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A radioatividade do gás radônio

Embora muitos tipos de núcleos atômicos sejam estáveis indefinidamente, alguns não
são.Os núcleos instáveis, ou radioativos, decompõem-seemitindo uma pequena partícula
que usualmente transporta grande quantidade de energia.Em muitos desses processos,
átomos de um elementosão convertidos a átomos de outro elemento como resultado
dessa emissão.Elementos muito pesados são particularmente propensos a este tipo de
decomposição,as partículas emitidas nestes casos podem ser “alpha” ou “beta”.
Uma partícula alpha é uma partícula emitida por via radioativa que possui uma carga
de +2 e um número de massa iual a 4- ela tem dois nêutrons além dos dois prótons – e é
idêntica a um núcleo de hélio comum. Assim, uma partícula alpha é representada como
He, onde 4 é seu número de massa , e 2, sua carga nuclear(i.e.,número de prótons).O
núcleo que resta depois de um átomo perdeu uma partícula alpha apresenta uma carga
nuclear duas unidades menor que a original e é 4 unidades mais leve.Assim, por
exemplo,quandoum núcleo de Ra(rádio-226) emite uma partícula alpha,o núcleo
resultante tem uma massa de 226-4=222 unidades e uma carga nuclear de 88-2=86; ou
seja, trta-se de um elemento totalmente novo que é um isótopo do elemento radônio.O
processo pode ser representado pela equação:

Observe que nestas equações tanto o número de massa total como a carga nuclear
total encontram-se individualmente balanceados.
Uma partícula beta é um elétron; ele é formado quando um nêutron divide-se em um
próton e um elétron no núcleo. Dado que o próton permanece no núcleo quando o
elétron deixa o mesmo, a crga nuclear (ou número atômico)aumenta de uma unidade
.Não existe qualquer alteração no número de massa para o núcleo, uma vez que o
número total de nêutrons + prótons permanece o mesmo .Assim, por exemplo, quando
um átomo de chumbo do isótopo Pb se decompõe radioativamente pela emissão de uma
partícula beta, a carga nuclear do produto é 82 +1=83, o que corresponde ao elemento
bismuto, e o número de massa permanece 214:

Um outro tipo de radioatividade ocorre quando o núcleo emite uma


“partícula”gama, que equivale a uma enorme quantidade de energia concentrada em um
fóton que não possui massa.Nem o número de massa nuclear , nem a carga nuclear
sofrem alterações quando uma partícula gama é emitida.

A decomposição radioativa de átomos em uma amostra de um isótopo não ocorre


toda de uma vez.Por exemplo, em uma amostra de urânio-238,U, suficientemente
grande para ser visível,existe cerca de 10 átomos; apenas 10 deles decompõe-se a cada
segundo, sendo necessários bilhões de anos para serem para que o processo de
decomposição se complete.Uma medida habitualmente utilizada para expressar essas
taxas de decomposição é o período de tempo necessário para que metade do núcleo de
uma amostra se desintegre,ou sua meia-vida,t.Por exemplo, a meia-vida do urânio-238 é
de 4,5 bilhões de anos.Assim sendo, cerca de metade desse tipo de urânio existente
quando a Terra foi formada encontra-se desintegrado;metade do urânio-238
remanescente,que representa uma quantidade de um quarto da inicial,irá desintegrar-se
nos próximos 4,5 bilhões de anos , deixando ainda um quarto da quantidade original
intacta.Depois que essas meias-vidas tenham passado, apenas um oitavo da quantidade
inicial ainda restará, e apenas 1/16 avos ainda existirão após quatro meias –vidas.Esse
tipo de declínio de membros de uma população é exponencial; ele está em contraste
com o decaimento linear,no qual, se 50% de uma amostra desaparece a cada x anos,
toda a população terminará em um período de 2x anos.
Muitas rochas e solos graníticos contêm urânio, assim o processo de decomposição
radioativa ocorre sob nossos pés a cada dia, no qual o gás radônio é um dos produtos
não bem-vindos. Cada núcleo de U emite, ao desintegrar-se, uma partícula alpha e,
deste modo, um átomo do isótopo de tório Th é formado:

Esse processo é o primeiro de uma sequência de 14 processos de decaimento


radioativo nucleares; a última destas reações produz Pb, que é um isótipo não-
radioativo(estável)de chumbo e que finaliza a sequência.
Uma etapa da sequênciados14 processos envolvidos na decomposiçãodo U que
desperta interesse particular é a que envolve o radônio,uma vez qu esse elemento é
único,além do hélio,derivado das partículas alfa, que é gasoso e, portanto,móvel.O
precursor imediato do radônio éo rádio-226,cuja meia-vida é de 1600 anos e que se
decompõe pela emissão de uma partícula alfa:

