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O Intrepid Reloaded é uma

publicação virtual sem fins


lucrativos distribuída pela
Internet. O conteúdo é
dedicado aos fãs de Guerra
Editorial
Finalmente, um recorde. Nunca uma edição do Intrepid saiu tão próxima da
nas Estrelas – e seus outra assim, já que o tempo de produção e o tempo de giro das edições eram
respectivos braços multimídia lentos. Pois é, amigos, é a tecnologia a serviço da comunidade de fãs de Star Wars
– e aos aficionados por ficção mais uma vez, e de uma forma que você só encontra aqui.
científica em geral. Nesta edição, algumas matérias, digamos, inusitadas surgem entre as tantas
informações dedicadas a Star Wars. Entre elas está a reportagem exclusiva sobre o
Todas as imagens têm seus filme AcQuária, estrelado pela dupla Sandy e Junior, e um pequeno artigo de
direitos reservados às Silvia Helena Penhalbel sobre o seriado Taken, da HBO, que reativa o interesse por
companhias alienígenas depois do final de Arquivo X.
cinematográficas, televisivas Muita gente pode achar que o fanzine foi “contaminado” com besteirol ou
e respectivos produtores. deixou de ser sobre Star Wars. Bem, meus amigos, ser fã de SW não impede
Todo o material é utilizado ninguém de olhar o mundo ao redor e gostar, e curtir, outras coisas. Sem dúvida, a
para a divulgação dos Força corre nas veias de cada um que dedicou seu tempo a baixar o arquivo e a
programas citados. leu a edição.
Com essa “invasão” permitida, podemos apresentar novidades aos leitores e
Os textos e suas opiniões são fazer com que novos debates surjam na comunidade, seja ele por causa de uma
de responsabilidade de seus ficção científica nacional, seja ele por um novo seriado que trata do assunto. É
autores - identificados abaixo claro, tudo isso antes da estréia do nosso tão sonhado seriado sobre Star Wars,
- e não refletem, necessa- que um dia sai, é só ter fé.
riamente, a opinão do editor. Por falar na Santa Trilogia, Guerras Clônicas estreou com tudo no Cartoon
Os textos não identificados Network e faturou a matéria de capa, ao lado da visita de Samuel L. Jackson ao
são de autoria do editor. Brasil e às polêmicas e, até agora irreais, mudanças no DVD da Trilogia Clássica.
Assuntos que, sem dúvida, não poderíamos deixar passar batido. Para
Colaboradores completar, um belo perfil de ninguém menos que Mara Jade, uma das
personagens femininas mais densas e importantes do universo de Star Wars. Para
Arte e Layout completar, conseguimos uma entrevista bem interessante com Guilherme Briggs,
Erika Yuri um dos dubladores mais engajados e envolvidos com SW na atualidade.
Fabíola Chierice Bem, uma edição, digamos, eclética e com altas doses de midiclorians, num
visual feito sob medida para você, leitor do Intrepid Reloaded, ficar informado e
Imagens não entediado com milhares de palavras ou opiniões que mudam de acordo com
Fernando D. Netto a maré.
Vale ressaltar uma coisa muito, mas muito, importante. Algumas pessoas
Textos ajudaram de maneira fundamental nessa edição e, aos poucos, o que renasceu
Lu Costa como um projeto alucinado de um fã passa a se tornar o resultado do trabalho de
Priscila Queiroz tantos outros tão malucos quanto o piloto maluco que começou com tudo.
Sílvia Helena Penhalbel Obrigado a cada uma de vocês que ajudou na jornada.
Que a Força esteja conosco, hoje e sempre!
Colabore você também.
Envie textos, sugestões e Fábio M. Barreto
críticas para: - Editor
intrepid_zine@terra.com.br
Índice
Personagem do mês - Mara Jade pg. 04
Ajude na divulgação: Samuel L. Jackson no Brasil pg. 08
hospede o arquivo no seu site Capa: Sucesso de Guerras Clônicas na TV pg. 12
ou distribua para os amigos. Cinema: AcQuária pg. 16
Só avise para que a gente Lojinha do Watto: Livros pg. 18
saiba por onde o Intrepid TV: Taken pg. 20
Reloaded tem andado. Entrevista: Guilherme Briggs pg. 22
Mara Jade Skywalker:
Linda e Mortal
C onhecem aquela história de que amor e ódio são os dois sentimentos
mais próximos? Pois não há exemplo melhor para isso do que a vida de
Mara Jade, ex-agente Imperial, agora uma das Jedi mais poderosas da
Nova República. A transformação é radical, sim, e o responsável por ela
foi o homem que Mara deveria assassinar e que hoje é seu marido: Luke
Skywalker.
Decidida, forte, ágil, esperta, Mara Jade, com seus cabelos vermelhos
e olhos verdes, é a esposa perfeita para um Mestre Jedi conhecido por se
meter em encrencas. Dona de um senso de humor ácido, ela não hesita
em dizer o que pensa e isso já lhe causou vários problemas.
Mas vamos começar do começo. Quer dizer, do que achamos que seja
o começo, já que o passado de Mara Jade ainda é um mistério. Mara era
uma das Mãos do Imperador, agentes pessoais de Palpatine que serviam
a seus desígnios através da galáxia. Presume-se que Mara tenha sido
retirada de sua família ainda muito pequena, já que ela não se lembra de
seus pais nem de seu planeta natal, que ainda é desconhecido.
A característica mais importante das Mãos do Imperador era o fato
de serem sensitivos à Força. Assim, além de terem vantagem em
combates, Palpatine poderia enviar-lhes ordens onde quer que eles
estivessem. Não era diferente com Mara. Mas, apesar de servir a um
Lorde Sith, o treinamento dela foi feito de tal maneira que ela não passou
para o Lado Negro, por acreditar que tudo o que fazia era para o bem da
Galáxia.
E o que é mais importante para o bem da Galáxia do que acabar com
um dos líderes da insuportável Rebelião? Assim ela pensava quando recebeu do Imperador a ordem para matar Luke
Skywalker. Sabendo que Han Solo estava preso no palácio de Jabba, o Hutt, e que cedo ou tarde seus amigos apareceriam
para salvá-lo, Mara se infiltrou no lugar como a dançarina Arica. A chance de cumprir sua ordem veio com a execução de
Luke, Han e Chewbacca. Mara sabia que Jabba não conseguiria matar o Jedi e pediu para o criminoso deixá-la ir com a corte
para o Poço de Carkoon, mas Jabba não concordou e a missão falhou.
Após o episódio, Mara recebeu do Imperador uma missão menos importante como castigo por ter falhado. Enquanto ela
estava longe, o Imperador foi morto por
Darth Vader na Segunda Estrela da Morte.
No momento de sua morte, Palpatine
enviou através da Força sua última ordem
para Mara: ela deveria terminar sua missão
e matar Luke Skywalker. Nessa hora, Mara
teve uma visão de Luke e Vader unindo
forças e assassinando o Imperador e, assim,
ela passou a considerar Luke o culpado
pela morte de Palpatine.
Então, com o Império em desordem, e
sendo perseguida pela Diretora de
Inteligência Imperial, Ysanne Isard, Mara
decidiu deixar Coruscant e passou a viver
de planeta em planeta, até entrar para o

