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Capítulo

2
Automação de testes funcionais com o Selenium

Ismayle de Sousa Santos, Pedro de Alcântara dos Santos Neto

Abstract

The software testing is fundamental in software quality assurance. The testing can be split
according with its objective. An important testing objective is the check of the product be-
havior. This kind of test is known as functional testing. However, the systematic execution
of testing requires time and effort. Many times this activity is ignored. It is important the
use os testing tools in order to automate this activity. Selenium is an example of this. It
is free of charge and it can export the generated tests for a great variety of technologies,
like PHP, Java and Ruby. This work presents the basic concept related to functional tes-
ting and describes how to use Selenium integrated to Java. The work also presents good
practices related to software testing that can increase productivity and reusability.

Resumo

O teste de software é um elemento fundamental na garantia da qualidade. Os testes po-


dem ser divididos de acordo com seu objetivo. O teste funcional, por exemplo, tem por
objetivo verificar o comportamento do produto desenvolvido. Contudo, a realização do
teste, de forma sistemática, exige tempo e recursos, sendo por muitas vezes desconside-
rado. Assim, é importante que os testadores utilizem ferramentas que automatizem de
alguma forma essa atividade. O Selenium é um exemplo de ferramenta que auxilia essa
atividade. Ela tem se destacado atualmente por ser gratuita e pela possibilidade de ex-
portação dos testes criados a partir do seu uso para as mais variadas tecnologias, como
PHP, Ruby ou Java. Este trabalho apresenta conceitos básicos do teste funcional, além
de descrever como utilizar o Selenium integrado à linguagem Java. A partir dessa inte-
gração serão apresentados boas práticas que podem ser aplicadas ao desenvolvimento
de testes funcionais, favorecendo produtividade e reusabilidade dos testes.

2.1. Introdução
No cenário atual, em que softwares estão presentes nas diversas atividades do cotidiano
e no qual os sistemas estão cada vez mais voltados para web, a qualidade exigida pelos
clientes sobre os softwares desenvolvidos se torna cada vez maior. Uma das formas mais
utilizadas e recomendadas para se garantir a qualidade de software se dá a partir da re-
alização de testes, visto que testes podem ser usados para revelar a presença de defeitos
[Myers 2004].
O teste de software pode ser definido como a verificação dinâmica do funciona-
mento de um programa, utilizando um conjunto finito de casos de teste, adequadamente
escolhido dentro de um domínio de execução, em geral infinito, contra seu comporta-
mento esperado [Abran et al. 2004]. Assim, um teste, de maneira geral, envolve a execu-
ção de um programa com a aplicação de certos dados de entrada, examinando suas saídas,
verificando se elas combinam com o esperado e estabelecido nas suas especificações. É
importante ressaltar que os testes não garantem que o software não contém erros, pois
para isso seria necessário testar todas as entradas válidas, o que geralmente é impossível.
Ao realizarmos testes durante o desenvolvimento de software adicionamos valor
ao produto, uma vez que o teste corretamente executado tende a descobrir defeitos, que
devem ser corrigidos, aumentando assim a qualidade e confiabilidade de um sistema
[Pressman 2006]. A falta de testes pode fazer com que o software desenvolvido seja
entregue com defeitos, o que pode trazer muitos problemas, como por exemplo, prejuízos
financeiros, danos físicos e até perda de vidas humanas, além de prejudicar a imagem da
equipe desenvolvedora perante a empresa e desta para com o cliente. Além disso, o custo
de não testar é muito maior, já que a identificação de erros se torna mais difícil e onerosa
nos estágios finais do projeto e os custos para reparação crescem em uma escala elevada
com o passar do tempo [Patton 2006].
Existem vários tipos de testes, cada um voltado para um determinado objetivo.
Testes podem ser criados para verificar se as especificações funcionais estão corretamente
implementadas (teste funcional), podendo ser executados diretamente pelos usuários fi-
nais para decidir sobre a aceitação do produto desenvolvido (teste de aceitação); podem
verificar se o desempenho do software está dentro do aceitável (teste de desempenho);
se ele funciona sob condições anormais de demanda (teste de estresse); se o software é
adequado ao uso (teste de usabilidade); testes podem ter como objetivo mostrar que o
software continua funcionando após alguma alteração (teste de regressão); se os procedi-
mentos de instalação são corretos e bem documentados (teste de instalação); para verificar
o seu nível de segurança (teste de segurança); ou para verificar seu funcionamento, a partir
da liberação do produto para pequenos grupos de usuários trabalhando em um ambiente
controlado (teste alfa) ou em um ambiente não controlado (teste beta) [Neto et al. 2007].
Os testes, entretanto, requerem tempo, conhecimento, planejamento, infraestru-
tura e pessoal especializado, sendo, portanto, uma atividade onerosa [Myers 2004]. De-
pendendo do tipo de sistema a ser desenvolvido, ela pode ser responsável por mais de 50%
dos custos [Pressman 2006]. Para se ter uma idéia dos custos envolvidos, de acordo com
um relatório publicado pelo NIST [NIST 2002], U$59.500.000.000,00 é o valor relativo
ao custo de falhas em softwares desenvolvidos nos Estados Unidos, apenas em 2002. Esse
mesmo relatório estima que mais de 37% desse custo (U$22.200.000.000,00) poderia ter
sido eliminado se a infraestrutura para teste fosse melhorada.
Uma forma de reduzir os custos da atividade de testes é a partir da automação dos
testes usando alguma ferramenta apropriada. No caso dos testes funcionais, a maioria
das ferramentas disponíveis se baseia na gravação de todas as ações executadas por um
usuário, gerando um script 1 com os passos realizados. Dessa forma, as ações gravadas
podem ser facilmente re-executadas, permitindo assim a automação do teste. Além disso,
o script gerado pode ser facilmente alterado, permitindo modificações nos testes gravados
sem a necessidade de re-execução do software e nova captura [Neto et al. 2007]. Como
exemplo desse tipo de ferramenta temos o Selenium-IDE [OpenQA b], que pode ser usado
para automatizar testes funcionais em aplicações web.
Neste capítulo serão apresentados alguns conceitos relacionados aos testes de soft-
wares, em especial aos testes funcionais. Também serão apresentados os princípios gerais
acerca dos testes e a utilização da ferramenta Selenium integrado com a linguagem de
programação Java, a partir do uso do framework JUnit [Gamma and Beck ]. Além disso,
será apresentada a ferramenta Bromine [OpenQA a], que foi criada para o gerenciamento
de testes feitos com o Selenium.