O isótopo de radônio tem uma meia-vida de 3,8 dias-tempo suficiente para que ocorra
difusão do gás através das rochas sólidas ou do solo no qual ele é inicialmente formado.
A maior parte do radônio escapa diretamente para o ar exterior desde que a superfície da
Terra não esteja coberta por uma construção. Uma pequena concentração residual de
radônio no ar é responsável, contudo, por cerca da metade de nossa exposição à
radioatividade,e a outra metade tem origem de pequenas contribuições de uma
variedade de fontes,como raios gama provenientes do espaço exterior.
Grande parte do radônio que penetra nas residências advém do primeiro metro da
camada superior do solo, abaixo e ao redor dos alicerces; o radônio produzindo nas
camadas mais profundas provavelmente decairá para um elemento não-gasoso e,
portanto, imóveis antes que alcance a superfície. Solos pouco compactos e arenosos
permitem que haja a máxima difusão do radônio gasoso, enquanto solos congelados,
compactados e argilosos inibem seu fluxo.O radônio penetra pelos alicerces das casas
através de orifícios e fissuras presentes no concreto que constituem suas fundações.A
absorção aumenta significativamente se a pressão do ar no alicerce é baixa.O material
usado para construir as casas e a água de poços artesianos são outras fontes potenciais
do radônio nas residências.Por exemplo,quando a água de poço é aquecida e exposta ao
ar,como quando ela sai do chuveiro, o radônio é liberado no ar.
Vários cientistas salientam que o gás radônio acumula-se em níveis insalubres em
cavernas, inclusive o usado para fins de recreação.
O radônio, o membro mais pesado do grupo dos gases nobres, é quimicamente
inerte sob condições ambientais e permanece com um gás monoatômico. Assim sendo,
ele torna-se parte do ar que respiramos no momentoem que entra em nossas casas.Em
virtude de sua inércia ,seu estado físico e sua baixa solubilidade nos fluidos corporais,o
radônio em si não oferece muito perigo;a probabilidade de que se desintegre durante o
curto espaço de tempo que permanece nos pulmões é pequena,e o alcance das partículas
alfa no ar antes que percam sua energia é menor que 10cm.O perigo da radioatividade
originada pelos três elementos produzidos em sequência pela desintegração do radônio-
isto é, polônio, chumbo e bismuto;tais “descendentes” são chamados de filhos do
radônio.Em quantidades microscópicas,esses elementos são sólidos e , se formados a
partir do radônio presente no ar,eles aderem rapidamente às partículas de poeira.
Quando inaladas, algumas partículas de poeira aderem à superfície dos pulmões , e
nessa condição esses elementos representam um risco à saúde.Em particular,tanto o Po
que é formado diretamente do Rn, emitem partículas alfa energéticas que podem causar
danos ,devido á radiação, às células bronquiais situadas nas proximidades do local
onde se alojam as partículas .Esse dano pode causar câncer de pulmão ,e,de fato, o
“radônio”é a segunda causa principal desse tipo de câncer, seguindo o tabagismo,que
ainda leva uma grande vantagem.
Observe que a sequência de desintegrações que se segue a decomposição do
radônio para formação do Pb leva em média menos de umeis fumantes. A partir dos
dados estatísticos em populações mineiras, os quais relacionam o excezzo de incidência
de câncer de pulmão com o efeito cumulativo da exposição á radiação, foi constatada
uma relação matemática entre a incidência de câncer e a exposição ao radônio.Os
cientistas tentaram extrapolar essa relação com o objetivo de determinar o risco da
população em geral, que se encontra exposta geralmente a baixos níveis de
radônio.Com base em uma extrapolação linear ,uma análise realizada em 1995 feita a
partir de vários estudos desse tipo concluiu que, das dezenas de milhares de mortes
causadas por câncer do pulmão por ano nos Estados Unidos, cerca de 10%do total
poderia dever-se á exposição ao radônio presente em interiores. Uma análise similar
feita na Alemanha estima que aproximadamente 2000 mortes anuais neste país são
causadas pelo radônio acumulado em ambientes internos.Contudo, essas estimativas
podem ser muito altas, visto que os mineiros trabalham em condições muito mais
empoeiradas que as das residências, e sua respiração durante o trabalho árduo é muito
mais profunda que a normal; consequentemente existe uma probabilidade muito maior
de que os filhos do radônio alojem-se em lugares mais profundos nos pulmões dos
mineiros do que da população de modo geral.Sua exposição ao arsênio e ás emissões de
diesel também pode contribuir para a taxa de aumento de câncer do pulmão, e isso
tambe’m poderia ter sido atribuido ao radônio.
Três estudos epidêmiológicos publicados em 1994,na Suécia, no Canadá e
nos Estados Unidos,chegaram a conclusões contraditórias sobre os riscos do radônio
para moradores residenciais.No relatório sueco, conclui-se que a taxa de câncer de
pulmão em não-fumantes e especialmente em fumantes tornou-se mais alta com o
aumento do nível de radônio em suas casas.O estudo canadense, focado em residentes
de Winnipeg, Manitoba, que apresenta os maiores níveis médios de radônio no Canadá,
não encontrou qualquer relação entre os níveis de radônio e a incidência de câncer de
pulmão.O estudo foi realizado com mulheres não fumantes no Missouri e apresentou
poucas evidências para uma tendência de aumento de câncer do pulmão a partir de uma
maior concentração de radônio em interiores.
O “problema do radônio” tem recebido maior atenção nos Estados Unidos, onde
existem programas para análise do ar nos alicerces de um grande número de casas,com
finalidade de avaliar em quais delas existe um nível significativo de radônio.Uma vez
que o radônio é identificado, os proprietários podem alterar o trajeto de circulação do ar
nessas residências para reduzir os níveis futuros de radônio nas áreas mais ocupadas,
diminuindo assim o risco adicional dos residentes de contrair câncer do pulmão.Foi
destacado, contudo, que a mobilidade normal da população americana leva ao fato de
um indivíduo que venha a residir em uma casa com alto nível de radônio estará ali
somente alguns anos e passará a maior parte de sua vida em casas de baixo nível de
radônio(uma vez que 7% das casas apresentam níveis elevados);deste modo, a
estimativa de aumento das mortes por câncer de pulmão discutida anteriormente parece
ser exagerada.

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