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Manual de Meditação – Lojong I

Manual de Meditação – Lojong I


O treinamento da mente em sete pontos de Atisha
Autor: Könckok Gyaltsen (1388-1469)
O treinamento da mente em sete pontos de Atisha
Namo Guru!

O supremo caminho de todos os Buddhas dos três tempos,


Lojong I

A união do amor e bondade, compaixão, e vaziedade,


Que equaliza eu e outros e troca felicidade por sofrimento –
À grande compassiva mente do despertar, eu presto homenagem.

Vaziedade, a equanimidade do eu e outros,


E a mente do despertar, que equaliza amigos e inimigos –
Aquele que gera essas duas obtém a iluminação.
Com não omissão e adições eu irei escrever sobre tudo isso de acordo com as palavras do meu professor.

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Aqui eu irei apresentar o seguinte:


O TREINAMENTO DA MENTE EM SETE PONTOS DE ATISHA
Uma menção da linhagem dos professores que KÖNCKOK
AUTOR: tem credibilidade e que foi
GYALTSEN retirada de fontes confiáveis
(1388-1469)
Meditação Guru Yoga para receber ensinamentos e inspirações
Cultivando amor e bondade para com os seres sencientes
Cultivando compaixão com os três exercícios yogicos.
Instituto Tashi Gyatso
Introdução às duas mentes – aspiracional e empenhada
Tomando os obstáculos como oda
Representantes caminho
House # 3 da Universidade e Mosteiro de Sera Jey da India, no Brasil.
Lojong I

Meditação unifocalizada em objetos de foco especial

1. Uma menção da linhagem dos professores que tem credibilidade e foi retirada de fontes confiáveis
Distribuição gratuita
Embora o mestre Atisha tivesse muitos professores, o seguinte ensinamento veio da transmissão na linhagem de: Vajradhara, Tilopa,
Naropa, Dombipa, mestre Atisha, Dzeng Wangchuck Gyaltsen, Potowa, Gya Chakriwa, Lha Chakriwa, Lhari Tsagyepa, Dakpo Lhajé,
Phakmo Drupa, Gya Gomriwa Shikpo, Gyakhar Ri, Rinchen Drakmarwa, Shang Drakarwa, Lama Könchok Jangchup Pal, Shönu Drak,
Lopön Shang, ele transmitiu para Sherap Sönam, este para Tsödru, este para Lopön Chuchok, este para Lopun Tsultrim Pal, este para
Buddharatna, este para Kirtisila, este para Chuje Gyalwa Sangpo, este para Chujé Sonam Rinchen, este para Shunu Gyalchok, e este para
F3 mim.
almofada de lótus. Do coração dele, raios de luz irradiam para todos aqueles de quem você recebeu ensinamentos. Eles são então atraídos e
absorvidos no coração do professor. Da mesma forma, atraía todos os professores da linhagem, a assembléia das deidades de meditação, os
Buddas e Bodhisattvas, todos eles se dissolvem no professor. Então ofereça o seu corpo, recursos materiais, e todas as virtudes dos três tempos
ao seu professor e cultive uma admiração fervorosa e reverência para com ele. Então faça a seguinte súplica intensamente: “Me abençoe para
que o amor e bondade, a compaixão, e a atitude extraordinária da mente do despertar surja em mim.”
2. Meditação Guru Yoga para receber ensinamentos e inspirações
Isso completa a sessão na Meditação Guru Yoga.
Enquanto gera o pensamento: “Eu cultivarei a mente do despertar para o benefício de todos os seres,” visualize seu professor sentado
numa almofada de lótus. Do coração dele, raios de luz irradiam para todos aqueles de quem você recebeu ensinamentos. Eles são então
atraídos e absorvidos no coração do professor. Da mesma forma, atraia todos os professores da linhagem, a assembléia das deidades de
meditação, os Buddhas e Bodhisattvas, todos eles se dissolvem no professor. Então ofereça o seu corpo, recursos materiais, e todas as
virtudes dos três tempos ao seu professor e cultive uma admiração fervorosa e reverência para com ele. Então faça a seguinte súplica
intensamente: “Abençoe-me para que o amor e bondade, a compaixão, e a atitude extraordinária da mente do despertar surjam em mim.”
Lojong I

Isso completa a sessão na Meditação Guru Yoga.

