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Rev Bras Anestesiol

1996; 46: 3: 164 - 174

Artigo Especial
Mecânica Respiratória e Controle da Ventilação
Renato Ângelo Saraiva, TSA 1
Saraiva RA - Respiratory Mechanics - Control of Ventilation

KEY WORDS - CENTRAL NERVOUS SYSTEM: medula, ventilation, control; RESPIRATION: mechanics; VENTILA-
TION: control, medula, central nervous system

MECÂNICA RESPIRATÓRIA recíproca da complacência. O pulmão rígido tem


complacência baixa, expressa em mililitros por
Os pulmões têm movimentos passivos, centímetros de água ou quilopascal. O pulmão
sempre dependentes de forças externas. Na rígido tem elastância alta, expressa em cen-
respiração espontânea, os músculos respi- tímetros de água ou quilopascal por mililitro 1.
ratórios geram a força capaz de levar o ar aos
pulmões. Na respiração artificial, uma máquina
gera a diferença de pressão entre o sistema de PROPRIEDADES ELÁSTICAS
ventilação e a via aérea, fazendo com que o ar DO PULMÃO
chegue ao alvéolo pulmonar. Em ambos os ca-
sos o fenômeno físico do movimento pulmonar, O pulmão tem na estrutura alveolar,
fazendo com que o pulmão receba ou libere um especialmente no revestimento interno, a base
certo volume de gás, é influenciado pela im- para seu mecanismo de retração elástica. Em
pedância do sistema respiratório. Esta impedân- 1929 Von Neergaard2 mostrou que o pulmão
cia se desenvolve em função da resistência cheio e imerso em água tem elastância menor
elástica dos tecidos, da interface gás/líquido do do que o pulmão cheio de ar. Ele concluiu que
alvéolo e do atrito entre a parede da via aérea e há uma tensão superficial atuando na vasta
o fluxo de ar. Fontes menores de impedância camada de revestimento interno do alvéolo. Esta
(desprezíveis) são a inércia dos gases e dos tensão superficial produz forças capazes de re-
tecidos e a fricção da deformação tecidual. duzir a interface ar/água e sendo a pressão dos
Devido à sua estrutura elástica, os pulmões são g a se s dentro d as bolsas formad as nesta
capazes de sofrer variações de volume de camada de revestimento alveolar maior do que
acordo com a tensão exercida sobre sua massa a pressão dos gases que estão em volta delas,
tecidual. As variações de volume relacionadas o alvéolo mantém-se livre de colabamento.
às variações de pressão exercidas são conheci- A massa fluida que reveste a superfície
das como complacência. Elastância é a do alvéolo internamente, sendo um material
ativo de superfície, recebeu o nome de surfac-
tante . É constituído de fosfolipídios que têm 4
1 Coordenador de Anestesiologia da Rede SARAH dos Hospitais
do Aparelho Locomotor - Brasília - DF
núcleos químicos básicos: ácido graxo, glicerol,
fosfato e base nitrogenada. Os ácidos graxos
Correspondência para Renato Ângelo Saraiva são hidrófobos e a base nitrogenada é hidrófila.
SQS 107 Bloco J Ap 202 - Asa Sul Os ácidos graxos ficam em contato com o gás,
70346-100 Brasília - DF
enquanto a base fica no meio aquoso1.
O surfactante opõe resistência à tran-
Apresentado em 25 de agosto de 1995
Aceito para publicação em 06 de dezembro de 1995 sudação (passagem de água do capilar para o
alvéolo) e sua ausência facilita o edema pul-
© 1996, Sociedade Brasileira de Anestesiologia monar.
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Sempre que há grande aumento da água


intersticial existe uma tendência à redução do 2,0
surfactante, redução da elastância e da com-

acima da Capacidade
Residual Funcional
Volume Pulmonar
placência pulmonar. 1,5
O trabalho da musculatura do tórax pro-

