2017).
O projeto pedagógico da escola deve direcionar as ações do professor, o qual
terá que e assumir o compromisso com a diversidade e com a equalização de
oportunidades, privilegiando a colaboração e a cooperação.
Ramos e Faria, (2011), descreve que:
Cabe a educação especial, entendida como um processo
educacional, definida por uma proposta pedagógica, que
assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados
institucionalmente, apoiar, complementar, suplementar, e em
alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns de
modo a garantir a educação escolar e promover o
desenvolvimento das potencialidades dos educandos que
apresentem necessidades educacionais especiais em todas as
etapas e modalidades da educação (p.79).

Mudanças no sistema educacional brasileiro garantem o respeito a diversidade,


permitindo a convivência e a aprendizagem de todos. Evidenciando os esforços dos
educadores em ensinar toda a turma o que representa um conjunto valioso de
experiências.

4. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

Em termos legais, três documentos alicerçam a inclusão das pessoas com TEA
no ensino regular de ensino:
Primeiramente, ressalta-se a Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, que inclui esse alunado como público-alvo da
educação especial (Brasil, 2008).
Em seguida, assinala-se a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista que, dentre suas diretrizes, trata do incentivo à
formação e capacitação de profissionais especializados no atendimento a essa
população, bem como o acesso a educação e ao ensino profissionalizante (Brasil, 2012).
Por fim, destaca-se a Nota Técnica Nº 24/2013, emitida pelo Ministério de
Educação, que orienta os sistemas de ensino a efetivarem ações para a inclusão da
pessoa com TEA (Brasil, 2013).
Contudo, a existência desse conjunto de leis, que atuam como agentes
reguladores que garantem o acesso de pessoas com autismo e outras deficiências à
educação, não assegura que os educadores saibam auxilia-los no seu processo
educativo. Este fenômeno se depara com a realidade precária do educador na forma de
condução do processo educativo, para que o direito a ter educação seja cumprido
satisfatoriamente.

5. HABILIDADES PROFISSIONAIS

O professor, como organizador da sala de aula, guia e orienta as atividades dos


alunos durante o processo de aprendizagem para aquisição dos saberes e competências.
É seu papel intervir nas atividades que o aluno ainda não tem autonomia para
desenvolver sozinho, ajudando o estudante a se sentir capaz de realizá-las. É com essa
dinâmica que o professor seleciona procedimentos de ensino e de apoio para
compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos.

6. O PAPEL DA FAMÍLIA

Professores e diretores não podem promover a inclusão de uma criança com


necessidades educacionais especiais sozinhos. A participação da família e da
comunidade, as quais podem contribuir para fortalecer e multiplicar as ações inclusivas.
Para esse sucesso, será de fundamental importância o envolvimento de todos.
Cabe aos pais acompanhar o desenvolvimento da criança, para isso é essencial
que oriente o aluno nas atividades, revisando o que foi feito em sala de aula. Além
disso, é importante que participem de reuniões da equipe escolar para planejar, adaptar
o currículo e compartilhar sucessos. Estar nas atividades extracurriculares e terem
acesso a treinamentos relevantes, como os serviços de apoio à família, pois nesta
interação escola/família, a Inclusão Escolar obterá muito mais êxitos.
Ressalto ainda, a importância de se valorizar as pequenas conquistas do seu
filho.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo a educação um direito de todos, assegurado constitucionalmente, incluir


um aluno com autismo vai além de oferecer vaga na escola, ou seja, ainda que o aluno
esteja matriculado e frequente a escola regular, esse fato, por si só, não garante o seu
desenvolvimento. Deve-se explorar todo seu potencial, proporcionando oportunidades
de desenvolvimento efetivo.
É sabido que muitas são as dificuldade e preconceitos à serem enfrentados, no
entanto, que com trabalho árduo, persistência conseguiremos mudar os rumos da
Educação Inclusiva no nosso País.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. A inclusão escolar de


alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência física. Brasília, DF, 2006.
Disponível em: < http://www.usjt.br/arq.urb/arquivos/abntnbr6023.pdf>. Acesso em: 24 abr.
2018.
LIMA, Priscila Augusta. Educação inclusiva e igualdade social. São Paulo: Avercamp, 2006.
176 p.
BRASIL. Lei N° 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional
de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e
altera o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. 2012.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. 1994. Disponível em:


<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf> Acesso em: 20 dez. 2017.

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