2.2. Conceitos Básicos


Antes de tudo, é preciso diferenciar três termos muito ligados aos testes de sofwtare: erro,
defeito (bug) e falha. Um erro ocorre devido a uma ação humana que produz um resul-
tado incorreto [IEEE 1990]; um defeito em um componente ou sistema pode fazer este
falhar na execução na execução de alguma funcionalidade; e uma falha corresponde a
uma discrepância entre o resultado ou comportamento atual (identificado durante a exe-
cução dos testes) e o comportamento ou resultado esperado (definido nas especificações
ou requisitos)[Spillner et al. 2006]. Ou seja, o ser humano está sujeito a cometer um erro
(engano), que produz um defeito no código. Se um defeito no código for executado, o sis-
tema falhará ao tentar fazer o que deveria (ou o que não deveria), causando possivelmente
uma falha [Müller et al. 2007].
Também é importante diferenciar “teste” de “depuração”. Testes podem demons-
trar falhas que são causadas por defeitos. Depuração é a tarefa de localizar e corrigir os
defeitos [Spillner et al. 2006]. Assim, as responsabilidades de cada atividade são bem
distintas: testadores testam e desenvolvedores depuram.
Um caso de teste é uma especificação de como um software deve ser testado. Essa
especificação inclui os dados de teste, ou seja, as entradas e as saídas esperadas, e as
condições sob as quais o teste deve ocorrer. O projeto de casos de teste é um dos grandes
desafios do processo de teste de software, e pode ser tão desafiador quanto o projeto do
próprio software [Pressman 2006]. Como geralmente é impossível testar um programa
exaustivamente, ou seja, testar todos os possíveis casos, o conjunto de casos de teste deve
ser o mais abrangente possível levando em conta qual o sub-conjunto dos casos possíveis
tem maior probabilidade de exibir falhas.
Um procedimento de teste é uma especificação de uma seqüência de ações para
execução de um determinado teste. Alguns exemplos são um conjunto de passos a serem
seguidos em uma interface gráfica, um conjunto de funções a serem chamadas ou uma
seqüência de requisições de página para um sistema web.
Quanto a construção dos testes, existem basicamente dois métodos que podem ser
1 Conjunto de instruções para um programa.
utilizados [Filho 2003]: (i) método da caixa branca, que objetiva determinar defeitos na
estrutura interna do produto, por meio do desenho de testes que exercitem suficientemente
os possíveis caminhos de execução; e (ii) método da caixa preta, que tem por objetivo
determinar se os requisitos foram total ou parcialmente satisfeitos pelo produto sem levar
em conta como ocorre o processamento.

2.3. Princípios dos testes


Burnstein [Burnstein 2003] define princípios, considerando o domínio da engenharia de
sofwtare, como sendo leis, regras ou doutrinas relativas a softwares, a maneira como são
construídos e como eles se comportam. Assim, sempre que for implementar testes, o
testador deve ter em mente os princípios gerais dos testes [Spillner et al. 2006]:

• Princípio 1: Testes demonstram a presença de defeitos, não a ausência. O teste


pode demonstrar a presença de defeitos, mas não pode provar que eles não existem.
O teste reduz a probabilidade que os defeitos permaneçam em um software, mas
mesmo se nenhum defeito for encontrado, não prova que ele esteja perfeito.

• Princípio 2: Teste exaustivo é impossível. Testar todos os valores possíveis para


todas as entradas, efetuando todas as formas de combinação e levando em conta
diferentes precondições é geralmente impossível. Na prática, na maioria das vezes
os softwares requerem números astronomicamente altos de casos de testes. Assim,
em vez do teste exaustivo, o testador deve levar em conta os riscos e prioridades do
sistema sob teste para focar os casos dos testes.

• Princípio 3: A atividade de teste deve começar o mais cedo possível. A atividade de


teste deve começar o mais breve possível no ciclo de desenvolvimento do software
e deve ser focado em objetivos definidos.

• Princípio 4: Defeitos tendem a estar agrupados. Geralmente a maioria dos defeitos


são encontrados em algumas partes do software sob teste, ou seja, é muito pouco
provável que os defeitos estejam uniformemente distribuídos pelo sofwtare.

• Princípio 5: O paradoxo do perticida. Pode ocorrer de um mesmo conjunto de


testes que são repetidos várias vezes não encontrarem novos defeitos após um de-
terminado momento. Para superar este “paradoxo do pesticida”, os casos de testes
necessitam ser freqüentemente revisados e atualizados. Um conjunto de testes novo
e diferente precisa ser escrito para exercitar diferentes partes do software ou sistema
com objetivo de aumentar a possibilidade de encontrar mais falhas.