Intrepid - 4
grupo de contrabandistas liderado por Talon

FELIZ NATAL
NAT
Karrde.
Um dia, durante a crise provocada pelo
Grão-Almirante Thrawn, Luke acabou sendo
feito prisioneiro de Karrde e Mara o encontrou.
Desde o primeiro momento ela deixou claro
para ele que iria matá-lo, mas não teve
oportunidade de fazê-lo já que precisava da
ajuda dele. Afinal, Thrawn estava dando
trabalho até para os contrabandistas e Karrde
havia feito uma aliança informal com a Nova
República.
Com o desenrolar da crise e as aventuras
para sobreviver, Mara e Luke foram ficando
cada vez mais próximos. Quando a crise
acabou, eles já eram muito amigos. Ela treinou
por um tempo na Academia Jedi fundada por
ele antes de viajar pela galáxia com Lando
Calrissian atrás de um artefato antigo. Essa
viagem causou ciúmes em Luke e o Mestre Jedi
acabou declarando seus sentimentos, no que
foi totalmente correspondido por Mara. É
aquela história que eu falei lá no primeiro
parágrafo: amor e ódio são sentimentos muito
próximos.
Mara acabou completando seu
treinamento Jedi e se tornou uma das mais
poderosas da Ordem e mestra de Jaina Solo,
filha de Han e Leia. Ela e Luke se casaram em
duas cerimônias, uma seguindo as tradições
Jedi e outra “normal”. Mara passou então a
ajudar Luke no comando da Nova Ordem Jedi,
sendo às vezes quem puxa Luke para a ação.
Pouco tempo depois do casamento, ela ficou
doente, infectada por algo que nenhum médico
conseguia descobrir o que era. Logo se soube
que essa doença era parte do plano dos
Yuuzhan Vong para desestabilizar os Jedi e
invadir a galáxia.
Enquanto estava doente, Mara descobriu
que estava grávida. Na hora do parto, foi
preciso que Luke se unisse a seu filho com a
Força para que ela finalmente conseguisse ser
curada completamente. O pequeno recebeu o
nome de Ben Skywalker
Para quem acompanha suas aventuras,
Mara Jade deixa claro que não é intimidada
facilmente. De agente imperial a Jedi, passando
por contrabandista, foi um longo caminho.
Mas se tem uma coisa que esta ruiva não sabe
fazer, é desistir.

Texto: Priscila Queiroz


O tempo passa... e Star Wars muda
Boatos indicam possíveis edições na versão original da Trilogia Clássica e a criação de
links com os novos filmes da saga

sepultadas e não mais serão exibidas em qualquer


cinema do mundo. George Lucas considera apenas a
Edição Especial como adequada para exibição. As
inovações técnicas foram muito bem vistas, algumas
cenas alteradas não, mas, no fim das contas, o
resultado foi equivalente e, hoje, quase todo mundo
tem uma cópia das fitas em casa. Agora, porém,
George Lucas pode estar indo onde nenhum diretor
jamais esteve e, correndo sério risco, pode alterar
sua obra-prima. Seu legado para a cultura mundial.
Como? Se os recentes boatos estiverem certos, os
filmes que conhecemos sofrerão alterações tão
brutas e desnecessárias que será difícil assistir ao
resultado final e não terminar com sentimentos
assassinos.
Em tempo, tudo que for dito aqui referente
às tais mudanças é baseado num boato de um
cidadão que conhece alguém na LucasFilm que
teria dado a língua nos dentes. Portanto, é bom
Texto: Fábio M. Barreto deixar claro, nenhuma fonte oficial confirmou
Estados Unidos da América. Verão de 1977. Los tais rumores. A própria data do lançamento do
Angeles e, mais tarde, pelo resto do país e do DVD é um rumor: 2004. Parece ser a coisa mais
mundo. Milhares de pessoas fazem fila para assistir concreta, já que, depois de uma misteriosa
a um novo filme, de ficção científica e sair da sala de reunião no Skywalker Ranch, a companhia
cinema com a certeza de que, a partir daquele iniciou seus preparativos de marketing para
momento, tudo estaria mudado no cinema do Episódio III, e lançar os DVDs no ano que vem
gênero. Essas pessoas, e várias gerações futuras, seria um modo bastante garantido de aquecer o
tiveram a alegria de assistir ao filme Guerra nas mercado e trazer o assunto de volta à mídia.
Estrelas, do pouco conhecido diretor George Lucas Que alterações são essas, então? Bem, são
e com um elenco menos conhecido ainda. Um tal mais de 50 itens listados por sites como o
Harrison Ford, uma tal Carrie Fisher e um garotinho Digital Bits – conceituado veículo do mercado
chamado de Mark Hammil. As duas continuações digital -, Ain’t It Cool News – o paraíso da
vieram – num tempo em que isso não era a regra e o fofoca, e eles acertam várias delas -, o TheForce
sucesso foi fantástico com O Império Contra-Ataca “Maria vai com as outras”Net, e etc. São coisas
e O Retorno de Jedi – e os fãs aumentaram. Hoje, 26 do tipo: efeitos dos sabres de luz seriam refeitos;
anos depois, graças à tecnologia digital e aos músicas da nova trilogia e novos diálogos
computadores, parece que o sonho de se ter a seriam inseridos para criar um link entre as
Trilogia Guerra nas Estrelas em formato DVD histórias; personagens seriam substituídos para
parece mais real do que nunca. Porém, e sempre dar lugar a criações por computador e
tem um porém, o filme do qual falava a pouco invenções da nova trilogia; modificações em
não existe mais e o que pode ser lançado é uma veículos, cenas e duelos. A lista vai longe, e é
outra versão cheia de modificações e ligações uma atrocidade pior do que a outra.
com a nova série de filmes, iniciada em 1999 Alguns destaques comentados:
com Star Wars: A Ameaça Fantasma. - duelo entre Vader e Obi-Wan mais
Outra versão? A original não existe mais? “dramático” com novas cenas (de onde???),
Pois é, desde o ano de 1997, quando a Edição melhores efeitos e a inclusão da música Duel of the
Especial da Trilogia Clássica foi lançada, para Fates. Precisa comentar? Só faltam os Muppets
surpresa de muitos, as cópias originais foram dançando ao redor!

Intrepid - 6
cinemas com muita coisa nova, embora já conhecida pelos mais
aficionados; e até mesmo E.T. – O Extraterreste voltou para a
sala de edição e lá se foram armas e outras cenas que renderam
várias críticas negativas.
Caso estes rumores concretizem-se, vai ser a maior
edição já feita num clássico. Algo realmente sem
precedentes. O fato de George Lucas ser o pai da criança e
dono da marca levanta uma curiosa questão: até onde ele
pode fazer o que bem entender? A princípio ele não teria
limites, mas por se tratar de coisas tão importantes, filmes
como Guerra nas Estrelas deveriam ser patrimônios culturais
da Humanidade, algo assim.
A grande questão é realmente o fato de que com isso os
filmes não tenham seu formato definitivo. Peter Jackson é
outro que agora leva uma versão estendida de sua trilogia
- reutilizar a cena original de Han Solo mandando fogo no aos cinemas e, pelo que ele filmou, ainda deve render
Greedo. Taí uma coisa que poderia acontecer! Aliás, a única! algumas reedições no fértil mercado de DVD.
- Mais Tie Fighters e X-Wings explodindo na Batalha de Este “fenômeno” pode parecer pequeno, mas pode ter
Yavin. Se matarem o Wedge eu sou deportado, mas vou até conseqüências bem complexas em longo prazo já que com o
lá e mato um por isso. Ah, piora: Naboo Starfighters na intuito de gerar mais dinheiro, ou o desejo do diretor de
mesma cena. Impensável. mudar algo, todos os filmes com grande apelo de público
- Trocar o escrito “Tractor Beam” para algo em são passíveis de uma reedição e, especialmente as novas
Aurabesh. Lógico, mas já não fez na Edição Especial. Um produções, podem passar por tantas delas quanto os
pouco tarde para notar isso, eim? estúdios acharem necessário, já que o material produzido
- Mudar a cena em que os Rebeldes vêem os planos da hoje em dia é muito mais rico e volumoso que o das décadas
Estrela da Morte, para algo igual ao mostrado pelo “povo de 70 e 80.
formiga” em EPII. Enfim, algumas das mudanças propostas pelo tal boato
- Refazer a queda de Luke na Cidade das Nuvens com são boas e tem boa chance de acontecer: novos efeitos nos
um dublê e novos efeitos. sabres, o retorno da cena original de Han e Greedo, retoques
de cenários e personagens com computação gráfica e outros
As piores (ah, tá brincando, pode? Pode!): pontos técnicos. Agora, a inclusão de novas cenas e a
- Rancor refeito em computação gráfica e mais nojento. substituição de atores são coisas difíceis de se engolir, sem
Gente, pára tudo! O Rancor e seus efeitos horríveis são dúvida. Pura questão de bom-senso.
marcas registradas de SW! Boas ou ruins, porém, só saberemos se estas alterações
- Neimoidianos inseridos digitalmente na Cantina de realmente serão feitas no na que vem, quando, finalmente,
Mos Eisley. Wüher vai quebrar tudo! podemos ter a Trilogia Clássica em DVD.
- R2-D2 voando pelos degraus da Millennium Falcon, Realmente, espero que só a parte técnica valha e que as
assim como em Episódio II. cenas permaneçam.
- Para fechar com chave de ouro: Sebastian Shaw seria
REMOVIDO de O Retorno de Jedi para que o rosto de Darth
Vader seja de Hayden Christensen, assim como o “espírito de
Anakin” na cena final depois da Batalha de Endor. Já que tem
Hayden, é claro que tem o espírito de Padmé aparecendo também.