(Litros)
duz variações nos diâmetros internos que exer-
1,0
cem influência direta sobre a pressão intra-
torácica e interfere indiretamente na pressão
alveolar. 0,5
A pressão alveolar é maior do que a
pressão intratorácica ou intrapleural. Esta dife-
rença é chamada de gradiente de pressão trans- -5 -10 -15 -20 cmH2 O
mural. Quando há aumento no volume pulmonar, -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 KPa

há aumento no gradiente de pressão transmural. Gradiente de Pressão Transmural

Os alvéolos situados na parte superior dos Fig 1 - Histeresis - curvas em forma de laço da relação volume/pressão
pulmões têm maior volume do que os localizados dos pulmões na inspiração e na expiração.
na parte inferior. A maior expansão dos alvéolos
superiores resulta em pressão alveolar mais ele-
pirado, ventilando um maior número de unidades
vada e também no aumento do gradiente de
alveolares.
pressão transmural.
Esta distribuição do fluxo de gases nos
É conhecida a regra de que para cada 3
alvéolos não é de grande importância no pulmão
cm de descida corresponde uma redução de
sadio, entretanto, merece atenção especial no
1 cmH2O (0,1 kPa) no gradiente de pressão
pulmão doente, particularmente na doença obs-
transmural. Assim, se o gradiente tiver um valor
trutiva da via aérea como asma, bronquite e
de 12 cmH2O (1,2 KPa) no ápice pulmonar, na
enfisema. Nestes casos a distribuição do fluxo
parte média do pulmão tal valor será de aproxi-
de gases se processa lentamente e certamente
madamente 6 cmH2O (0,6 KPa).
a inflação dos alvéolos é dependente do tempo,
Para inflar o pulmão, o volume de gás se
caracterizando a complacência como depen-
dirige para o alvéolo ao mesmo tempo em que
dente da freqüência respiratória, como um sinal
aumenta o gradiente de pressão transmural. A
precoce da anormalidade na distribuição do
variação de volume dividido pela variação de
fluxo de gases no pulmão.
pressão é conhecida como complacência. Existe
Alguns alvéolos tendem a fechar, vindo
uma relação linear entre volume e pressão, no
a reabrir com a administração de um con-
entanto, a retração elástica do pulmão na expi-
siderável volume de gás que elevará o gradiente
ração é menor do que a distensão na inspiração,
de pressão transmural, sendo os valores muito
promovida pelo gradiente de pressão transmu-
acima daqueles no momento do fechamento al-
ral. Isto pode ser observado na figura 1.
veolar.
Há alvéolos de abertura rápida que têm
Não há evidências histológicas que de-
baixa resistência ao fluxo e baixa complacência
monstrem colapso alveolar no pulmão normal.
e alvéolos de abertura lenta que têm alta re-
Ele é sempre causado por alguma forma de
sistência ao fluxo e alta complacência.
doença pulmonar ou agente externo como o
Durante uma inflação pulmonar curta os
pneumotórax. A inflação pulmonar profunda fa-
alvéolos de abertura rápida são ventilados
cilita a reabertura dos alvéolos e promove
primeiro, enquanto os alvéolos de abertura lenta
aumento da complacência.
são ventilados em inflação pulmonar mais longa,
O efeito do surfactante em reduzir a ten-
que permite uma melhor distribuição do gás ins-
são superficial é menor quando o volume pul-
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monar é elevado, sendo maior na inspiração do variação de pressão. Para a medida da com-
que na expiração. Isto favorece a elastância e a placência pulmonar o volume apropriado é o
complacência pulmonar e pode ser observado volume corrente e a pressão é a expressa no
na histeresis da curva volume/pressão (Fig 1). gradiente de pressão alvéolo/pleural. No caso da
A complacência pulmonar é expressa complacência total toracopulmonar, o volume
pela relação volume/pressão. As variações de pode ser o volume corrente e a pressão a ex-
volume são maiores do que as variações de pressa no gradiente alvéolo/ambiente. A com-
pressão, então a complacência é basicamente placência da caixa torácica pode ser medida
volume dependente. Assim, em valores absolu- usando-se o volume expresso nas diferenças
tos, o elefante tem maior complacência do que o verificadas entre inspiração e expiração na ples-
rato e o homem adulto tem a complacência mais timografia e a pressão obtida pela diferença en-
elevada do que o recém-nascido3. tre a pressão interpleural e a ambiente. Tem sido
Sendo a complacência volume depen- utilizada a pressão esofágica como pressão
dente, para se ter uma noção real do valor da pleural porque são realmente muito próximas.
complacência pulmonar deve-se relacionar este Da mesma forma a pressão medida na boca
valor ao da capacidade residual funcional, que é (pressão da via aérea superior) pode ser referida
a me lh o r expre ssão do volume aére o do como a pressão alveolar quando não há fluxo de
pulmão4. Em valores relativos, a complacência e gás em nenhum sentido.
outras variáveis fisiológicas respiratórias do A complacência estática é medida com o
recém-nascido são semelhantes às do adulto indivíduo relaxado, com sua via aérea em
(Tabela I) 5. sistema semifechado e sendo submetido a respi-
Todos os fatores que podem alterar o ração artificial, como acontece no paciente
volume pulmonar interferem também na com- paralisado na anestesia. O volume de ar insu-
placência pulmonar. flado a partir da capacidade residual funcional e
Deste modo, a estase venosa do pulmão o gradiente de pressão são medidos e re-
poderá reduzir a inflação pulmonar e con- lacionados ao gradiente em repouso ao nível da
seqüentemente o volume e a complacência. A capacidade residual funcional 4.
postura (posição) também pode alterar o volume A complacência dinâmica é medida du-
e a complacência pulmonar. Da mesma forma a rante a respiração rítmica (espontânea e invo-
idade e as demais restrições à expansão do luntária). É calculada através de pontos de
tórax e do pulmão interferem no volume aéreo e volume e pressão tomados no final da inspiração
na complacência pulmonar. e final da expiração, quando não há fluxo de ar.
A complacência é medida dividindo-se a Em anestesia ou terapia intensiva, com
va r ia çã o d e vo lu m e p e la co rr esp ondente o uso de um ventilador pulmonar que mostre os

