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Sociedade em Rede vs Realidade Social - Semelhanças

e influências

Índice
Sociedade em Rede vs Realidade Social - Semelhanças e influências............................. 1
Índice ............................................................................................................................ 1
Índice de ilustrações ..................................................................................................... 1
Introdução..................................................................................................................... 2
Redes Informáticas ....................................................................................................... 2
Redes Sociais................................................................................................................ 4
Redes sociais + Redes informáticas ............................................................................. 5
Caso Português ............................................................................................................. 7
O futuro ........................................................................................................................ 8
Bibliografia................................................................................................................... 9

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Índice de ilustrações

Ilustração 1 - Esquema de uma rede informática ............................................................. 2


Ilustração 2 - Desaparecimento de um nó da rede............................................................ 3
Ilustração 3 - Reconfiguração da rede após desaparecimento de um nó .......................... 3
Ilustração 4 - Imagem esquemática de parte da Internet -
http://en.wikipedia.org/wiki/Internet........................................................................ 4
Introdução

A sociedade em rede de forma simplista pode ser definida por uma sociedade em que a
sua estrutura é suportada por uma rede informática ou tecnológica que permite a troca
de informação e comunicação. (Castells, 2004)
Sendo este modelo, tão dependente de uma rede de computadores convém então
perceber o que é e como funcionam as redes informáticas, e por analogia a Internet em
si.

Redes Informáticas

Uma rede informática não mais do que um conjunto de computadores ligados entre si,
esses computadores funcionam como “nós” de ligação entre eles próprios com a rede
assim como “pontes” entre os outros computadores da rede em si.
O esquema abaixo exemplifica um exemplo de uma rede informática.

Ilustração 1 - Esquema de uma rede informática

Nas redes actuais não existe centro da rede em sim, a rede funciona como um todo,
podendo alguns nós ter mais importância do que outros, mas sem serem centrais ou
vitais ao funcionamento da rede. A unidade é composta pelos nós e só funciona com a
existência dos nós, mas os nós em si não são a unidade mas a rede em si. Essa
afirmação também é válida para a Internet, pois a Internet não é mais do que uma
“super” rede informática que composta por milhares de outras redes cada uma delas
com os seus nós, ou por computadores individuais que ao se ligarem à Internet passam
eles próprios a ser parte dessa rede que é a Internet.
Mas esses nós nem sempre estão activos, nem actualizados, e muitas vezes tornam
obsoletos ou inactivos.

Ilustração 2 - Desaparecimento de um nó da rede

Nessas condições as redes actuais tendem a se reconfigurar a si mesmas, compensando


o desaparecimento desses nós criando novos nós ou novas ligações entre os seus
componentes, mais uma vez comprovando que a unidade é a rede em si e não os seus
componentes.

Ilustração 3 - Reconfiguração da rede após desaparecimento de um nó


Tomando estes modelos como exemplo podemos pensar na Internet como o conjunto de
redes e de ligações entre nós como na imagem (simbólica) abaixo.

Ilustração 4 - Imagem esquemática de parte da Internet - http://en.wikipedia.org/wiki/Internet

A complexidade e extensão de nós e ligações da Internet é realmente avassaladora, no


entanto é essa mesma complexidade e extensão que a torna no recurso valioso que é.
Outro factor, é que apesar de existirem regras inerentes, a própria dinâmica da Internet é
relativamente caótica e desorganizada, o que por um lado lhe dá liberdade, por outro
pode ter utilizações de consequências nefastas.

Redes Sociais

Mas as redes do ponto de vista da sociedade acontecem desde de sempre, como Fritjof
Capra refere “ As redes são um padrão que é comum a toda a vida. Onde quer que
vejamos vida, vemos redes”(Capra, 2002). Inclusive do ponto de vista histórico é
possível verificar que as redes sociais são inerentes a qualquer sociedade, ainda que em
diferentes modelos, e que consoante esses modelos muitas vezes estão na base do
sucesso da própria sociedade em si. Isso implica que as redes sociais fazem parte da
estrutura de sociedade e que o sucesso da mesma muitas vezes depende da forma e
processo como essas redes são compostas.
A novidade para a sociedade actual, então é o facto de com o fenómeno da globalização,
e das redes informáticas de troca de informação com a Internet como consequência
suprema disso mesmo, veio permitir uma velocidade de interacção e diminuição das
distancias de uma forma até então na história de humanidade nunca vivenciado.
Se na antiguidade muitas das redes sociais eram suportados por mensageiros a cavalo,
barcos, e num passado mais recente automóveis e aviões, a possibilidade que em
nanossegundos trocar informação com alguém do outro lado do planeta, trás um
potencial e uma série de características até então nunca ao nosso alcance.
Este fenómeno pode ser encarado de alguma forma como globalização.
Ainda que não exista consenso quanto ao conceito fechado de globalização, muitas
vezes é considerado globalização como “o processo pelo qual as pessoas do mundo são
unificadas em uma única sociedade. Este processo é uma combinação de forças
económicas, tecnológicas, sócio culturais e politicas.”(Croucher, 2004)

