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Autores:

Helena Cunha
Isabel Fonseca
Terapeutas da Fala

Unidade de Terapia da Fala


Serviço Reabilitação Geral Adultos
Centro Medicina de Reabilitação
de Alcoitão

Emails:
Rua Conde Barão - Alcoitão helena.cunha@scml.pt
2649- 506 Alcabideche - Portugal isabel.fonseca@scml.pt
Tel. + 351 214 60 83 00
Fax. + 351 214 60 10 19
www.scml.pt Actualização 2008
Índice O que é a Afasia?
02 » Índice A afasia é uma perturbação da linguagem resultante de uma
lesão cerebral (acidente vascular cerebral, traumatismo craneo-
03 » O que é a Afasia? -encefálico, tumor, doença degenerativa,... ), que engloba um
conjunto de alterações que tornam O/A Afásico/a incapaz de
04-10 » Então o que é ser Afásico/a? comunicar com o seu meio como o fazia anteriormente.

11-13 » Ele/Ela tem mais alterações? Vai ficar bom?

14-15 » Mais alguns conselhos. Que atitude ter?

Este folheto pretende responder a algumas questões mais


frequentes que nos são colocadas pelos familiares dos doentes
com afasia.

Usaremos uma linguagem menos técnica mas mais acessível.

Muitos outros aspectos não serão focados devido à sua


complexidade e especificidade, os quais deverão ser tratados
com o Terapeuta da Fala.

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Então o que é
Exemplo:
Diz o familiar:
» ”Olha, ontem fui ao supermercado para ver se havia peixe fresco;

ser Afásico/a? mas não havia nada em condições e por isso não comprei.”
Desta mensagem ELE/ELA poderá perceber:
» ”Ontem...supermercado...peixe...comprei...”

» «ELE/ELA percebe tudo, só não fala!» Como vemos, o conteúdo foi alterado e ELE/ELA só decifrou
» «ELE/ELA nem olha para mim, está surdo, não me ouve!»... algumas palavras que alteraram o sentido da mensagem.

Mesmo que por vezes o doente pareça compreender tudo o que


lhe dizemos, nem sempre é isso que se passa. As nossas palavras
podem não “chegar” ao cérebro do doente, “chegar” só em
parte, ou codificadas de outra maneira. Assim ELE/ELA poderá
perceber algumas palavras, mas não entende a mensagem na
totalidade.

Poderá dizer:
» ”Não comprei peixe. O peixe não era fresco.“

NÃO ESQUEÇA:
» Não adianta gritar ou repetir vezes sem conta a mesma coisa:
o doente não está surdo nem tonto.
Só perdeu a capacidade de comunicar como o fazia
anteriormente.

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Outro exemplo: NÃO ESQUEÇA:
Peço a ELE/ELA: Aproveite as situações do dia a dia, descrevendo-as.
» ”Dê-me a colher para comer a sopa. “(compreensão de material Mas não exagere!...
verbal).

Embora ELE/ELA saiba perfeitamente o que é uma colher e para


que serve (e geralmente a utilize de forma apropriada no seu
» «ELE/ELA troca tudo, até o SIM e o NÃO, seja a falar ou a fazer
o gesto»
dia a dia), a palavra colher não lhe diz nada; (como se fosse uma
língua estrangeira). » «Umas vezes faz SIM com a cabeça e diz NÃO com a boca. Fico
sem entender.»

não

sim

Esta situação, tão comum nos doentes afásicos, pode dever-se a


causas diversas:

Por vezes, se associar o gesto de comer ELE / ELA entenderá, » ELE/ELA não percebe a pergunta.
(compreensão de material não verbal) e dará a colher.
Outras, nem assim vai perceber ou até poderá pegar na colher » ELE/ELA percebeu a pergunta e não consegue produzir a palavra
e usá-la como um pente.Embora saiba que está a fazer mal, não SIM/NÃO correctamente, mas tem consciência da resposta que
consegue fazer o gesto correcto,(apraxia). quer dar.

» ELE/ELA tem um estereotipo ( repete sempre os mesmos sons


Poderá ajudar, se disser em voz alta os passos da sua tarefa. ou a mesma palavra ) que é “não, não, não “ ou “ sim, sim “.
Por exemplo:
» ELE/ELA não entende o conteúdo da mensagem, mas pela
» ”Tenho sede. Vou buscar um copo (e mostra-o). entoação percebe que fazemos uma pergunta e responde
Encho com água. Vou beber.“ aleatoriamente ( SIM ou NÃO ), podendo induzir-nos em erro.

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Conforme a atitude do Afásico e a sua compreensão, devemos » «ELE/ELA às vezes diz uma palavra certa.»
estabelecer um mesmo código de resposta, usado por todos, para
que esta seja consistente.
» «ELE/ELA diz sempre a mesma coisa.»
Pode ser:
» com movimentos da cabeça ou da mão, ou para melhor » «ELE/ELA repete tudo o que eu digo, mas quando quer dizer
diferenciar, o NÃO com a cabeça e o SIM com a mão; alguma coisa não sai nada.»

» apontando em imagens e/ou nas palavras escritas.


(Deve usar sempre a mesma cor e a mesma posição no espaço.) » «Fico envergonhado/a, ELE/ELA só diz asneiras!»