Tabela I - Variáveis fisiológicas respiratórias do adulto e do recém-nascido 5 .

Adulto Recém-Nascido
Capadidade Pulmonar Total (ml/kg) 86 63
Capacidade Vital (ml/kg) 52 33
Capacidade Residual Funcional (ml/kg) 34 30
Volume Corrente (ml/kg) 7 6
2
Ventilação Alveolar (L.min/m ) 2,4 2,3
Complacência Pulmonar/Capacidade Residual
Funcional (ml/cmH2O/L) 0,07 0,07
Freqüência Respiratória (resp/min) 18 30

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valores do volume corrente e da pressão da via das trocas gasosas e por isto suas alterações
aérea, pode-se fazer a estimativa da complacên- causam maiores repercussões sobre outras
cia pulmonar a qualquer momento (complacên- funções vitais do organismo como um todo.
cia = volume/pressão). Tendo o ventilador a É descrito que em virtude do homem
indicação do fluxo respiratório é possível saber permanecer a maior parte do tempo na posição
a resistência da via aérea (resistência = gradi- ereta (em pé ou sentado), por ação da gravidade
ente de pressão/fluxo). os tecidos pulmonares se dirigem mais para
baixo. Então, na base, há um número maior de
DIFERENÇAS REGIONAIS unidades alvéolo-capilares funcionantes.
DE VENTILAÇÃO

