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Ética nos Negócios, Confiança e Redes de Valor

(Parceria: EBEN - European Business Ethics Network – PT)

4º FÓRUM RSO E SUSTENTABILIDADE


Estamos a construir REDES DE VALOR
Centro de Congressos de Lisboa
21 | OUTUBRO | 2010

Jorge Rodrigues
Enquadramento

A turbulência que se vive hoje no mundo dos negócios deixa claro que não é
com “mais” regulamentação que se consegue relançar a economia.

Se houver confiança entre os agentes económicos, e uma justiça que actue de


forma célere, aqueles agentes económicos arriscam em fazer negócios, pois,
sabem que o desvio às normas será rapidamente corrigido.

Os valores – aquilo em que as pessoas verdadeiramente acreditam – são os


"drivers“ da confiança. Esta, é cultivada no círculo de relações dos gestores
(redes sociais pessoais) e também entre as organizações que podem integrar
uma rede, tendo em vista a criação de valor.
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Estrutura da comunicação

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Conceito de confiança

A confiança ocupou sempre uma posição central na vida das organizações.

Factor chave do êxito das transacções, a confiança permite ultrapassar os


interesses egoístas de cada parte e produzir benefícios mútuos no quadro das
relações de cooperação entre actores económicos.

A confiança é, em geral, apresentada como um processo que permite gerir a


incerteza e justifica-se pela falta de conhecimento sobre os acontecimentos
futuros.

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Conceito de confiança

Remete-nos para o que não pode ser formalizado por escrito (contratos
incompletos), o que envolve a referência a normas sociais e a adesão a essas
normas, por parte dos membros que pertencem a uma determinada Sociedade.

Assim, a confiança é a presunção de que em situação de incerteza, a outra


parte irá agir e cumprir, face a situações imprevistas, em função de regras de
comportamento consideradas aceitáveis.

O elemento fundamental na confiança são as relações recíprocas entre os


indivíduos. A personalização é importante nas relações de confiança

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Conceito de confiança

De um modo geral, a confiança pode ser categorizada em:

 a) Interpessoal (confiança recíproca entre dois indivíduos);

 b) Inter-organizacional (confiança entre duas organizações);

 c) Intra-organizacional (dois indivíduos da mesma organização);

 d) Institucional (um individuo e uma organização enquanto


pessoa moral).

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Conceito de confiança
Só Sociedades com um elevado grau de confiança estão aptas a criar o tipo
de organizações comerciais e industriais exigidas por uma economia global.

A confiança está geralmente associada à noção de capital social e de


sociabilidade orgânica (capacidade em cooperar de modo espontâneo) e
reduz o risco de oportunismo.

A confiança é um mecanismo intrínseco a uma transacção, que intervém ex-


ante, para fixar o nível de risco em que estão dispostos a incorrer,
voluntariamente, as diferentes partes contratuais nessa transacção.

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Redes sociais dos gestores

O conceito de rede social – vínculo, nó, relação ou ligação – aplicado aos


gestores (administradores ou directores), chegou a ser visto como um mal a
eliminar, o que levou alguns países a legislarem nesse sentido.

As ligações privilegiadas nos estudos empíricos têm sido as da propriedade


(participação no capital), sendo negligenciadas ligações com outras origens:
a formação académica, a pertença ao mesmo grupo social ou a confiança
transmitida por uma família dominante.

A perspectiva financeira ignora as dimensões sociais e comportamentais,


sendo redutora e inibidora da compreensão da complexidade das redes
sociais a que pertencem os gestores.
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Redes sociais dos gestores

Na perspectiva financeira, as redes sociais não são tratadas como entidades


com objectivos próprios. São tratadas à margem:

a) Quer como um meio de reforçar o controlo sobre os gestores (a sua


influência sobre o desempenho é considerada favorável );

b) Quer como uma alavanca do enraizamento (sua influência sobre o


desempenho é considerada desfavorável).

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Redes sociais dos gestores

A perspectiva financeira não conduz a conclusões inequívocas. Assim,


coloca-se a questão de saber se são compatíveis a competência e a
independência dos administradores com a pertença a uma rede social.

Os administradores que mais lugares acumulam em CA são, muitas vezes, os


gestores com maior reputação e com mais competência para o desempenho
das suas funções de monitorização.