Bom, pelo que podemos ver ou alguém


bebeu muito ou Guerra nas Estrelas vai mudar
muito mais do que o nome desta vez. Parece
que reeditar grandes clássicos da década de
80, principalmente, se tornou algo comum na
indústria cinematográfica. Ridley Scott incluiu
novas cenas em Alien – O Oitavo Passageiro
(que, aliás, chega em DVD lá para fevereiro numa
nova caixa com 4 discos); Apocalypse Now
Redux também trouxe uma nova versão pelas
mãos de Coppola; O Exorcista voltou aos Intrepid - pg. 5
Samuel L. Jackson:
ator, vencedor e grande fã de Star Wars
Perfil, filmografia e opiniões de um dos maiores astros da atualidade e o eterno Mestre Jedi Mace Windu

Num dia histórico, o primeiro ator da nova trilogia de Star Wars pisou em
terras brasileiras e mostrou que há muito mais em Samuel L. Jackson do
que simplesmente um dos Jedi mais poderosos da galáxia. Imortalizado na
saga de George Lucas pelo papel de Mace Windu, o ator norte-americano
veio ao Brasil para divulgar o imperdível Violação de Conduta, estrelado por
ele e John Travolta, e dirigido por John McTierman.
Samuel Leroy Jackson visitou o Rio de Janeiro, por conta do Festival de
Cinema do Rio, e foi, sem dúvida, a principal atração do evento.
Acompanhado por uma equipe de fiéis profissionais, Sam – como gosta de
ser chamado – passou um dia atendendo à imprensa de todo o país e
também aos colegas do Conselho Jedi Rio de Janeiro, que participaram de
todas as atividades e ainda conseguiram preciosos minutos com o ator.
Completamente despreocupado com fato de que Mace Windu tem data
marcada para morrer, o ator fala com desenvoltura sobre Star Wars e,
graças a alguns jornalistas despreparados, foi envolvido uma “polêmica”
forçada sobre porte de armas. Durante a coletiva de imprensa, uma
nervosa e jovem jornalista tentou fazer uma pergunta relativamente
conceitual, enrolou no inglês, ninguém entendeu nada e acabou
perguntando sobre Episódio III. Ele, prontamente, respondeu: é nesse que
eu morro. A garota, com cara de espanto, devolve: você morre? Aí começou
a aula. Samuel, numa mistura de bom-humor e sarcasmo, explicou assim:
Caso você não tenha assistido a Episódio IV, que é o primeiro filme, e o
resto da trilogia, devo dizer que só sobraram quatro Jedi vivos – são eles
Luke Skywalker, Obi-Wan Kenobi, Yoda e Darth Vader – o resto deles está
morto. Incluindo eu.
Devo confessar, fui em quem começou a bater palmas depois dessa.
Onde essa mulher esteve nos últimos 25 anos? Enfim, alguns jornalistas
não gostaram do tom e isso gerou várias matérias negativas na imprensa.
O fato é que não havia pergunta que ele não respondesse, inclusive as referentes ao porte de
armas (a Constituição Norte-Americana permite o porte de arma por qualquer cidadão e ele,
como milhares de outros, tem uma arma).
Fã de golfe (a primeira coisa que ele fez no Rio foi visitar o campo de golfe mais
próximo) e completamente afastado de qualquer bebida alcoólica, Samuel não tem medo de
falar de seu período envolvido com drogas e seu período negro numa clínica de reabilitação
de drogados. Foi impressionante a revelação de que seu personagem em A Febre da Selva, de
Spike Lee, era ele mesmo, sem nenhuma preparação. Magro e com um semblante moribundo,
ele saiu da clínica e foi direto para o set de filmagens.
Com a seriedade digna de Jules (seu inesquecível papel em Pulp Fiction – Tempo de
Texto: Fábio M. Barreto
Violência, de Quentin Tarantino) e muita disposição física, Sam recebeu jornalistas de todo o país
em algumas mesas redondas de entrevistas e especiais para a TV. A única coisa que ele fazia entre
uma e outra era levantar, dar alguns passos, esticar os braços e já estava pronto para outra. Aos 54
anos, Samuel falou sobre a carreira, o relacionamento com John Travolta, seus projetos pessoais e
suas escolhas de roteiro. E ainda encontrou bom humor para lidar com uma pergunta sobre o filme
Matrix. “Eu não sou Laurence Fishburne. Não sei de onde as pessoas tiram isso”, disse com um
sorriso no rosto. A cara de “ai fiz merda” do jornalista foi impagável, já que ele havia pedido mais
uma pergunta e era a última do dia. Terminou muito mal, mas todo mundo deu risada.

Intrepid - 8
Num determinado momento, Samuel foi questionado sobre como é trabalhar com
George Lucas. A resposta veio em atuação, ele tomou um pouco de espaço e começou a
imitar os trejeitos do Flanelado na direção. Foi hilário, pois ele cruzava os braços, fazia
cara de conteúdo olhando para o que seria o pequeno monitor, coçada a suposta
barba, cruzava os braços novamente e, no máximo, dizia: “Good”. Em seguida
completou, “sempre cresci ouvindo que se ninguém diz nada é porquê está tudo
certo”.
Sam comentou que era divertido contracenar com a tela azul – coisa que Terence
Stamp repudiou e disse ao mundo que foi horrível trabalhar em EPI -, já que ele tinha
que imaginar um bocado. “Eu estava com Ewan no cenário, meu sabre de luz lilás
estava “ligado” – e só eu tenho um dessa cor – e George gritava: “vocês estão cercados,
defendam-se”, e eu começava a imaginar aquelas coisas dos desenhos de produção, aí
ele dizia “tiros vindo de todos os lados, bloqueiem” e a gente começava a bloquear
para tudo quanto é lado. Foi ótimo quando ele disse “tem uma coisa enorme indo na
direção de vocês, uma fera” e eu perguntei “grande como? que fera?” e ele gritou
“maior que um trailer familiar e ele quer te pegar”. Cara, deu vontade de gritar, mas eu
imaginei depois vi que cortava o chifre daquela coisa. Foi ótimo. Sinto pelas famílias
de tudo aquilo que matei sem ver”. “Pelo menos não tem sangue, o que é bom”,
completou.
Infelizmente, não houve qualquer acordo que permitisse um contato maior de
Samuel com os fãs. O Conselho Jedi Rio enviou presentes e bateu um rápido bate-papo
com o ator no Copacabana Palace. O resultado foi exibido na JediCon in Rio 2003.
Como Sam veio ao Brasil para divulgar especificamente Violação de Conduta a Fox Film
não quis focar em outras coisas, mas uma coisa foi muito boa: o pouco contato que teve
foi bem visto por ele e por sua equipe.
Quem sabe isso não abre um precedente para um possível retorno em 2005, ou
pelo menos mais um ponto para a nossa campanha permanente de popularização do
Brasil entre os astros ligados a Star Wars.
Gostaria muito de transcrever todas as entrevistas que acompanhei durante um
dia de trabalho, mas justamente por estar trabalhando, não pude fazer nada além do
permitido e nem mesmo um autógrafo eu pude pedir. As únicas coisas que restaram
de “um dia acompanhando e auxiliando Samuel L. Jackson” são as minhas memórias
e uma única e inesquecível foto.
Foi duro, ser tão fã e ao mesmo tempo o cara mais próximo a ele durante um dia
todo. Mas, missão
cumprida e espero ter
podido compartilhar
parte disso com vocês,
caros Jedi.

