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Capítulo XXII do livro "A segurança contra incêndio no Brasil".

Coordenação de Alexandre Seito e outros.


São Paulo: Projeto Editora, 2008.
ISBN: 978-85-61295-00-4

INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO
Doutor George Cajaty Barbosa Braga
Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal
Perita de Incêndio Helen Ramalho de Oliveira Landim
Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal

1 INTRODUÇÃO

Muitos poderiam se perguntar o porquê de se realizar a investigação de um


incêndio. A principal razão é descobrir a razão de sua causa e, então, promover
ações, informações, recomendações e até mesmo mudanças na legislação de
proteção contra incêndio e pânico, para evitar que outras situações similares
aconteçam.
Devido ao incêndio ser um problema de grande magnitude em todo mundo,
com perdas diretas avaliadas em 0,1% do produto interno bruto (PIB) para países
como Japão, Espanha e Polônia, até quase 0,3% do PIB para países como Áustria e
Noruega, e mortes de até 4.300 pessoas, em 2003, nos Estados Unidos da América
[The Geneva Association Newsletter, 2006], é que a investigação desse tipo de
ocorrência mostra toda sua importância.
Este é um assunto muito amplo e exige estudos aprofundados. A capacitação
dos investigadores de incêndio tem de ser consistente e a prática no combate e na
investigação permitirá a estes o desenvolvimento de sua condição de investigadores.
Antes de começar a averiguar um incêndio, o investigador precisa ter grandes
conhecimentos sobre o comportamento do fogo.
O presente capítulo não pretende, nem é capaz de esgotar o conteúdo.
Deixarão de serem abordadas as particularidades dos incêndios florestais e de
veículos.
Para buscar um maior conhecimento sobre investigação de incêndios, duas
fontes essenciais são o Kirk’s Fire Investigation, de John D. DeHaan, e o NFPA 921
– Guide for Fire and Explosion Investigations, da National Fire Protection
Association.

2 ATUAÇÃO DO INVESTIGADOR DURANTE O INCÊNDIO

Para muitos, a investigação de um incêndio pode ser somente para determinar se


foi criminoso ou não. Entretanto, investigações de incêndio têm um sentido mais amplo,
que chega até mesmo à engenharia de segurança contra incêndio. Por meio das
investigações de incêndio é possível saber se um determinado produto tem defeito de
fabricação capaz de originar um incêndio ou que uma determinada prática também
concorra para este tipo de ocorrência. Com base neste conhecimento, ainda muito
incipiente no Brasil, é possível melhorar produtos e atualizar normas de proteção contra
incêndio, buscando sempre um aumento da segurança da população.
Apesar do início da investigação poder ocorrer em qualquer tempo, quanto mais
cedo for iniciada, mais informações sobre o seu desenvolvimento e comportamento serão
obtidas. De acordo com o Kirk’s Fire Investigation [DEHAAN, 2005], a atuação do
investigador inicia antes mesmo da extinção do incêndio, uma vez que este pode obter
informações mais precisas sobre o sinistro quando ainda está sendo combatido.

2.1 DURANTE O INCÊNDIO


A presença do investigador na cena do incêndio durante o combate sempre
permitirá a obtenção de valiosas informações sobre o seu desenvolvimento, bem como
sobre como o ambiente pode ter sido alterado devido à ação dos bombeiros. Ele poderá
aproveitar também começar a relacionar as testemunhas e os bombeiros a serem
entrevistados e os eventos que estão se sucedendo durante o desenvolvimento e a
extinção do incêndio.

2.2 IMEDIATAMENTE APÓS A EXTINÇÃO DO INCÊNDIO


Assim que o acesso ao local do incêndio estiver seguro, embora o ambiente ainda
esteja com altas temperaturas, o investigador poderá colher as primeiras impressões de
dentro do local sinistrado. Neste momento ainda não se iniciou a operação de rescaldo,
que é o resfriamento de pontos quentes do ambiente, a fim de evitar a reignição do
incêndio. Por isso mesmo, em decorrência da preservação da cena, poderá revelar
importantes informações a respeito do sinistro.

2.3 DURANTE O RESCALDO


É importante que o trabalho de rescaldo seja o mais criterioso possível, diminuindo
ao máximo a quantidade de material removido e até mesmo catalogando o exato local
onde ele se encontrava antes de ser retirado. É nesta fase onde boa parte das evidências
é destruída, podendo dificultar, ou até mesmo tornar impossível, a investigação do
incêndio. Apesar de muitos bombeiros terem noção da importância da preservação do
local, a presença do investigador neste momento reforçará o procedimento, podendo até
mesmo orientar a ação realizada pelos bombeiros.