Em contrapartida, a pertença a uma rede social é habitualmente percebida


como pouco compatível com a independência.

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Redes sociais dos gestores

Então, a resposta é contingente à natureza da rede social a que se pertence,


ou seja, a rede social possui uma lógica própria de funcionamento.

Os estudos consagrados especificamente à influência das redes sociais sobre


o desempenho das organizações têm sido poucos. Os resultados obtidos não
permitem tirar conclusões robustas.

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Redes sociais dos gestores

As teorias sociológicas justificam a formação de relações sociais indepen-


dentemente de qualquer estratégia colectiva.

Os indivíduos têm estratégias próprias que procuram, por esta via, aumentar
a sua remuneração, o seu prestígio e a disponibilização de uma rede que lhes
seja útil para o progresso na carreira.

Nestas perspectivas, onde a noção de poder é central, as redes de gestores,


prosseguem estratégias de poder do capital financeiro, de grupos de
empresas, de famílias dominantes ou de classes sociais.

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Redes sociais dos gestores

As teorias sociais subjacentes a estas análises são qualificadas de


integradoras.

As redes prosseguem uma lógica própria, que transcende o interesse das


organizações ou dos indivíduos aderentes.

As organizações favorecidas pelas redes são à priori aquelas que são


administradas pelos indivíduos pertencentes à rede.

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Redes sociais dos gestores

Exemplo:
A pertença a uma rede relacional externa, frequentemente ligada a uma
formação académica obtida na mesma escola tem influência, pois permite
dispor de certos recursos estratégicos (financeiros, de informação,
comerciais) que lhe permitem reforçar a sua posição em relação às outras
partes interessadas.

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Redes sociais dos gestores

Para além de um estilo de vida em comum, as pessoas do grupo social


formam uma rede estreita de relações, na qual é muito difícil a um estranho
entrar.

Os membros destas famílias relacionam-se em situações diversas e


sobrepostas: partilham relações de amizade, relações profissionais, andam
nos mesmos colégios, têm amigos comuns, frequentam os mesmos clubes,
são convidados para as mesmas festas, têm casas próximas umas das outras e
muito frequentemente, casam-se entre si.

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Redes sociais dos gestores

Estes múltiplos espaços de sociabilidade e interconhecimento promovem


redes de relações, mais ou menos fechadas, que tendem a reproduzir-se no
tempo, ao longo das gerações e através de múltiplos intercasamentos, criando
barreiras informais à entrada de novos membros.

Os sentimentos que unem estas pessoas baseiam-se em laços de


conhecimento pessoal de longa data, no cruzamento de factores identitários
comuns, na partilha de projectos de vida e de uma certa visão do mundo que
tem continuidade nas gerações seguintes.

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Redes sociais dos gestores

Os gestores (ex.: os proprietários e gestores de uma empresa familiar),


recorrem à activação de numerosas redes sociais a que pertencem, as quais
estruturam o seu papel no seio das organizações.

Estas, são percebidas como construções sociais, em particular, as redes


sociais das relações pessoais que determinam quais as soluções a serem
efectivamente adoptadas.

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Criação de valor

A análise das redes sociais ajuda a compreender melhor como se forma o


desempenho (nomeadamente financeiro), e contribui também para explicar
certos comportamentos financeiros, proporcionando um olhar diferente ao da
eficiência.

Por exemplo, o papel dos bancos tem sido estudado, primordialmente, na


perspectiva inter-organizacional, através da influência exercida pelas redes
de administradores sobre as decisões de endividamento e das decisões
estratégicas das empresas

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Criação de valor

O estabelecimento de relações de rede entre as organizações e os bancos


constitui um meio de moderar a incerteza ligada à relação de endividamento;
parece haver uma influência positiva destas relações sobre o nível de
endividamento das organizações.

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Criação de valor

O verdadeiro poder dos administradores parece não lhes advir da posição


que ocupam nos CA – deriva das conexões, quer formais (lugares de
administradores no CA de outras organizações) quer informais (as relações
interpessoais).

Deve ser sobre estas redes sociais que as regras de transparência do bom
governo das sociedades devem actuar prioritariamente.

É no seio destas redes que se tomam as decisões estratégicas, incluindo


atribuírem-se uns aos outros os famosos “pára-quedas dourados”.

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