Redes sociais + Redes informáticas

Como se combinam, redes sociais e redes informáticas? Aqui reside a questão, e esta
sim é uma questão recente e revolucionária do nosso tempo.
As redes informáticas por si só, são um utensílio, sem uma componente humana e
inerentemente social, não tem função nem valor. Mas ao colocar as redes informáticas,
novamente com a Internet como base, temos uma ferramenta que está a mudar as
próprias características da sociedade.
Se é verdade que as redes informáticas tendem a aperfeiçoar se no sentido de
compensarem as exigências dos utilizadores, tornando as cada vez mais humanizadas
(actualmente suportando, imagem, som e vídeo), também é verdade que a própria
sociedade especialmente nas suas redes, está a tomar moldes semelhantes as redes
informáticas. Usando o exemplo mencionado acima, quando um dos nós da rede
informática falha, existe a tendência para a rede se reconfigurar compensado e
ganhando outras características, ou seja uma mudança constante, com uma
caracterização temporal muito inconstante, sempre em reformulação. Pois esta
perspectiva tem muitas semelhanças com os moldes da nossa sociedade actual, em
constante mudança.(Jarvis, 2007)
A Internet, veio encurtar as distâncias e derrubar as fronteiras, actualmente é muito
difícil conseguir controlar o acesso de uma população (sociedade desenvolvidas) à
informação, mais do que à informação aos ideais de outros países e de outras pessoas.
Actualmente não é incomum, conversar ou pelo menos ler artigos e opiniões de alguém
do outro lado do planeta.
Segundo (Negroponte, 1995) “A vida digital trará consigo uma dependência cada vez
menor de um lugar específico num momento específico, e a própria transmissão do
lugar começará a tomar-se possível".
Se talvez em 1995 esta afirmação fosse mais uma previsão do futuro, hoje é uma
realidade, e questão de dependência do espaço e do tempo para acesso à Internet e por
associação aos outros e à informação, foi vencida. Talvez ainda não para todos, pois a
classe social e o nível de desenvolvimento do país em si condiciona o acesso
generalizado, mas a tecnologia já existe, e está cada vez mais ao alcance de cada um.
Ainda (Negroponte, 1995) “No mundo digital a distância significa cada vez menos. De
facto, um utilizador da Internet esquece-a totalmente. Na Internet frequentemente fica-
se com a sensação de que a distância funciona ao invés. Recebo com frequência
respostas mais rápidas de lugares distantes do que dos que estão perto, porque as
diferenças horárias permitem que as pessoas respondam enquanto durmo – por isso
parece que estão mais próximas".
Mais uma vez se 1995 esta afirmação já era uma certeza, nos dias de hoje mais ainda.
Para os que usam mais a Internet, como meio de socialização, é normal falarem
diariamente com pessoas do outro lado do globo, e muitas vezes passarem semanas sem
falar com o vizinho da frente. Quem tem acesso e utiliza a Internet, consegue mais
facilmente transmitir e receber a informação de outros que também a utilizam, do que
muitas vezes pelos processos tradicionais. A questão do desfasamento horário, também
é uma realidade nova para levar em consideração. Actualmente é possível equipa
multinacional trabalhar praticamente 24h sobre 24h, teoricamente falando se tivéssemos
equipas à volta do globo, seria possível enquanto no seu país é dia estar a trabalhar, e
quando anoitece outra equipa de outro país onde é dia continuar o trabalho. Isto é uma
situação só possível com o avanço das tecnologias a possibilitar o trabalho colaborativo,
a um nível nunca antes visto e só possível devido à possibilidade de transferência de
grandes quantidades de informação em tempo útil. Outro factor que possibilita este tipo
de colaboração são as novas ferramentas de Groupware 1 , que possibilitam o trabalho
colaborativo via Internet, estas ferramentas trazem para o mundo digital e remoto, uma
série de ferramentas de trabalho em grupo que anteriormente existiam localmente.
Desde a possibilidade de gráficos de Gant, correio electrónico interno, ou até
memorandos, vierem facilitar e optimizar este tipo de trabalho colaborativo.
Também (Castells, 2000) “O desenvolvimento da comunicação electrónica e dos
sistemas de informação propicia uma crescente dissociação entre a proximidade espacial
e o desempenho das funções rotineiras: trabalho, compras, entretenimento, assistência à
saúde, educação, serviços públicos, governo e assim por diante. Por isso, os futurólogos
predizem frequentemente o fim da cidade, ou pelo menos das cidades com as
conhecemos ate agora visto que ficarão destituídas da sua necessidade funcional”.
Estes futurólogos, talvez estejam a prever muito no futuro, pois esta mudança não
parece tão próxima quanto isso, no entanto a questão da necessidade funcional espacial
das cidades está em causa isso é real. Se em determinado momento a necessidade de
agregação deu origem ás cidades em si, neste momento e pelas razões já referidas, essa
necessidade já não é tão sentida, assim como a passagem do muito do analógico 2 (e
mais físico) para o digital, permite essa transferência e quebra a necessidade da
proximidade física espacial, uma vez que com recurso à Internet a proximidade digital
não é tão sentida com o afastamento físico.