2.4 APÓS O RESCALDO


É a partir deste momento que o investigador tem condições de trabalhar de uma
forma mais abrangente e completa. Nesta fase é possível verificar os padrões de queima,
bem como a situação do local após o incêndio, procurando evidências que o ajudarão,
em conjunto com as entrevistas com testemunhas e bombeiros, a reconstruir a cena e
buscar o local de origem do fogo, sua causa e como o fogo se propagou.
Uma das informações primordiais que o investigador deve buscar é o que iniciou o
incêndio, tentando compreender e correlacionar os fatos que ocorreram antes e como o
incêndio se propagou. Estas informações serão de importância ímpar para a proteção
contra incêndio, pois uma investigação bem feita pode fazer com que normas e
procedimentos sejam revistos e atualizados.

3 MÉTODO CIENTÍFICO DA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO


Todo investigador de incêndio precisa desenvolver suas atividades em
conformidade com uma metodologia que lhe permita apontar, de forma criteriosa, a
causa do incêndio. Isso exige organização, conhecimento e dedicação, definindo
suas ações antes mesmo de iniciá-las. Laudos periciais são, não raras vezes,
subsídios de decisões judiciais. A metodologia utilizada no laudo permitirá ao
magistrado, bem como a todo cidadão a quem possa interessar, a compreensão dos
fatos que culminaram com o sinistro. Por isso mesmo, não basta ao perito somente
conhecer bem o assunto. É igualmente necessário que saiba se expressar de forma
clara e concisa a respeito da investigação.
A seguir serão abordadas as principais ações a serem desenvolvidas na
investigação de incêndios.

3.1 PRESERVAR A CENA


Nenhum local de incêndio pode ser devidamente periciado se o cenário
original não for mantido para os investigadores. A perícia de incêndio apresenta uma
grande desvantagem na preservação dos vestígios em relação a outros tipos de
perícia. Enquanto que, em exames de balística, as provas, geralmente, se mantêm
após o evento, os vestígios decorrentes do incêndio já foram duramente testados
pela ação direta das chamas e do calor e o que resta é, não raras vezes, insuficiente
para a determinação da causa. Não obstante, a ação dos bombeiros durante o
combate também deteriora a preservação total das provas, seja pela ação da água
durante a extinção, seja pela movimentação dos escombros para resfriamento dos
pontos de calor, durante o rescaldo.
Os investigadores de incêndio precisam ser pessoas com atenção apurada,
com conhecimento técnico aprofundado sobre como se processa o incêndio, com
suas características e comportamento padrão, além de saber analisar corretamente
os vestígios coletados na cena do incêndio.
A cena do precisa ser preservada até uma investigação completa do sinistro,
o que pode levar dias, senão meses.

Cadeia cronológica de Cadeia cronológica de Cadeia cronológica de


eventos estabelecida eventos estabelecida eventos estabelecida
pela testemunha pela cena do incêndio pelos testes e ensaios

Coincidência da cadeia cronológica de ventos

Declaração das Posição dos objetos


testemunhas sobre um Posição das portas e
evento em um janelas
determinado tempo Profundidade de
penetração
Estados dos materiais e
etc.

Figura 1 – Princípios da investigação de incêndio (Pedersen, 2005)

Segundo Pedersen, a investigação de incêndio segue uma cadeia cronológica


de eventos, estabelecido pelas testemunhas, pelo cenário do incêndio e por testes
laboratoriais, conforme a figura 1.
3.2 DEFINIR A METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO
Ao chegar ao local do incêndio, o investigador deve, primeiramente, delimitar
o cenário a ser analisado, ou seja, o objeto da investigação, bem como relacionar, o
mais detalhadamente possível, os óbitos ou as lesões em vítimas (se houver). A
avaliação permitirá formular um plano estratégico de trabalho, onde os dados
coletados devem possibilitar ao investigador o preparo de um relatório.
Constituem ações metodológicas de uma investigação:
x coleta de informações;
x coleta de amostras para análise;
x escavação dos escombros;
x inspeção das instalações elétricas (disjuntores, fusíveis, condutores e
terminais);
x registro fotográfico;
x inspeção visual das áreas atingida e adjacentes;
x reconstituição da cena (com os escombros e com os materiais não
queimados);
x verificação da existência de múltiplos focos.

Em todas as ações acima citadas, deve-se primeiramente delimitar quem


participará da atividade (testemunhas e bombeiros a serem entrevistados, por
exemplo), quando e como será realizada a ação.
É importante lembrar que incêndios com vítimas devem ser periciados em
conjunto com a perícia criminalística, a fim de que os trabalhos em campo não
prejudiquem uma ou outra perícia. Isso exige esforços em conjunto de mais de uma
instituição e, provavelmente, demandará mais tempo de trabalho dos investigadores
envolvidos.