3. Cultivando amor e bondade para com os seres sencientes

Primeiro, visualize a sua mãe da vida real bem à sua frente e reflita: “A bondade dela para comigo vem sendo extremamente grandiosa.
Por exemplo, por oferecer o seu próprio corpo para me conceber, ela me colocou na categoria dos humanos. Enquanto eu estava no seu
ventre por 9 meses, quando o décimo estava se aproximando, ela manteve muitos pensamentos de amor e bondade para comigo. Com o
desejo ‘Que a minha criança nunca seja superada por ninguém’, ela fez todos os tipos de atividades para o meu bem – adivinhações foram
feitas, foram realizadas promessas, imagens sagradas foram construídas, oferendas de água foram feitas, e escrituras sagradas
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foram lidas. Em sua conduta, também, ela desistiu de tudo o que pudesse trazer algum mal a sua criança. Até mesmo quando eu era um
recém-nascido, tão pequeno quanto o tamanho de uma mão, um punhado de cabelos e rugas, tão frágil que se deixado sozinho por algum
momento – até mesmo na duração de um estalar de dedos – isto poderia ter sido fatal, ela me protegeu, sua criança, da morte. Ela me
colocou próximo ao seu corpo para me aquecer, limpou as minhas sujeiras com as suas mãos, mastigou os alimentos duros para mim, e
até mesmo limpou os corrimentos do meu nariz com a sua língua.
Ela tinha grande alegria comigo, então a sua criança cresceu formosa. Eu me tornei capaz de comer por mim mesmo e de chamar os
meus pais pelos seus nomes, e eu vagarosamente aprendi a andar. Ela me nutriu, sua criança, sem se preocupar com prazer, fama ou
fortuna. Ela me chamou de sua criança com nomes carinhosos; ela olhou para mim com olhos amorosos. Assim que eu, sua criança,
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comecei a ficar mais velho, ela me deu, sem nenhum sentimento de posse, tudo o que ela possuía, conseguido com esforço por pequenas
acumulações, que freqüentemente demandavam luta e também a produção de hostilidade para com os outros. Para o bem de sua criança,
ela suportou condições ruins e boas, inclusive reputações negativas. Se ela tivesse o poder de me fazer, sua criança, um monarca
universal, ela teria considerado até mesmo as melhores excelências dos reinos mundanos inadequadas. Ela teria considerado as
realizações supramundanas inadequadas mesmo se a sua criança fosse levada até o êxtase da plena iluminação. Dessa forma, ela me
nutriu, com amor, observou-me com olhos amorosos, e me chamou por nomes carinhosos e ternos. Ela me nutriu como se eu fosse um
pedaço de seu coração existindo fora do seu corpo. Ela me deu suas comidas, suas roupas, e suas posses, que ela poderia ter usado com
ela mesma. Dessa forma ela me tinha como mais querido do que ela mesma. Ela se preocupava comigo até mesmo quando eu estava
fora por um dia. Essa mãe tão bondosa, que me ajudou de tantas maneiras e lutou contra os prejuízos de tantas maneiras, por mim, tem
F5 sido, na verdade, uma grande corporificação da bondade.”:
Reflita dessa maneira até que lágrimas escorram pelos seus olhos e os pêlos dos poros do seu corpo se arrepiem.
Novamente reflita: “Como eu poderia beneficiar minha bondosa mãe? Como eu poderei fazê-la atingir a felicidade?” Estenda o mesmo
pensamento para os seus amigos praticantes, os membros da sua família, e então estenda esse pensamento mais além, para seus
vizinhos e para todos os seres sencientes que você nem mesmo viu. Então estenda a contemplação para os seres dos seis reinos aonde
quer que o espaço pervada. Se a força do seu amor-bondade for fraca, empenhe-se nesta contemplação individualmente para com os
seres das seis classes até que o amor-bondade para com eles surja. Foi dito no Sutra do Grande Nirvana:

Mesmo que você tenha que contar grãos do tamanho de uma noz kolasita
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A terra irá falhar ao medir a extensão das suas mães.


Uma vez que não vem ao caso contemplar alguém que não é uma mãe como sendo uma mãe, você deve praticar isso até que o
reconhecimento da mãe surja com intensidade perante todos os seres sencientes assim como acontece com sua mãe da vida real.