SIM NÃO

» ... e outras desde que ELE/ELA entenda o que se pretende e » «ELE/ELA está tonto. Diz coisas tão engraçadas. Fala, fala e
seja capaz de usar. não se percebe nada!»

NÃO ESQUEÇA:
Dê tempo ao afásico para responder.
Não responda por ele.
Não adivinhe.
Não finja que percebeu. » «É tão teimoso! Não diz porque não quer.»
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Ele/Ela tem mais
Todos estes comentários são frequentes.

O seu familiar tem dificuldade em falar, como tem em perceber


o que dizemos.
ELE/ELA não está tonto e nem sempre tem controle sobre aquilo
que diz.
alterações?
O seu pensamento está correcto, a sua produção oral está
alterada.
Vai ficar bom?
» «ELE/ELA é capaz de ler?
E escrever? Faz contas?»

Poderá ajudar, usando algumas imagens simples, fotografias


de locais ou pessoas próximas ao afásico, para que ele possa
apontar e assim minimizar as suas dificuldades de comunicação.

Provavelmente estas capacidades também estão alteradas, mas


numa fase inicial será melhor avaliar cada situação individualmente
com o TERAPEUTA da FALA.
No entanto, se ELE/ELA mostrar interesse em “ver” algumas
revistas/jornais, facilite e até pode ler com ELE/ELA alguns
títulos.
NÃO ESQUEÇA: Se o interesse for pela escrita,
Use o bom senso e aja com naturalidade com o Afásico. ajude-o/a a escrever o nome.
Não se ria das tentativas que ELE/ELA faz para comunicar.
Não o trate como uma criança. Com o cálculo, geralmente o
Valorize e Reforce só o que está correcto. afásico começa por se preocupar
com o dinheiro.

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» «ELE/ELA vai ficar bom? Quanto tempo dura o tratamento?» O que fazer:

» Tente evitar o isolamento: este faz com que o afásico se sinta


mais incapacitado.
» Promova a independência, levando-o a participar em
pequenas decisões que lhe dizem respeito: escolher a roupa, a
comida,...
» Evite superprotegê-lo: é um adulto e deve ser tratado como
tal. Se fizer por ELE/ELA não o/a ajuda a desenvolver as suas
capacidades.
Cada situação é diferente. No período pós-lesão (período de
recuperação espontânea), geralmente todos melhoram; no Por vezes, e apesar da família tentar adaptar-se, o ajustamento
entanto a meta final é desconhecida e consequentemente a é difícil, dado que tudo isto representa uma grande mudança:
situação ideal será manter o tratamento, enquanto o doente
evoluir. » Não hesite em procurar apoio especializado, caso considere
necessário.
» Fale com o médico ou com um dos membros da equipa de
» «ELE/ELA está sempre a chorar. Ri despropositadamente e não reabilitação.
pára.»
» «ELE/ELA sente-se mais cansado/a. qualquer coisa o/a irrita,
ficou com mau feitio. Procura estar sózinho/a.»

NÃO ESQUEÇA:
Trate de si.
ELE/ELA vai precisar da sua disponibilidade “saudável”.
Não se prive de tempos de lazer e descanso.
Tenha a convicção que isso não é egoísmo, mas sim uma
Estes aspectos são frequentes e muitas vezes estão presentes no necessidade.
Afásico, o que piora toda a situação envolvente.

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» Use frases curtas, com pouca informação. Por exemplo:
Mais alguns - ”São 10 horas.Vou-me embora“
» Não faça perguntas duplas, como:
- “Queres uma maçã ou uma pêra?“;
conselhos. Mas sim:
-
-
”Queres uma maçã?“ (espere pela resposta). E só depois:
”Queres uma pêra?“

Que atitude ter? » Junte à fala um gesto simples:


Por exemplo:
- ”Queres que eu escreva?“ - Faça também o gesto de
escrever.
- ”Adeus, vou-me embora.“ - Faça também o sinal de adeus.
» Fale com ELE/ELA de uma forma clara e pausada. » Fale de frente para o doente para que ele receba também a
informação da sua expressão, mímica, ..., pois estas ajudam a
» Fale num ambiente calmo e um de cada vez.
compreender a mensagem.
» Use a riqueza da língua portuguesa para dizer a mesma coisa
de maneiras diferentes.
Por exemplo:
”Dá-me o pente.“
Pode ajudar dizendo: ”Aquilo para pentear.“
E /ou: ”Usas como uma escova.“
» Não deve pedir ao doente que repita o que diz, pois não
queremos “papagaios”.
Ajude dando o início da frase ou da palavra.
Por exemplo, sabe que ELE / ELA quer dizer sapato.
Pode ajudar:
- ” Vou calçar o _________.”
”Vou calçar o sa______.”
» Reforce aquilo que o doente diz bem e “esqueça” o que
ELE / ELA diz mal.
» Aproveite o dia a dia, as tarefas de higiene, de alimentação e
até o convívio, para estimular ELE/ELA. Deixe o treino intensivo
com o Terapeuta da Fala.

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Autores:
Helena Cunha
Isabel Fonseca
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Unidade de Terapia da Fala
Serviço Reabilitação Geral Adultos
Centro Medicina de Reabilitação
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2649- 506 Alcabideche - Portugal isabel.fonseca@scml.pt
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