3.3 COLETAR O MAIOR NÚMERO DE DADOS POSSÍVEL


O investigador deve buscar coletar o maior número possível de dados sobre o
evento, por meio de observação direta, medições, fotografias, testes laboratoriais,
estudos de caso e entrevistas às testemunhas. Estas deverão ser qualificadas no
relatório, com o maior número de dados a respeito, inclusive endereço e telefone de
contato e sua condição de testemunha do incêndio (se proprietário, observador,
vizinho, bombeiro, etc.).
As informações obtidas das testemunhas devem ser coletadas primeiramente
de forma livre, deixando que o indivíduo fale tudo o que se lembra sobre o evento
para, somente depois, serem feitas as perguntas julgadas importantes. Dessa forma,
é possível analisar possíveis contradições nos depoimentos e a confrontação destas
com os vestígios ou até mesmo sanar possíveis dúvidas dos investigadores.
O relato dos bombeiros envolvidos no combate também é muito importante
para o laudo, uma vez que estes são testemunhas oculares do comportamento do
incêndio. Por serem os primeiros agentes públicos a chegar ao local e ainda por
poderem alterar a cena original por necessidade do combate ao incêndio, os
bombeiros podem informar aos investigadores dados importantes como: quebra de
janelas, abertura de portas ou feitas nos tetos e paredes, técnicas e procedimentos
de combate adotados, inclusive de ventilação (uma vez que esta afeta sobremaneira
o comportamento do calor e das chamas). Conseqüentemente, a integração entre os
investigadores de incêndio e os combatentes que atuaram no incêndio deve ser a
maior possível.
É importante que, nos casos de coleta de depoimentos de vítimas
hospitalizadas ou em condição de trauma psicológico decorrente do incêndio, os
investigadores se assegurem, pela medida do bom senso, que estas estejam em
condições de falar a respeito. Medicações fortes podem alterar o quadro mental da
vítima e dificultar ou confundir lembranças a respeito do sinistro.
A análise de toda a edificação, inclusive das áreas não atingidas, deve ser
considerada pelos investigadores. Isso porque, em alguns casos, a fonte de calor
que originou o incêndio não se encontra no ambiente sinistrado, podendo ter sido
trazida por meio de fossos de ventilação, sistema de ar condicionado, dutos
técnicos, escadas ou janelas.

Figura 2 – Incêndio em residência causado por cigarro atirado pela janela de um


pavimento superior ao da residência sinistrada
Na figura 2, a cortina atingiu o ponto de ignição, propagando-se para a parte
superior do sofá de três lugares (ver setas em amarelo) encostado à janela.

3.4 ANALISAR OS DADOS


Todo levantamento de dados sobre o incêndio visa assegurar, de forma
objetiva, se os vestígios, inclusive o depoimento das testemunhas, são verídicos e
harmônicos entre si.
O investigador precisa utilizar sua experiência e conhecimentos a fim de
concatenar os vestígios coletados e definir o comportamento do incêndio. É
importantíssimo que este conheça bem como se comporta o incêndio nos diversos
tipos de edificação, a fim de melhor compreender os vestígios encontrados na cena
do incêndio. Por isso mesmo, em vários países, investigadores de incêndios são
bombeiros com grande experiência de combate.
A análise do comportamento do incêndio será abordada mais adiante.

3.5 LEVANTAR TODAS AS HIPÓTESES POSSÍVEIS RELACIONADAS À


ORIGEM DO FOGO E AO SEU DESENVOLVIMENTO
Depois da análise dos dados obtidos, os investigadores devem relacionar,
uma a uma, todas as hipóteses possíveis quanto à causa que estejam em
conformidade com os vestígios e com o relato das testemunhas. Em princípio, na
investigação onde não foi possível estabelecer qual foi o comportamento do fogo,
nenhuma hipótese pode ser descartada. Todas as possibilidades devem ser
consideradas, a fim de que não restem dúvidas, ao final dos trabalhos, de como se
originou o sinistro.
É importante lembrar que um mesmo comportamento desenvolvido pelo calor
e pelas chamas pode admitir mais de uma possibilidade de causa.
3.6 TESTAR AS HIPÓTESES LEVANTADAS
Por método dedutivo e levando-se em consideração experiências anteriores,
as hipóteses devem ser testadas uma a uma, em comparação com o
comportamento do incêndio e com os vestígios existentes. Esta fase visa excluir
todas as outras possibilidades de causa que não possuem sustentação nos
vestígios.
É uma fase que demanda tempo e esforço por partes dos investigadores e
pode exigir uma coleta de dados adicional, novas informações das testemunhas e o
desenvolvimento ou a alteração das hipóteses. Conseqüentemente, os passos 4, 5 e
6 se repetem até não haver discrepância entre as hipóteses e for possível apontar a
causa.
Tudo o que não puder ser comprovadamente eliminado deve continuar sendo
considerado como possível e os investigadores necessitam admitir também esta
condição.

3.7 SELECIONAR A HIPÓTESE PROVÁVEL


Também conhecida como a fase da conclusão ou opinião dos investigadores,
este passo visa levantar a hipótese provável, baseada em uma confrontação
harmônica entre os vestígios coletados e as informações das testemunhas. Quando
uma hipótese consistente é confrontada harmonicamente com as evidências e,
conseqüentemente, pode se tornar a hipótese final, o laudo pode apontar a causa do
incêndio. Se isso não for possível, a causa deve ser considerada indeterminada ou,
como adotada oficialmente por algumas instituições, causa não apurada.

