turno; Noturno. 1.1) & 1.2) A dificuldade se caracteriza na tentativa de Sócrates responder para Mênon a respeito de alguns aspectos da virtude. Se é um conhecimento, que pode ser ensinado, ou algo atribuído através do exercício individual, ou se é inerente ao indivíduo desde seu nascimento. Sócrates diz que não possui nenhum conhecimento sobre a virtude e acrescenta dizendo que, não podemos definir atributos naquilo que não conhecemos em si. Então, pergunta para Mênon o que é a virtude, e este a define como um atributo suscetível de mutabilidade em relação as circunstâncias, podendo assumir várias particularidades dependendo do objeto de investigação. Após isso, Sócrates alerta para o fato de que a definição proposta por Menon não dá conta da diversidade de casos em que ela se faz presente. Pois é uma definição incompleta, que não trata dos princípios da virtude e o que ela tem em comum em suas diferentes formas de praticá-la. Uma definição deve se tratar daquilo que está presente na virtude independentemente da forma que assumir. Uma definição deve explicitar o que é comum entre as variadas formas de ser virtuoso. Aristóteles soluciona essa dificuldade a partir do que ele chama de conhecimento prévio. Para que haja qualquer tipo de conhecimento ou aprendizado são necessárias certas noções já consolidadas. Os argumentos, silogísticos ou indutivos, só podem ser realizados através de noções pré- estabelecidas. O conhecimento universal provém do que afirmamos ser o caso, ou seja, daquilo que afirmamos como verdadeiro diante de nossos olhos e outros mecanismos de percepção sensível. Ademais, com relação ao aprendizado pelo discurso, devemos partir da definição do ente que já de antemão, acreditamos ser o caso, existir verdadeiramente. Quando nos referimos ao conhecimento, ou seja, ato de aprender noções cognoscíveis e formar silogismos através da linguagem, é necessário e indispensável o conhecimento prévio. Devemos afirmar a respeito do objeto “ se é o caso ou o que é aquilo de que é mencionado”. O discurso é uma atividade que, de antemão, requer noções tomadas como verdadeiras, absolutas e necessárias, o que o autor denomina como conhecimento sem mais. A partir do que conhecemos sem mais, podemos formar proposições e obter conhecimento indutivo. O conhecimento indutivo serve para agregar ou insistir na verdade de uma proposição universal que já definimos como verdadeira. No exemplo do triângulo, só há conhecimento, se concordamos com uma noção prévia, “que todo triângulo possui ângulos iguais a dois retos”. Devemos assumir essa característica em qualquer exame proposto sobre o objeto em questão. Caso contrário, anulamos a possibilidade do conhecimento. Ou assumimos absolutamente, ou seja, sem mais, uma premissa universal, ou não há como conhecer indutivamente a partir de silogismos correntes em nosso raciocínio, a respeito daquilo que tomamos primeiramente como sendo o caso e depois, como objeto que possui tal atributo universal, válido para qualquer caso em que o objeto esteja sendo investigado. Para existir ciência e aprendizado, é preciso assumir noções universais a respeito dos objetos ou seja, sobre tudo. Em primeiro lugar, se existem, são o caso. Em segundo lugar, devemos assumir seu significado, premissa universal. Para que haja aprendizado racional através de induções e silogismos . 2)
O conhecimento sofístico necessita da aceitação de premissas universais para
que ocorra o aprendizado, devemos afirmar que o objeto investigado é o caso, que existe, e também sua definição ou atributo comum a qualquer aparição do objeto. Ao mesmo tempo que temos contato sensível com o objeto, procuramos identificar atributos que sejam comuns a qualquer particularidade que tal investigação apresentar. O conhecimento científico, sem mais é definido por Aristóteles por conhecimento de causa. Devemos absolutamente saber o que faz o objeto investigado se apresentar a nós por tais aspectos e características e o que faz esse conhecimento ser indubitável ,ou seja, “que não é possível ser de outro modo”. A resolução do problema do Mênon conduz Aristóteles, a partir da existência de conhecimentos prévios, a definir o conhecimento científico como possível de demonstração pela causa e de maneira absoluta e universal. As causas de que devem partir o conhecimento demonstrativo não podem partir de concomitância, ou seja, de conhecimentos que se dão a partir dos sentidos ou silogismos conclusivos mas de itens anteriores e indemonstráveis. Afinal, segundo Aristóteles o conhecimento universal está mais afastado daquilo que é das nossas faculdades sensíveis e mais próximo da natureza e do que é cognoscível por ela em si mesma.
3.1)&3.2)
Conhecimento demonstrativo então, segundo Aristóteles, deve tratar de intens
anteriores a conclusão. Portanto, devemos apresentar evidências de causa, afinal podemos conhecer silogisticamente sem demonstração, mas o conhecimento científico só pode se apresentar como tal por demonstração universal e “a partir de primeiros”.
O conhecimento científico se dá na medida que é possível haver demonstração
de causa do objeto investigado. Muitas vezes consideramos ou julgamos uma proposição como atributo comum a todos os casos em que o objeto é investigado, portanto, assumimos uma premissa universal a respeito do objeto. No entanto, somos passíveis de equívoco em certas afirmações que façamos em relação aos objetos de conhecimento nas seguintes considerações: a) Quando o particular definido a partir de atributos universais, não está ou não pode ser caracterizado por nenhum conceito ou atributo universal que poderíamos afirmar como pertencente a tal objeto. Para que assim houvesse conhecimento demonstrativo. b) Por falta de denominação do atributo que identificamos como pertencente ao objeto. Isso acontece quando tratamos de coisas diferentes em sua forma e não podemos definir o atributo comum a elas. c) Quando só podemos demonstrar, ou seja, provar que certo atributo pertence a um objeto de maneira individual e particular em cada um dos casos. No entanto, não conseguimos demonstrar tal atributo ou definição para todos os casos em que o objeto é investigado na natureza. Portanto, só há demonstração aplicável a respeito de cada um e não de maneira universal.