A ventilação não é distribuída eqüitati-


vamente em todos os alvéolos pulmonares. Os PROPRIEDADES ELÁSTICAS DA
que oferecem maior resistência recebem menor PAREDE TORÁCICA
volume na unidade de tempo. A localização do
alvéolo também é um fator determinante em sua A caixa torácica é constituída de uma
ventilação. É conceito clássico que os alvéolos estrutura com propriedades elásticas, devido à
da parte superior do pulmão são menos venti- distribuição das costelas, com os espaços inter-
lados do que os da parte inferior. Com o in- costais amplos, e à presença de tecidos elásti-
divíduo na posição vertical (em pé ou sentado), cos como os músculos, as pleuras e as fáscias
a base do pulmão recebe maior volume de ar do de tecido conjuntivo.
que o ápice. Da mesma forma, a base recebe Por sua elasticidade, na inspiração a
também maior volume de sangue do que o ápice. caixa torácica promove aumento dos diâmetros
Entretanto a diferença entre o volume de sangue torácicos vertical, anteroposterior e lateral, e
da base e do ápice é muito menor do que a com isto faz com que os pulmões sejam inflados.
diferença de volume de ar da base para o ápice, O fluxo de ar do meio ambiente, a partir da boca
por este motivo se diz que o ápice é mais venti- e nariz, se dirige até o alvéolo, devido ao gradi-
lado do que perfundido, ou melhor explicando, ente de pressão transmural e à diferença entre
da base para o ápice o pulmão se torna mais a pressão alveolar e a pressão intratorácica
ventilado do que perfundido 5. (pleural). Na expiração, os diâmetros torácicos
O fenômeno da distribuição preferencial diminuem, o gradiente de pressão transmural
da ventilação para a base tem algumas expli- também reduz e o gradiente de pressão boca-
cações. A primeira delas é a gravidade, mesmo alvéolo se inverte. Então o fluxo passa a ser no
o gás tendo um menor peso por volume, também sentido alvéolo-boca.
sofre a ação da gravidade. A segunda explicação Há situações clínicas em que a elastici-
é que a base mantém um maior volume de gás dade da caixa torácica pode estar diminuída.
após a expiração (volume residual), provavel- Estas estão geralmente relacionadas com
mente devido ao fechamento da via aérea antes doenças osteomusculares ou neuromusculares.
do final da expiração (volume de oclusão), por As osteomusculares são encontradas nas calci-
influência da pressão pleural menos negativa em ficações das articulações costovertebrais, cos-
relação à atmosfera na parte inferior do pulmão, t o e st e r n a is e n a s g r a n d e s d e f o r m i d a d e s
estabelecendo menor gradiente de pressão torácicas. As neuromusculares são as
transmural que exerce maior estímulo nos bron- neuromiopatias, geralmente congênitas, que di-
quíolos terminais para que efetuem o fecha- ficultam a contração muscular.
mento aparentemente precoce 6. A complacência da caixa torácica pode
Sendo a base do pulmão mais ventilada ser medida por vários métodos utilizando a re-
e também mais perfundida, realiza maior volume lação volume/pressão. O volume corrente pode
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ser utilizado como o volume, e a diferença entre Deve ser esclarecido que existem tam-
a pressão intrapleural e a ambiente como a bém como resistência pulmonar, no conceito am-
pressão. Pode ser usado o método da impedân- plo, a inércia tecidual que é a resistência não
cia, que mede a variação de volume do tórax, na elástica e a inércia do gás. Apenas em situações
inspiração e em repouso, dividindo o valor pela especiais de doença pulmonar a inércia tecidual
diferença das pressões pleural e ambiente. A pode ser considerada. Da mesma forma, a inér-
pressão intrapleural pode ser dita como o valor cia do gás necessita também de condições espe-
medido da pressão esofágica. ciais da árvore traqueobrônquica que modi-
A complacência pulmonar do recém-nas- fiquem as características do fluxo de gás para
cido é semelhante à do adulto quando com- alterar sua distribuição molecular, interferindo
paradas em valores relativos (complacência/ então com a inércia.
capacidade residual funcional). Entretanto, a O gás flui de uma área de maior pressão
complacência da caixa torácica é bem maior no para uma outra de menor pressão. A diferença
recém-nascido (0,58 ml/cmH2O/L) do que no de pressão entre duas áreas ou regiões é dire-
adulto (0,07 ml/cmH2O/L)5. tamente proporcional ao fluxo, ou seja, o fluxo é
Isto ocorre, certamente, devido à estru- dependente da diferença de pressão.
tura tecidual do tórax do recém-nascido. O A relação precisa entre o fluxo e a dife-
esqueleto é muito cartilaginoso, as articulações rença de pressão depende da natureza do fluxo.
a inda em formação facilitam b astante os Este pode ser laminar, turbulento ou misto. Isto
movimentos, os tecidos musculares e sub- depende da organização e movimento molecular
cutâneos, pouco desenvolvidos, não exercem dos gases. Na via aérea há os vários tipos de
muito peso sobre o gradil costal. Estas con- fluxo descritos.
dições são bem diferentes das do adulto, que
tem esqueleto de consistência mais rígida, mus- FLUXO LAMINAR
culatura torácica e tecido subcutâneo mais
abundantes. Obviamente, no recém-nascido, ao O gás flui em um tubo reto, sem ramifi-
inflar os pulmões é mais fácil movimentar seu cações, como se fosse uma série de cilindros
tórax e alterar seu volume. Por esta razão, a concêntricos, sendo que o cilindro central
complacência e a elastância da caixa torácica movimenta-se mais rapidamente. Isto significa
são mais elevadas. que no fluxo laminar o gás flui mais rápido na
parte central do tubo enquanto que, nas partes
RESISTÊNCIA DAS VIAS AÉREAS mais externas ele é mais lento, por sofrer a
resistência do atrito com a parede do tubo
Ao receber o fluxo de ar pelas vias (Figura 2).
aéreas, o pulmão infla, se deforma e altera seu
volume. Isto é a impedância pulmonar. A re-
sistência devido à impedância, ou seja, a re-
sistência imposta ao fluxo de ar decorrente da
deformação tecidual do pulmão, somada à re-
sistência das vias aéreas, eram conhecidas an-
teriormente como resistência pulmonar. Pos-
teriormente, a resistência pulmonar foi separada
em resistência das vias aéreas e resistência dos
tecidos pulmonares, esta última já descrita
acima como complacência e elastância pulmo-
nares. Fig 2 - Fluxo Laminar