4 PRINCÍPIOS DA TÉCNICA DE INVESTIGAÇÃO


Toda investigação de incêndio necessita, por parte dos investigadores, da
compreensão do comportamento da queima e da dinâmica do incêndio. Após a
definição destes dois elementos, que devem ser relacionados de forma clara e
concisa, os investigadores podem tipificar a causa.

4.1 CARACTERÍSTICAS DA QUEIMA


O incêndio inicia-se em um determinado ponto, conhecido como foco inicial, e
assume, normalmente, uma queima radial e ascendente. O ambiente em que o foco
inicial se encontra é denominado zona de origem do incêndio.
Geralmente, o incêndio se propaga em forma de raio, do centro para fora, quando
o vento não é significativo. Conseqüentemente, as marcas de queima no foco inicial são
mais profundas exceto se as chamas se propagarem para um material mais combustível.

Figura 3 – Exemplo de queima radial


Na seqüência de fotos acima é possível observar a queima radial de um cigarro
em um forro de papelão prensado utilizado como teto falso e a queima em profundidade
no foco inicial, em forma de “V” na última foto.
A característica de queima em “V” na profundidade do material, principalmente da
madeira, ocorre em decorrência das altas temperaturas atingidas pelas incandescências
(brasas), que costumam ser da ordem de 1000 °C.

Figura 4 – Incêndio em residência causado por vazamento de gás liquefeito de


petróleo (GLP) dentro de compartimento sob o fogão
Na figura 4 é possível observar a queima da porta, com marca mais profunda da
madeira (queima em “V”) apontada pela seta amarela. É possível também notar que o
ambiente quase não teve presença de fuligem, dado o alto grau de combustão do GLP.
Se há corrente predominante de vento na combustão, a queima deixa de admitir
uma forma radial para a forma cônica na direção do vento.

Figura 5 – Incêndio florestal.


A figura 5 mostra a direção do vento marcada pela seta branca. É importante
lembrar que, mesmo a combustão ocorrer mais facilmente a favor do vento, o material
combustível continua queimando contra o vento, só que em uma velocidade menor.
Figura 6 – Incêndio em uma capotaria em Taguatinga - Distrito Federal, no ano de
2005.
A figura 6 mostra a interferência do vento nas chamas, propagando o incêndio
para a lateral do ambiente. Conseqüentemente, as marcas da combustão serão mais
intensas neste local.
Investigações de incêndio delimitam primeiramente a zona de origem do
incêndio para, a partir daí, determinar o foco do incêndio. Por isso mesmo, o
investigador deve analisar a cena do incêndio, primeiramente, de forma macro, o mais
externo possível para somente após iniciar o trabalho de delimitação da zona de origem
e, posteriormente, do foco do incêndio.

Figura 7 – Incêndio em canteiro de obras de edifício da Asa Norte, Brasília, causado


pela ação de uma desconexão da mangueira de gás liquefeito de petróleo (GLP) do
fogareiro quando em utilização
O exemplo acima mostra um incêndio em barraco com marcas típicas de
combustão sem interferência de corrente de ar significativa, com queima radial e
ascendente. Na figura à direita, a seta indica onde se encontrava o foco inicial, no centro
da área atingida, e as marcas amarelas apontam a forma da queima.
É importante que os investigadores saibam diferenciar vestígios de múltiplos focos,
que apontam para incêndio criminoso, de vestígios de incêndio generalizado (flashover).
Os vestígios gerados em um incêndio generalizado apresentam marcas de queima
superficial em todos os materiais existentes no ambiente, uma vez que todo ele esteve
envolto em chamas, além de maior destruição da parte superior do ambiente, dadas as
altas temperaturas atingidas na camada de fumaça.
4.2 COMPREENSÃO DA DINÂMICA DO INCÊNDIO
A compreensão da dinâmica do incêndio permite aos investigadores analisar
corretamente seus vestígios. Apesar de cada incêndio possuir particularidades, há
um padrão de comportamento entre os incêndios ocorridos em ambientes com
características construtivas e cargas de incêndio semelhantes.
De acordo com Lilley [LILLEY, 1997], uma boa compreensão das fases de um
incêndio pode ajudar ao investigado a entender o que aconteceu em um incêndio.

Fase inicial
É a fase incipiente do incêndio, com temperatura no teto de aproximadamente
o
40 C. Após as chamas aparecerem o incêndio cresce rapidamente.
O que o investigador pode verificar em um incêndio que foi combatido ainda
nesta fase:
x É fácil verificar o padrão de queima em “V” no foco inicial.
x É fácil encontrar o foco inicial e, conseqüentemente, a causa.
x A maioria dos vestígios ainda está intacta.