4. Cultivando compaixão com os três exercícios yogicos

Medite na compaixão através das três portas – seu corpo, sua fala e sua mente – e faça os exercícios do treinamento.
Os exercícios do treinamento da mente se referem a cultivar a compaixão até que esta surja para com os seres de cada uma das seis
F6 classes.

Começando pela primeira classe, os oito infernos quentes são os seguintes: o Revivendo, o Riscado negro, o Esmagando, o Afundando, o
Grande afundamento, o Quente, o Extremamente Quente, e o Sem Descanso. No primeiro há o calor das armas, enquanto nos demais
estão os sofrimentos como ser queimado dentro de uma casa de metal como num forno ardente com três paredes perimétricas.
Os oito infernos frios são os seguintes: o Congelante, o Congelante que estala, o Gritando Frio, o Tremor dos Dentes, o Murmurante, o
Dividindo-se como um Lírio D’água, o Dividindo-se como um Lótus, e o Dividindo-se como um Grande Lótus. Há imenso sofrimento nos
infernos frios. No que diz respeito ao tempo de vida e ao tamanho do corpo; contemple-os como descrito nas obras sobre o Abidharma e
no sutra de nome Fundamento da Atenção.
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Gere uma grande compaixão pelos seres-inferno como você faria pela sua mãe da vida-real e sinta “Como seria trágico se minhas mães
tivessem que passar por tais sofrimentos devido às suas acumulações passadas de karma negativo. Desejo intensamente que elas
possam ganhar a liberdade dos seus sofrimentos”. Reflita dessa forma até que as lágrimas fluam livremente.
Os exercícios do treinamento do corpo são estes: Coloque as duas palmas das mãos nas suas bochechas e seus cotovelos nas suas
coxas. Então, numa posição de agachamento, segure a sua cabeça para baixo e mantenha uma expressão de sobriedade. Então grite :
“Minha mãe, minha mãe!”. Esse é o exercício yogico da fala.
Da mesma forma, há fantasmas famintos cujos obscurecimentos externos não os permitem de ver comida e água com seus olhos por
muitos anos. Mesmo quando eles conseguem, eles vêem como sendo pus e sangue, ou como um monte de cinzas queimando, o que
torna impossível que eles comam. Aqueles com obscurecimentos internos têm um estômago tão vasto como uma planície, bocas tão
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pequenas quanto a cabeça de uma agulha, e gargantas e órgãos da finura de um canudinho. Comida pode dificilmente passar por suas
bocas, e mesmo quando isso acontece, ela não passa pela sua garganta. Quando os seus estômagos estão cheios, seus órgãos não
podem mais sustentá-lo. Dessa forma eles sofrem imensamente. Comida e água por si mesmos podem ser o obscurecimento. Como
resultado de comer e beber, por exemplo, fantasmas famintos, são consumidos por uma cadeia de cinzas úmidas incandescentes e por
bolas de metal incandescente, que os reduzem a cinzas. Pondere esses sofrimentos, e como antes, cultive a compaixão.
Animais que vivem na água, é dito que experienciam inconcebíveis formas de sofrimento. Aqueles que podemos ver sofrem, por exemplo,
por terem seus corpos penetrados por mãos, até mesmo depois de mortos. Pássaros e animais selvagens comem uns aos outros
enquanto vivos; no outono, as ovelhas e os carneiros são abatidos; e Mongóis e assim por diante caçam animais. Alguns animais têm que
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carregar peso muito além do que podem suportar; não querendo cavar, eles são forçados a puxar arados. Em adição, há os sofrimentos
imensos que vêm de ser ignorantes e confusos. Concentrando-se nessa realidade, cultive compaixão como antes.
Humanos têm o sofrimento do nascimento, envelhecimento, doença e morte. Eles têm dores em não encontrar aquilo que eles não têm,
sendo incapazes de proteger aquilo que eles têm, ser separados dos seus amados, e encontrar aqueles que lhes são hostis. Então há
também a dor imensurável da morte de um filho, do marido, da esposa, dos amigos, e dos seus líderes, todos eles tendo que
indispensavelmente se defrontar com palavras ofensivas e a hostilidade dos outros que os roubam da felicidade. Além disso, enquanto
vivos, humanos se empenham somente em ações negativas e dificilmente permitem o fluxo de pensamentos bondosos, até mesmo por um
único momento. Então, quando eles morrem, eles não vão para nenhum outro lugar além dos reinos inferiores. Pense: “Na verdade,
humanos são trágicos”, e como antes, cultive compaixão por eles.
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Reflita que os semi-deuses também têm sofrimentos imensuráveis, como as guerras, os conflitos, os homicídios, e a morte. E os deuses
também experienciam imensas dores quando observam os sinais da morte se aproximando: Eles sofrem por serem marginalizados por
seus amigos; e alguns deuses sofrem por terem apenas um simples alaúde como sua riqueza. Concentrando-se nesses seres, cultive a
compaixão como antes.
Para entender o tempo de vida dos deuses, o tamanho de seus corpos, e assim por diante, você deveria estudar as explicações nos textos
do Abhidharma.
Em resumo, contemple todos os seres como sendo suas bondosas mães e sinta compaixão por essas queridas mães que passam por
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tantos sofrimentos. Reflita: “Essas mães, minha mães, têm os olhos da inteligência cegos, suas pernas de meios habilidosos estão
quebradas; elas estão separadas de um professor espiritual, o guia para os cegos, e a elas também faltam boas companhias e amigos que
possam conectá-las ao Dharma. Que elas possam ser livres do sofrimento.” Contemple dessa maneira até que lágrimas corram
livremente.

