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RESPOSTAS AO CADERNO DE EXERCÍCIOS

1º. SEMESTRE DE 2010

CADERNO DE EXERCÍCIOS
7a ETAPA

1. a) Há controvérsia sobre a forma como o juiz deve verificar o


preenchimento ou não das condições para o legítimo exercício da ação.
Uns sustentam, baseado na teoria da asserção, que elas devem ser
verificadas em abstrato, pelo conteúdo da petição inicial, presumindo-se
que o narrado pelo autor é verdadeiro. O que ficar provado no curso do
processo (na instrução), é matéria do plano do mérito. Outros entendem
que a teoria da asserção não foi acolhida entre nós, pelo que as
condições para o correto exercício da ação devem ser examinadas não
somente pelo que consta na petição inicial do autor, mas por tudo aquilo
que foi verificado nos autos. No caso acima, o advogado do réu deverá
sustentar, em alegações finais, a improcedência do pedido do autor, se
não provada a existência do crédito reclamado pelo autor da ação. Caso
contrário, o pedido deverá ser julgado procedente. Jamais deve ser
proferida sentença de extinção do processo sem resolução do mérito,
salvo se comprovado tratar-se de dívida de jogo de azar. A admissão da
teoria da asserção leva à improcedência ou procedência do pedido do
autor, com exame do mérito. A repercussão da adoção de um ou outro
entendimento é refletida no conteúdo da decisão e na formação da coisa
julgada formal se reconhece a impossibilidade jurídica do pedido,
provada a dívida de jogo de azar, coisa julgada material se aprecia o
mérito.
b) A matéria é de ordem pública, de natureza processual, devendo o juiz
conhecer de ofício, como se vê do art. 301, § 4º. do CPC. Não ocorre a
preclusão quando as partes deixam de alegar a matéria de natureza
processual, podendo ser levantada
após a contestação pelo réu, como orienta o artigo 303,II, do CPC,
envolvendo questão que s e encontra na relação de direito processual, e
não na de direito material.
Além disso, as condições para o correto exercício da ação são matéria
que pode ser conhecida de ofício, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito ( art. 267, § 3º,
do CPC). Da mesma forma quando se trata de pressupostos processuais,
podendo o juiz reexaminar a qualquer tempo, não exaurido o seu ofício

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na causa, dirigindo-se a mencionada regra processual mais
especialmente para a segunda instância, embora sem exclusividade.

2. a) O rito, como é cediço, no caso excepcionalmente, é de opção do


autor, podendo adotar o sumário, previsto no art.275, I, do CPC, em
razão do valor, ou o procedimento dos Juizados Especiais (art. 3º, inciso
I, da Lei 9.099/95). Assim, segundo melhor doutrina e jurisprudência,
pode o autor optar pelo procedimento sumário, disciplinado no CPC, ou
pelo sumaríssimo, dos Juizados Especiais de Causas Cíveis, sendo apenas
aparente o conflito de normas existente entre a Lei9.099/95 e o sumário
do CPC. No entanto, a leitura atenta do art. 3º, § 3º, da mencionada lei
não deixa dúvidas de que sequer há conflito entre as normas.
b) A contratação de advogado, representante judicial do autor, só é
necessária se o autor optar pelo procedimento sumário do CPC. Optando
pelo procedimento sumaríssimo, do Juizados Especiais de Causas Cíveis,
não ultrapassando a causa o valor de 20 (vinte) salários mínimos, não há
necessidade de se contratar advogado, segundo dispõe o art. 9º da Lei
9.099/95: “Nas causas de valor até 20 (vinte)sal|rios mínimos, as
partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por
advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória”.

3. a)Sim, o procedimento previsto para a ação de cobrança de cotas


condominiais é o sum|rio, conforme dispõe o art. 275, II, LETRA “b”, do
CPC, podendo o autor optar pelo rito sumaríssimo previsto na
Lei9.099/95, que introduziu em nosso ordenamento jurídico os Juizados
Especiais de Causas Cíveis.
b) A escolha do rito não fica a critério do autor, devendo ser
observado o procedimento determinado pela lei. A adoção de rito pela
lei processual é matéria de ordem pública, não tendo o autor liberdade
de escolher o procedimento previsto no CPC. A adoção do rito sumário é
obrigatória. O verbo constante do art.275, caput, no imperativo, não
deixa nenhuma dúvida quanto à obrigatoriedade de sua adoção, salvo se
optar (permissão legal) pelo procedimento especial (sumaríssimo) do
Juizados Especiais de Causas Cíveis.

c) O rito sumário do CPC se caracteriza pela concentração dos atos


processuais na audiência, consagrando o princípio da oralidade. A
defesa do réu fica concentrada na audiência de instrução e julgamento,
feita de forma oral ou por escrito.
A previsão legal é de duração efêmera desse procedimento. Foram
suprimidas diversas etapas dentro do itinerário processual, previsto

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para o rito ordinário. Não cabe reconvenção (embora não o diga
expressamente) e nem a ação declaratória incidental, para não impedira
rapidez que o legislador adotou para esse procedimento sumário.
É admitido o pedido contraposto do réu, desde que preenchidos os
requisitos previstos na lei processual. São cabíveis algumas modalidades
de intervenção de terceiro, como a denunciação da lide nas ações em que
o direito discutido está vinculado a um contrato de seguro, e ainda a
assistência, o recurso de terceiro prejudicado e os embargos de terceiro.