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FLUXO TURBULENTO AUMENTO NA RESISTÊNCIA


DA VIA AÉREA
Quando a ordem de distribuição do fluxo
é quebrada o fluxo passa a turbulento (Fig 3). De acordo com Nunn1, há quatro graus
Isto acontece quando o fluxo é muito alto em um de resistência da via aérea bem definidos:
tubo estreito (Fig 3a), nas angulações (Fig 3b),
n a s ra m ifica çõ e s ( Fig 3c) e também nas Grau 1 -Resistência Leve, é aquela contra a
mudanças bruscas de diâmetro (Fig 3d). qual o paciente pode manter a ventilação
alveolar normal indefinidamente.
Grau 2 -Resistência Moderada, é aquela con-
tra a qual o paciente necessita desen-
a) b) volver maior esforço para respirar, a fim
de manter a ventilação alveolar. Dispnéia
é observada. Os gases sangüíneos são
mantidos em valores normais.
Grau 3 -Resistência Grave, é aquela contra a
qual nenhum paciente é capaz de preser-
var sua ventilação alveolar. A PaCO2 é
c) d) aumentada e há redução significativa na
PaO2.
Grau 4 -Obstrução Respiratória, é aquela na
qual a resistência respiratória está
aumentada de tal forma que é incom-
patível com a vida.
Fig 3 - Fluxo Turbulento

CAUSAS DE AUMENTO NA RESISTÊNCIA


DA VIA AÉREA
A relação entre o fluxo e diâmetro do
tubo estabelece as condições de fluxo, podendo Para sistemas biológicos como em con-
ser laminar ou turbulento. O fluxo alto requer dutância de gases em tubos, de um modo geral,
tubo de diâmetro grande para fluir bem, com é importante saber que a obstrução ou redução
características de fluxo laminar. Não havendo do diâmetro do tubo podem ocorrer por:
esta relação o fluxo será turbulento.
N a r e sp i r a ç ã o e s p o n t â n e a o flu x o 1) Material dentro do lumen;
máximo de ar é de aproximadamente 25 litros 2) Estreitamento ou contração da parede do
por minuto. Para que este fluxo seja laminar é tubo;
n e c e ss á r i o q u e o d i â m e t r o d a via a é r e a 3) Pressão de fora ou sucção na passagem
(traquéia) seja de, no mínimo, 40 milímetros. do gás.
Caso o diâmetro seja menor, até 25 milímetros,
será misto (laminar e turbulento) e sendo mais As causas descritas a seguir referem-se
estreito será turbulento1. a situações anormais da via aérea e estão re-
Quando a resistência da via aérea está lacionadas com estas condições gerais men-
aumentada o fluxo é totalmente turbulento, neste cionadas acima.
caso haverá inércia do gás e a velocidade linear
do gás estará diminuída. - Aparelhos externos - sistema ventilatório.
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MECÂNICA RESPIRATÓRIA E CONTROLE DA VENTILAÇÃO

