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2º Ano, Turma G
CÉLESTIN FREINET
(1896 – 1966)
2.Dezembro.2009
ÍNDICE
Tema Página
1. Introdução 3
2. Biografia de Célestin Freinet 4
3. Princípios Pedagógicos 5
4. Pedagogia 7
5. Organização da sala 10
6. Técnicas Freinet 13
7. Conclusão 18
8. Referências Bibliográficas 19
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1. INTRODUÇÃO
3
2. BIOGRAFIA DE CÉLESTIN FREINET
4
3. PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS
A seu ver, a educação deve contribuir para que o ser humano aprenda a
conhecer-se, respeitar-se e desenvolver a sua personalidade e individualidade. Defen-
de uma pedagogia do bom senso, do trabalho e do êxito. A escola deve ter como cen-
tro de ensino-aprendizagem, o aluno, tendo em conta as suas necessidades, interes-
ses, despertando nele a sede de saber, a paixão pela descoberta e pela aquisição e
construção da cultura. Refere muitas vezes a experiência (situações ricas em estímu-
los) como a possibilidade que a criança tem para chegar ao conhecimento resultando
em aprendizagem e desenvolvimento do espírito crítico e de curiosidade.
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Autonomia
Educação
Expressão
pelo
Livre
Trabalho
Espírito Comunica-
Democrático ção
Cooperação
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4. PEDAGOGIA
« (…) o defeito principal da lição é ser dada pelo professor que sabe, ou pretende
saber, a alunos que se supõe que nada sabem. Não entra na cabeça de ninguém a
ideia de que a criança, com as suas próprias experiências e os seus conhecimentos
diversos e difusos, tem também alguma coisa para ensinar ao professor. Verifica-se
aqui um erro pedagógico (…)»
(Freinet, C.:1976:53)
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B. Pressupostos Pedagógicos
Natureza da Criança
1. A criança é da mesma natureza que o adulto;
A criança sente, sofre, procura e defende-se tal como nós, somente a ritmos
diferentes que provêm da sua ignorância e inexperiência. Quando castigamos uma
criança podemos pensar como nos sentiríamos se tivéssemos no seu lugar, e como
agíamos quando éramos como ela.
Reacções da Criança
8. Ninguém gosta de trabalhar sem objectivo, actuar como robot; quer dizer,
actuar, sujeitar-se a pensamentos inscritos em rotinas nas quais não participa.
Quando fazemos algo sem uma finalidade concreta, a realização dessa tarefa
torna-se muito mais fatigante. O mesmo se passa com as crianças, por exemplo: se
uma criança pedalar numa bicicleta estática, vai-se cansar depressa; no entanto, pode
ir até ao fim do mundo se for uma bicicleta que tenha rodas.
Técnicas Educativas
11. A via normal de aquisição não é unicamente a observação, a explicação e a
demonstração, processos essenciais da escola, mas a experiência tacteante, conduta
natural e universal.
A escola tradicional actua, exclusivamente, por meio de explicação; as expe-
riências, quando são realizadas, servem apenas como complemento da demonstra-
ção. Freinet defende sempre a grande importância das experiências tacteantes.
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19. As notas e as classificações constituem sempre um erro.
As notas são apreciações feitas por um adulto do trabalho da criança. Pode ser
válida quando se trata de avaliar um cálculo ou um problema, mas quando se trata de
compreensão, da criação ou do sentido artístico, todas as avaliações são subjectivas
pois depende de professor para professor.
23. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes para todos e não condu-
zem nunca ao fim desejado. Para além do mais não passam de um paliativo.
As crianças castigadas têm sempre um sentimento de oposição, de vingança
ou até mesmo de ódio. Quando éramos castigados, quais eram as nossas reacções?
É sempre importante colocarmo-nos na situação da criança e pensar como nos senti-
ríamos nessas circunstâncias.
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5. ORGANIZAÇÃO DA SALA
A. Abolição do estrado
Para uma nova visão da escola, é necessário que o professor demonstre
empenho e respeito para com as crianças. Neste sentido, para quê ter uma secretária
mais alta, num método de ensino baseado nas crianças? Se são as crianças que
orientam a aula, o estrado é apenas um obstáculo.