4. a)A doutrina conceitua o litisconsórcio como um fenômeno


processual decorrente da pluralidade de partes, no pólo ativo ou no pólo
passivo, ou em ambos os pólos. Dinamarco diz que é “a situação
Caracterizada pela coexistência de duas ou mais pessoas do alado ativo
ou do lado passivo da relação processual, ou em ambas as posições”.
Forma no caso concreto um litisconsórcio necessário, uma vez que a
integração de todos os sujeitos (vendedores do imóvel) no pólo passivo é
essencial par o seu desenvolvimento válido. A legitimação de parte do
pólo passivo é plúrima, ou seja, de todos que participaram do ato de
alienação do imóvel, pena de acarretar o nascimento e o
desenvolvimento irregular da relação processual. O litisconsórcio se
forma por imposição da lei ou pela natureza da relação jurídica
discutida em juízo pelas partes. Não se pode promover validamente ação
para declarar nulo ou desconstituir um ato praticado por uma
pluralidade de pessoas, se todos não estiverem integrando o processo
no pólo passivo.
Assim, a ação de rescisão do contrato de promessa de compra e venda
deve ser proposta, como ocorreu, em face de todos os que participaram
da formação do contrato, como vendedores. Excepcionalmente, a lei
trata da obrigatoriedade de formação de litisconsórcio necessário, como
se dá na usucapião, devendo o autor promover a ação em face da
pessoa em nome de quem está registrado o imóvel e dos confinantes e,
ainda, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados,
conforme prevê o art. 942 do CPCP. Na maioria das vezes, sua formação
é obrigatória em decorrência da natureza da lide discutida em juízo. No
presente, o litisconsórcio, além de ser necessário, é também unitário,
mas pode em outras situações se formar sob a modalidade facultativa.
Trata-se de litisconsórcio unitário porque a decisão judicial deve ser
igual para todos os vendedores do imóvel. Manifesta a presença de uma
dupla conexão, a causa de pedir e o pedido são os mesmos em relação
aos réus. É facultativo e unitário quando, por exemplo, os acionistas
promovem ação para anular a AGE de uma sociedade anônima, alegando
que sua instalação se deu sem o quórum legal. Nesse caso, a decisão

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deverá ter conteúdo igual para todos os acionistas, porque a assembléia
não pode ser válida para uns e inválida para outros. A causa de pedir,
como o pedido, são os mesmos em relação a todos os autores, o que está
configurado nos demais exemplos acima indicados. O litisconsórcio
multitudinário, denominação utilizada por Cândico Dinamarco, se
apresenta quando há uma verdadeira multidão de litisconsórcios
(partes), seja ele necessário ou facultativo. A pluralidade de sujeitos
(litisconsórcio) pode prejudicar o andamento do processo, pelo que, no
facultativo, pode o juiz limitar a sua formação em homenagem aos
princípios da economia, da celeridade e da efetividade da prestação
jurisdicional. Essa limitação possibilita aos interessados obter um
resultado efetivo no processo, com menor dispêndio de tempo e energia.
No caso, não se faz presente um litisconsórcio multitudinário,
integrando o pólo passivo apenas três réus, e não uma multidão de
sujeitos no processo.
b) O art. 46, parágrafo único, do CPC, autoriza a limitação do
litisconsórcio facultativo se houver dificuldade de defesa ou entrave
para uma rápida solução da lide. A decisão judicial deverá ser
fundamentada, e a limitação poderá ser feita de ofício ou pro provocação
da parte, dentro do prazo da resposta. O pedido de limitação causa a
interrupção do prazo para o oferecimento da resposta. Intimada da
decisão do juiz, que resolve o incidente por provocação ou de ofício, dá-
se o recomeço da contagem do prazo de resposta, por inteiro.
No dia-a-dia forense é visto funcionários públicos (vários) promoverem
ação em face do Estado, apresentado, cada um, causa de pedir diferente,
ou pedidos diversos, porém as causas são afins. É muito comum a ação
apresentar conexão com os pedidos e/ou com a causa de pedir,
dificultando a defesa do réu. Autoriza a lei processual o pedido de
limitação a certo número de litigantes, resultando na formação de novos
processos autônomos, podendo agir o juiz de ofício. O Professor Cãndido
Rangel Dinamarco entende que o magistrado pode determinar, de ofício,
o desmembramento em outros processos, havendo comprometimento
da rápida solução do litígio. Sustenta o festejado autor que quando a sua
formação dificulta a defesa é necessária a manifestação da parte
interessada. O Prof. Nelson Nery, da mesma forma, entende que o juiz só
pode agir de ofício quando existe possibilidade de comprometimento da
rápida solução do litígio. É útil para o bom exercício da jurisdição o
desmembramento do processo, com cisão dos participantes da relação
processual, certo que o numeroso litisconsórcio acarreta problemas
para a efetiva entrega da prestação jurisdicional, além de não atender ao
princípio da economia processual. O juiz deve zelar pela rápida solução
da lide, evitando prejuízos paras as partes, agindo de ofício ou por

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provocação, atendendo aos princípios da tempestividade e da
celeridade, introduzidos pela E.C. nº 45, que criou o inciso LXXVIII ao art.
5ª da CRFB.