- Tubos traqueais e de traqueostomia, cânulas não foi expirado, acima do volume residual é o
oro e nasofaríngeas - em condições normais volume de oclusão e a somatória deste ao vo-
não causam grande aumento na resistência lume residual é a capacidade de oclusão.
da via aérea. No entanto, podem ser obs-
truídos por pressão externa ou bloqueio in- CONTROLE DA VENTILAÇÃO
terno.
- Material estranho na faringe ou laringe - con- A respiração é realizada pela contração
e relaxamento da musculatura estriada en-
teúdo gástrico, secreções abundantes,
volvida neste processo, que tem um controle
sangue e tumores podem obstruir a via aérea
automático no sistema nervoso central.
superior. Anomalias anatômicas da faringe
Até o início do século passado, imagi-
são causas da obstrução respiratória durante nava-se que o cérebro tinha o comando do auto-
o sono. matismo respiratório, quando surgiram os
- Obstrução bronquiolar - é geralmente causada primeiros trabalhos experimentais que se nota-
por edema, secreções, pus, tumores e corpos bilizaram pelas explicações da fisiologia respi-
estranhos. No entanto, a causa mais ratória, especialmente o controle nervoso
freqüente de aumento da resistência das vias central, com base nos resultados de estudos
aéreas inferiores é o espasmo do bronquíolo, realizados em animais de laboratório.
na maioria das vezes associado a edema da Em 1812 Legallois 9 mostrou que o ritmo
mucosa. Existe ainda o colapso relacionado respiratório continuava após a retirada do cere-
à grande redução de fluxo e de volume. belo e de parte do cérebro acima do bulbo. Em
1880 Marckwald e Kronecker 10 diferenciaram
O espasmo do bronquíolo é conseqüên- os neurônios (centros) inspiratórios e expi-
cia da hiper-reatividade das vias aéreas e en- ratórios. Em 1923 Lumsden 11 descreveu os
volve edema, secreções que aderem à mucosa centros pneumotáxico e apnêustico, localizados
e descamação do epitélio por agressão de agen- na Ponte de Varoli (protuberância anular). Pitts,
tes tóxicos e infecção. Estes fatores irritantes Magoun e Ranson 12, em 1939, relataram a lo-
produzem espasmo bronquiolar. calização anatômica dos centros inspiratório e
O colapso relacionado à queda do fluxo expiratório no bulbo e também o conceito de
pela redução do diâmetro da via aérea ocorre, inibição de um centro pelo outro, estabelecendo
freqüentemente, nos estados mais conhecidos o automatismo respiratório. Concluíram que a
como doença pulmonar obstrutiva como bron- ritmicidade é feita por dois mecanismos separa-
quite, enfisema e asma. dos e alternativos com características de feed
Quando o volume pulmonar é diminuído back em forma de alça, sendo um deles contro-
por qualquer causa, há alteração no gradiente lado pelo centro pneumotáxico e o outro pelo
de pressão transmural e estímulo ao fechamento reflexo vagal sensitivo aferente do estiramento
bronquiolar antes do final da expiração. Este pulmonar.
mecanismo está implícito no volume de oclusão.
O CONTROLE CENTRAL
CAPACIDADE DE OCLUSÃO
Os centros respiratórios foram locali-
Para manter o volume aéreo do pulmão zados através de estudos laboratoriais que evi-
quando este é reduzido por problemas das vias denciaram modificações ou registraram
aéreas ou do próprio parênquima pulmonar, os atividade após estímulos. Deste modo foram ob-
bronquíolos se fecham em momento oportuno da servadas quatro técnicas principais, utilizadas
fase expiratória. O volume que ficou retido, que nestas pesquisas: 1) remoção cirúrgica de ór-

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gãos do encéfalo e verificação das alterações O controle do automatismo respiratório é


