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TAREFA 2
Tal como qualquer outra organização, a BE não pode ser encarada como um fim em si
mesma, mas como uma estrutura educativa que serve a escola, a sua missão e objectivos.
A avaliação de desempenho da biblioteca, longe de se focalizar apenas na análise dos
aspectos que lhe são intrínsecos ou nas suas condições de funcionamento, deve centrar-se sobretudo
nas evidências e resultados, através dos quais é capaz de revelar e demonstrar o seu contributo e
impacto no cumprimento desse papel no seio da escola, promovendo o ensino e a aprendizagem, a
leitura e literacia, e a formação global dos alunos. Esta é uma prática que até à chegada do modelo
em análise, não passava de teoria, somente a obrigatoriedade da sua aplicação permitiu, aos
professores bibliotecários e restantes elementos da equipa, uma reflexão do trabalho desenvolvido
para agir em função dos resultados da mesma, visando a rentabilização dos seus recursos, para
chegar ao maior número possível de utilizadores efectivos.
Os objectivos deste modelo vão no sentido de identificar pontos fracos e fortes; avaliar o
trabalho da BE e o seu impacto no funcionamento da Escola e nas aprendizagens e, por último,
repensar práticas, redefinir metas, comunicar e envolver a Escola, precisamente com o intuito de
melhorar os resultados escolares.
De acordo com o exposto, podemos dizer que este modelo de avaliação não constitui uma
ameaça, mas sim uma oportunidade de reflectir sobre o trabalho desenvolvido, um instrumento
privilegiado de regulação e melhoria e, naturalmente, um processo de auto-responsabilização do
professor bibliotecário e da sua equipa, mas também dos restantes professores e da própria
Direcção. É neste sentido que encaro a auto-avaliação como o motor da mudança.
A Biblioteca Escolar deve ser cada vez mais entendida como um espaço interactivo e como
um pólo de inovação da Escola proporcionando aos alunos uma nova forma de aprender através da
construção do seu próprio conhecimento, não de forma solitária mas inseridos numa comunidade de
aprendizagem colaborativa. Para que tal aconteça, toda a Escola deve estar consciente da
Maria da Conceição Coelho Fonseca Borges 2010
Práticas e Modelos de A.A. das BEs – DREC T2
ANÁLISE CRÍTICA AO MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES
Uma segunda área em destaque, que se articula com a primeira, é a gestão da informação, na
medida em que o professor bibliotecário assume, através das práticas colaborativas e do trabalho em
rede, um papel preponderante na criação de oportunidades de contacto dos alunos com recursos de
informação em diversos suportes, também através da aquisição e avaliação de todos os tipos de
informação; por outro lado, é de referir que a mudança do conceito e funcionalidades da BE passa
por uma estratégia concertada ao nível da visão e do planeamento das tarefas com vista à obtenção
dos resultados pretendidos e divulgação dos mesmos à comunidade educativa (estratégia de
benchmarking).
A atitude optimista é considerada como uma mais-valia neste processo, já que a mesma gera
energia positiva e expectativas favoráveis à consecução dos objectivos/desafios a que o professor
bibliotecário se propõe.
Finalmente, e no que diz respeito ao acesso à colecção, há a registar que deverá envidar-se
um esforço no sentido da diversificação de suportes e ambientes – que respondam às reais
necessidades dos utilizadores. A este nível também a BE assume um papel central no quadro da
aquisição e, em especial da produção de conhecimento, numa perspectiva integradora e holística da
informação. Outros critérios a ter em conta serão, certamente, a actualidade e sobretudo a
diversidade da colecção – uma vez que os mesmos se revelam importantes quer no estímulo ao
envolvimento dos jovens na construção dos vários saberes, quer na tentativa de promover a sua
autonomia no domínio da construção da informação (aprendizagem autónoma).
A construção do conhecimento, entendido como apropriação e compreensão do que se está
aprendendo, define o papel central da BE na Escola (Ross Todd, 2002).
Perante o desafio das múltiplas tarefas que se lhe deparam, é de recear a manifestação de
algum pessimismo por parte do professor bibliotecário e até da própria comunidade educativa
relativamente ao sucesso da consecução das mesmas.
A avaliação com base em evidências pode, eventualmente, traduzir-se na burocratização da
função do professor bibliotecário, uma procura incessante de dados quantitativos em vez de se
primar pela qualidade dos serviços ou, ainda, uma tão grande incidência nos resultados de
aprendizagens que se desejam alcançar que faça esquecer os objectivos e as finalidades do próprio
estabelecimento escolar. Muitas vezes a medição exaustiva de aprendizagens ou resultados
atingidos, pode conduzir a uma redução da qualidade dos serviços prestados, pelo cansaço e
dispersão de tarefas que implica.
Finalmente podemos sempre perguntar quem faz a avaliação da avaliação? Como pode o
professor bibliotecário contribuir para a mudança do modelo, chamando a atenção para o facto de
nem todas as BEs partirem do mesmo patamar e não deverem ser avaliadas com base num mesmo
padrão? As “ameaças” externas que enfrenta o professor bibliotecário são factores que estão
contemplados neste modelo de avaliação, mas que, na prática, não o ilibam das falhas e ausências
que se possam vir a verificar. Uma avaliação que procura resultados a curto prazo pode traduzir-se
num certo fracasso porque, tal como o sistema educativo muda lentamente, o impacto das BEs só
pode ser visto a médio prazo.
Apesar dos limites/obstáculos identificados, existe uma certa flexibilidade que permite a
adequação a cada contexto educativo em particular. Isto, na medida em que as Escolas têm
liberdade de escolher o domínio que pretendem ver avaliado em cada ano lectivo e que,
normalmente, corresponderá a uma área considerada prioritária e à qual a BE procura dar resposta
em articulação transversal com as grandes metas definidas no Projecto Educativo de Escola.
Esta característica permite, ainda, proceder a um diagnóstico mais fiel e rigoroso das
necessidades da Escola e respectiva comunidade, identificando oportunidades e constrangimentos
da efectiva aplicação do Modelo. De alguma forma, propicia a articulação de esforços de todos os
intervenientes em prol da melhoria contínua dos serviços prestados pela BE à comunidade.
A este respeito, e na sequência da análise de Ross Todd, podemos afirmar que a BE deve
pugnar pela sua dignidade baseada em critérios de qualidade, demonstrando que pode fazer a
diferença em termos da construção do conhecimento, da formação integral do indivíduo e do
próprio sucesso educativo – partindo do pressuposto que essa construção se realiza continuamente e
ao longo da vida.
5. Gestão das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de participação da e na escola.
Reflexão Final
Documentação Base
Referências Bibliográficas
EISENBERG, Michael e Miller, Danielle (2002). This Man Wants to Change Your Job. School
Library Journal. Acedido em 2 de Novembro de 2010 em
http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA240047.html
TODD, Ross (2002). School librarian as teachers: learning outcomes and evidence-based practice.
68th IFLA Council and General Conference. 18-24 August. Acedido em 20 de Maio de 2010
em http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/084-119e.pdf
VEIGA, Isabel et al (2001). Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares - Relatório Síntese. 2º ed.
Ministério da Educação