5. Sim. A ação proposta é real imobiliária, o que exige a citação dos


cônjuges, pena de extinção do processo sem resolução do mérito, na
forma do parágrafo único do art. 47 do CPC, se não for emendada a
inicial pelo autor da ação, por determinação do Juiz.
O marido ou a mulher podem estar em juízo sem o consentimento um
do outro no caso de litigar ativa ou passivamente acerca de direito que
não seja imobiliário. No entanto, em ação reivindicatória de bem imóvel,
é indispensável a regular citação da mulher do réu, acarretando a sua
falta de nulidade do processo. O que não se admite é a formação de
litisconsórcio necessário entre os cônjuges no pólo ativo, bastando o
consentimento um do outro, ou, se negado, o suprimento judicial.
b) Há formação de litisconsórcio passivo necessário, por força de lei,
como previsto no art. 10º, § 1º, inciso I, do CPC, por se tratar de ação real
imobiliária, envolvendo discussão sobre domínio. A citação da mulher é
indispensável diante da norma processual acima.

6. Segundo ensina a doutrina, a assistência tem lugar quando o terceiro


ingressa no processo revelando seu interesse jurídico na vitória do
assistido. Não é qualquer interesse, apenas o jurídico, e este se manifesta
quando a decisão a ser proferida pelo juiz puder influir de forma reflexa
ou direta na relação de direito material de que o terceiro é titular. O
mero interesse econômico ou moral não permite ou autoriza essa
modalidade espontânea de intervenção de terceiro. O sublocatário tem
interesse jurídico na vitória do sublocador, em demanda entre o
assistido e seu adversário, podendo a decisão atingir de forma direta o
seu direito material, originário do contrato se sublocação. Existe regra
de direito material no sentido de que, rompida a locação, rompe-se a
sublocação. No caso, o ingresso do sublocatário está autorizado pela
lei processual na modalidade de assistência simples ou adesiva; a
sentença poderá influir diretamente na relação de sublocação de que é
titular o terceiro (sublocatário). O terceiro, aqui, é sujeito de relação
jurídica diversa da deduzida em juízo, estando a ela subordinado. Na
ação de despejo, o sublocatário não é titular da relação de direito
material discutida em juízo (contrato de locação entre locador e
locatário), ma s de outra, a sublocação, subordinada àquela. Na
assistência litisconsorcial, o terceiro tem relação jurídica com o
adversário do assistido. Ele, o terceiro, é também ou somente ele é o

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titular do direito material discutido em juízo pelas partes originárias.
Exemplo clássico é o da ação proposta pelo credor solidário em face de
um devedor comum. O outro credor solidário é também titular do
direito material discutido em juízo, pelo que pode ingressar como
assistente. Outro exemplo é o dos acionistas de uma sociedade anônima
que promovem ação de responsabilidade em face de um dos diretores
visando ao ressarcimento dos prejuízos causados à sociedade. A
sociedade pode ingressar no processo como assistente litisconsorcial
(intervenção litisconsorcial voluntária), eis que somente ela é titular do
direito material (legitimada ordinária). São feitas muitas críticas à
figura processual da assistência litisconsorcial, entendendo-se que, na
verdade, trata-se de intervenção litisconsorcial voluntária, porque o
terceiro é exclusivamente, ou também é, o titular do direito material
discutido em juízo, e o seu ingresso se dá na qualidade de parte
principal e não como coadjuvante. Ele é também, ou somente ele é, o
titular do direito material discutido em juízo, pelo que é parte em
sentido formal e em sentido material (legitimado ordinário).

7. A carta de preposição é um documento elaborado por representante


legal de pessoa jurídica, devidamente autorizado pelos atos
constitutivos desta, para o fim de, no âmbito processual, autorizar que
alguém o represente, seja na propositura de ação ou nos demais atos
processuais, tal como audiências, com a exigência de que o preposto
tenha conhecimento dos fatos. Já a procuração é o instrumento do
mandato. Mandato é um tipo de contrato descrito no art. 653 e seguintes
do Código Civil, por meio do qual alguém recebe de outrem poderes
para, em seu nome, praticar atos, ou administrar interesses, poderes
esses em geral mais amplos do que os atribuídos em carta de preposição
e com maior autonomia ao mandatário (aquele que recebe o mandato).
Quanto aos tipos, conforme lecionam Regina Toledo Damião e Antonio
Henriques, pode ser: a) quanto à natureza: judicial (destinada para
procurar em juízo, a ad judicia) ou extrajudicial (para os negócios em
geral, a ad negotia); b) quando ao instrumento: pública (passada em
cartório) ou particular (outorgada, de forma escrita e com
reconhecimento de firma, pelo mandante); c) quanto à finalidade: geral
(em que se confere poderes para todos os negócios) ou especial (quando
delimita os negócios); d) quanto à extensão de poderes: amplos (atribui
ampla liberdade ao procurador) ou restritos (o procurador se sujeita as
decisões do outorgante). (Curso de Português Jurídico. 9ª ed. São Paulo:
Atlas, 2004, p. 181). Sobre a procuração judicial são importantes as
considerações de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery: “O

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instrumento que habilita o advogado a, no interesse da parte, postular
em juízo é a procuração com a cláusula ad judicia. A procuração é o
instrumento do mandato. Sem a cláusula ad judicia, a procuração dada a
advogado tem natureza negocial, não o autorizando a representar a
parte em juízo.” (In Código de Processo Civil Comentado e Legislação
Processual Civil Extravagante em Vigor. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2003, p. 334). Diante das finalidades distintas expostas, conclui-se que
não há fungibilidade entre os documentos