Para Freinet, a mesa do professor é uma mesa como outra qualquer: «Então,
muito simplesmente, para estar ao próprio nível da criança, para viver o seu pensa-
mento e vibrar com as suas emoções, Freinet tem um gesto que permanecerá um
símbolo: arranca o estrado que lhe conferia um prestígio inútil e coloca a sua escriva-
ninha sobre o soalho encostada às mesas dos pequenos.» (Freinet, C.:1976:69)
Segundo esta perspectiva, os alunos olharão o professor de forma mais perfei-
ta, na medida da sua humanidade.
A mesa do professor é colocada a um canto e utilizada como mesa de apoio,
em muitas salas Freinet, e, o estrado, depois de recuperado, é utilizado como banca-
da, mesa de exposição ou mesmo mesa de impressão.
B. Biblioteca de Trabalho
Freinet critica os manuais: oferecem matéria retomada e comentada pelo pro-
fessor, que depois faz com que os alunos apliquem esse conhecimento nos típicos
exercícios que confirmam as regras explicadas. Em vez disso, o aluno deveria ter à
sua disposição o material e a documentação necessários que lhe permitisse chegar
por si mesmo ao conhecimento, sem qualquer «conversa fiada» (Freinet, C.:1976:32).
Os manuais podem e devem ser utilizados nas salas de aula, no entanto não
devem ser a base de aprendizagem dos alunos, uma vez que «a lição do manual
substitui a experiência da criança, a sua visão das coisas.» (Freinet, C. :1976:32)
Seguindo esta concepção, Freinet recomenda a criação de uma Biblioteca de
Leitura, constituída por romances, álbuns, histórias para crianças e uma Biblioteca de
Trabalho, «verdadeira enciclopédia infantil, de carácter científico e cultural, que per-
manece um dos elementos mais demonstrativos de um espírito novo nas perspectivas
de um modernismo que se impõe com ritmo acelerado.» (Freinet, C.:1976:72), composta
por todos os livros que o professor considere capazes de ajudar os alunos no seu tra-
balho (manuais escolares, dicionários, colecções, livros documentais, etc.).
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C. 25 alunos por sala
Em 1956, Freinet inicia uma campanha nacional para reduzir o número de alu-
nos por sala para 25: «O único obstáculo verdadeiro à modernização da escola no que
se refere à sua aparelhagem, à sua prática pedagógica e ao seu espírito, é incontesta-
velmente o aumento dos efectivos escolares. Que fazer numa classe de 35, 40, 50
alunos?» (Freinet, C.:1976:73).
Nenhum professor, independentemente do bom equipamento das salas e das
suas boas intenções e pedagogias, poderia trabalhar atenciosa e individualmente com
todos os alunos, em turma que chegavam a atingir os 80 alunos.
D. Organização da sala
Freinet defendia a organização da sala segundo “cantinhos”, os actuais centros
de interesse. Segue-se um exemplo de uma sala de aula adaptada às técnicas Frei-
net, de onde se destaca:
• A localização da secretária do professor, limitada a um canto, para se arranjar
espaço para o trabalho das crianças, e sobre a qual se encontra um vaso de
flores, lápis, esferográficas, tesouras e capas para receberem os trabalhos dos
alunos;
• Os fios de nylon, ao longo de todas as paredes da sala, que serviam para afixar
os trabalhos produzidos pelas crianças;
• Uma zona central de mesas de trabalho individual, pequenos e grandes grupos;
• Várias mesas laterais, cada uma dirigida a um “cantinho” específico.
(Freinet, C.:1976:85)
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Curiosidade
Numa sala de 1º ciclo, um professor testemunha que, adaptando a sua sala às técnicas
Freinet, e dando maior autonomia às crianças, o quadro passou a servir como meio de
comunicação com os alunos («Tragam os vossos livros de vida.», «Brigitte trouxeste o
anuário?», «A caixa não está em ordem.») e vice-versa («Quem perdeu um lápis? Pedi-lo
à Solange.», «É preciso comprar um sabonete.»).
Citações retiradas de Freinet, C.:1976:86
Segue-se um outro exemplo, mas de uma sala de aula «adaptada cem por cen-
to ao renovamento pedagógico conseguido com o emprego das Técnicas Freinet.»