5. Introdução às duas mentes – aspiração e empenho

Primeiro, a aspiração, com o seguinte: Qualquer tipo de doença ou desconforto que atinja o seu corpo, naquele tempo, faça a aspiração,
“Que todos os sofrimentos de todos os seres sencientes amadureçam na minha doença. Assim como o sofrimento de todos os seres
F9 sencientes amadurecem sobre mim, que todos os seres nunca mais nem mesmo ouçam o nome ‘sofrimento’. Então, qualquer felicidade,
bem estar, florescimento de atividades virtuosas, habilidade para direcionar a mente para ações positivas, e condições favoráveis para a
prática do treino da mente que você possua em relação a seu corpo, fala e mente, pense que eles são iguais ao êxtase e virtudes da plena
iluminação. Refletindo assim, pense, ‘Que todas essas minhas qualidades seja realizada nos outros. Que a felicidade e a virtude floresçam
para todos os seres sencientes”.
Segundo, o empenho, com o seguinte: Seres sencientes estão sofrendo grandes malefícios e também as suas causas. Portanto, como se
estivesse cortando tudo isso com uma lâmina afiada, mentalmente colete em um único gesto todos as suas doenças físicas, dores
mentais, aflições, ações negativas, e obscurecimentos. Inspirando através da narina esquerda, imagine que tudo entra em você e é
absorvido no centro do seu coração. Qualquer doença e sofrimentos que surjam, idealmente, (se puder, imagine que) eles também entram
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em seu coração, assim como feito anteriormente. Contemple dessa maneira com respeito a tudo, sem nenhuma exceção.
Qualquer benefício que os seres sencientes desfrutem vem ao seu termo imediato devido às condições favoráveis da prática espiritual e,
em termo último, devido ao êxtase das mentes plenamente iluminadas. Portanto, qualquer felicidade e virtudes que você talvez possua em
relação ao seu corpo, fala e mente, imagine-as (como se viessem), para o seu termo imediato, as condições favoráveis e, para o termo
último, o inconcebível êxtase das mentes plenamente iluminadas. Imagine que tudo isso, sem exceção, saí de você quando expira pela
narina direita e que tudo isso é realizado sobre os seres sencientes. Imagine que todos os seres sencientes desfrutam do bem-estar
temporário e último assim como o desenvolvimento das virtudes. As realizações da vaziedade e da compaixão, então são engendradas
neles, e imagine que todas as intenções negativas e hostilidades são pacificadas, diz o mestre.
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6. Tomando os obstáculos como o caminho