Curiosidade
Bom, como somos
fãs, gostamos de saber
coisas estranhas sobre
nossos ídolos: Sam
adora manga e ficou
amarradão no
Guaraná Antártica.

Esse sou eu -->


o cara do lado é o Sam
Filmografia completa e Biografia de
Samuel L. Jackson
Samuel Leroy Jackson nasceu em
Washington DC, em 21 de dezembro
de 1948. Ele foi criado pela mãe e
pelos avós no Tennesee, estado do sul
dos Estados Unidos, uma região
marcada pelo racismo e fez faculdade
de Artes Dramáticas em Atlanta. Na
faculdade, em 1969, ele foi suspenso
por ter feito membros da diretoria de
reféns, incluindo Martin Luther King
Sr. Ele fazia parte de um grupo que protestava a ausência de membros negros na comissão e de
uma cadeira para estudos da cultura negra. Logo se vê que Jackson sempre foi chegado em ação.
Depois da formatura, em 1972, Jackson continuou em Atlanta, onde trabalhou em comerciais e
peças de teatro. Lá ele também participou de seu primeiro filme, Together for Days, ainda em 1972.
Em 1976, Samuel se mudou para Nova Iorque, onde entrou para a Negro Ensemble Company,
companhia de teatro voltada para a cultura negra. Foi depois de uma das apresentações da
companhia que Samuel conheceu o diretor Spike Lee, que freqüentou a mesma faculdade que ele.
Lee escalou Jackson para os filmes Lute Pela Coisa Certa (1988), Faça a Coisa Certa (1989) e Mais e
Melhores Blues (1990). Em 1991, veio o grande papel de Jackson, que atraiu a atenção da mídia
internacional para sua performance: o viciado Gator, de Febre da Selva. Sua atuação lhe valeu o
prêmio especial do Júri no Festival de Cannes de 1991 e o prêmio de melhor ator coadjuvante da
Associação de Críticos de Cinema de Nova Iorque.
Nos cinco anos seguintes, Jackson co-estrelou mais de 20
filmes, para TV e para cinema, sempre no papel do coadjuvante
negro para os protagonistas brancos. Em 1994, outro grande
momento: sua atuação como o matador de aluguel Jules em
Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, lhe rendeu uma indicação
ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Ele passou a ser um dos
favoritos de Tarantino, que o escalou para vários de seus filmes
posteriores. Jackson passou de mero coadjuvante a estrela e
esteve à frente de produções como A Negociação (1998), com
Kevin Spacey, Shaft (2000) e
Corpo Fechado (2000), com
Bruce Willis. Fã de Star Wars,
Sam pediu e levou o papel do
Mestre Jedi Mace Windu na
Nova Trilogia da Saga, e
ganhou a admiração dos fãs
Textos: Priscila Queiroz ao redor do mundo por também ser fã, e por ter emprestado todo
seu jeito “durão” de ser ao personagem.
Samuel pode se considerar um vencedor. Ele deu a volta por
cima de vários problemas com drogas e bebidas e, hoje, é um dos
artistas mais respeitados do cinema por sua capacidade de
interpretar – muito bem – vários tipos de papéis. Sua família é
parte importante em sua virada: Sam é casado com a também
atriz LaTanya Richardson, sua namorada da época de faculdade,
com quem tem uma filha, Zoe. O casal está junto há 23 anos.

Intrepid - 10
Filmografia:
2005 - Star Wars: Episode 3
2004 - Triplo X 2 (XXX 2)
2003 - 2004: A light knight’s odyssey (voz)
2003 - Country of my skull
2003 - Kill Bill
2003 - Blackout
2003 - S.W.A.T. - Comando Especial (S.W.A.T.)
2003 - Violação de Conduta (Basic)
2002 - Star Wars: Episódio 2 - Ataque dos Clones 1991 - Strictly business
2002 - Triplo X (XXX) 1990 - Mais e melhores blues (Mo’better blues)
2002 - The House on Turk Street 1990 - O casamento de Betsy (Betsy wedding)
2002 - Fora de Controle (Changing lanes) 1990 - Def by temptation
2001 - Visões de Um Crime (The Caveman’s Valentine) 1990 - O exorcista III (The Exorcist III)
2001 - Mefisto in Onyx 1990 - Os bons companheiros (Goodfellas)
2001 - Baladas, rachas e um louco de kilt (The 51th state) 1990 - O retorno do superfly (The Return to the superfly)
2000 - Corpo fechado (Unbreakable) 1990 - A shock to the system
2000 - Shaft (Shaft) 1989 - Faça a coisa certa (Do the right thing)
2000 - Regras do jogo (Rules of engagement) 1989 - Vítimas de uma paixão (Sea of love)
1999 - Do fundo do mar (Deep blue sea) 1988 - Um príncipe em Nova York
1999 - Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma 1988 - Lute pela coisa certa (School daze)
1998 - O violino vermelho (The Red violin) 1987 - Magic sticks
1998 - A negociação (The Negociator) 1981 - Na época do ragtime (Ragtime)
1998 - Irresistível paixão (Out of sight)
1998 - Esfera (Sphere)
1997 - Jackie Brown (Jackie Brown)
1997 - Amores divididos (Eve’s bayou)
1997 - 187 - Código da Violência (One eight seven)
1996 - Despertar de um pesadelo
1996 - Tempo de matar (A time to kill)
1996 - Onde está Jimmy? (The Search for one-eye Jimmy)
1996 - Ponto de encontro (Trees lounge)
1996 - O trambique do século (The Great white hype)
1996 - Sydney
1995 - Fluke - Lembranças do passado (Fluke)
1995 - Duro de Matar - A Vingança
1995 - O beijo da morte (Kiss of death)
1995 - O destino de uma vida (Losing Isaiah)
1994 - Pulp Fiction - Tempo de violência (Pulp Fiction)
1994 - Fresh (Fresh)
1994 - Uma aposta muito louca (Hail Caesar)
1994 - Loucuras de um divórcio (The New age)
1993 - Jurassic Park - Parque dos Dinossauros
1993 - Máquina quase mortífera I
1993 - Não chame a polícia! (Amos & Andrew)
1993 - Perigo para a sociedade (Menace Il society)
1993 - Amor a queima-roupa (True romance)
1992 - Jogos patrióticos (Patriot games)
1992 - Areias brancas (White sands)
1992 - Perigo em família (Fathers & sons)
1992 - Juice (Juice)
1991 - Johnny Suede (Johnny Suede)
1991 - Caminhos da vida (Jumpin’ at the boneyard)
1991 - Febre da selva (Jungle fever)
AC Q UÁRIA
C entenas de monitores antigos exibem um programa há apocalíptico no qual a Terra não tem mais água e as pessoas vivem
muito esquecido dentro de um satélite abandonado, o último graças às raras chuvas que acontecem.
legado da antiga civilização que conhecemos. Lá embaixo, a Logo de cara, muita ação com uma invasão à pequena
Terra, uma vez azul e cheia de água, encontra-se cidade onde o artista e inventor Bártók (Alexandre Borges,
desertificada. Fruto da falta de controle e do desperdício de com um visual super Obi-Wan da nova trilogia), sua esposa
água. É assim, com efeitos especiais fabulosos, que a (Julia Lemmertz, que é casada com ele na vida real) e seus
experiente diretora Flavia Moraes apresenta ao público seu filhos. Coisa típica de mundos desolados, já que os
AcQuária, um longa-metragem de fantasia e ficção científica saqueadores sempre aparecem vindos do nada.
estrelado pelos astros Sandy e Junior. Enfim, 15 anos mais tarde somos
Medo, muito medo. Era isso que sentia apresentados ao jovem Kim (Junior, sabiam
antes de assistir ao filme, já que as que o nome dele é Durval Lima Junior?),
experiências anteriores com filmes que mora com Gaspar (Emilio Orciollo
estralados por celebridades da música Netto) e o pequeno Guili (a revelação Igor
nunca foram boas. Xuxa não cansa e o Rudolf). Eles vivem sozinhos e sobrevivem
cinema merece um respiro. Finalmente, ele a base de estranhos peixes mutantes
chegou com AcQuária. Foi uma sensação pescados num fabuloso mar de areia (mais
muito boa poder acompanhar à primeira um ponto para os efeitos especiais). Um
exibição em película de um filme de ponto deveras importante no elenco
verdade. Nada de bobagem e de musicais deve ser citado: Milton Gonçalves,
chatos e sem sentido só para vender a um dos pilares da teledramaturgia
trilha sonora. nacional numa interpretação
O que se vê na tela é um filme sério e, marcante e apaixonada como não
como disse a diretora, “corajoso”, já que via há muito.
custou R$ 10 milhões para ser realizado e Mais tarde, numa de suas
envolveu filmagens no deserto do caminhadas, Kim encontra um
Atacama, no Chile, efeitos especiais de cavalo morto e sua dona – Sarah
ponta criados no Brasil, som THX, uma direção de arte (vivida por Sandy) – e é aí que a trama criada por
impecável e uma fotografia de deixar o queixo cair. Precisa Flavia Moraes e Claudio Galperin ganha corpo.
dizer mais? AcQuária leva o espectador a um futuro Misteriosa e extremamente hábil, Sarah passa a