8. Não, o direito de ação e o direito material discutido no processo não se


confundem. A “ação é o direito ao exercício da atividade jurisdicional
(ou o poder de exigir esse exercício)” (GRINOVER, Ada Pellegrini;
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria
Geral do Processo. 19. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2003. p.
299). Nas palavras de Giuseppe Chiovenda: “o poder jurídico de dar vida
{ condição para a atuação da vontade da lei.” (CHIOVENDA, Giuseppe.
Instituições de Direito Processual Civil. Campinas: Bookseller, 1998. v. 1.
p. 42). Trata-se de direito tutelado no art. 5º, XXXV da Constituição de
1988 e autônomo em relação ao direito material, conforme acentua
Humberto Theodoro Júnior: “... estabelece-se uma nítida diferença entre
o direito subjetivo substancial e o direito subjetivo processual (ação),
pois enquanto o primeiro tem por objeto uma prestação do devedor, a
ação visa, por leu lado, a provocar uma atividade do órgão judicial. Além
disso, o direito substancial, que se dirige contra a parte adversária,
ordinariamente, é de natureza privada, e a ação que se volta contra o
Estado, tem, por isso mesmo, natureza pública.” (THEODORO JÚNIOR,
Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 41. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2004. v. 1. p. 49)

9. Não. “A cl|usula ad judicia não confere poderes ao advogado para


receber citação. Somente quando houver autorização legal é que o
advogado pode recebê-la, munido apenas de procuração com a cláusula
ad judicia.” (Nery e Nery, CPCComent., p. 500). Exemplos: “a) citação em
nome dos opostos (CPC 57); b) citação em nome do reconvindo (CPC
316); c) citação em nome do embargado, na execução (CPC 740)...” (Nery
e Nery, CPCComent., p. 500). Interessante é que: “a procuração genérica
não habilita o advogado à prática de determinados atos, enumerados
taxativamente na parte final do artigo. Salvo previsão expressa no
instrumento, o representante processual da parte não tem poderes para
receber citação, nem para praticar os denominados atos dispositivos, ou
seja, aqueles mediante os quais as partes dispõem de direitos e
faculdades substanciais ou processuais : confissão(art. 269,II), transação

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(art. 269, III; Código Civil, arts. 840-859), desistência da ação (art. 267,
VIII) ou do recurso (art. 501), renúncia ao direito (art. 269, V). Também
para dar quitação e firmar compromisso são necessários poderes
especiais.” ( Código de Processo Civil Interpretado, Coordenador Antonio
Carlos Marcato, 3ª. Edição, p. 106, Editora RT).

10. Não. “Enquanto a confissão apenas se relaciona com os fatos em


discussão, sem que a parte se manifeste sobre jurisdicidade da
pretensão do outro litigante, o reconhecimento do pedido refere-se
diretamente ao próprio direito material sobre o qual se funda a
pretensão do autor” (Ada Pelegrini Grinover. Apud Theodoro Júnior,
Curso, I, p. 320-321.

CADERNO DE EXERCÍCIOS
8a ETAPA

1. Está configurada sublocação sem consentimento do locador, portanto


clandestina e ilegal, portanto legitima-se o proprietário do imóvel a
tomar medidas judiciais para garantir seu direito. Conforme acentua
José da Silva Pacheco “No caso do locat|rio, sem consentimento do
locador, sublocar o prédio integralmente, como proceder? Duas
soluções: a) ocorre infração contratual, sendo cabível o despejo por
infração; b) ocorre esbulho, sendo cabível a reintegração de posse (DJ de
abril de 1962, apenso 71, p. 389). Aliás, a 1.ª T. do Supremo Tribunal
decidiu pela admissão da reintegração de posse quando houvesse cessão
não-consentida pelo locador (DJ de novembro de 1962, apenso 209, p.
754). Dúvida não deve haver que, exigindo a lei consentimento escrito,
se este não se dá, intruso é o subinquilino irregular que se instalar no
prédio. Contra ele, tem o locador ação de reintegração de posse. Além
disso, porém, tem ação de despejo por infração contratual contra o
locatário. Ao locador cabe escolher a via adequada.” (In Tratado das
Locações, Ações de Despejo e Outras. 11ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000, p. 261-262).

2. Deverá se valer dos Embargos de Terceiro, previstos no art. 1046 e


seguintes do Código de Processo Civil, que, quanto a sua natureza,
conforme Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, “trata-se de
ação de conhecimento, constitutiva negativa de procedimento especial
sumário, cuja finalidade é livrar o bem ou direito de posse ou
propriedade de terceiro da constrição judicial que lhe foi injustamente
imposta em processo de que não faz parte. O embargante pretende ou

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obter a liberação (manutenção ou reintegração na posse), ou evitar a
alienação de bem ou direito indevidamente constrito ou ameaçado de o
ser” (In Código de Processo Civil Comentado e Legislação Processual Civil
Extravagante em Vigor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 1188)
“... são uma ação que tem por objeto a desconstituição dos efeitos de
decisões judiciais e cujo processo tem rito especial que admite a
concessão de liminar.” (MACHADO, Antônio Cl|udio da. Código de
Processo Civil Interpretado. 8. ed. Barueri, SP,. 2009, p. 1429). Ver CPC
1046.