dos padrões respiratórios; 2) estímulo elétrico feito geralmente por via medular, com partici-
local, em vários pontos dos órgãos encefálicos pação bulbar e modulação pontina.
e registro da atividade respiratória; 3) registro da Atualmente, alguns fisiologistas, pre-
atividade espontânea com microeletrodos, pro- ferem chamar os centros respiratórios descritos
curando relacionar a atividade elétrica com al- no século passado e início deste século como
terações respiratórias; 4) pesquisa de potencial simplesmente neurônios. Denominando neu-
evocado, em pequenos grupos de células rônios medulares, bulbares e pontinos. No en-
através de estímulos aferentes vagais ou de tanto, para objetivos didáticos, é importante
estruturas envolvidas na função respiratória. utilizar a denominação de centros e seguir a
Atualmente, após inúmeros estudos re- sistemática descrita por Conroe 13. Assim, na
alizados neste dois últimos séculos, é conhecido medula há simplesmente um arco reflexo para
um controle central do automatismo respiratório alternar a inspiração e a expiração; no bulbo há
que funciona paralelamente ao controle volun- os centros inspiratórios e expiratórios; e na pon-
tário. Ou seja, o indivíduo respira normalmente te o centro apnêustico e o centro pneumotáxico.
sem perceber e, a qualquer momento, pode as- O centro inspiratório inicia imediata ins-
sumir o controle voluntário da respiração. Deste piração parando a expiração que é passiva. O
modo, pode-se relacionar vários padrões respi- centro expiratório inibe o inspiratório e faz com
ratórios normais e anormais, voluntários e invo- que se processe a expiração.
luntários. O centro apnêustico é estimulado por
alguns reflexos e pelo centro inspiratório, para
Eupnéia: ventilação normal, ciclos rítmicos, prolongar a inspiração, e é inibido pelo centro
repetidos sem pausa, inspiração ativa e pneumotáxico e também, eventualmente, pelos
e x p i r a ç ã o p a s s i v a , m e ca n is m o impulsos eferentes do reflexo de insuflação por
automático e involuntário. via vagal.
Hiperpnéia: ventilação aumentada, maior ex- O centro pneumotáxico é modulador,
pansão pulmonar, com aumento do vo- não é um marcapasso. Ele modula, regulariza o
lume corrente, geralmente voluntária. que está irregular em relação ao ritmo respi-
Taquipnéia: aumento da freqüência respi- ratório automático, podendo inibir e estimular os
ratória, geralmente involuntária. centros bulbares, inspiratório e expiratório, e
Hipoventilação: redução na ventilação alveo- também o centro apnêustico.
lar, podendo ser de causa central, de- Há uma experiência clássica realizada
pressão dos centros respiratórios com em cães e descrita por alguns fisiologistas 13, na
alteração da freqüência ou amplitude qual são feitas secções cirúrgicas em alguns
respiratória, geralmente involuntária.
pontos do sistema nervoso central e verificadas
Apnéia: parada respiratória involuntária, em
as repercussões sobre o padrão do ritmo respi-
posição basal, ao final da expiração.
ratório.
Apneuse: parada respiratória involuntária na
posição inspiratória.
1. A secção no mesencéfalo, separando cérebro
Respiração Apnêustica: apneuse interrom-
pida por expiração, involuntária. e ponte, não altera o ritmo respiratório.
Respiração de Cheyne-Stokes: ciclos respi- Quando há também a secção do vago ocorre
ratórios involuntários com aumento e di- hiperpnéia, provavelmente por falta de im-
minuição gradativos do volume corrente. pulso inibitório para o centro pneumotáxico;
Respiração de Biot: respiração irregular com 2. A secção no terço superior da ponte,
espasmos inspiratórios uniformes e pro- separando os centros pneumotáxico e ap-
fundos, seguidos de pausas. nêustico, produz uma leve redução na
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MECÂNICA RESPIRATÓRIA E CONTROLE DA VENTILAÇÃO

freqüência respiratória. Com a secção do SENSORES DE PRESSÃO


vago haverá apneuse por falta de inibição do
centro apnêustico pelo centro pneumotáxico; Os principais barorreceptores estão lo-
3. A secção na parte inferior da ponte leva a calizados no seio aórtico e seio carotídeo. Eles
respiração de ritmo irregular, porque fica são estimulados quando ocorre queda brusca da
somente o marca passo de estímulo e pressão arterial levando a mensagem aos cen-
inibição da inspiração e da expiração. Há falta tros respiratórios bulbares, o que resulta em
hiperventilação. O mesmo mecanismo pode
dos centros moduladores, apnêustico e espe-
ocorrer quando há grande hipertensão arterial e
cialmente o pneumotáxico;
conseqüente hipoventilação. Estes sensores
4. A secção na porção inferior do bulbo leva à
podem ser inibidos pela ação de anestésicos.
apnéia completa.

SENSORES DE ESTIRAMENTO
SENSORES
Atualmente admite-se que existem ou-
Existem sensores (receptores) respi- tros sensores distribuídos em toda a via aérea e
ratórios distribuídos em algumas partes do também alvéolos, que originam estímulos respi-
corpo. Eles geralmente estimulam a respiração ratórios a exemplo dos sensores do reflexo de
quando ocorrem alterações fisiológicas impor- inflação e deflação. Estes sensores podem estar
tantes. relacionados aos reflexos de inflação ou a outros
São reconhecidos os sensores quími- reflexos, mas sempre são estimulados por esti-
cos, os de pressão, os de inflação e deflação, os ramento das vias aéreas ou dos alvéolos 19.
de estiramento pulmonar, os do fuso muscular e
os dos estímulos das vias aéreas superiores.
Os sensores químicos são classificados
em periféricos e centrais. Os periféricos estão SENSORES DE INFLAÇÃO E
localizados na croça da aorta e bifurcação da
DEFLAÇÃO ALVEOLAR
carótida 14-16. Estes sensores têm resposta
rápida à elevação da pressão parcial de CO2 e
O reflexo de inflação alveolar foi des-
queda da pressão parcial de O2 no sangue arte-
crito por Hering e Breuer em 1868. Este reflexo
rial e aumento da concentração de H+ ou ainda
foi estudado em coelhos. Há uma lenda na qual
redução da perfusão sangüínea destes elemen-
um dos autores observou que conduzindo os
tos. Os valores limites nos quais os sensores são
coelhos pelos pés traseiros, de cabeça para
ativados variam com os indivíduos. Em in-
baixo, eles morriam. Então passou a estudar o
divíduos normais, a redução de 20 mmHg da
problema com a ajuda do outro, resultando na
PaO 2 ou a elevação de 10 mmHg da PaCO2 já descrição de um mecanismo que inibe a inspi-
estimulam os sensores 1,13.
ração após a inflação alveolar. Em seguida, foi
Os sensores centrais são localizados estudado também o reflexo inverso, no qual, ao
nas áreas dos órgãos encefálicos do sistema
final da expiração, há um mecanismo estimu-
nervoso central 17,18 e podem ser estimulados
lador da inspiração, estando este relacionado
através das variações de PaCO2, PaO2 e pH no
à deflação alveolar. Há relatos que, no coelho,
sangue e no líquor. O estímulo quando produ-
o reflexo de deflação pode ser bloqueado por
zido pela redução do pH é feito por via liquórica
anestésico local aplicado em forma de aero-
e é crescente a cada 0,1 unidade de queda de
sol 20.
seus valores a partir de 7,332.
172 Revista Brasileira de Anestesiologia