• Princípio 6: Testes dependem do contexto. Os testes devem ser adaptados aos riscos
e ambientes inerentes da aplicação. Softwares de segurança crítica, como por exem-
plo o do computador de bordo de aeronaves, são testados diferentemente de soft-
wares do comércio eletrônico

• Princípio 7: A ilusão da ausência de falhas. Encontrar e consertar defeitos não


ajuda se o sistema construído não atende às expectativas e necessidades dos usuários.
2.4. Testes funcionais de software
O teste funcional é um teste para avaliar o quanto o comportamento observado do soft-
ware está em conformidade com as especificações [Abran et al. 2004]. Isso significa que
esse teste é baseado na análise da especificação de funcionalidades do software testado
[Spillner et al. 2006]. Assim, o teste funcional é feito para verificar, por exemplo, se o
cadastro de um novo usuário em um sítio Web funciona conforme o esperado.
Para implementar os testes de forma eficiente e evitar a construção de casos de
testes desnecessários é necessário utilizar técnicas específicas para projetar os casos de
testes. A seguir serão apresentadas as duas principais técnicas usadas para o desenho de
testes funcionais: a particação de equivalência e a análise do valor limite.
A partição de equivalência é um método que divide o domínio de entrada em
categorias de dados. Cada categoria agrupa dados que possuem as memas características
e revelam uma classe de erros, permitindo assim, que casos de teste na mesma categoria
sejam eliminados sem que se prejudique a cobertura dos testes [Filho 2003].
Em um programa de cadastro de um usuário, por exemplo, o mês do nascimento
do usuário deve estar entre 1 e 12. Com isso, as possíveis classes de equivalência para
essa entrada são: i) todos os valores inteiros menores que 1; ii) valores inteiros entre
1 e 12; e iii) valores inteiros maiores que 12. Para cada uma dessas classes, qualquer
valor tem, potencialmente, a mesma capacidade de detectar erros, sendo dispensável a
execução de vários testes para valores pertencentes à mesma classe de equivalência. Não
é necessário, portanto, testar vários números negativos para verificar como a aplicação se
comporta. Assim, um bom conjunto de teste para esse caso seria termos um valor menor
que 1, um valor entre 1 e 12, e um valor maior que 12. O uso de outros valores seria
desnecessário, uma vez que todos os valores em uma classe de equivalência deveriam ter
o mesmo comportamento.
Na Análise de Valor-Limite os casos de teste são escolhidos próximo ou nas fron-
teiras dos domínios de entrada, uma vez que boa parte das falhas tendem a se concentrar
próximo a esses valores. O emprego dessa técnica deve ser complementar ao uso da
partição de equivalência. Assim, em vez de selecionar um elemento aleatório de cada
classe de equivalência, selecionam-se os casos de teste nas extremidades de cada classe
[Filho 2003]. Para utilizar a técnica do Valor-Limite no exemplo anterior, devemos se-
lecionar como valores representantes das partições, os valores que estão no limite entre
uma classe e outra. Assim, para representar a partição de valores abaixo de 1 (um) uti-
lizaríamos 0 (zero); para representar valores entre 1 e 12 utilizaríamos os números 1 e 12;
e o número 13 seria o escolhido para representar valores na partição acima de 12.

2.5. Testes manuais versus Testes automatizados


Um teste manual é aquele em que o testador executa o software manualmente com base
nas especificações dos testes, as quais detalham os casos e procedimentos de testes. Os
testes realizados dessa forma, em geral, são cansativos e de difícil repetição. Já os testes
automatizados, são aqueles feitos com auxilio de alguma ferramenta apropriada. Eles exi-
gem mais tempo para implementar os testes, mas provêem mais segurança na manutenção
e permitem que os testes sejam executados a qualquer instante.
Antes de decidir em automatizar ou não os testes, é preciso analisar a aplicação
testada e quais testes serão contruídos. A principal razão para automação dos testes é a ne-
cessidade de re-execução dos mesmos. Supondo, por exemplo, que um testador projetou
centenas de testes e optou por executá-los manualmente. Se em algum momento da exe-
cução da bateria de testes2 for descoberto uma falha, então os desenvolvedores deverão
ser avisados. Além disso, dependendo da falha, a execução dos testes restantes deverá
ser suspensa até que a mesma seja corrigida. Após a correção, como existem grandes
chances de que outras partes do software sejam afetadas, o testador terá que executar to-
dos os testes novamente e novas falhas podem ser encontradas repedindo o ciclo. Em um
caso típico, existe a necessidade de se executar testes centenas e até milhares de vezes.
Isso normalmente justifica a automação dos testes.
A automação de um conjunto de testes geralmente demanda bem mais esforço
que sua execução manual, mas quando automatizado, sua execução é bastante simples, se
atendo a execução de um script ou o clique de alguns botões [Neto et al. 2007]. Assim,
em situações como a descrita, automatizar os testes é a melhor maneira de economizar
tempo e dinheiro.
Contudo, nem sempre é vantajoso automatizar os testes. Existem situações em que
realizar os testes manualmente é mais adequado. Se a interface de usuário da aplicação for
mudar consideravelmente em um futuro próximo, por exemplo, então qualquer automação
que for feita vai precisar ser refeita. Além disso, quando o software for simples e não
houver tempo suficiente, ou se for improvável o reuso dos testes, então o teste manual
continua sendo uma opção a ser considerada.

2.6. A ferramenta Selenium


O Selenium é um conjunto de ferramentas OpenSource3 que pode ser usada para criação
de testes funcionais automatizados para aplicações Web. Uma das suas vantagens é a pos-
sibilidade de executar os testes em qualquer navegador com suporte a JavaScript4 . Além
disso, as ferramentas que compõem o Selenium provêem um rico conjunto de funções
específicas para a implementação de testes, tais como:

• open: abre uma página usando uma URL5 que é fornecida como parâmetro;

• click/clickAndWait: executa o clique em um botão, link ou imagem;

• verifyTextPresent/assertTextPresent: verifica a presença de um texto em qualquer


lugar da página;

• verifyText/assertText: verifica se um texto aparece em um determinado local;

• waitForPageToLoad : pausa uma execução do teste até que uma nova página seja
carregada. Esse comando é chamado automaticamente pelos comandos com termi-
nação “AndWait”;
2 Conjuntode testes.
3 Softwarede código aberto.
4 Linguagem de criação de scripts desenvolvida pela Netscape em 1995.
5 Acrônimo para Uniform Resource Locator.
• type: entra com um valor em um determinado campo da página;
• select: seleciona um elemento dentre uma lista de opções.