3. O cheque é considerado uma ordem de pagamento à vista, sendo que


após sua emissão o portador terá 30 dias para tentar a compensação,
salvo se o título for de outra praça, em que o prazo é diferenciado, 60
dias, cf. art. 33 da Lei 7357/85. Passado este período sem que a
compensação seja realizada, por exemplo, por devolução do Banco ante
a ausência de fundos, dar-se-á início ao prazo de 6 meses para que seja
ajuizada a ação de execução (art. 59 da Lei do Cheque). Após, a medida
cabível será a ação de cobrança, no prazo de 2 anos. A Lei do Cheque
autoriza, em seu art. 61, a ação de enriquecimento ilícito no prazo de
dois anos contados da prescrição da ação executiva. Para o cheque
prescrito será possível a propositura de ação monitória, consoante
Súmula 299 do STJ. Cf. Araken de Assis: “A prescrição da pretensão
cambiária e executiva do cheque não impede o emprego da ação
monitória. Essa controvertida questão recebeu solução favorável, no
âmbito da doutrina especializada, posteriormente transformada em
verbete n. 299, do STJ, in verbis: “É admissível a ação monitória fundada
em cheque prescrito” (ASSIS, Araken de. Manual da Execução. 12. ed. ver.,
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 186).

4. A renúncia deve ocorrer mediante instrumento público ou termo


judicial, a rigor do previsto no artigo. 1806 do Código Civil. Ademais, o
filho a que se refere o problema não poderá excepcionar o veículo
quando de sua manifestação, posto que não há como a renúncia ser
parcial a rigor do disposto no art. 1808 do Código Civil. Assim assinala
também a Jurisprudência: “AGRAVO DE INSTRUMENTO Sobrepartilha -
Decisão que tornou ineficaz o termo de renúncia da herança, relativo aos
bens sobrepartilhados - Inconformismo das agravantes - Pretensão de
renúncia dos bens colacionados na sobrepartilha - Não acolhimento -
Aceitação anterior da herança e partilha judicial homologada, que
inviabiliza a renúncia dos bens colacionados no bojo da sobrepartilha -
Impossibilidade de renúncia parcial da herança - Inteligência do artigo
1808, CC/2002 (art. 1.583, CC/1916) - Indivisibilidade da herança que se

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estende a todos os bens, inclusive aos que foram sonegados ou
esquecidos - Decisão mantida - Negado provimento ao recurso". (9ª
Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, Agravo de Instrumento 6454974500, julgado em 13/10/2009).

5. a)Os elementos subjetivos da relação processual são as partes, autor e


réu. Na ação existem, no mínimo, dois sujeitos, quase sempre são os
mesmos titulares do direito material e da lide posta em juízo para ser
solucionada; um é o sujeito ativo, a autora (Mariana), e outro, o sujeito
passivo, o réu (Pedro). O objeto da ação é o pedido mediato do autor, no
caso a separação dos cônjuges (art. 828, IV, do CPC). O pedido se
subdivide em imediato e mediato. O pedido imediato é a providência
jurisdicional solicitada pelo autor da ação, uma sentença de natureza
constitutiva negativa, que se acolhido acarreta uma modificação no
mundo exterior, alterando o estado civil dos cônjuges, de casados para
separados judicialmente. O pedido mediato é a utilidade que se quer
alcançar com a sentença, o proveito econômico ou moral a ser extraído
da tutela jurisdicional reclamada, um bem material ou imaterial. Nesta
ação, o pedido mediato é a dissolução da sociedade conjugal pela
separação judicial. A causa de pedir (causa petendi) são os fatos (causa
de pedir remota) e os fundamentos do pedido (causa de pedir próxima),
conforme art. 282, III, do CPC. A lei processual exige que o autor faça a
exposição, na inicial, tanto dos fatos, como dos fundamentos jurídicos
do pedido. Não só é relevante a causa próxima – os fundamentos
jurídicos do pedido - como a causa de pedir remota - o fato ou os fatos
geradores do direito -, adotando o nosso CPC a teoria da substanciação.
Nesta ação, a causa de pedir remota - o fato – é a violação dos deveres
conjugais, a falta de sustento da mulher e dos filhos, e a causa de pedir
próxima, a conseqüência jurídica que do fato se pretende extrair, o
direito de obter a separação judicial.
b) Cada ação tem a sua individualidade, a sua identificação, que é feita
pelo exame do elemento subjetivo, objetivo e causal. São iguais duas ou
mais ações quando entre elas há identidade nos seus três elementos. A
constatação de ser uma ação idêntica à outra é feita pelo exame desses
seus elementos. Se eles são ou não iguais, se são diferentes, a solução da
questão tem grande relevância na presença ou não da litispendência, da
conexão, da coisa julgada, na perempção, sem contar sua importância na
formação de litisconsórcio e de suas espécies (facultativo, necessário,
simples, necessário ou unitário).