Intrepid - 16
morar com os rapazes e demonstra um anormal interesse pelas
invenções dos garotos e o legado do pai de Kim.
A história é uma grande mescla de aventura, comédia (graças
a Gimli, o comic relief do filme), romance (os alucinados por
Sandy vão ter um treco com a cena de beijo) e drama. É curioso
ver como neste futuro em especial, não há nenhuma referência
aos bons sonhos de Roddenbery e nem ao ceticismo de Kubrick.
A água acabou e tudo que restou foi, literalmente, a sobra da
civilização que conhecemos com um certo grau de evolução.
Como toda realidade pós-apocalíptica, há um natural retorno ao
arcaico e a necessidade de reinvenção faz-se necessária. Com
isso, o roteiro foi feliz na inclusão de algumas passagens
musicais – não, não é aquela coisa Xuxa de ser: agora vamos
parar e cantar! -, afinal de contas, não há nada mais ancestral
que a voz e a descoberta dos sons.
O bom de AcQuária é que ele não é um filme de Sandy &
Junior, mas sim uma produção com Sandy e Junior trabalhando
como atores. A atuação dos dois não é nada excepcional, mas
também não abre muito espaço a críticas. Um trabalho honesto,
sem dúvidas. Eles contaram com o apoio de uma diretora de
primeira linha que, embora estréie no cinema com este filme, já
trabalha há mais de 20 anos com cinema publicitário e
videoclipes: Flavia Moraes. O carinho desta mulher é tamanho
que fica difícil não se sentir cativado a abraçar a idéia de
AcQuária.
Um ponto curioso: o filme estréia numa época
em que a cidade São Paulo passa por uma grave
crise de falta de água e o roteiro levanta, em alguns
pontos, a bandeira da conscientização e da
ganância que envolve a posse e o consumo deste
bem tão essencial.
O assunto é controverso, já que muita gente
“odeia o filme da Sandy” mesmo antes de ver.
Quem tiver a coragem de ir ao cinema, mesmo
contra tal preconceito, pode se surpreender. É o
novo cinema nacional e, desta vez, com muito mais
investele dimento, fé e tecnologia. Gostem ou não,
AcQuária é um marco histórico do
nosso cinema e fica a critério de
cada um deixar passar só por não
gostar da dupla.

Intrepid - pg. 11
Lojinha do Watto
As novidades mais recentes em games, livros, revistas em quadrinhos e
outras coisas que só o Titio Watto consegue para você!
Harry Potter e a Ordem da Fênix
(Editora Rocco )

Um bruxo foi a única coisa necessária para ressussitar a aparentemente


apagada vontade de leitura da garotada. Tal qual a Fênix do título de seu
quinto livro, Harry Potter fez para o mundo dos magos o que Star Wars fez
pelo cinema e pela ficção científica: recriou conceitos e motivou uma nova
onda cultural. No Brasil, o novo livro de J.K.Rowling teve dois grandes
momentos. O lançamento da edição em inglês já havia provocado uma
correria desenfreada às grandes livrarias do país, recentemente, o livro
chegou em versão traduzida e, num fato praticamente inédito, 300 mil cópias
foram vendidas em menos de 2 dias – detalhe, antes da liberação oficial da
editora Rocco, que teve seu esquema de distribuição furado por bancas de
revistas e, em seguida, várias livrarias de grande porte. “Harry Potter e a
Ordem da Fênix” leva os sedentos fãs da série ao quinto ano dos estudos de
Harry Potter, que enfrenta grande preconceito e marcação serrada depois do
retorno de Voldemort no livro anterior. O clima é muito tenso e elementos
novos como a Prof. Umbrige – a nova manda-chuva de Hogwarts, graças ao
corrupto Ministério da Magia – surge e ganha, com méritos, o título de
personagem mais chata e odiada de toda a série. A idade dos personagens os
leva a também enfrentar os conflitos da adolescência, o controle dos
hormônios e, é claro, aquele desejo impetuoso de beijar alguém ou fazer
Potter: 300 mil cópias
coisas fabulosas. Muita coisa muda e talvez o único defeito do livro seja seu tamanho: 704 páginas na
vendidas no edição nacional e quase 1 quilo de peso. Rowling estendeu-se muito em alguns pontos
lançamento nacional desnecessariamente e a agilidade presente nos outros títulos perdeu um pouco de força. Enfim, com
fenômeno não se brinca e é leitura obrigatória para baixinhos e altinhos que gostam do assunto e,
especialmente, das aventuras de Potter e seus dois inseparáveis companheiros.

Explicando Tolkien
(Editora Martins Fontes)

Nada parecido já foi feito por um brasileiro. Ronald Kyrmse é a


maior autoridade nacional no que se trata da vida e da obra de
J.R.R. Tolkien. Ele resolveu, então, mostrar o que sabe sobre o
autor ao publicar o livro Explicando Tolkien (Ed. Martins Fontes),
cuja finalidade é apresentar e aprofundar as maravilhas criadas
pelo Professor. O livro é capaz de agradar os mais fanáticos fãs de
Tolkien, assim como aqueles que só vieram a conhecer Tolkien e
sua obra por conta da trilogia cinematográfica O Senhor dos Anéis,
de Peter Jackson. A obra trás explicações sobre vários aspectos da
obra de Tolkien, como calendários da Terra-Média, línguas de
Arda, escritas élficas, as Eras criadas pelo Professor e, ainda, faz
uma pequena comparação entre a obra original e a adaptação
feita para as telonas. Numa rápida entrevista, Ronald chegou a
citar que não está totalmente satisfeito com a sua nova criação e,
por isso, uma segunda obra deve ser publicada para
complementar o assunto “Tolkien”. Afinal, ninguém melhor do
que ele para ampliar os horizontes. Explicando Tolkien é uma ótima opção de presente de natal e
chegou às lojas no dia 6 de dezembro, com um grande lançamento.

