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Por que as empresas quebram?

São dados estarrecedores. Segundo o SEBRAE, de cada 10 pequenas empresas abertas no Brasil,
apenas 2 sobrevivem até o quinto ano de vida.

Trata-se de uma mortalidade superior a 80%, preocupante, entre outros aspectos, pelo fato de que, no
Brasil, de cada 10 empregos, 6 ou 7 são oriundos das micro e pequenas empresas.

Todos sabem a importância das pequenas empresas na economia, principalmente num país onde tudo
está por fazer. Aliás, essa importância não é uma exclusividade nacional. Basta mencionar que, na Itália,
cerca de metade das exportações (algo como US$ 110 bilhões) são geradas por micro e pequenas
empresas em regime de associação.

É claro que nem toda a culpa é dos pequenos empresários. A pesadíssima carga de impostos, a falta de
acesso ao crédito, os juros abusivos, as mudanças repentinas no cenário econômico e nas regras de
mercado, bem como a queda na renda do trabalhador também fazem suas vítimas. Mas, neste caso, não
se pode jogar toda a culpa na “crise”.

Algo está seriamente errado no universo da empresa brasileira. Por que tantas empresas quebram?

As razões podem ser muito diversas, mas talvez algumas causas mereçam destaques por parecerem
bem comuns:

1 – A falta de conhecimentos e cultura corporativa do candidato a empresário

Grande parte dos candidatos a empresário acha que, para montar uma empresa, basta escolher um
produto a produzir ou vender, abrir uma fábrica ou ponto comercial, providenciar o estoque e começar a
vender.

Aspectos como pesquisa de mercado, mapeamento das circunvizinhanças para identificação de carências
e necessidades, checagem dos concorrentes, verificação de potenciais de crescimento e risco, busca de
diferenciais em produtos e serviços são simplesmente ignorados. Internamente, o descontrole de gastos,
a ineficiência administrativa, a falta de gestão, inclusive de pessoas, também contribui para o desastre.

2 – Incompetência para se relacionar com o mercado, fidelizar clientes e expandir negócios

Em grande parte das empresas (não só as pequenas, é bom dizer) ainda prevalece um posicionamento
medieval no trato com o público. Os serviços ao cliente são ignorados, as falhas de atendimento são
encobertas por montanhas de desculpas e justificativas, desejos e expectativas individuais dos clientes
não têm o menor valor e não há capacidade para reconhecer, identificar e praticar o negócio de forma
particular, calorosa, afetiva e relacional.

Muitos empresários agem como se fosse obrigação do público comprar de suas empresas. São
grosseiros, arrogantes, desinformados e parecem esquecer que o sucesso de uma empresa está menos
ligado ao produto, mas essencialmente à qualidade de relacionamento e de serviços.

3- A falta de estratégia, que impede ao empresário enxergar o conjunto da empresa como um todo,
não apenas os tão almejados lucros de curto prazo.

É interessante observar quantos empresários querem ganhar tudo de uma só vez e acabam ficando sem
nada!

Uma empresa tem um ciclo de vida, que se inicia na medida em que ela vai se consolidando como
particular, especial e diferenciada. Quando ela amadurece, é hora de renovar, de reinventar-se, de
expandir-se, de buscar uma qualidade de produtos e serviços inovadora, de contar, em seus quadros,
com pessoas vibrantes, interessadas e participativas em seu sucesso. Após já estar consolidada, é hora
de crescer, de abrir filiais, de trazer novidades, de enxergar nichos de mercado nunca dantes explorados.
A empresa já estará sólida.

Porém, a realidade é bem outra. O empresário contrata pessoas despreparadas, para pagar pouco.
Muitas vezes, vende produtos de má qualidade, para poder competir em preços por não conseguir
controlar seus próprios custos. Não investe em serviços, pois não enxerga o valor que eles agregam. Não
demonstra interesse em aperfeiçoar mecanismos de gestão (é impressionante a quantidade de empresas
que nem sequer utilizam um computador!) Propaganda e publicidade se resumem ao velho carro de som
(recurso, aliás, que ninguém mais suporta) ou os malfadados folhetos de “distribuição interna”.

Há esperança?

É claro, principalmente porque sem as micro e pequenas empresas o Brasil simplesmente não se
desenvolve.

Mas algumas medidas precisam ser tomadas, não só no contexto governamental, mas também para
aqueles que querem se tornar empresários. Entre elas:

1- Prepare-se, vá estudar, faça cursos, procure conhecer o mínimo sobre gestão, mercado,
marketing e administração financeira. Não confie apenas em seu tino comercial, pois talento sem
disciplina não se realiza.

2- Monte uma forte estratégia de relacionamento com cada cliente, do pequeno ao grande. Invista
em serviços ao cliente, tornando cada compra um motivo de satisfação, não um peso em que,
além de aturar má educação e indiferença, o cliente ainda vai ter que pagar.

3- Veja seus funcionários com outros olhos. O sucesso de uma empresa é menos decorrente de
seus produtos e serviços, e mais da forma como os clientes são tratados, principalmente quando
ocorre algum problema. Pagar pouco para lucrar mais é um pensamento arcaico e atrasado. O
ideal é pagar o que é justo, premiando os melhores desempenhos, para motivar a que todos
façam o melhor de si.

4- Se tiver dificuldades, busque ajuda. A idéia de que é melhor “morrer atirando”, isto é, tentar até
o final, mesmo que não dê certo, é um pouco ingênua. Em geral as Associações Comerciais, as
unidades do SEBRAE, os sindicatos e mesmo consultores independentes podem auxiliar com
informações, idéias, sugestões e diagnósticos para correção dos rumos de sua empresa.

Se você pensa em montar uma empresa, provavelmente investirá todos os seus recursos e economias,
resultado de muitos anos de poupança ou da indenização depois de vários e vários anos se dedicando a
uma empresa. Não dá para arriscar. Você não pode correr o risco de quebrar.

Com humildade, aquisição de conhecimentos novos e um foco em seus clientes é possível escapar dessa
altíssima taxa de mortalidade de empresas.

Fonte: http://www.skywalker.com.br/artigos/corpo.php?id=83

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