6. a)Sim, ocorre a substituição de parte. A sucessão processual se


apresenta quando se dá alteração subjetiva na relação jurídica de

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direito material, como na hipótese de falecimento do autor ou do réu,
tratando-se de direito transmissível (sucessão nos termos do art.43 do
CPC). O espólio ingressa na qualidade de legitimado ordinário, logo
sujeito da lide e do processo (substituição de parte).
b)Não. A substituição da parte processual pode ocorrer por ato
entre vivos, como na alienação da coisa litigiosa no curso do processo.
Ingressa no processo o adquirente se houver autorização da parte
contrária. Se o réu não autoriza o ingresso do adquirente, o autor deve
continuar na relação processual como legitimado extraordinário,
deixando de ser parte em sentido material, mantida em sentido formal
ou processual. Neste caso, continua em juízo em nome próprio
defendendo direito alheio, o do adquirente. O substituto processual
pode, antes da sentença, desistir da ação, conforme entendimento do
STJ.
c) É suprida pela representação. A representação é instituto legal
que visa regularizar ou suprir a incapacidade e se dá com a assistência
dos menores púberes, ou com a representação dos menores impúberes
(absolutamente incapazes) dos curatelados, que são representados pelo
curador. A expressão constante da redação do art. 12 do CPC,
“representados em juízo”, não é muito adequada, segundo melhor
doutrina, em conta que as pessoas jurídicas e os entes
despersonalizados não são incapazes. Elas se fazem presentes em juízo,
por razões óbvias, porque se fossem representadas haveria
reconhecimento de sua incapacidade, o que é um absurdo. Os incapazes
para a prática de atos no processo são representados ou assistidos
judicialmente. O advogado, por exemplo, é o representante judicial da
parte, porque lhe falta capacidade postulatória. A representação é a
demanda em nome alheio sobre direito alheio (pais que representam
filhos em juízo ou fora dele). Ela, m a representação judicial não se
confunde com a substituição processual e se dá quando em determinado
processo o legitimado extraordinário atua em nome próprio na defesa
de interesses alheios, sem que o legitimado ordinário atue em conjunto
com ele. Exemplo clássico se dá quando o Ministério Público promove
ação de investigação de paternidade, agindo em defesa do interesse do
menor, o legitimado ordinário. Não se pode confundir legitimação
extraordinária com a substituição processual, esta, a rigor, se dá quando
o titular do direito de ação o é exclusivamente. A doutrina e a
jurisprudência admitem que a substituição processual se manifesta
quando alguém está em juízo em nome próprio defendendo direito
alheio, sem a participação, como parte, do titular do direito material.
Enfim, é a demanda em nome próprio sobre direito alheio, permitida por
texto legal expresso conhecida como legitimação extraordinária.

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7. No art.931 do CPC, há previsão, depois de encerrada a fase
postulatória, da aplicação subsidiária do procedimento ordinário na
ação de manutenção e de reintegração de posse. O fenômeno da
ordinarização dos procedimentos especiais ocorre na maioria deles,
porém nas ações possessórias não chega a ser a regra do art. 931 uma
previsão de transmudação de ritos e, sim, de aplicação subsidiária das
regras do procedimento ordinário. Da leitura atenta de cada
procedimento especial é possível observar essa transmudação, após a
contestação ou mesmo quando não há contestação, decretada a revelia.
Não havendo contestação, sendo o réu revel, mesmo assim, observa-se
subsidiariamente o rito ordinário, aplicando-se o parágrafo único do art.
272 do CPC, salvo se o rito especial, com ou sem contestação,
permanece especial, por previsão do CPC. Não se pode falar, aqui, em
efetiva transmudação do procedimento especial para o ordinário,
porque as normas procedimentais da reintegração de posse podem ser
tranquilamente observadas. O juiz, sendo caso de julgamento
antecipado da lide, aplicará a norma do art. 330 do CPC.

8. A oposição é uma modalidade voluntária de intervenção de terceiro,


sendo, na verdade uma ação proposta pelo opoente em face das partes
primitivas, própria do processo de conhecimento. Na execução
fundada em título executivo extrajudicial, é legitimado para ser parte
quem consta do título como credor e devedor, limitando-se o juiz a
verificar, havendo embargos do devedor, a legitimidade e a perfeição do
título executivo. Não cabe outra demanda onde seria necessária a
produção de prova e de sentença com conteúdo de direito material. Não
há lide e sentença no processo de execução. O prejudicado por ato de
constrição judicial deverá ajuizar embargos de terceiro, na forma do
art.1.046, caput, do CPC. O opoente ingressa voluntariamente para
ver reconhecido, como seu, o direito ou a coisa sobre que versa a lide. No
entanto, quando o direito ou a coisa disputada em juízo já foi
reconhecida judicialmente, constando do título executivo, não é mais
juridicamente possível a oposição. Formado, em juízo, o título executivo,
impossível a oposição. A oposição pressupõe a existência do processo de
conhecimento pendente. O terceiro só poderia ingressar até quando
iniciada a audiência, ou quanto muito antes de proferida a sentença.
Não pode Tício oferecer oposição. Só são cabíveis, no caso, os
embargos de terceiro, previstos no art. 1.046 do CPC. A doutrina não
admite, de regra a intervenção de terceiro na execução, salvo
raríssimas exceções, por exemplo, a intervenção litisconsorcial

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voluntária (assistência litisconsorcial), porque, a rigor, o seu ingresso
gera formação de litisconsórcio superveniente, em razão de o
ingressante ter participado da formação do título executivo, logo
legitimado.

