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Diário Económico – Segunda-feira 22 de Novembro 2010

M/20 O PRIMEIRO INVESTIMENTO DE ...

A compra de acções da Pararede a 2,5 euros pouco tempo depois de


2,5€
rebentar a bolha tecnológica foi um dos maiores erros de Filipe Garcia.

FILIPE GARCIA

“O meu primeiro negócio em bolsa


foi na privatização da EDP”
As primeiras acções que Filipe Apagar da memória os maus investimentos é, em
mercados, um passaporte para o insucesso. Tive
Garcia comprou em 1997 ainda vários fracassos importantes, não pelos montan-
fazem parte da sua carteira. tes envolvidos, mas pelos erros cometidos.
Gosto de referir três deles, por serem bem dife-

O
jogo da bolsa é inter- rentes. O primeiro foi ter juntado um grupo de
pretado de maneira amigos e fazer um clube de investimento. A ideia
diferente entre os in- foi má não só porque as ideias de investimento
vestidores. Para Filipe eram muito diferentes, mas, sobretudo, porque
Garcia, os mercados tínhamos objectivos, património e conhecimen-
são “uma forma de tos muito distintos. O alinhamento era impossí-
aplicação de poupan- vel, parecíamos “cata-ventos” e por isso correu
ça e não como um ne- mal. O segundo foi ter comprado acções da Para-
gócio para ganhar muito dinheiro”. Formado rede depois de ter estourado a “bolha tecnológi-
em Economia e com um MBA em Finanças ca”. Se a acção tinha estado a 9 ou 10 euros, pen-
pela Universidade do Porto, desde cedo que sava eu que comprar a 2,5 euros era um grande
Garcia soube que o “sobe e desce” das cotações preço! Aprendi muito com essa operação. Final-
iriam fazer parte da sua vida. Na gestão das mente, merece referência a forma como me as-
suas poupanças, o presidente da consultora sustei com um dos primeiros ‘crashes’ que vi, já a
IMF - Informação de Mercados Financeiros trabalhar, no Outono de 1998. Na altura vendi Filipe Garcia ingressou na
IMF em Setembro de 1997
revela-se bastante flexível e com o objectivo quase todas as acções que tinha em verdadeiro e desde Janeiro de 2010
centrado em obter rendibilidades que consi- pânico, menos as tais EDP. Hoje aproveito essas que assumiu as funções
gam combater a “minha taxa de inflação e que alturas para comprar a bom preço o que tenho de presidente
da empresa.
permitam salvaguardar as poupanças.” debaixo de olho.
Qual foi o seu último investimento?
Há quanto tempo investe em bolsa? Certificados de Tesouro. Já estive mais tranquilo.
Pode dizer-se que o meu interesse pelos merca- Considera-se um investidor conservador ou
dos financeiros surgiu ainda em criança. Os mais agressivo na gestão das suas poupanças?
meus pais contam que, ainda muito novo, eu fi- Vejo a bolsa como uma forma de aplicação de
cava largos minutos a observar as tabelas de poupança e não como um negócio para ganhar
câmbios colocadas na montra dos bancos. Lem- muito dinheiro. O meu objectivo de investi-
bro-me também de, mais tarde, no período ante- mento é ter rendibilidades que consigam com-
rior ao ‘crash’ de 1987, acompanhar as cotações bater a “minha” taxa de inflação e que permi-
das bolsas de Porto e Lisboa na televisão e de fi- tam salvaguardar as poupanças. A minha ló-
xar as dezenas de contos que valiam as acções do gica é de preservação do valor e tenho a
BCP e da Companhia de Celulose do Caima. noção que não posso dedicar dema-
Mais tarde, na Faculdade de Economia do Porto, siado tempo à carteira.
havia um terminal Reuters na biblioteca e o bur- Na minha lógica de vida, o di-
burinho era muito, sobretudo no final das ses- nheiro ganha-se no trabalho
sões. Eu não investia, mas gostava de ver os pre- diário, nos negócios que estou
ços a “piscar” e já preferia utilizar gráficos para envolvido, e não tanto por
perceber o que se passava no mercado. transaccionar intensivamen-
Recorda-se do seu primeiro investimento e te nos mercados.
de quanto ganhou? Qual foi o melhor conselho


O meu primeiro negócio em bolsa foi na privati- que lhe deram e que até
zação da EDP e, na altura, fiz algo que nunca faria hoje utiliza na aplicação do
hoje: contrair um crédito para investir em bolsa. seu dinheiro na bolsa?
Só não considero um risco enorme porque as ac- Deixoalguns:omercadoexplorato- Na minha lógica de
ções serviam de garantia total ao investimento – dos os nossos defeitos e emoções. É es-
o risco era do banco. Nesse investimento ainda só sencial ser objectivo e não ser teimoso. É mais im-
vida, o dinheiro
“ganhei” dividendos pois o que fiz foi liquidar o portante perceber o que está a fazer mexer os pre- ganha-se no trabalho
empréstimo e ficar com as acções, até hoje. ços do que encontrar uma lógica fundamental que diário, nos negócios
E do pior investimento, guarda alguma re- os suporte. Ter razão, mas não perceber a forma- que estou envolvido,
cordação ou preferiu apagar da memória? çãodopreço,podesairmuitocaro. ■ Por Luís Leitão e não tanto por
transaccionar
intensivamente nos
Bruno Barbosa

mercados.”

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