Atualmente as principais ferramentas que compõem o Selenium são: Selenium-


IDE, Selenium-RC e Selenium-GRID. O Selenium-IDE é um ambiente de desenvolvi-
mento integrado para construção de casos de testes. Ele opera como plug-in do FireFox
e provê interfaces amigáveis para o desenvolvimento e execução de suites de testes (con-
junto de testes). O Selenium-IDE é uma ferramenta do tipo record-and-playback, ou seja,
ela captura as ações executadas pelo testador e gera um script que permite a re-execução
das ações feitas, automatizando assim, o teste. Sua instalação é simples: basta abrir o
arquivo de instalação pelo Firefox.
Apesar da facilidade de automação dos testes com o Selenium-IDE, algumas tare-
fas ainda não são simples para se executar com essa ferramenta. Ele não oferece, por
exemplo, suporte para testes com interação ou que devem ser executados com base em
uma determinadas condições. Para esses casos deve-se utilizar o Selenium RC (Remote-
Control). Este possiblita uma maior flexibilidade ao testador, permitindo a construção de
lógicas de teste mais complexas, a partir do uso de uma linguagem de programação. Para
isso, ele provê uma API (Application Programming Interface)6 e bibliotecas para cada
uma das linguagens suportadas: HTML, Java, C#, Perl, PHP, Python, e Ruby.
O Selenium-Grid permite distribuir os testes em múltiplas máquinas, reduzindo
assim o tempo gasto na execução de uma suite de testes. Ele é ideal para escalonar grandes
suites de testes ou suites de testes que devem ser executadas em múltiplos ambientes.
O Selenium-Grid atua executando múltiplas instâncias do Selenium-RC em paralelo de
forma transparente, fazendo com que os testes não precisem se preocupar com a infra-
estrutura utilizada.
Como mencionado anteriormente, o conjunto de comandos do Selenium permite
realizar uma série de ações necessárias para execução de testes em páginas web, tais
como, entrar com valores em campos da página, selecionar itens de uma lista de opções,
clicar em botões, clicar em links e realizar asserções com base nos resultados exibidos da
página. Os comandos que realizam essas ações são divididas em três grupos:

• Actions: são comandos que geralmente causam uma mudança no estado da apli-
cação. Eles representam operações realizadas pelo usuário durante a execução de
um sistema web, tais como o comando “click” que indica um clique em um deter-
minado botão ou link. A maioria desses comandos pode conter o sufixo “AndWait”,
o que indica que a ação fez uma chamada ao servidor e que o Selenium deve esperar
a página carregar para executar o próximo passo.
• Accessors: examinam o estado da aplicação e armazenam o resultado em variá-
veis, como o comando “storeTitle” que armazena o titulo da página em uma variá-
vel determinada por parâmetro. Vale notar que as variáveis criadas no Selenium
podem ser acessadas de duas formas: ${nomeDaVariável} ou javascriptstored-
Vars[’nomeDaVariável’].
6 Um conjunto de rotinas e padrões estabelecidos para a utilização das suas funcionalidades.
• Assertions: são como os Accessors, mas verificam se o estado da aplicação está con-
forme o esperado. Todas as asserções do Selenium podem ser usadas de três modos:
“assert”, “verify” e “waitFor”. Para verificar a presença de um certo texto em um
determinado local, por exemplo, pode-se usar o comando “assertText”, “verifyText”
ou “waitForText”. Com o “assert”, se a verificação falhar o teste pára, enquanto que
com o “verify” a ferramenta acusa a falha mas o teste continua executando. Já no
modo “waitFor”, que é muito útil para testar aplicações com Ajax7 , o Selenium
espera o texto aparecer para prosseguir a execução.

Quanto aos parâmetros utilizados pelos comandos do Selenium, eles tipicamente


são: i) uma identificação para algum elemento da página; ii) um texto para verificar se ele
aparece na página ou para colocá-lo em algum campo da página. O número de parâmetros
usados varia de acordo com o comando. Alguns exigem dois parâmetros, outros exigem
somente um, e existem aqueles que não utilizam parâmetros.
A Figura 2.1 ilustra um script de teste no formato HTML8 feito com o Selenium-
IDE. Nele pode-se perceber que no formato HTML cada comando é representado como
uma linha de uma tabela. Cada linha é por sua vez dividida em três células representando
o comando, o alvo e o valor, nessa ordem. O script ilustrado nesta figura, por exemplo,
é formado por três comandos: o comando “open” com apenas um parâmetro, que repre-
senta a URL a ser acessada (alvo); o comando “type”, com dois parâmetros, o primeiro
representando o nome do campo a ter uma informação digitada (alvo) e o segundo con-
tendo o texto que será entrado no campo (valor); e o comando “assertTextPresent”, com
um parâmetro, indicando o texto (alvo) a ser procurado na página.

Figura 2.1. Script de teste do Selenium em HTML.

Nas próximas sub-seções serão apresentados o Selenium-IDE e a criação de testes


automatizados com o Selenium-RC usando a linguagem Java e o framework JUnit. A
Figura 2.2 ilustra a página web que será utilizada como base para a maior parte dos scripts
7 Acrônimo de Asynchronous Javascript And XML.
8 Acrônimo para HyperText Markup Language.
de testes que serão apresentados no decorrer do capítulo. Essa página é responsável pelo
cadastro de usuários e faz parte de um sistema de administração de um sítio que segue um
modelo específico da UFPI.