No sentido mais logístico, com os portáteis e as redes wireless a questão do local e do


tempo também, passaram para segundo plano, actualmente é possível aceder à Internet
teoricamente de qualquer local.
Logo, a informação que antigamente levaria dias a contactar alguém geograficamente
distante ou estar dependente de locais específicos para ter acesso ao mesmo deixou de

1
Software colaborativo (ou groupware) é um software que apoia o trabalho em grupo, colectivamente.
Skip Ellis o definiu como um "sistema baseado em computador que auxilia grupos de pessoas envolvidas
em tarefas comuns (ou objectivos) e que provê interface para um ambiente compartilhado". - In
http://pt.wikipedia.org/wiki/Groupware - Consulta em 7 de Abril de 2008
2
Sinal analógico é um tipo de sinal contínuo que varia em função do tempo. Um velocímetro analógico
de ponteiros, um termómetro analógico de mercúrio, uma balança analógica de molas, são exemplos de
sinais lidos de forma directa sem passar por qualquer descodificação complexa, pois as variáveis são
observadas directamente. Para entender o termo analógico, é útil contrastá-lo com o termo digital.
Na electrónica digital, a informação foi convertida para bits, enquanto na electrónica analógica a
informação é tratada sem essa conversão. Um exemplo de sinal analógico é o disco de vinil. - In
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinal_analógico - Consulta em 7 de Abril de 2008
ser problema, pode se mesmo dizer que as novas tecnologias evoluíram no sentido de
ultrapassar as barreiras do espaço e do tempo.
Com todo este fluxo de informação, adicionando a uma sociedade em constante
reformulação, temos então os membros dessa sociedade também eles em constante
mudança, e inerentemente aprendizagem. Toda esta informação por si só não implica
conhecimento, mas através de uma perspectiva reflexiva, pode potenciar a
aprendizagem. A Internet em especial já adquiriu um lugar comum nas nossas vidas
(mais uma vez países e sociedades mais desenvolvidas) que grande parte dessa
aprendizagem se dá ao nível do informal, e que devido ao fluxo de informação e
potencial praticamente infindável se torna a principal fonte de informação (e eventual
aprendizagem) dos nossos dias.
Com isto poderíamos pensar que a Internet provocaria a exclusão e isolamento social,
mas essa ideia é geralmente errada. A Internet também potencia o contacto entre os
indivíduos. O contacto que as redes se baseiam não é apenas o contacto presencial, e a
Internet e as tecnologias vêem trazer mais um sem número de recursos para criar laços e
comunicação entre os membros da rede.
Por isso a forma como a tecnologia influencia a sociedade e maneira como a sociedade
influencia a tecnologia, tornou se quase uma relação simbiótica, em que um depende do
outro para sobreviver, e se no caso da tecnologia é lógico essa dependência, no caso da
sociedade estar a alcançar um ponto tão dependente da tecnologia é a algo a reflectir.