Intrepid - 18
No money, no parts,
no deal!, - Watto, EPI

A Pílula Vermelha -
Questões de Ciência, Filosofia e Religão em Matrix
(PubliFolha)

“Bem-vindo ao Mundo Real”, já anunciava Morpheus


no primeiro filme da trilogia Matrix, dos irmãos
Wachoswki. Como não temos a opção de tomar, de fato,
a pílula vermelha para aceitar a realidade ou ficar com a
azul (curiosamente, a cor de um famoso estimulante para
ereção) e continuar na mentira e comprar a ilusão, os
círculos intelectuais e grandes discussões são o modo de se
entender o que realmente significa a Matrix e como
podemos nos desvencilhar dela – para os que acreditam
(em algum nível) e se questionam, é claro. Desde a estréia
de Matrix, em 1999, muitos filósofos, articulistas,
pensadores, fãs, e diversas pessoas ligadas ao meio cul-
tural mantêm debates sobre a mensagem do filme ou, ao
menos, interpretações ao trabalho apresentado. O livro A
Pílula Vermelha – Questões de Ciência, Filosofia e Religião em
Matrix, publicado pelo PubliFolha, reúne os melhores
artigos internacionais sobre o tema, que enfocam diversos
aspectos: do religioso ao tecnológico. Entre os 14 artigos, aquele leitor que já dedicou um certo
tempo à analise da obra pode encontrar muitas idéias familiares ou então abrir novos horizontes,
já que cada uma das áreas selecionadas apresenta a sua própria explicação. É aquela história:
todas se completam, nenhuma se anula. Você pode considerar Neo como o estereótipo de Cristo,
como pode pensar que a Matrix é uma crítica ao sistema sócio-político do mundo de hoje, isso não
importa, já que há diversos níveis de verdade e de entendimento. Basta escolher um. Aqueles que
querem se aprofundar mais no assunto não podem perder este título (e, por favor, evitem aquela
aberração da Editora Madras). Tem certeza de que tomou a pílula vermelha? Entre e comprove.

O Andarilho
(Editora Record)

Era uma vez um jovem sonhador e filho de um padre na Idade Media.


Certo dia, sua vila foi atacada e praticamente todos foram mortos,
incluindo seu pai. Tudo por causa de uma velha lança que estava
guardada dentro da capela: era a Lança de São Jorge. Assim começa a
história de Thomas de Hookton, um rapaz que se une aos arqueiros
exército inglês e parte em campanha França adentro durante a Guerra
dos Cem Anos. Escrito por Bernard Cornwell, famoso pela trilogia As
Crônicas de Artur, o livro O Arqueiro iniciou mais uma série denominada
A Busca do Graal. Agora chega às livrarias o segundo livro da série: O
Andarilho. Depois de combates fabulosos, Thomas segue sua jornada em
busca do assassino de seu pai e da misteriosa ordem antiga do qual sua
família fazia parte. Em meio a isso, uma misteriosa visão o acomete e seu
caminho começa a ser entrelaçado com o daqueles que buscam o Santo
Graal – e sem nenhum membro do Monty Python, o que é uma pena,
teríamos mais piadas.. Ni... Ni... oops, é irresistível. Então, a recriação de
época tradicional de Cornwell continua impecável e, mais uma vez,
Thomas enfrenta problemas mil para encontrar o que precisa. Boa
indicação aos aficionados por uma boa novela cavalheiresca, afinal, é
sempre bom ler um capa-espada (nesse caso seria mais um capa e arco)
de qualidade. Intrepid - pg. 11
E.Ts. como nunca vimos antes:
Taken, de Steven Spielberg
Mais uma vez, Steven Spielberg mostra sua forte ligação com extraterrestres e deslumbra o mundo com
Taken, sua nova missérie que é exibida pela HBO

fenômenos ufológicos têm suas vidas


modificadas para sempre e influenciadas pelas
visitas destes seres do espaço, mostrados sob
um ponto de vista bem diferente dos
normalmente apresentados em programas do
tipo. Não são apenas casos bizarros de
abduções não-confirmadas ou sensações
estranhas, mas sim fatos reais e bem mais
corriqueiros do que imaginamos.
Todos os detalhes são perfeitos, desde a
caracterização dos personagens em cada
época, até os efeitos especiais dos alienígenas
cinzas, das naves espaciais e dos artefatos
usados pelos aliens em suas experiências com
os humanos abduzidos.
Russell Keys e seu filho Jesse são vítimas de
constantes abduções e, sem saída, acabam nas
mãos do Coronel Owen Crawford, que dirige o
Texto: Não é por acaso que Steven Spielberg tem programa secreto criado pelo governo desde a
Sílvia Helena milhares de fãs em todo o mundo. Quando o queda do OVNI em 1947. Crawford é capaz de
Penhalbel qualquer coisa para manter sua posição de
espectador se vê diante de uma mini-série
como Taken, se descobre incapaz de negar a comando, inclusive assassinato, e não mede
maestria do criador de E.T. - O Extraterrestre. esforços para convencer seus superiores de que
Taken mostra a visão dos humanos a os alienígenas são uma ameaça.
respeito da visita de alienígenas à Terra e traça Já Sally Clarke tem um encontro
a história de três famílias, iniciando em 1947 e completamente diferente com um alienígena, o
chegando aos dias atuais. sobrevivente da queda, e tem um filho dele,
A mini-série é narrada por uma garotinha Jacob, que possui poderes mais do que
de 7 anos, Allie, que está diretamente especiais, o que faz com que Crawford o
envolvida com o
alienígena que
sobreviveu à queda
de um objeto voador
não-identificado em
Roswell, no ano de
1947. Um dos
episódios mais
famosos sobre o
assunto em todo o
mundo.Apesar de
Allie ser a narradora
da história, Taken
mostra três pontos de
vista diferentes.
As famílias
envolvidas com os

Intrepid - 20
persiga com o intuito de descobrir informações e
realizar experiências com o garoto.
As vidas dos Keys, Crawfords e Clarkes se
entrelaçam em uma reação em cadeia à medida que os
anos se passam, culminando no nascimento de Allie,
a extraordinária criança que é a narradora da saga.
Vale a pena conferir Taken, uma mini-série que é
muito mais do que apenas uma história de alienígenas,
é a história de muitas vidas roubadas, modificadas e
transformadas por eventos além da compreensão
humana, uma história capaz de causar arrepios de
medo e lágrimas de emoção, uma história realmente
digna de Steven Spielberg. Nesta história, até mesmo
Dana Scully veria os discos voadores, sem dúvida.
Taken está em cartaz no canal HBO, sempre aos
domingos, às 22h. São 10 episódios de 1 hora e meia
de duração. O canal deve reprisar os episódios logo
após a conclusão e ano que vem podemos ter o
conteúdo disponível em DVD no Brasil, já que nos
Estados Unidos a série já foi lançada há um tempo e
o título foi um sucesso de vendas.