Figura 2.2. Página Web que servirá de base para os scripts de testes apresenta-
dos neste capítulo.

2.6.1. Uma breve introdução ao Selenium-IDE


O Selenium-IDE, ilustrado na Figura 2.3, é um plug-in do FireFox que permite ao testador
desenvolver e executar casos de testes sem a necessidade de conhecimentos em progra-
mação. Ele possui uma interface amigável e exibe o script de teste como uma tabela, se
tornando assim, ideal para aprender a sintaxe e o funcionamento do Selenium.

Figura 2.3. A ferramenta Selenium-IDE.


O menu “Arquivo” permite ao usuário criar, abrir ou salvar testes e suites de testes.
O menu “Editar” contém as operações para editar os casos de testes e o menu “Opções”
permite mudar as configurações da ferramenta, como por exemplo, o testador pode es-
pecificar o timeout (tempo limite que a ferramenta deve esperar por uma resposta) e qual
linguagem (Html, Java, Ruby, etc.) será usada para salvar os casos de testes. Logo abaixo
do menu principal, pode ser especificada a UrlBase, que será compartilhada por todos os
testes, e também existem opções para controlar a execução dos casos de testes, como por
exemplo, a velocidade e a forma de execução.
A ferramenta contém um menu que é exibido após o clique ou seleção de um
algum elemento da página atual. A Figura 2.4 exibe o resultado de um clique com o
botão direito do mouse, sobre o texto “Inserir Usuário”, da página ilustrada na Figura 2.2.
Nesse caso é exibido um menu mostrando alguns comandos do Selenium, a maioria com
o parâmetro alvo pré-definido de acordo com o elemento selecionado (clicado).

Figura 2.4. Menu exibido ao clicar em algum elemento da página.

Começar a construir testes com o Selenium-IDE é muito simples: basta abrir a


ferramenta por meio da aba “Ferramentas” do FireFox e o Selenium-IDE já começa a
gravar as ações que forem feitas. A Figura 2.5 ilustra o funcionamento da ferramenta, que
monta o script de teste à medida que ações vão sendo feitas pelo testador. Para encerrar a
gravação basta clicar no botão situado nas proximidades no canto superior direito.
O Selenium-IDE também provê flexibilidade ao construir os testes. Conforme
exibido na Figura 2.6 o testador pode modificar o comando (digitando ou selecionando
algum dentre os exibidos por meio do drop-down destacado na figura), o alvo, o valor, e
Figura 2.5. Gravando testes com o Selenium-IDE.

no caso de dúvidas ele pode consultar a API do Selenium na aba “Reference”, na qual a
sintaxe do comando selecionado é descrito. Além disso, a ferramenta permite inserir co-
mentários, copiar/excluir/remover comandos, executar um único comando por vez, definir
onde deve começar e parar a execução.

Figura 2.6. A) Visualização da descrição dos comandos. B) Opções disponíveis


para alterar o script de teste.

A localização dos elementos na página web, necessária para utilizar muitos dos
comandos do Selenium (como o “type”), pode ser feita a partir de algum identificador,
do XPath9 do elemento, ou a partir do DOM10 . No caso de um campo ou formulário,
o elemento pode ser identificado por meio do seu nome ou identificador (id). Quando
não há o atributo “name” ou “id” para o elemento desejado, este pode ser localizado
usando-se xPath que inicia com “//”. A expressão “//form[1]”, por exemplo, refere-se
ao segundo formulário da página (pois a identificação inicia do zero). Por fim, os ele-
mentos da página também podem ser localizados a partir de expressões do tipo “doc-
ument.forms[0].elements[3]”, a qual se refere ao quarto elemento presente no primeiro
formulário da página.
O Selenium-IDE também fornece meios para tornar os testes mais fáceis de en-
tender e manter. Supondo, por exemplo, que foram implementados 100 casos de testes,
e que em todos eles é necessário fazer o login para acessar o sistema, então, se para
logar for preciso preencher os campos “login” e “senha”, todos os casos de testes irão
se referir a esses dois elementos (identificados na página por “login” e “senha”). Agora,
supondo que por algum motivo, como o uso de algum framework, o nome dos campos
tenha que ser alterado para “form:login” e “form:senha”. Nesse caso, todas as referências
aos campos “login” e “senha” devem ser alterados para “form:login” e “form:senha”, re-
spectivamente. Fazer essa alteração manualmente certamente exigiria muito tempo e toda
vez que a referência a um elemento da página fosse alterada todos os testes deveriam ser
atualizados.
Agora supondo que um testador que não tenha implementado os 100 testes, men-
cionados acima, tenha que entendê-los para saber quais funcionalidade foram testadas,
então, dependendo de como for feita a referência aos elementos da página, ele poderia
perder muito tempo tentanto identificá-los. É bom lembrar que nem sempre será possível
se referir a um elemento usando algum termo que permita a sua fácil identificação. Al-
gumas vezes (e não são poucas) os elementos da página testada deverão ser localizados
pelo Selenium a partir de expressões XPath do tipo “//table[@width=100]//tr[3]/td[2]//a”,
o que dificulta a leitura do teste.
Assim, para tornar os testes mais legíveis e fáceis de atualizar, o testador pode
usar mapeamentos utilizando JSON 11 entre nomes e os elementos da página sob teste.
Isso é possível a partir do UI-Element que é um recurso suportado tanto pelo Selenium-
IDE quanto pelo Selenium-RC. A Figura 2.7 ilustra à esquerda um teste feito para a
página de cadastro de usuários (ilustrado na Figura 2.2) feito no Selenium-IDE sem uti-
lizar UI-Element e à direita o mesmo teste utilizando o UI-Element. Com base nela,
podemos observar que utilizando o mapeamento o teste fica muito mais legível e fácil
de entender. Com o script da parte B da figura é fácil perceber que o teste é feito sobre
a página de cadastro de usuário, que após a preenchimento dos campos foi pressionado
o botão “Cadastrar” e que o resultado esperado é uma mensagem com o texto “Usuário
Cadastrado”.
Outra vantagem da utilização do UI-Element é a fácil visualização da descrição
dos elementos. Esta é especificada a partir do mapeamento e é visível na aba “Refer-
ence” após clicar em algum comando que utilize um elemento previamente mapeado.