Fases crescente e totalmente desenvolvida


Nestas fases o incêndio torna-se mais intenso na medida em que mais
materiais participam da queima. Estas são as fases de maior produção de chamas,
onde a temperatura no teto está acima de 700 oC.
O que o investigador pode verificar em um incêndio que foi combatido ainda
nestas fases:
x Marcas de fuligem por chama nas paredes.
x Padrão de queima em “V” mais evidente em materiais combustíveis,
como paredes de madeira.
x A carbonização é maior na zona de origem se comparada com outros
ambientes adjacentes.
x O exame dos objetos no ambiente sinistrado ajuda a identificar mais
facilmente a zona de origem do fogo.
x Derretimento de metais leves, como alumínio.

Fase final
Nesta fase o combustível torna-se mais escasso, a queima em chamas é
menor e a presença de incandescência é maior.
O que o investigador pode verificar em um incêndio que foi combatido ainda
nesta fase:
x Marcas de fuligem nas paredes que podem estar tão baixas quanto 30
cm.
x O padrão em “V” e os padrões de queima podem estar ocultos em
decorrência da carbonização.
x Quanto mais longa for a queima, menos evidências estarão
disponíveis.

4.2.1 Edificações de alvenaria


Edificações em concreto ou tijolo apresentam-se, geralmente,
compartimentadas por paredes do mesmo material, como o caso de residências,
apartamentos e escritórios. Sua carga de incêndio, normalmente, consiste em
mobiliário de madeira e estofados, além de equipamentos eletro-eletrônicos.
A queima apresenta-se rápida, porém restrita ao foco inicial ou a um
compartimento, haja vista a delimitação do calor e das chamas pelo teto
(comumente em laje de concreto) e pelas paredes.
Os pontos atingidos somente pela fumaça apresentarão bastante fuligem,
geralmente, nas paredes adjacentes ao foco do incêndio, na parte superior e no teto.
A fuligem é trazida pela fumaça e suas marcas são de manchas uniformes escuras.
Pontos onde houve chamas apresentam marcas claras, em maior
profundidade. Não é raro o descolamento do material de revestimento da parede
pela ação do calor.
Edificações compartimentadas por gesso acartonado (dry wall) ou divisórias
de madeira costumam apresentar combustão mais rápida, causada pela
deteriorização do material com o calor.

4.2.2 Edificações de madeira


Edificações de madeira típicas de favelas são constituídas, normalmente, de
telhado de fibrocimento e paredes de madeirite, que é de fácil combustão. É comum
o abastecimento irregular de energia elétrica (gatos) ou uso cotidiano de velas, o que
aumenta o risco de um sinistro.
Apesar de a carga de incêndio aproximar-se bastante da carga de incêndio
das edificações em alvenaria de concreto ou tijolo, a queima aqui apresenta-se
extremamente agressiva, atingindo altas temperaturas em um espaço de tempo
reduzido. Conseqüentemente, os vestígios para a perícia também são drasticamente
reduzidos ou comprometidos face o alto grau de destruição da edificação.
A fumaça e os gases quentes produzidos pela combustão sobem, atingem o
teto e espalham-se para os lados. Ao se deparar com as paredes, a fumaça desce
em movimento circular, aquecendo os materiais presentes no ambiente por
convecção e radiação térmica, enquanto as chamas do foco inicial continuam
propagando o incêndio radialmente por condução. Se o processo não for
interrompido, em alguns minutos, o ambiente estará envolvido em chamas pela
generalização do incêndio, também conhecido como flashover.
Testes laboratoriais japoneses mostraram que, para a propagação das
chamas em um compartimento, o material de acabamento da edificação influenciará
significativamente no teto e pouco nas paredes.
No caso da edificação em madeirite, este processo inicia também a destruição
do telhado (que, apesar de não propagar chamas, é pouco resistente ao calor e
trinca, caindo no ambiente) e a combustão das paredes, levando a uma
carbonização do material atingido e a destruição total do ambiente.

4.2.3 Tipos de causa de incêndio


As causas possíveis de incêndios são mais comumente tipificadas em: fenômeno
termoelétrico, fenômeno natural, fenômeno químico, origem acidental e ação pessoal. A
ação pessoal pode ser ainda subdividida em acidental, intencional ou indeterminada.
Algumas instituições adotam a indicação de causa decorrente de ação de criança. Existe
ainda a situação em que a causa não pode ser apontada.

4.2.3.1 Fenômeno termoelétrico


Compreende todo incêndio causado por mau funcionamento da corrente elétrica:
centelhamento, desconexão parcial, sobrecarga, contato imperfeito, grafitização, curto-
circuito e sobretensão.
4.2.3.2 Fenômeno natural
Representa todo incêndio cuja causa está relacionada com comportamentos da
natureza ou anomalias da edificação: queda de raio, vendaval, deslizamento,
desmoronamento, terremoto. Este tipo de causa também comporta a combustão natural,
como o exemplo do fósforo branco.