9. O pedido de tutela urgente na petição inicial, pelo correio eletrônico,


produz desde logo os mesmos efeitos que produziria a entrada da peça
em original no cartório, sendo dever dos auxiliares da justiça dar
andamento ao processo, e ao juiz, o de realizar os atos de seu mister.
Pode o juiz, pela via eletrônica conceder ou não a tutela antecipada, se
entender desnecessária a realização de audiência preliminar. A
indisponibilidade do sistema do poder judiciário, por motivo técnico,
está prevista no art. 10, § 2º, da Lei 11.419/06. Neste caso, o prazo ficará
automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à
resolução do problema. O legislador foi sábio, porque fatores técnicos,
internos ou externos podem retirar o sistema de funcionamento, o que
não pode prejudicar as partes, ficando o prazo prorrogado pelo tempo
de duração da indisponibilidade.

10. Sim. A aplicação do jus superveniens (CPC, art. 462)trata-se de regra


de processo que “não se dirige apenas ao juiz de primeiro grau, mas
também ao tribunal, se o fato é superveniente { sentença” (RSTJ 42/352;
RT 687/200 (Theotonio, CPC, nota 15 ao art. 462), pois “a prestação
jurisdicional há de compor a lide como ela se apresente no momento da
entrega” (W. Moreira Pimentel, Coment|rios ao Código de processo civil.
São Paulo: Revista dos tribunais, 1979. v. 3, p. 535). Ainda, RSTJ 12/490,
JSTJ 51/292 ( in Nery e Nery, CPCComent., p. 674); RT 661/137;
598/105.

CADERNO DE EXERCÍCIOS
9as E 10 as ETAPAS

1. Sim é possível. O furto é qualificado pela incidência de um dos


incisos do §4º. Diz-se privilegiado quando pode lhe ser aplicado o
benefício previsto no §2º. Assim, poderia ser qualificado por
escalada, e privilegiado por se tratar de um objeto de pequeno
valor. A doutrina tem entendido pelo cabimento e a posição do STF,
por maioria dos ministros, é pelo cabimento: Em conclusão de
julgamento, a Turma, por maioria, deferiu habeas corpus para

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assentar a compatibilidade entre as hipóteses de furto qualificado
e o privilégio constante do § 2º do art. 155 do CP. No caso, o
paciente fora condenado pela prática do crime previsto no art. 155,
§ 4º, I, do CP, em virtude da subtração de um aparelho de som,
mediante arrombamento de janela, à pena de 2 anos, a qual fora
substituída por 2 penas restritivas de direito (CP, art. 44) — v.
Informativo 557. Aduziu-se que a jurisprudência do STF é assente
no sentido da conciliação entre homicídio objetivamente
qualificado e, ao mesmo tempo, subjetivamente privilegiado. Dessa
forma, salientou-se que, em se tratando de circunstância
qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução do
crime), seria possível o reconhecimento do privilégio, o qual é
sempre de natureza subjetiva. Entendeu-se que essa mesma regra
deveria ser aplicada na presente situação, haja vista que a
qualificadora do rompimento de obstáculo (natureza nitidamente
objetiva) em nada se mostraria incompatível com o fato de ser o
acusado primário e a coisa de pequeno valor. Ademais,
considerando a análise das circunstâncias judiciais (CP, art. 59)
realizada pelo juízo monocrático, que revelara a desnecessidade
de uma maior reprovação, reduziu-se a pena em 1/3, para torná-la
definitiva em 8 meses de reclusão, o que implicaria a ocorrência da
prescrição da pretensão punitiva em caráter retroativo, tendo em
conta a ausência de recurso da acusação, bem como a menoridade
do paciente (menor de 21 anos na data do fato). Assim, tendo em
conta que o prazo prescricional de 1 ano já teria transcorrido entre
a data do recebimento da denúncia e a data da publicação da
sentença penal condenatória, julgou-se extinta a punibilidade do
paciente pela prescrição retroativa. Vencido o Min. Marco Aurélio
que denegava o writ por reputar incabível a mesclagem, aduzindo
que o legislador, no que pretendera aplicar a crimes qualificados a
causa de diminuição, assim o fizera. HC 98265/MS, rel. Min. Ayres
Britto, 24.3.2010. (HC-98265)

2. Norma penal em branco é que possui um elemento normativo no


tipo penal que necessita de um preenchimento oficial de seu
conteúdo, e esta oficialidade é que a difere de um simples elemento
normativo do tipo. Justificam-se, como exceção, nos casos de tipos
penais que criminalizem condutas de grande dinâmica social. A
função desta norma é permitir que o governo altere, com rapidez, o
conteúdo de um dos elementos, evitando a demora do processo
legislativo e conseguindo maior eficácia penal. por isso, norma

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penal em branco propriamente dita é a que deve ser
complementada por um ato administrativo. Um exemplo é o crime
de trafico de drogas, que precisa de um ato administrativo para
completar o significado do elemento “droga”. Porém,
eventualmente o legislador tipifica um comportamento que remete
a uma lei específica, que acaba completando o elemento
normativo. É o caso do crime de sonegação previdenciária, que
precisa que o elemento do tipo “contribuição previdenci|ria” seja
completado pela Lei previdenciária.

3. As causas de extinção da punibilidade impedem que o autor de


crime receba uma pena, PR um fato que acontece após o
cometimento do crime (p.ex. morte do agente). Á as escusas
absolutórias são características pessoais que eximem o agente de
pena, e existentes antes mesmo da prática do crime (p. ex. não
punir a mãe no favorecimento pessoal). Pressupostos processuais
são formalidades que devem ser cumpridas para que a relação
processual possa ser instalada para que se apure um fato
criminoso (p. ex. juiz constituído, órgão acusador, peça inicial).
Condições objetivas de punibilidade são circunstancias que
embora não interfiram na constatação ou não da ocorrência de um
crime, são exigidas para que se possa aplicar um tipo penal e
processa alguém pelo delito (p. ex. entrada do estrangeiro em
território brasileiro nos cries praticados no exterior).