9 Acrônimo de XML Path Language.


10 Acrônimo de Document Object Model.
11 Acrônimo de JavaScript Object Notation
Figura 2.7. A) Exemplo de teste sem UI-Element. B) Mesmo teste da esquerda
com UI-Element.

Essas descrições tornam o teste ainda mais claro, permitindo que o mesmo seja rapida-
mente compreendido. A Figura 2.8 ilustra a descrição associada ao “elemento cadas-
troUsuario::mensagemExibida”, localizado no terceiro div da página (pois seu locator é
“//div[2]”).
Para construir o mapeamento entre nomes e elementos basta usar um editor de
textos e criar um arquivo no formato “.js” com mapeamento feito usando os comandos
reconhecidos pelo UI-Element. Em seguida, esse arquivo deve ser submetido como ex-
tensão do Selenium Core12 a partir do menu “Opções” do Selenium-IDE.
Os comandos que podem ser utilizados para criar o mapeamento através do UI-
Element são:

• addPageSet: para adicionar uma página ou conjunto de páginas que contém os


elementos que serão usados no teste. Para cada conjunto deve ser especificado o
nome e a descrição. Também existem outros atributos que podem ser definidos,
como por exemplo, pode-se especificar uma expressão regular para indicar o path
das páginas que pertencem ao grupo em questão a partir do atributo “pathRegex”.

• addElement: para adicionar os elementos (campos, botões, links, imagens, dentre


outros) das páginas. Deve ser definido o nome, a descrição e a localização do
elemento, a qual é definida no parâmetro “locator”.

A primeira linha do mapeamento deve seguir a estrutura “var nomeDaVariavel


= new UIMap()”. Mais comandos podem ser encontrados através do menu “Ajuda” do
12 Componente do Selenium responsável por executar os comandos do Selenium no browser
Figura 2.8. Visualização da descrição dos campos por meio do UI-Element.

Selenium-IDE. A Figura 2.9 ilustra o mapeamento que foi utilizado no teste exibido na
parte B da Figura 2.7. Observe que se a localização (ou forma de identificação) dos
elementos for alterada, basta atualizar o atributo “locator” para que todos os testes estejam
atualizados. Se o endereço da página de inserção de usuário for alterado, por exemplo,
então basta atualizar o atributo “pathRegex” do conjunto de página (Pageset) nomeado de
“cadastroUsuario” e o atributo locator do elemento “linkUsuario” para que todos os testes
da página de cadastro de usuário sejam atualizados.
Por fim, muitas vezes existem sequências de comandos que são executadas mais
de uma vez em um mesmo teste. Também existem sequências de comando que são exe-
cutadas em mais de teste, usando os mesmos parâmetros ou não, que podem pertencer ou
não a uma mesma suite de testes. Assim, é interessante usar algum meio para agrupar tais
sequências, possibilitando a invocação de toda a sequência com um único comando.
Com Selenium-RC, o agrupamento de comandos pode ser facilmente feito a partir
de blocos. Já para o Selenium-IDE é preciso usar o “Rollup”. A partir da definição
das regras de agrupamento (Rollup rules), o testador pode reunir comandos em grupos
possibilitando que eles sejam invocados com o comando rollup. A parte A da Figura
2.10 ilustra a definição de regras de agrupamento para reunir uma sequência de comandos
em grupo identificado por “login”, que efetua o login em uma página web. A parte B
da Figura 2.10 ilustra um teste que utiliza o comando rollup para efetuar a sequência de
comandos do grupo identificado por “login”.
Figura 2.9. Mapeamento feito para os elementos da página exibida na Figura 2.2.

A criação dos arquivos com os “Rollup rules” é feita da mesma forma que a
definição do mapeamento descrito acima, ou seja, a partir da criação de um arquivo no
formato “.js” e da submissão desse arquivo como extensão do Selenium Core a partir do
menu “Opções” do Selenium-IDE. Porém, nesse caso a primeira linha deve seguir a es-
trutura “var nomeDaVariavel = new RollupManager()” e o único comando disponível é
comando “addRollup”, usado para adicionar uma nova regra. Existem vários atributos que
podem ser definidos. No script ilustrado, o principal atributo é o getExpandedCommands
o qual especifica quais serão os comandos a serem executados.

2.6.2. Escrevendo testes com o Selenium RC e a linguagem Java


Como mencionado anteriormente, com o Selenium-RC o testador pode construir testes
utilizando todo o poder fornecido pela linguagem de programação utilizada. Ele pode,
por exemplo, trabalhar com iterações, expressões condicionais, ler e escrever em arquivos,
além de poder tratar dinamicamente os resultados dos testes.
Figura 2.10. A) Definição das Rollup rules. B) Teste usando o comando rollup.