Em resumo, você deve reconhecer todas as condições que são adversas ao treinamento no Dharma – doenças, sofrimento, incidentes que
são contrários ao seu gostar, como ser injustamente acusado ou ridicularizado, ser o objeto de encantamentos ou feitiços, ser paralisado
por seus inimigos, ser estorvado por agentes malévolos, fracassar em obter as condições apropriadas, o surgimento forçado de aflições
dentro da sua mente, ser incapaz de direcionar a sua mente para assuntos espirituais, a diminuição da sua admiração e reverência para
com os professores e as Três Jóias, não ter entusiasmo para as práticas de meditação e atividades espirituais, ter a sua busca pela
natureza da mente roubada pelos falcões devido a pensamentos discursivos excessivos, o surgimento do desgosto, do descontentamento,
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da auto-importância, e as degenerações e infrações dos compromissos – como sendo maras (demônios interiores), pois eles são
obstáculos causados por maras. Pense: “Nessas horas eu preciso revigorar a qualidade da minha atenção,” cultive um amor-bondade
fervente, a compaixão, e a mente do despertar (bodhichitta) por todos os seres sencientes iguais a extensão do espaço até que lágrimas
fluam através dos seus olhos. Cultive esses pensamentos particularmente para com seus inimigos, as forças obstrutivas que lhe causam
prejuízos.
Então, com as forças renovadas, assuma os obstáculos que você experiencia como sendo os obstáculos e condições adversas de todos
os seres sencientes – desde aqueles experienciados pelos bodhisattvas até o nível dos seres sencientes dos infernos Avici – e conclua
decisivamente que os objetos dos quais você fez o “tomar” e todos os sofrimentos e fatores que foram “tomados”, são todos reflexos da
sua mente alucinada. Então posicione a mente naturalmente com serenidade nesta ausência de originação, cessação, e persistência.
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À medida que você repete esse processo e se empenha repetidamente na meditação, os obstáculos causados pelos maras e todos os
sofrimentos se tornam catalisadores para intensificação das suas atividades virtuosas. Você reconhecerá todos os obstáculos como sendo
inspirações e ensinamentos de seus professores e das Três Jóias, e a atenção nas verdadeiras averiguações surge das profundezas da
sua mente, diz o mestre. Quando isso acontecer, você irá aceitar os maus-presságios com fascinação, entendendo que maras são a
expansão da natureza, e adversidades surgem como fatores complementares. Dessa forma, o mestre diz, todas as suas percepções se
tornam aspectos do caminho. Quando essas coisas acontecerem, não se torne cheio de si; pois se você se tornar cheio de si, isso também
é um mara. Reconheça suas próprias virtudes e as virtudes do seu corpo e mente da maneira descrita anteriormente. Então,
decisivamente conclua que todas as aparências são sua própria mente, e através de todos os tempos tenha como sustentáculo a
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diligência.

7. Meditação unifocalizada em objetos de foco especial

Para isso, visualize as forças malévolas ou inimigos que lhe causam prejuízos. Qualquer espírito do mal que venha sendo hostil no
passado ou sendo uma força que perpetua o mal no presente, examine as aparências que assume, como aquelas nos sonhos, e as
alucinações que ele evoca, e reconheça-as naquilo que elas são (meras aparências à mente, sem nenhum traço de existência verdadeira).
Então invoque esse inimigo ou força malévola na sua presença e a visualize com atenção plena. Depois, visualize todas as classes de
espíritos malévolos que são prejudiciais e hostis aos seres sencientes, visualize também todos os seres das seis classes, e gere uma
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mente altruística pensando: “Todos os seres sencientes, e especificamente esses agentes do dano e do prejuízo, são minhas bondosas
mães. Eu irei diligentemente me empenhar para que elas sejam felizes e livres dos sofrimentos, e para o benefício delas eu irei atingir a