Vol. 46 : N° 3, Maio - Junho, 1996


SARAIVA

SENSORES DA MUSCULATURA para as células do corno anterior medular, onde


ESQUELÉTICA se ligam aos neurônios inferiores que suprem os
músculos respiratórios 21. A integração entre
O trabalho muscular de contração e es- estes neurônios que fazem o controle respira-
tiramento, notadamente o de estiramento, em tório tem lugar no corno anterior medular e pon-
que o músculo fica em forma de fuso, produz um tino bulbar 22.
estímulo respiratório chamado reflexo do fuso O primeiro grupo de neurônios motores
muscular, que tem características de arco re- é do grupo ventral respiratório do bulbo e está
flexo medular monossináptico com participação envolvido com a respiração rítmica involuntária.
dos centros respiratórios bulbares a qualquer Chega à medula e fica no quadrante ventrola-
instante. A resposta é a inibição da contração teral.
muscular que resulta na expiração, sendo esta O segundo grupo está encarregado do
inibida quando o fuso perde a tensão. controle da respiração voluntária, especialmente
O estímulo é conduzido por fibras A-γ e da fala e da ginástica respiratória. Chega à
a resposta por fibras A-α. medula e fica nos quadrantes dorsolateral e ven-
trolateral.
SENSORES DA VIA AÉREA SUPERIOR O terceiro grupo está envolvido com a
respiração involuntária não rítmica, tosse,
Estímulos de água, amônia e de fumaça soluço e deglutição. Este grupo não tem locali-
de cigarro no nariz podem causar apnéia súbita zação compacta na medula.
como o reflexo do mergulho. Na faringe, recep- As fibras dos neurônios motores são A-α
tores mecânicos são estimulados por pressão e e A-γ. As fibras A-α são as mais utilizadas para
tato. O mesmo ocorre na laringe, que também as respostas rápidas, especialmente na respi-
pode ser estimulada por pressão subatmos- ração voluntária.
férica. Estímulo mecânico e químico causam Há integração entre os controles mo-
tosse, fechamento da laringe e broncocons- tores centrais involuntários e voluntários. O con-
trição. Os reflexos de tosse têm origem em trole voluntário pode se superpor ao involuntário,
estímulos originados principalmente na laringe, no entanto, ao cessar sua ação, inicia-se auto-
traquéia e brônquio fonte. maticamente o controle involuntário.

Saraiva RA - Mecânica Respiratória e


OUTROS SENSORES PULMONARES
Controle da Ventilação

Estímulos originados no alvéolo alteram


UNI TERMOS - RESPIRAÇÃO: m e c â n ic a ;
o ritmo respiratório na embolia pulmonar e no
SISTEMA NERVOSO CENTRAL: bulbo,
pneumotórax, produzindo respiração rápida e ventilação, controle; VENTILAÇÃO: con-
superficial. Há redução no volume corrente, ele- trole, bulbar, sistema nervoso central.
vação da freqüência respiratória e, conseqüen-
temente, pode haver também aumento do
espaço morto. REFERÊNCIAS

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Revista Brasileira de Anestesiologia 173

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