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FILIPE GARCIA
O
jogo da bolsa é inter- rentes. O primeiro foi ter juntado um grupo de
pretado de maneira amigos e fazer um clube de investimento. A ideia
diferente entre os in- foi má não só porque as ideias de investimento
vestidores. Para Filipe eram muito diferentes, mas, sobretudo, porque
Garcia, os mercados tínhamos objectivos, património e conhecimen-
são “uma forma de tos muito distintos. O alinhamento era impossí-
aplicação de poupan- vel, parecíamos “cata-ventos” e por isso correu
ça e não como um ne- mal. O segundo foi ter comprado acções da Para-
gócio para ganhar muito dinheiro”. Formado rede depois de ter estourado a “bolha tecnológi-
em Economia e com um MBA em Finanças ca”. Se a acção tinha estado a 9 ou 10 euros, pen-
pela Universidade do Porto, desde cedo que sava eu que comprar a 2,5 euros era um grande
Garcia soube que o “sobe e desce” das cotações preço! Aprendi muito com essa operação. Final-
iriam fazer parte da sua vida. Na gestão das mente, merece referência a forma como me as-
suas poupanças, o presidente da consultora sustei com um dos primeiros ‘crashes’ que vi, já a
IMF - Informação de Mercados Financeiros trabalhar, no Outono de 1998. Na altura vendi Filipe Garcia ingressou na
IMF em Setembro de 1997
revela-se bastante flexível e com o objectivo quase todas as acções que tinha em verdadeiro e desde Janeiro de 2010
centrado em obter rendibilidades que consi- pânico, menos as tais EDP. Hoje aproveito essas que assumiu as funções
gam combater a “minha taxa de inflação e que alturas para comprar a bom preço o que tenho de presidente
da empresa.
permitam salvaguardar as poupanças.” debaixo de olho.
Qual foi o seu último investimento?
Há quanto tempo investe em bolsa? Certificados de Tesouro. Já estive mais tranquilo.
Pode dizer-se que o meu interesse pelos merca- Considera-se um investidor conservador ou
dos financeiros surgiu ainda em criança. Os mais agressivo na gestão das suas poupanças?
meus pais contam que, ainda muito novo, eu fi- Vejo a bolsa como uma forma de aplicação de
cava largos minutos a observar as tabelas de poupança e não como um negócio para ganhar
câmbios colocadas na montra dos bancos. Lem- muito dinheiro. O meu objectivo de investi-
bro-me também de, mais tarde, no período ante- mento é ter rendibilidades que consigam com-
rior ao ‘crash’ de 1987, acompanhar as cotações bater a “minha” taxa de inflação e que permi-
das bolsas de Porto e Lisboa na televisão e de fi- tam salvaguardar as poupanças. A minha ló-
xar as dezenas de contos que valiam as acções do gica é de preservação do valor e tenho a
BCP e da Companhia de Celulose do Caima. noção que não posso dedicar dema-
Mais tarde, na Faculdade de Economia do Porto, siado tempo à carteira.
havia um terminal Reuters na biblioteca e o bur- Na minha lógica de vida, o di-
burinho era muito, sobretudo no final das ses- nheiro ganha-se no trabalho
sões. Eu não investia, mas gostava de ver os pre- diário, nos negócios que estou
ços a “piscar” e já preferia utilizar gráficos para envolvido, e não tanto por
perceber o que se passava no mercado. transaccionar intensivamen-
Recorda-se do seu primeiro investimento e te nos mercados.
de quanto ganhou? Qual foi o melhor conselho
“
O meu primeiro negócio em bolsa foi na privati- que lhe deram e que até
zação da EDP e, na altura, fiz algo que nunca faria hoje utiliza na aplicação do
hoje: contrair um crédito para investir em bolsa. seu dinheiro na bolsa?
Só não considero um risco enorme porque as ac- Deixoalguns:omercadoexplorato- Na minha lógica de
ções serviam de garantia total ao investimento – dos os nossos defeitos e emoções. É es-
o risco era do banco. Nesse investimento ainda só sencial ser objectivo e não ser teimoso. É mais im-
vida, o dinheiro
“ganhei” dividendos pois o que fiz foi liquidar o portante perceber o que está a fazer mexer os pre- ganha-se no trabalho
empréstimo e ficar com as acções, até hoje. ços do que encontrar uma lógica fundamental que diário, nos negócios
E do pior investimento, guarda alguma re- os suporte. Ter razão, mas não perceber a forma- que estou envolvido,
cordação ou preferiu apagar da memória? çãodopreço,podesairmuitocaro. ■ Por Luís Leitão e não tanto por
transaccionar
intensivamente nos
Bruno Barbosa
mercados.”
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