Intrepid - pg. 11
ENTREVISTA: por Fábio Barreto e Fabíola Chierice

Guilherme Briggs:
irreverência, paixão e dedicação
Intrepid: Você é fã desde pequeno, não é?
Qual a sua lembrança mais distante de SW, Briggs: O que atrai todos nós humanos: Briggs: Sim, influenciou completamen-
alguma cena especial? mitologia, arquétipos e lendas. Só que te. Outra vertente que me motivou foi a
no caso de Star Wars, esses elementos do desenho, pois sempre fui apaixonado
Briggs: A minha lembrança mais antiga foram explorados em forma de conto de por animação, HQs e ilustrações. Meu
é a de assistir ao Uma Nova Esperança fadas moderno. Fui completamente mer- pai é outro grande responsável, pois nós
em 1978 com o meu querido e saudoso gulhado na magia dos filmes, de uma brincávamos de rádio teatro todos os
pai. Eu tinha 8 aninhos! Foi engraçado forma permanente. Tanto que resiste até finais de semana, o que foi um excelente
o meu pai tentando explicar pra mim hoje, meu cérebro está marcado com treinamento de ator. Meu pai era o equi-
porque começava com o quarto episó- memórias afetivas de Star Wars. Qual- valente ao Ben Kenobi pra mim: sábio,
dio e não com o primeiro. Eu imaginava quer coisa que me lembre a saga me pro- misterioso e muito inteligente. Além
que os três primeiros tinham sido um voca uma sensação nostálgica agradá- disso tudo era extremamente criativo, ca-
seriado de televisão e somente o quarto vel e muito gostosa. rinhoso, atencioso, um gênio das Artes
tinha ido pro cinema, vê se pode... mesmo.
sacanagem, papai! Hehehehehehe... Intrepid:De alguma maneira, essa “paixão”
por cinema influenciou na sua escolha pro- Intrepid: Qual foi o seu primeiro trabalho
Intrepid:O que te atraiu na saga? fissional ou ser dublador “aconteceu”? pra valer na dublagem? E qual o primeiro

Intrepid - 22
trabalho ligado a ficção científica? aprender, ao mesmo tempo que esbanja- cacos ou brincadeiras, sempre deve ser
mos talento e determinação de querer com o intuito de fazer o desenho ficar
Briggs: Os dois estão mesclados: Worf acertar com os próprios erros. Somos mais engraçado, mais humano, mais
em Jornada nas Estrelas: A Nova Gera- uma grande família que se freqüenta perto do nosso público brasileiro.
ção. Foi o meu primeiro trabalho pra va- todos os dias nos estúdios de dublagem,
ler na dublagem assim como o primeiro trocando influências, um absorvendo as
ligado a ficção científica. boas qualidades do outro e se respeitan- Intrepid: Você se acha parecido com o
do mutuamente. Vejo muitos trabalhos Freakazoid?
ruins, feitos de qualquer maneira, com
Intrepid: Muita gente te conhece como a voz vozes mal escolhidas para determinado Briggs: Todo mundo me fala isso. É um
de Han Solo. No dia que você foi escolhido personagem, assim como interpretações comentário geral: “você é a cara do (a)
para o casting, qual foi a sua reação? deficientes, assim como vejo trabalhos Freakazoid (b) Superman (c) Jim Carrey!
magníficos de colegas que me deixam Hahahahahaha... Realmente eu tenho
Briggs: Eu soube num shopping center bobo, de queixo caído. Dublagem muito do Freaka, sobretudo o bom hu-
aqui do Rio. Tinha acabado de sair do envolve sentimento, entrega, tentativa e mor anárquico (culpa do grupo inglês
cinema, estava passeando, olhando as erro. Eu aplaudo e vibro com quem sai e Monty Python, de quem sou fã de
lojas quando tocou o meu celular. Era o se expõem de forma a conseguir atingir carteirinha desde pequeno). Adoro
diretor Pádua (que dublou o Darth um nível mais avançado, de ousar e Internet, sou brincalhão e me amarro em
Vader) com a notícia. Imaginem: Vader fazer diferente, de ser criativo. super-heróis ou personagens malucos e
dando a notícia ao Han Solo... criativos.
Hahahahahaha... Bom, eu dei um grito
de felicidade, as pessoas me olharam Intrepid: Coisas como “Fucker and Sucker”
como se eu fosse maluco, os guardas sa- - tirando os anúncios do 1406 - ainda exis- Intrepid: Já vi muitas entrevistas suas em
caram suas armas e eu rebati todos os tem ou são só memórias que temos dos anos sites de animê e tals, você é muito procurado
tiros com o meu sabre de luz... ah... 80 e 70? pelo pessoal dos sites e pelos fãs das séries?
desculpe, me empolguei... Como é a sua relação com esse público? Os
Eu saquei meu blaster e fãs brasileiros são “exagerados” ou eles se
saí atirando feito um comportam?
louco, puxando o
Chewbacca pelo braço. Se Briggs: Acho que sou procurado na mes-
bem que não era o ma proporção que todos os meus cole-
Chewie... era um gas dubladores do Rio e de São Paulo,
sheepdog que estava pois somente agora que os fãs descobri-
passeando na praça de ram a importância dos dubladores real-
alimentação com seu mente, pois cada vez mais estes vem
dono... Mas falando sério, dando palestras para o público. Minha
foi a realização de um so- relação sempre foi excelente, sinto um
nho de infância. Fiquei carinho enorme dos fãs quando eles me
tão feliz que até hoje lembro de exata Briggs: Fucker e Sucker são caricaturas mandam e-mails com ilustrações, fotos,
sensação de alegria radiante que me to- bem engraçadas da dublagem, retratam conversam comigo em eventos, me pe-
mou por completo naquele finalzinho de uma realidade de forma cômica, exage- dem um abraço ou para eu desenhar al-
tarde. rada. Eu acho engraçado ver as bocas gum personagem e dar um autógrafo
sobrando e as interpretações cafonas e nele. É uma sensação maravilhosa poder
canastronas dos personagens, pois qual- trazer alegria para pessoas que nem co-
Intrepid: O que você acha do atual nível de quer dublador foge desse tipo de nheço, de ver pais segurando filhos no
dublagem brasileira? dramaticidade... se é que pode se cha- colo que me ouviram no Toy Story (Buzz
mar isso de dramaticidade! Inclusive as Lightyear) ou no Procurando Nemo
Briggs: Eu acho que temos muito o que vozes dos personagens são feitas por (Bruce), que sabem de cor minhas falas
dois dos maiores dubladores do país (e do Freakazoid ou do Daggett. Gosto mui-
de quem eu sou fã): Mauro Ramos to de fazer esse público dar risada com
(Fucker) e Márcio Simões (Sucker). minhas palhaçadas, de contar para eles
histórias de meus colegas, de causos di-
vertidos nos estúdios, de interagir e pas-
Intrepid: Até que ponto o dublador pode im- sar um pouco da minha experiência.
provisar? Acho que isso é bem humano, vem da
época dos antigos, quando nos
Briggs: Até a sua criatividade permitir, reuníamos para contar nossas desven-
desde que não adultere a história ou turas ao redor da fogueira. E admirar o
comprometa a qualidade do produto que grande MONOLITO NEGRO.
ele está dublando. Se o dublador coloca Huhuhuhahahahahahaha...
abertura e fechamento. Tive que fazer a Marge, eu não sabia que o Dath Vader
voz de um personagem no capítulo 6, era o pai do Luke Skywalker!”
onde somos apresentados ao Conde Hahahahahaha...
Dookan pela primeira vez no desenho.
Era aquele alienígena de cara risonha
que leva o Conde a uma arena onde Intrepid: Vamos polemizar um pouco. O que
vários guerreiros estão se exibindo. À aconteceu na dublagem de Shrek? Há infor-
princípio seria deixado no som original, mações de que um dublador bom e experien-
mas o danado do alienígena falava te fez o trabalho, mas, depois ele foi tirado de
“Conde Dooku” no final da frase, daí campo e sua voz serviu de guia para o
teve que ser dublado na última hora, por Bussunda. Isso é verdade? Se sim, como você
isso eu fiz aquela voz, com sotaque vê esse comportamento tanto do estúdio
huttês e tudo. Tu chubba! É bom lem- quanto da UIP (distribuidora)?
brar que a própria Lucasfilm pediu um
relatório de nomes esquisitos que Briggs: Eu achei deplorável, muito triste
poderiam comprometer nas diversas lín- esse tipo de atitude do setor de
guas dubladas no mundo inteiro. Ima- marketing. Eles fizeram isso para
ginem eu tendo que explicar que “Con- divulgar o filme, coisa e tal, porque o
de Dooku” soaria pra nós algo parecido Bussunda parece com o Shrek (meu
no original como “Count From The Deus...) e deixaram de lado o principal:
Ass”... Ou ainda: “Mestre Syfo Dias” a interpretação do personagem! O
seria “Master Fuck Himself”... O pessoal Bussunda não fez um trabalho condi-
da Lucasfilm respondeu: “Oh GOD, zente com o do Mike Myers, que foi
PLEASE NO!!” Hahahahahaha... brilhante em sua concepção de Shrek.
Intrepid: Qual seu personagem favorito de Quem tinha passado no teste original-
Star Wars? mente para dublar tinha sido o Mauro
Intrepid: Dá aquela sensação de “putz, é Star Ramos (Pumbaa, Abu de Samurai Jack,
Briggs: Han Solo. Peraí... você pergun- Wars”? Sully de Monstros S.A). Tiveram a idéia
tou o meu personagem principal ou o de usar o som da gravação do Mauro
meu favorito? Se forem os favoritos tem Briggs: Ô se dá... caramba... eu fico até para servir de som guia para o Bussunda
que colocar vários... Han Solo, Obi-Wan, com as pernas bambas de tanta emo- e mesmo assim deu no que deu. Não
Vader, C3P0 e R2, Yoda... ção... se eu fosse cardíaco teria caído adianta a “cola”, o Bussunda levou
durinho no chão... hahahahahaha... bomba na interpretação mesmo assim.
Quando recebo correspondência da Eu achei uma atitude muito estranha,
Intrepid: Você participou da dublagem da Lucasfilm no meu e-mail, através do fiquei magoado com essa utilização de
nova trilogia? dono da Delart, o Sérgio Delariva, fico som guia com o trabalho do meu amigo...
até sem ar! O próprio Sérgio fica rindo Achei falta de respeito tremenda. Mauro
Briggs: Não, eu colaborei como tradutor das minhas caras de criança... é o irmão que nunca tive, amo esse
do Episódio I e II. hehehehehe... homem do fundo do coração, tenho uma
enorme admiração por ele tanto como
Intrepid: Você gostou do Qui-Gon com a pessoa quanto como profissional. Ele
Voz do Batman? Intrepid: Sempre que um desenho bom e merecia, assim como o público, ter
famoso é anunciado no Brasil, aquele monte dublado o Shrek. Os técnicos que
Briggs: Eu sou suspeito pra falar, pois de site de fã consegue anunciar datas, nomes gravaram suas falas me confidenciaram
amo de paixão o meu amigo e colega e tudo antes mesmo de as fontes oficiais anun- que tinha ficado simplesmente
Márcio Seixas. Gosto de tudo que ele faz, ciarem. Muitos dizem que são os estúdios de brilhante.
pois sei que ele faz com uma competên- dublagem que falam. Você concorda com
cia que só é superada pelo carinho bár- isso? Há alguma preocupação em manter o
baro que ele tem pela profissão. Eu gos- segredo entre os envolvidos ou é impossível
tei muito da voz dele no Qui-Gon, pas- esconder um trabalho em andamento?
sou uma nobreza, uma seriedade e um
aventureiro no personagem bem legal. Briggs: Sim, por causa do segredo in-
dustrial, para evitar a perda do elemento
surpresa, da pirataria de fitas, da quebra
Intrepid: Você está envolvido na dublagem de sigilo de informações sobre determi-
do Guerras Clônicas. Qual personagem você nado e muito aguardado filme. Pra evitar
dubla? O que você achou do desenho? que pessoas como o senhor Homer
Simpson saia do cinema, após assistir a
Briggs: Eu traduzi e dirigi a série para a primeira exibição de O Império Contra-
Delart. Eu fiz apenas as legendas de Ataca, falando em alto e bom som: “Puxa,
Intrepid - 24p
crianças, desenhos animados, é uma das mais belas da ficção
documentários científicos, comédias, fil- científica. E, ironicamente, de ficção não
mes como Star Wars, Star Trek... filmes tem nada, não é mesmo?
do Jim Carrey... hehehehehehe...

