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vida pessoal, social e escolar daquelas que foram atingidas por esse procedimento
discriminatório.
É com base na legislação nacional e no ordenamento jurídico internacional
que invocamos a Meta 4 dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – “Eliminar a
disparidade de género no ensino básico e secundário, se possível até 2005, e em
todos os níveis de ensino, o mais tardar até 2015” – e formulamos esta
reivindicação pelo direito à permanência sem uma interrupção indesejada no
ensino secundário, contestando a referida medida de discriminação negativa das
jovens e adolescentes grávidas. Verificamos que, tanto no ensino básico, como no
secundário, já atingimos a paridade. Porém, no ensino secundário tem havido
quedas da taxa de escolarização feminina, podendo ter alguma correlação com a
medida discriminatória existente, sendo de realçar a grande percentagem de
jovens e adolescentes mães que se encontram fora do sistema escolar. Certamente,
existem outras medidas possíveis de serem aplicadas para combater a gravidez
precoce, como a educação para uma saúde sexual e reprodutiva responsável.
A nossa contestação vem na sequência do caso da Ana Rodrigues,
publicada no Liberal (secção sociedade, no dia 5/06/2008). Tivemos conhecimento
que, no passado dia 28 de Maio deste ano, esta estudante do 11.º ano, na Escola
Secundária Januário Leite, no concelho do Paul, foi convidada a anular a sua
matrícula “por motivo de parto”. Indignada com esse amargo sabor da
discriminação feminina nas escolas cabo-verdianas, Ana Rodrigues escreveu uma
carta para o Ministério da Educação e Ensino Superior, suplicando o direito de
continuar os seus estudos, sem uma interrupção indesejada neste ano lectivo
prestes a findar. Uma vez que a medida – apesar de ser discriminatória – abrange
apenas o período de gestação, impõe-se uma questão: por que razão a estudante
Ana Rodrigues foi convidada a anular a sua matrícula “por motivo de parto”? Se a
aluna tiver ultrapassado o limite de faltas, exigimos que ela tenha o direito de
justificar as suas faltas! Não podemos deixar de relembrar que a dita medida
atinge somente as mães, sendo uma clara discriminação das mulheres e
desresponsabilização do homem (pai) perante a maternidade. É com uma medida
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desta natureza que pretendemos “conciliar os princípios constitucionais de
protecção da maternidade e da infância”? É desta forma que pretendemos
construir uma sociedade mais justa, democrática e de respeito para com os direitos
humanos?
Assim, por causa do nosso descontentamento com o triste convite
endereçado à estudante Ana Rodrigues – que, apesar de estar a enfrentar
dificuldades económicas, é uma das melhores alunas da sua escola, com uma
média acima dos 17 valores – e também tendo conhecimento de outros casos
similares, decidimos avançar com uma petição, exigindo um enquadramento
especial para as alunas grávidas nas escolas secundárias, bem como um
acompanhamento das mães jovens e adolescentes para prosseguirem os seus
estudos. Aliás esta última exigência já foi reconhecida como sendo necessária pelo
Plano Nacional para a Igualdade e a Equidade de Género (2005-2009). Queremos deixar
claro que a nossa intenção não é incentivar a gravidez precoce, mas combater o
possível abandono escolar e a discriminação que a referida medida de suspensão
implica. Exigimos o direito à educação!