4. O crime habitual exige, para sua configuração, queo agente pratiqe


mais de uma vez o mesmo ato, o que indicará que tem por meio de
vida o crime que pratica (p. e. rufianismo). Uma só conduta não é
suficiente para caracterizar o crime. O crime habitual impróprio é
um equívoco doutrinário que tenta considerar que embora o verbo
do tipo indique a necessidade de reiteração de atos, com apenas a
prática de um deles o delito já estaria configurado e a prática de
outros atos no mesmo sentido não serviriam para caracterizar
outro delito ou mesmo crime continuado. Recentemente o STF
admitiu que o crie de gestão fraudulenta (lei 7492/86, art. 4º)
seria habitual impróprio, e não seria necessário uma efetiva
“gestão”, mas tão somente um único ato de fraude para que o delito
estivesse caracterizado.

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5. O princípio da confiança pressupõe que cada cidadão deverá
executar aquilo que a lied lhe permite e se manterá assim dentro
do âmbito de riscos permitidos. Por isso, uma pessoa não deve se
preocupar com o comportamento da outra, mas somente com o seu
próprio, e pode confiar que todos cumprirão o que determina a lei.
É muito utilizado em crimes de transito, nos quais quem dirige
conforme as normas de transito não precisa se preocupar em
diminuir sua velocidade em um cruzamento que está verde a seu
favor. O principio da precaução tem aplicação no direito ambiental,
e prega a não utilização de um recurso se suas conseqüências
ainda são desconhecidas para o meio ambiente e seu potencial
lesivo não totalmente conhecido.

6. É um exame realizado para auxiliar na classificação técnica do


condenado para que possa receber uma melhor individualização
da pena. Pode ser realizado aos que iniciam seu cumprimento de
pena em regime fechado e semi-aberto, mas nunca para o aberto.
Também não pode ser realizado em presos provisórios, somente
nos condenados. A discussão a respeito surge com a revogação do
dispositivo da LEP que exigia a realização do exame para a
progressão de regime. Alguns autores defendem que o exame,
mesmo sem previsão legal, pode ser exigido. Outros que não, por
violar o princípio da legalidade. O STF tem acompanhado a
primeira corrente.

7. O peticionamento eletrônico poderá ser feito por qualquer meio


informatizado (fax, email), inclusive com a utilização da
certificação digital. A discussão refere-se ao prazo para o envio das
peças originais, caso não se trate de processo eletrônico. Havendo
prazo de interposição previsto em lei, o prazo para juntada dos
originais começará a fluir do término do prazo legal, e será de 5
dias. Não havendo prazo legal, entende-se queo prazo de 5 dias
começará a ser contado da data do peticionamento, e igualmente
de 5 dias.

8. Algumas leis (Drogas, armamento, crime organizado, hediondo)


proíbem ou proibiam a concessão de liberdade provisória.

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Contudo, este juízo caberá ao magistrado no caso concreto, pois
toda prisão provisória exige a fundamentação de sua
cautelaridade. A partir de 1988, a CF permite a prisão apenas em
flagrante de delito ou por ordem do magistrado, que deverá ser
fundamentada. Portanto, não há mais prisão por dispositivo de lei.
O STF julgo procedente a adin 3112 que considerou
inconstitucional os dispositivos da lei 11.826 que proibiam a
concessão de liberdade provisória por violar o estado de inocência
e a individualização da pena.

9. Tipo misto é o que traz mais de um verbo capaz de configurar o


mesmo delito. Assim, por exemplo, comete o crime de receptação
tanto quem adquire como quem recebe um objeto furtado.
Recentemente alguns autores tem defendido uma separação entre
um tipo misto alternativo e um cumulativo, o primeiro já
conhecido e que permite apenas uma punição ainda que o agente
pratique mais de um verbo, e o segundo (cumulativo), que
permitiria que, a cada novo verbo, o agente fosse punido mais uma
vez pelo mesmo crime. Neste sentido, com a revogação do crie de
atentado violento ao pudor, alguns autores começaram a dizer que
o crime de estupro seria misto cumulativo, e se o agente praticasse
mais de um ato libidinoso com a vítima, estaria cometendo mais de
um crime de estupro. Porém, o tipo em questão (art. 213) ao possui
mais de um verbo, mas apenas um (constranger), o que
impossibilita que tal teoria seja aplicada à espécie.

10. Conforme o CPP, sempre que a infração deixar vestígio o exame de


corpo de delito deve obrigatoriamente ser realizado para que se
comprove a materialidade do fato. Assim, sendo a arma de fogo um
vestígio, deve ser periciada para que possa ser considerada como
arma e assim qualificar o roubo. Contudo, o STF entendeu
recentemente que na ausência da arma, bastará que haja nos autos
menção a ela que o juiz poderá qualificar o roubo pelo uso de arma
de fogo. O fundamento é o depoimento da vítima ou da testemunha
que afirmam terem visto a arma, ainda que não tenha sido
periciada ou sequer apreendida. Doutrinariamente, tal situação é
insustentável pois a testemunha jamais poderá comprovar se o que
viu era realmente uma arma, ou se a mesma tinha condições de lesionar
alguém.

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