4.2.3.3 Fenômeno químico


Toda causa de incêndio relacionado a uma reação química, espontânea ou
induzida é tipificada nesta causa. Geralmente, envolve uma reação exotérmica, ou seja,
com liberação de calor, causado pela combinação de substâncias químicas.

4.2.3.4 Origem acidental


Compreende toda causa relacionada a defeitos de funcionamento, fagulha ou
acidente. Isso compreende possíveis deficiências de maquinários e equipamentos, o que
permite, por meio do levantamento de dados desta origem, solicitar, junto aos fabricantes,
a correção de mau funcionamento de eletrodomésticos e eletro-eletrônicos.

4.2.3.5 Ação pessoal intencional


Também conhecido como incêndio criminoso, este tipo de evento envolve dolo, ou
seja, intenção de causar o incêndio.
Geralmente, é caracterizado pela presença de múltiplos focos iniciais,
comportamentos de queima anômalos ou presença de agentes aceleradores, mais
comumente, hidrocarbonetos (gasolina, álcool, querosene). Pontos com agentes
aceleradores apresentam, na maior parte das vezes, marcas de queima em maior
profundidade e seus vestígios podem ser analisados por meio de testes laboratoriais.
Para isso, é necessário que o perito saiba coletar e acondicionar corretamente a amostra,
sob pena de perder os traços deixados pelo agente acelerador.
Investigação de incêndio que envolva ressarcimento de prejuízo por meio de
seguro deve considerar esta possibilidade até que possa descartada pelos vestígios.
Incêndios criminosos com intenção de receber o valor assegurado não são tão raros
quanto deveriam.

4.2.3.6 Ação pessoal acidental


É toda origem de incêndio decorrente de ação humana sem dolo, ou seja, sem
intenção de causar dano. Geralmente, é conseqüente de negligência, imprudência ou
imperícia. Ex: velas esquecidas acesas, cigarros mal apagados.

4.2.3.7 Ação pessoal indeterminada


É toda origem, comprovadamente, relacionada à ação humana, porém sem
elementos que possam comprovar se a intenção foi dolosa ou acidental.
Em todo tipo de ação pessoal, os investigadores devem ser apresentar qual o
agente causador do incêndio: se chama aberta (chama de vela, de fósforo, de chama de
fogão, etc.), material incandescente (cigarro, faísca, etc.) ou superfície aquecida. Exemplo
de superfície aquecida: vazamento de gás liquefeito de petróleo (GLP) em contato com o
forno do fogão aquecido.
4.2.3.8 Causa decorrente de ação de criança
O fogo costuma atrair a atenção de crianças e, por conseqüência, incêndios
envolvendo ação de crianças também são comuns. Este tipo de classificação, à parte das
outras ações pessoais, visa um levantamento de dados que permita desenvolver
campanhas educativas junto à sociedade para prevenção de incêndios que envolvam
crianças. Incêndios deste tipo costumam causar queimaduras, quando não levam a óbito,
uma vez que o mais comum é que brinquem próximas a sofás ou camas, que queimam
fácil e rapidamente devido à sua carga de incêndio. O mais comum é o uso de fósforo,
mas isqueiros também são utilizados. Geralmente, a classificação de ação de criança em
um laudo pericial é abaixo de oito anos de idade.
Nestes casos, é comum encontrar: palitos de fósforo na zona de origem do
incêndio ou espalhados pelo local; ausência da caixa de fósforos ou do isqueiro da
residência no local de costume; dificuldade de obter informações mais precisas sobre o
incêndio, principalmente da mãe da criança envolvida, por proteção.

4.2.3.9 Causa não apurada


Todas as vezes em que os vestígios existentes não puderem sustentar a causa
apontada, depois de seguida a metodologia, o laudo deve apresentar causa não apurada,
ainda que os investigadores saibam o que causou o sinistro.

5 PRINCIPAIS INFORMAÇÕES A SEREM OBTIDAS PARA


CONFECÇÃO DO LAUDO PERICIAL
Existem dados considerados essenciais em um relatório, seja ele pericial ou
técnico. Estes devem ser capazes de informar as principais características do local
sinistrado, do incêndio e das vítimas, se houver. Quanto mais informações existirem
no laudo, mais este tende a ser eficiente pelo detalhamento do ocorrido.

5.1 DADOS DA EDIFICAÇÃO


Constituem dados essenciais do local: endereço completo; tipo de edificação
(se residencial, comercial, mista, industrial, escolar, de concentração de público,
etc.); área total da edificação em metros quadrados; área atingida pelo incêndio em
metros quadrados (todos os compartimentos atingidos, inclusive por fuligem); área
atingida somente pelas chamas; número de pavimentos da edificação e qual(is)
deste(s) foram atingido(s) pelo incêndio; tipo de material construtivo predominante
(concreto, tijolo, madeira, madeirite, vidro, etc); se era abastecida por energia
elétrica ou não; tipo de cobertura (laje, telhado, etc.); tipo de piso.
Nas investigações de incêndios florestais, a área queimada é mensurada em
hectares.