plena iluminação. Para o bem delas eu irei cultivar a mente do despertar (bodhichitta)”. Você deve então refletir, “Ela (os seres que causam
danos e prejuízos) é minha bondosa mãe; ela foi um dos meus familiares muitas vezes nas vidas anteriores, e portanto eu estou em dívida
para com ela. Por ter acumulado karma negativo nas vidas passadas, que infelicidade, minha bondosa mãe assumiu a existência nessa
forma. Baseada nessa forma de existência, ela se apegou a um “eu” quando na verdade não há nenhum “eu”; ela se apegou a uma
identidade (inerente) quando na verdade não há nenhuma. Com isso, hoje, ela tem feito só coisas danosas e prejudiciais para os seres
sencientes, então não há escapatória para ela dos grandes sofrimentos da existência cíclica (dos mesmos sofrimentos), e dos estados
inferiores em particular. Como tudo isso é profundamente triste!” Pense nela como sendo a sua mãe na vida real e, através da fala, chame-
a “Minha mãe!” cultivando uma poderosa compaixão até que lágrimas escorram livremente pelos seus olhos e os pêlos dos seus poros se
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arrepiem.
Em apenas um gesto, reúna sobre as indisposições e doenças que você tenha todas as doenças, indisposições e sofrimentos de todos os
seres sencientes, especialmente aquelas desse agente de prejuízo e dano, e imagine que todos eles se tornam um só com as suas
próprias doenças e indisposições, de forma que nada mais seja deixado neles. À medida que você vai dando a eles toda a felicidade e
virtudes de corpo, fala e mente, imagine que todas as intenções negativas deles e os pensamentos hostis são pacificados e que eles
geram a mente do despertar (bodhichitta) em seus corações. Faça essa meditação muitas vezes.
Novamente, contemple que todas as doenças e indisposições e possessões malévolas são como que bases para a bondade. Reflita: “Uma
vez que impulsionam as atividades virtuosas, eles são na verdade muito bondosos; eu me certificarei de nunca me separar deles, desde
agora até que eu atinja a plena iluminação.” Além disso, quando sofrimentos injustos se abaterem sobre o seu corpo e mente, não
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fique desanimado. Pense: “Durante esses períodos eu preciso revigorar a minha atenção” e reflita sobre os sofrimentos e as causas
imediatas do sofrimento de todos os seres sencientes, especialmente nos sofrimentos dos agentes de dano e prejuízo. Então reflita,
“Como é triste que esses seres, que como minha mãe, são fonte de grande bondade devam passar por tantos sofrimentos. Se eu não
tenho poder algum para libertá-los dos sofrimentos neste momento, então como eu poderei ajudá-los a se libertar de todos os
sofrimentos?”
Dessa forma, você deve se empenhar nos exercícios do treinamento da mente, contemplando o sofrimento de todos os seres sencientes.
O treinamento do corpo é o seguinte: Seu corpo está na posição de meditação, com palma da sua mão direita toque as maçãs do seu
rosto enquanto o cotovelo descansa sobre a coxa direita e contraia os músculos dentre as sobrancelhas como se fosse chorar. O
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treinamento da fala, você repete “Minha mãe!” como se fosse um mantra por 100 vezes, 1000 vezes e assim por diante.
Portanto, por cultivar amor-bondade, a compaixão surge incontrolavelmente. Você pode sentir como se fosse chorar e experienciar coisas
como pequenas pontadas no coração, e o que quer que você veja, ouça ou pense sobre os sofrimentos dos seres, a compaixão surgirá de
dentro naturalmente. Quando isso acontecer, imagine que todos os sofrimentos dos seres sencientes são removidos como por uma lâmina
afiada e que, quando você inspira, os sofrimentos entram pela sua narina esquerda e é absorvido em seu coração. Imagine que nem
mesmo um pequeno caso de sofrimento é deixado para trás para os seres sencientes. Repita esse processo constantemente quando
qualquer classe de aflições surgir em você. Coloque a sua mente no significado perfeito, a visão que é livre de “é” ou “não é”.
Como você incondicionalmente dá para todos os seres sencientes toda a sua felicidade e virtudes, imagine que as intenções danosas,
F14 prejudiciais e hostilidades de todos os seres são pacificadas. Como resultado, todas as doenças e possessões malévolas surgem como

fatores complementares. Essa prática, assim, traz inconcebíveis benefícios. Há muitas explicações de como, em curto prazo, todas as
doenças e possessões malévolas são naturalmente libertadas. Eu não irei descrevê-las aqui. Quaisquer atividades em que você se
empenhar, se elas forem sustentadas por esse treino da mente, se tornarão aspectos do caminho a plena iluminação, diz o mestre. Se
elas foram separadas desse treino, diz o mestre, então mesmo que você se empenhe nas repetições do mantra secreto
(Anutrayogatantra), eles não serão diferentes dos mantras recitados pelas tradições não-budistas indianas. Você deve também estudar e
consultar os sutras e os tratados do Grande Veículo (Mahayana).
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