O Selenium-RC é constituído de dois componentes principais: Selenium Server,


ponte para o navegador, a partir do qual os comandos acionados são transmitidos e exe-
cutados no navegador selecionado; Bibliotecas, conjunto de instruções que são acionadas
e que causam uma comunicação com o Selenium Server.
Assim, para executar testes feitos com o Selenium e alguma linguagem de pro-
gramação é preciso iniciar o servidor (“selenim-server.jar”) e para que os comandos do
Selenium sejam reconhecidos é necessário acrescentar a biblioteca referente a esta lin-
guagem ao projeto que contém o teste.
A maneira mais fácil de iniciar a criação de testes funcionais automatizados uti-
lizando Selenium e Java é criando primeiro um script (com a “estrutura” geral do teste)
utilizando o Selenium-IDE. A Figura 2.11 exibe um script de teste no formato HTML
feito com o Selenium-IDE para o cadastro de usuários da página exibida na Figura 2.2.
Observe que as cinco primeiras linhas do script exibido na figura - da abertura da
página “/modelo/admin/index.php” até a verificação do texto “Sair” - estão associadas ao
login no sistema. Isso porque para cadastrar um usuário é preciso fazer antes o login no
sistema. Logo, as ações necessárias para efetuar o login também devem ser inseridas no
script de teste para que ao executar a sequência de comandos do teste se tenha acesso a
página de cadastro de usuário. É bom lembrar que o Selenium simula um usuário aces-
sando a aplicação, e como o usuário deve logar para ter acesso as funções administrativas
do sistema, o teste com o Selenium também deve realizar os procedimentos necessários
para efetuar o login.
Figura 2.11. Script de teste feito com o Selenium-IDE.

O próximo passo é converter script do formato HTML para Java, ou seja, converter
os comandos do script nas funções disponíveis na API para a linguagem Java. Isso é feito
a partir do menu “Opções > Formato > Java (JUnit) SeleniumRC”. Caso o testador queira
executar os testes no TesteNG ele deve usar a opção “Opções > Formato > Java (TestNG)
SeleniumRC’. O resultado da exportação, para o framework JUnit, do script ilustrado na
Figura 2.11 é exibido na Figura 2.12.

Figura 2.12. Script de teste da Figura 2.11 exportado para Java (JUnit).

Após termos o arquivo Java, podemos utilizá-lo a partir do conjunto Eclipse+JUnit


para concluir a automação dos testes. Como o teste utiliza a API do Selenium para o Java
é preciso adicionar a biblioteca da API Java (selenium-java-client-driver.jar) ao projeto
com o teste para que os comandos sejam reconhecidos, caso contrário, eles ficarão em
destaque conforme exibido na Figura 2.13. Esse destaque indica que o comando não foi
reconhecido, gerando assim erro de compilação no teste.

Figura 2.13. Visualização do teste exportado no Eclipse.

O passo seguinte consiste na construção dos procedimentos de testes parametriza-


dos. Para isso basta criar funções específicas reunindo os comandos de acordo com as
ações deles e substituir os valores utilizados por variáveis. Assim, para o script da Figura
2.13, podem ser criados duas funções: login (que efetua o login na página) e cadas-
troUsuario (que cadastra um usuário no sistema). Vale lembrar que é preciso instanciar
uma variável do tipo Selenium para ter acesso as suas funções. Para que a instanciação do
Selenium seja feita somente na classe com os casos de testes, podemos passar a variável
Selenium por parâmetro. Com isso, nossa classe com os procedimentos de teste fica como
exibido na Figura 2.14.
Em seguida, deve-se concluir a implementação dos procedimentos de testes, de
forma que eles também sejam utilizados para verificar se as operações vão falhar quando
deveriam. Se no login, por exemplo, os campos login e senha não forem corretamente
preenchidos aparecerá na tela do sistema considerado uma mensagem de alerta (alert) in-
dicando o erro. Assim, podemos concluir a implementação da função login acrescentando
mais uma variável que armazenará o erro (mensagem do alerta) esperado. Considerando
que a mesma situação ocorre durante o cadastro de um usuário, teremos os procedimentos
escritos conforme a Figura 2.15.
Por fim, resta implementar os casos de teste utilizando para isso os procedimentos
de testes que foram implementados e as especificações de testes13 . Na Figura 2.16 apre-
sentamos alguns casos de teste criados para verificar o login e o cadastro de usuários do
sistema.
13 Documentos que descrevem os casos e procedimentos de testes.
Figura 2.14. Classe com o procedimento de teste parametrizado.

Os testes criados com o Selenium são testes que utilizam o JUnit, de forma similar
aos testes de unidade. Sua execução acontece da mesma forma que os testes de unidade,
clicando com o botão direito do mouse em cima da classe e solicitando sua execução via
JUnit. No entanto, existe uma diferença: para que o teste execute, é necessário que exista
uma instância do Selenium Server executando na mesma máquina que contém os testes
que serão executados. Assim, antes de executar os testes é preciso executar o arquivo
selenium-server.jar 14 . Sua execução pode ser feita via comando “java -jar selenium-
server.jar".
A Figura 2.17 exibe o resultado da execução dos testes apresentados neste capí-
tulo. O lado A da figura apresenta a primeira execução dos testes, e no lado B a re-
execução dos mesmos. Observe que no lado A da figura, a barra de execução ficou verde,
indicando que nenhuma falha foi detectada, ou seja, o teste passou. Enquanto que no
lado B, a barra de execução ficou vermelha pois o execução do último teste encontrou
uma falha. Isso porque no último teste, no qual é feito o cadastro de um novo usuário, o
resultado esperado é a mensagem “Usuário Cadastrado”. Na primeira execução da suite
de testes, eles passaram porque não havia o usuário “Usuário de teste”15 cadastrado no
sistema. Contudo, com a re-execução da mesma suite de teste, sem restaurar o banco de
dados para o estado original, o sistema não permitiu o cadastro do mesmo usuário, não
resultando, portanto, no resultado esperado pelo teste.