5.2 DADOS DO INCÊNDIO


Constituem dados essenciais do incêndio: data e hora do evento; data e hora
da realização da perícia; descrição da zona de origem do incêndio; descrição do foco
do incêndio; descrição de como o incêndio se propagou e de como foi a atuação dos
bombeiros (viaturas empregadas, quantidade de agente extintor utilizado, tempo de
combate e dificuldades encontradas); relação das vítimas (quantidade, idade,
condição, motivo da lesão ou óbito e se eram bombeiros em serviço); relato das
testemunhas (quem são, o que viram, o que presenciaram, etc.); considerações
finais (principais observações em relação às possíveis causas levantadas e a
correlação dos elementos obtidos, de forma que seja possível compreender o que
ocorreu e porque não seria outra causa senão a apontada); determinação da causa
do sinistro.

6 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE INCÊNDIO


Na tentativa de determinar a origem de um incêndio, freqüentemente se faz
necessária a realização de testes e ensaios que permitam determinar o cenário mais
provável. Uma ferramenta importante e muito atual é o modelamento computacional de
incêndio, onde se busca comparar o evento real com a simulação de várias causas e
cenários diferentes. Obviamente, a simulação não traz em si todas as respostas sobre o
incidente, pois é apenas mais uma ferramenta, mas a sua utilização pelo investigador, em
conjunto com o seu conhecimento em engenharia de proteção contra incêndio e do
método científico de investigação de incêndio, faz com que possam ser obtidos
resultados bem consolidados.
A simulação permite a verificação das condições a que um local pode ter sido
submetido quando da ocorrência de um incêndio, calculando dados importantes como:
temperatura, concentração de gases como oxigênio e monóxido de carbono, tempo para
acionamento dos detectores de fumaça e calor e dos sprinklers, tempo de queima, entre
outros. O objetivo é o de encontrar a causa mais provável do incêndio, mas também
permite verificar se o projeto arquitetônico da edificação foi negligente quanto à
segurança contra incêndio ou se há falha nos sistemas de detecção e supressão, o que
permitiria mudanças necessárias nas normas e códigos de proteção contra incêndio e
pânico para evitar que um incêndio similar não aconteça no futuro. Embora todo o
embasamento físico e matemático das leis de conservação que governam a transferência
de calor, dinâmica de fluidos e combustão já ser conhecido há mais de um século, foi
apenas recentemente que o modelamento numérico de incêndio começou a ser possível.
Foi criada, então, uma nova realidade na área de investigação de incêndio, fazendo com
que fosse possível simular situações que poderiam ter realmente ocorrido, em
comparação com as evidências físicas encontradas no incêndio real.
O primeiro modelo a atingir uma grande aplicabilidade, devido à sua simplicidade
física e computacional, foi o de duas camadas. Ele é um modelo para simulação de
incêndio em ambientes construídos e divide o espaço em dois volumes: a camada
superior quente e a camada inferior fria (ver figura 8). Ele permite o cálculo de distribuição
de fumaça, bem como altura da camada de fumaça e a sua temperatura através dos
compartimentos de uma edificação durante um incêndio [JONES et al., 2005]. Um
exemplo de ferramenta computacional utilizada para realizar este cálculo é o CFAST, do
National Institute of Standards and Technology (NIST).
Camada Superior

Camada inferior

Figura 8 – Modelo (FORNEY, 2005)


Mais recentemente, foram introduzidos modelos baseados em dinâmica
computacional de fluidos (CFD). Estes modelos se utilizam das equações de
conservação das massas, espécies, momento e energia, dividindo-se o ambiente
estudado em várias células (ver figura 9).

Figura 9 – Modelo (FORNEY, 2005)