Pra fechar, um momento inesquecível no


Intrepid: Você já fez Star Trek? Vinda do mundo da ficção científica.
Spock! Você esteve lá?
Briggs: Quando Vader pede para Luke
Briggs: Olha o Spock vindo... Olha o retirar seu capacete e fala que quer ver
Spock indo... (olhando o avião dele). seu filho com seus próprios olhos... Ja-
Dublei o Worf, como tinha falado anteri- mais esqueci essa cena, de tão forte e
ormente e o Quark, em Deep Space Nine. bonita que é.
Eu não pude ir na visita do meu querido
Nimoy, infelizmente por causa de com-
promissos de trabalho. Mas quem sabe Deixe uma mensagem aos fãs de ficção e
na vinda do William Shatner? O pessoal fantasia.
da Frota Estelar é fantástico, com certeza
conseguirá trazer nosso amado e eterno Briggs: Jamais tenham vergonha de
capitão Kirk. Se alguém da Frota estiver ousar, de tentar explorar um conceito
lendo minha entrevista, queria mandar ou idéia de forma criativa e diferente só
um abração muito carinhoso para todos. porque outras pessoas achariam
Intrepid: O que você acha da idéia de atores
Tenho muita admiração pelo empenho, estranho. Do caos nós surgimos,
famosos serem chamados para dublar? Tiran-
organização e amor que eles sempre mos- mostrando que existe uma espécie de
do Selton e Danton Mello, que dublam há um
traram por Star Trek. Os eventos são uma ordem matemática nutrindo engrena-
tempo, tem um monte de globais aparecendo
grande curtição para toda a família. gens invisíveis aos nossos olhos huma-
nos créditos e o resultado nem é tão bom assim.
nos, por isso ao caos devemos sempre
Ser ator significa ser bom dublador?
retornar, abraçar a entropia e sermos
Diz aí uma frase marcante na sua vida. extraordinários. Como Deus sempre
Briggs: Que fique claro que TODO
quis que fossem suas criaturas.
dublador é ator, mas nem todo ator é um
Briggs: A Infinita Diversidade gera Infi-
dublador. A dublagem é uma especiali-
nitas Combinações. Essa frase criada
zação do trabalho do ator. É o mesmo que
para um episódio de Jornada nas Estrelas
dizer então, sendo bem Guimarães Rosa,
que fulano é “teatror” (trabalha com
teatro) e não ator... entende? Os globais
podem dublar sem o menor problema,
pois são atores como nós. O que eu não
concordo é com a queda absurda da qua-
lidade, chegando a um nível amador em
vários casos. Eles ganham quantias
polpudas por serem famosos, cedem suas
imagens para a divulgação do filme, faz
parte do pacote. Se bem que nós,
dubladores brasileiros, estamos com os
cachês beeeeem defasados em relação ao
resto do mundo...

Intrepid: Você já fez dublagens das quais


detestou fazer?

Briggs: Sim, principalmente as de filmes


que envolvem violência gratuita, porno-
grafia, drogas, assassinatos, estupro, sei-
tas satânicas, essas coisas baixas e tristes
da nossa humanidade. Mas tem vezes que
não tem jeito, temos que ser profissionais
e dublar cada filme escabroso... Se pudes-
se, eu dublaria somente filmes para

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