(Freinet, C.:1976:97-101), destacando-se:
• Divisão física entre a oficina e a sala de aula. Na oficina encontram-se todos os
materiais-extra para a aprendizagem das crianças;
• Neste caso, o estrado mantém-se na sala, mas a secretária do professor foi des-
locada para um canto. No seu espaço, “dá-se vida” às reuniões da cooperativa,
ao cenário do teatro livre e à “barraca” do teatro de marionetas.
Oficina
1. Sala de impressão e policópia
2. Sala de meios audiovisuais
3. Oficina eléctrica
4. Salas de arte
5. Salas de ciências
6. Oficina de marcenaria-serralharia
Sala de aula
1. Estrado
2. Quadros de parede
3. Secretária do professor
4. Mesas individuais
5. Quadros de afixação especializados
6. Mesa para ficheiros de autocorrecção
7. Mesa de experiências de cálculo e de
observações
8. Mesa de exposição de trabalhos da
aula
9. Mesa de exposição de remessas do
correspondente
10. Ficheiro documental
11. Biblioteca
(Freinet, C.:1976:98)
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6. TÉCNICAS FREINET
A. Imprensa Escolar
«Eis a primeira descoberta de base que ia permitir que fosse reconsiderado progressi-
vamente todo o nosso ensino.»
(Freinet, C.:1976:25)
B. Texto Livre
«Para que o aluno se eduque não precisa engolir todas as matérias que lhe são apre-
sentadas mais ou menos atraentes: precisa agir por si mesmo; precisa criar»
in http://tinyurl.com/yg7etyo
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menos atraentes: precisa agir por si mesma; precisa criar». (Freinet apud Freinet,
É.:1978:103). Nasce naturalmente a partir das impressões de cada criança, tanto depois
de um passeio, uma visita a uma quinta, uma história contada pela avó e era escrito
no momento em que a criança sentia a inspiração e necessidade para o fazer.
O texto livre partia muitas vezes de outras técnicas de Freinet, como as saídas
ao ar livre e os passeios pelo campo onde havia uma recolha de espécies animais e
vegetais e a partir daí surgiam ideias para a contruição do texto livre.
Freinet quis substituir os manuais escolares pelas produções das crianças: o
texto livre era lido à turma, votado, copiado no quadro e enviado aos correspondentes.
Inicialmente, fazia-se tudo à mão, mas com o passar do tempo, Freinet conseguiu
encontrar uma imprensa e deu assim inicio ao texto impresso que revolucionou os
métodos de aprendizagem da leitura e da escrita. Durante todo o processo, antes do
texto ser enviado era corrigido e aperfeiçoado colectivamente o que dava às crianças
um grande sentido de responsabilidade.
C. Desenho Livre
«Nas aulas pequenas – por exemplo, infantis, jardins-escola – se a leitura individual
não é ainda possível, daremos em compensação, um lugar primordial ao desenho, que
constitui um desinibidor psíquico, e uma forma de expressão.»
(Freinet, C.:1976:59)
O desenho livre tem o mesmo objectivo que o texto livre, mas é usado, maiori-
tariamente, pelas crianças mais pequenas que ainda não sabem ou têm muitas dificul-
dades em expressar-se. Ainda assim, crianças que já sabem escrever bem também o
utilizam.
D. Jornal de Parede
«Eu critico, Eu felicito, Eu queria, Eu realizei.»
(Freinet, É.:1979:98)
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E. Jornal Escolar
«A criança sente a necessidade de escrever, exactamente porque sabe que o seu
texto, se for escolhido, será publicado no jornal escolar e lido, portanto, pelos seus
pais e pelos correspondentes.»
(Freinet, C.:1976:81)
F. Correspondência Interescolar
«As crianças queriam e mereciam uma mais larga assistência.»
(Freinet, C.:1976:28)
G. Livro de Vida
«Os Livros de Vida continham (…) repositório de informações utilizado pedagogica-
mente como recurso de aprendizagem.»
in http://tinyurl.com/ydwzq5t
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H. Aula-Passeio
«[As classes Freinet] são como belos jardins cujas plantas extraem, num solo rico, a
sua natureza e as sua utilidade, os legumes úteis, as árvores generosas e as flores da
poesia e da beleza, tão necessárias por vezes como os alimentos fundamentais.»