Caso Português

Em Portugal assim como em outros países europeus, o impacto da Internet nas nossas
vidas foi enorme e rapidamente se tornou essencial ao nosso quotidiano. Ainda assim e
em comparação com outros países desenvolvidos e de cariz ocidental, Portugal sofre de
um ligeiro atraso quer tecnológico quer de desenvolvimento (muitas vezes um associado
ou outro).
“Portugal encontra-se num momento de transição, associando traços e dinâmicas de
modernidade a vestígios de uma sociedade mais arcaica, que tendem a persistir e a
obstruir algumas das transformações em curso. Enfrenta, por um lado, muitos dos novos
desafios e paradoxos das sociedades modernas - veja-se o envelhecimento populacional,
a emergência de novas formas de pobreza, a crise das estruturas democráticas ou a
mediatização da sociedade.” (Cardoso, 2005, p. 314)
Esta afirmação apesar de ser de dados de 2005, espelha bem muitos dos obstáculos
ainda hoje existentes. Fazendo uma analogia é como o filme “Os Deus devem estar
loucos”, no qual uma tribo primitiva é introduzida uma garrafa de vidro, a nova
tecnologia apesar de inúmeras aplicações produz efeitos na dinâmica da tribo que não a
compreende, não a consegue reproduzir de modo a puder dar resposta as exigências da
população, mas ao mesmo tempo reconhece lhe utilidade e já não é capaz de viver sem
ela.
O caso da tecnologia e especialmente a Internet em alguns países é de alguma forma
semelhante, as estruturas sociais e educativas ainda se regem pelo o paradigma antigo,
no entanto tem de lidar constantemente com ferramentas e realidades do novo.
Se por um lado cria conflitos por outros desde ponto de vista económico e social já é um
bem essencial e que o não utilizar criaria uma desvantagem que não poderia ser
suportada numa era de globalização e competição.
Este momento de transição, leva a lacunas sociais, “Em Portugal, se é verdade que cerca
de 29% da população é utilizadora directa da Internet, e que outros 10% se têm, de
algum modo, aproximado desta tecnologia, a maioria da população é ainda constituída
por não utilizadores”(Cardoso, 2005, p. 314), certamente estes valores subiram desde
2005 ainda assim a conclusão final permanece verdadeira, “a maioria da população é
ainda constituída por não utilizadores”.
Mais ainda, o principal local de acesso à mesma é a partir de casa, muitas vezes de uma
forma autodidacta, e nem sempre com os melhores resultados, quer em termos de
eficiência da ferramenta, como até à criação de estereótipo do que é a Internet.
Neste campo creio que a educação tem uma palavra muito importante, hoje em dia para
criar cidadãos úteis e de valor na sociedade é preciso mais do que os valores que eram
introduzidos até agora. A “literacia” informática, e especialmente da Internet é essencial
para competir numa sociedade inundada com essa necessidade.
No entanto é se é importante educar os nossos jovens, que muitas vezes mostram
destreza informática que não é sinónimo de literacia informática, que dizer de muitos
adultos que nem sequer essa destreza possuem.
Será desejável e produtivo, investir nessa formação?
Serão eles capazes de mobilizar as suas competências para esta nova realidade?

O futuro

Como esta relação sociedade – tecnologia irá evoluir é outra grande questão a colocar.
Aqui a grande expectativa pode ser a questão temporal. Enquanto com outras mudanças
e influências sociais o factor tempo tendencialmente era longo e difícil de avaliar em
poucas gerações, no caso da tecnologia, até pela sua própria natureza, ganha uma
dinâmica muito mais rápida. Se pensarmos que o computador em si é da década de 50,
em apenas 50 anos, a evolução foi tremenda e até na nossa escala de vida podemos ver
em poucos anos a evolução tecnológica. A manter se esta tendência e mais uma vez
suportando a perspectiva de uma sociedade em constante mudança poderemos dentro de
poucos anos ver mudanças relativamente radicais baseadas na tecnologia que poderão
mudar inclusive a face da sociedade fruto dessa relação tão próxima sociedade –
tecnologia. Para alguns visionários, a relação inclusive Homem - máquina (e
inerentemente tecnologia), irá cada vez mais se tornar permeável, desde da questão dos
componentes biónicos, até a novos avanços no campo da nanotecnologia.
Essa relação continuará a ir ao limite do potencial humano e até supera-lo com todas as
vantagens e riscos que dai advêm, sendo talvez o principal a dependência já notória do
Homem para com a tecnologia.
Bibliografia

Capra, F. (2002). The hidden connections : integrating the biological, cognitive,


and social dimensions of life into a science of sustainability (1st ed.).
New York: Doubleday.
Cardoso, G. (2005). A Sociedade em Rede em Portugal. Porto: Campo das
Letras.
Castells, M. (2000). The rise of the network society (2nd ed.). Oxford ; Malden,
Mass.: Blackwell Publishers.
Castells, M. (2004). The network society : a cross-cultural perspective.
Cheltenham, UK ; Northampton, MA: Edward Elgar Pub.
Croucher, S. L. (2004). Globalization and belonging : the politics of identity in a
changing world. Lanham, Md.: Rowman & Littlefield.
Jarvis, P. (2007). Globalisation, lifelong learning & the learning society :
sociological perspectives. Abingdon, Oxon ; N.Y.: Routledge.
Negroponte, N. (1995). Being digital (1st ed.). New York: Knopf.

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