Um exemplo de programa que utiliza este tipo de modelo é o Fire Dynamics


Simulator (FDS), também do NIST. Ele resolve numericamente uma forma das
equações de Navier-Stokes apropriada para baixa velocidade, com fluxo
termicamente dirigido e com ênfase no transporte de calor e fumaça dos incêndios.
Este tipo de programa permite que sejam avaliadas a dinâmica de um incêndio e o
movimento da fumaça por meio de informações sobre temperatura, densidade, pressão,
velocidade e composição química em cada célula [MCGRATTAN, 2006]. O programa
que permite visualizar em três dimensões os resultados obtidos pelos cálculos do FDS é
o Smokeview, também do NIST.
Entrando na sua versão 5, o FDS tem se tornado uma ferramenta poderosa para a
investigação de incêndios. Desde 1999, ele vem sendo utilizado em alguns casos de
grande repercussão nos Estado Unidos para avaliar a dinâmica do incêndio, como nos
ocorridos em Cherry Road/DC, que vitimou dois bombeiros [MADRZYKOWSKI e
VETTORI, 1999] e na boate Station Nightclub, onde mais de cem pessoas morreram e
duzentos ficaram feridas [GROSSHANDLER et al., 2005].
No Brasil, atualmente está se começando a utilizar o FDS e o Smokeview como
ferramenta de auxílio à perícia, como no incêndio ocorrido em 2007 no Distrito Federal e
que vitimou duas crianças, deixando seriamente ferido mais uma pessoa. O incêndio
aconteceu em um barraco de madeira de cômodo único, contendo: um sofá (em
marrom), uma cama de casal (cor branca), um armário (em vermelho), um berço
conjugado com uma cômoda (em amarelo), outra cômoda (marro escuro) e um armário
de televisão (amarelo escuro), como mostrado na figura 10. O modelo foi construído
levando se em consideração a geometria da construção e as propriedades térmicas dos
materiais utilizados, permitindo visualizar como pode ter ocorrido o incêndio. Dentre os
vários cenários possíveis, dois possuíam maior possibilidade de origem: um com a fonte
de calor perto do berço e outro próximo ao sofá (ver setas laranjas na figura 10).

Berço

Sofá

Figura 10 – Desenho esquemático do barraco, mostrando os possíveis focos (setas)


na figura à esquerda (vista superior), enquanto à direita é possível visualizar a vista
lateral do barraco

O modelo computacional foi comparado com as marcas de queima encontradas


na cena do incêndio e com as informações prestadas pelas testemunhas e bombeiros.
Quando os modelos foram executados, as marcas de queima apresentadas no incêndio
real ficaram extremamente próximas às marcas verificadas no caso do cenário com a
fonte de calor próxima ao berço.
Figura 11 – Marcas de queima com seta amarela mostrando a mesma posição no
local real do incêndio e na simulação computacional
A figura acima mostra a fotografia do barraco, cujas marcas coincidem
perfeitamente com o apresentado pelo modelo computacional (ver setas amarelas).
Foi possível verificar também que, quando da ocorrência da generalização do
incêndio, a temperatura pode ter chegado a mais de 1000 oC em grande parte do
ambiente em um período inferior a oito segundos, conforme figura 11.

9 min 50 seg 9 min 54 seg 9 min 58 seg

Figura 12 – Momento em que ocorre a generalização do incêndio (flashover),


incluindo gráfico da temperatura

A seqüência acima mostra o modelo de incêndio apresentado no barraco em


questão sob dois aspectos de observação. Enquanto a superior mostra o comportamento
das chamas, a inferior mostra as temperaturas atingidas no ambiente no mesmo tempo
avaliado.
Embora o uso desta tecnologia esteja começando, principalmente no Brasil, ela
vem se desenvolvendo muito rapidamente. Mais pesquisas sobre o comportamento dos
diversos materiais quando expostos ao calor e suas propriedades térmicas permitirão,
cada vez mais, criar modelos computacionais precisos, facilitando, sobremaneira, o
estudo das ocorrências reais de incêndio, melhorando a prevenção e atualizando as
normas de proteção contra incêndio e pânico.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal - CBMDF, Laudo de investigação de
incêndio, 2003.
DEHAAN J. D., Kirk’s Fire Investigation, 5a edição, 2002
FORNEY G.P., Modeling And Visualizing Fire Without Getting Burned, In: MCSD
Seminar / National Institute of Standards and Technology, Gaithersburg, MD, EUA,
2005.
GROSSHANDLER, W.; BRYNER, N.; MADRZYKOWSKI, D.; KUNT, K. Report of the
Technical Investigation of The Station Nightclub Fire, National Institute of Standards
and Technology, Gaithersburg, MD, EUA, NISTIR NCSTAR 2: Vol. I, 2005.
JONES, W.; PEACOCK, R.D.; FORNEY, G.P.; RENEKE, P.A. CFAST –
Consolidated Model of Fire Growth and Smoke Transport, National Institute of
Standards and Technology, Gaithersburg, MD, EUA, NISTIR 1026, 2005.
LILLEY, D. G., Fire investigation: Origin, Cause, and Responsibility, Proceedings of
the 32nd Intersociety - Energy Conversion Engineering Conference, Volume 1, pág.
631-635, 1997.
MADRZYKOWSKI, D.; VETTORI, R., Simulation of the Dynamics of the Fire at 3146
Cherry Road N.E.,Washington, D.C., May 30, 1999, NISTIR 6510, 2000.
MCGRATTAN K., Editor, Fire Dynamics Simulator – Technical Reference Guide
National Institute of Standards and Technology, Gaithersburg, MD, EUA, NISTIR
6467, 2000.
National Fire Protection Association - NFPA, NFPA 921 – Guide for Fire and
Explosion Investigation, EUA, 2004
PEDERSEN, K.S., Fire Investigation, In: International Symposium on Fire Research,
2005.
The Geneva Association Newsletter, World Fire Statistics, No 22, outubro de 2006

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