14 Servidor do Selenium, que pode ser baixado no site do Selenium.


15 Nome do usuário contido no script de teste.
Figura 2.15. Classe com o procedimento de teste completo.

Vale salientar que também é possível implementar e executar casos de teste es-
critos com o Selenium utilizando a linguagem Java a partir do framework TestNG. Este
por sua vez ofecere características próprias que podem ser utilizadas para facilitar a im-
plementação dos testes. A escolha do framework a ser utilizado deve ser baseado nos
conhecimentos da equipe de teste e nos recursos que tais ferramentas oferecem.
Assim como no Selenium-IDE, o mapeamento feito com o UI-Element também
pode ser usado com o Selenium-RC, porém neste só é possível adicionar um arquivo
de mapeamento e ele deve ser chamado de “user-extensions.js” e deve estar no mesmo
diretório do “selenium-server.jar”. Com isso, basta executar o servidor com o comando
“java -jar selenium-server.jar -userExtensions user-extensions.js” para que o mapeamento
seja reconhecido e dessa forma o procedimento de cadastro de usuário, por exemplo, pode
ser escrito conforme exibido na Figura 2.18.
Figura 2.16. Classe com os casos de testes.

Figura 2.17. A) A execução dos testes não encontrou falhas. B) A execução dos
testes encontrou uma falha.
Figura 2.18. Usando mapeamento de interface de usuário com o Selenium-RC.

2.7. Bromine: uma ferramenta para gerenciamento de testes Seleneses


Bromine é uma ferramenta que permite a fácil visualização e execução de testes usando o
Selenium RC. As principais vantagens desta ferramenta se referem ao armazenando dos
resultados dos testes para análises e a forma menos técnica de apresentação e execução
dos testes, facilitando o gerenciamento dos mesmos. A Figura 2.19 exibe a tela principal
da ferramenta, em que deve ser feito o login16 . O processo de instalação da ferramenta
pode ser encontrado no site da própria ferramenta 17 .

Figura 2.19. Tela principal do Bromine.

Dentre as características do Bromine estão: suporte a testes em Java e PHP; fa-


cilita a execução de testes em múltiplas combinações de Sistema Operacional (S.O.) e
navegador; possibilidade de executar testes com várias instâncias do Selenium Server es-
palhadas por vários computadores; armazenamento de todos os comandos executados;
possibilidade de criar grupos e usuários restringindo as suas permissões de acesso.
Após efetuar o login no sistema, o primeiro passo para utilizar a ferramenta é
acessar o painel de controle, exibido na Figura 2.20, para criar um novo projeto. Por
padrão a ferramenta já vem com um exemplo de projeto para testes na página de busca do
Google.
16 Por padrão já vem cadastrado o usuário admin, com senha e login igual a admin.
17 http://wiki.openqa.org/display/BR/Installing+Bromine.
Figura 2.20. Painel de Controle do Bromine.

É no painel de controle que são definidos os nós (máquinas nas quais há uma
instância do Selenium RC executando), os projetos, os usuários e permissões, além de
outras configurações que não são descritas aqui. Vale lembrar que no caso de só a máquina
local ser utilizada para executar os testes deve-se adicionar um nó com o path sendo
127.0.0.1:4444, indicando assim que há uma instância ativa do Selenium RC na porta
4444 da máquina.
Feitas as configurações necessárias, o próximo passo é definir o planejamento dos
testes. Para isso deve-se clicar no botão do canto superior direito da página para acessar
o workspace, onde encontram-se os menus “Planning” e “TestLabs”. A partir do menu
“Planning” pode-se especificar os requisitos e os casos de testes, e os relacionamento
entre eles, ou seja, a associação entre casos de testes e o(s) requisito(s) que eles atendem.
A Figura 2.21 exibe a adição de um requisito ao projeto criado. Observe que nele é
especificado a(s) plataforma(s) onde os testes serão executados, o que vai depender da
configuração dos nós que foram adicionados.

Figura 2.21. Especificando requisitos no Bromine.


A Figura 2.22 exibe a tela onde é feita a adição dos casos de testes. Além de
adicionar o script do caso de teste18 , pode-se descrever o que o teste faz, como também
existe a possibilidade de detalhar os passos do caso de teste.

Figura 2.22. Adicionando casos de testes no Bromine.

A partir do menu “TestLabs” é possível executar os scripts de testes que foram


submetidos ao Bromine, assim como visualizar os resultados dos testes a partir de gráficos
na forma de pizza.

2.8. Conclusões
A atividade de testes é essencial para garantir a qualidade dos produtos de software de-
senvolvidos. Contudo, essa é uma atividade onerosa, pois exige tempo, ferramentas apro-
priadas e pessoal especializado. Por conta disso, muitas vezes essa atividade só é possi-
bilitada a partir do uso de ferramentas que permitam a automação dos testes. No caso dos
testes funcionais para aplicações Web, a ferramenta Selenium é uma boa opção por ser
gratuita e por permitir o uso de linguagens de programação como Ruby ou Java.
Neste trabalho apresentamos os princípios e os principais conceitos ligados aos
testes de software. Além disso, foi apresentado o Selenium-IDE e foi descrito em detalhes
a automação de testes funcionais utilizando o Selenium, a linguagem de programação
Java e o framework JUnit. Por fim, foi feita uma breve descrição sobre o Bromine, uma
ferramenta que permite a distribuição da execução da suite de teste entre várias máquinas
(nós), além de facilitar o gerenciamento dos testes feitos com o Selenium.

18 Esse script deve estar no formato apropriado para ser reconhecido pelo Bromine, para detalhes deve-se
consultar o site http://wiki.openqa.org/display/BR/Creating+a+testscript.
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