(Freinet, C.:1976:50)
Freinet apercebeu-se, através dos seus alunos, que havia uma grande diferen-
ça de humor apenas pelo simples facto de onde se encontravam – sala ou recreio.
Este contraste era visível ao ponto de se sentirem mais à vontade no exterior e em
contacto com a realidade em vez de fechados em aula.
Surgiu a ideia de que não seria necessário estar no interior da sala para que
adquirissem certos conhecimentos, muito pelo contrário… a área que os envolvia ofe-
recia muitos meios de aprendizagem. A partilha de experiências e oportunidade de
interacção fez com que Freinet não hesitasse em „passear‟ com os seus discentes de
modo a contactar com as teorias que teria que apresentar. Além de inovadora, esta
técnica proporcionava momentos de procura, auto-questionamento e tentativa de
arranjar respostas por eles mesmos, fomentando, portanto, o desenvolvimento da
autonomia. Por outro lado, a sociedade era incentivada a participar na vida esco-
lar/educativa da sua zona, ou seja, o meio envolvente era activo na vida das crianças
que Freinet orientava.
I. Plano de Trabalho
«Sem plano de trabalho, o aluno encontra-se completamente à mercê. (…) Daqui
resulta a desordem, a preguiça, o enervamento.»
(Freinet, C.:1973:60)
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J. Fichas de Auto-Avaliação e de Auto-Correcção
« (…) os ficheiros de autocorrecção trazem um instrumento novo, tornando possível
que a criança adquira mecanismos de base mercê de uma progressão natural e gra-
ças a um treino sistemático.»
(Freinet, C.:1976:72)
Auto-Avaliação - São fichas feitas pelo próprio educador; o aluno deve registar
tudo o que aprende sempre que um tema é concluído. Assim, o educador tem a opor-
tunidade de acompanhar o progresso do seu aluno e o aluno não se sente avaliado, o
que muitas vezes prejudica.
Correcção - Antes do texto ser enviado para a Impressa Escolar, é necessário
que o texto seja corrigido. A correcção pode ser feita pelo educador colectiva ou indi-
vidualmente ou então, através da auto-correcção, o que faz com que o aluno perceba
o erro e aprenda com ele, tornando-o significativo.
K. Trabalho-jogo e Jogo-trabalho
«O jogo e o trabalho, longe de se oporem um ao outro, são ambos as grandes fun-
ções por assim dizer sincrónicas na aprendizagem.»
(Freinet, C.:1979:103)
L. Conferência de Alunos
Momento de reflexão e debate sobre a semana de trabalho.
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7. CONCLUSÃO
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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Livros:
• Freinet, C. (1976). As técnicas Freinet da Escola Moderna (4ª ed.). Lisboa: Edi-
torial Estampa
• Freinet, C. (1976). O Jornal Escolar. Lisboa: Editorial Estampa
• Freinet, C. (1976). O Texto Livre. Lisboa: Dinalivros
• Freinet, C. (1973). Para uma escola do povo. Lisboa: Editorial Presença
• Freinet, É. (1979). Itinerário de Célestin Freinet: A expressão livre na pedagogia
de Freinet. Lisboa: Livros Horizonte
Internet:
• Bello, J. L. de P. (1999). A Pedagogia de Célestin Freinet. Pedagogia em Foco.
Consultado a 26 de Novembro de 2009, no site http://tinyurl.com/yetmzy7.
• Cruz, M. G. (2007). Freinet. A Página da Educação, nº 170, p. 40. Consultado a
8 de Novembro de 2009, no site http://tinyurl.com/yljgh28.
• Ferrari, M. (2008). Célestin Freinet. Revista Educar para Crescer. Consultado a
8 de Novembro de 2009, no site http://tinyurl.com/ydhrany.
• Marques, R. (s.d.). Célestin Freinet. Consultado a 8 de Novembro de 2009, no
site http://tinyurl.com/ydwzq5t.
• http://www.abec.ch/Portugues/subsidios-educadores/biografias/CELESTIN_
FREINET.pdf, consultado a 2009.11.26
• http://tinyurl.com/yg7etyo, consultado a 2009.11.14
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