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Resumo
O presente artigo tem como objetivo caracterizar e analisar o gerenciamento dos resíduos
sólidos em uma indústria processadora de soja, através da identificação das fontes geradoras
e os seus respectivos resíduos. A maioria dos resíduos são pertencentes à classe II, devido a
grande quantidade de casca de soja gerada no processo. Este resíduo é comercializado e
utilizado na alimentação animal.
Palavras chaves: Resíduos sólidos, Soja, Gerenciamento.
1. Introdução
Atualmente existe uma preocupação crescente com o gerenciamento de resíduos, notadamente
no caso das empresas exportadora, justificada pela necessidade da redução do uso dos
recursos naturais, bem como pela preocupação em se evitar o desperdício de consumo de
materiais.
O manuseio, acondicionamento, armazenagem, coleta, transporte e destinação final dos
resíduos, devem estar fundamentadas em sua classificação. Conforme a classificação são
definidos os controles necessários em todas as fases envolvidas no processo (ROCCA, 1993).
A gestão inadequada dos resíduos acaba acarretando a degradação do solo, assim como a sua
contaminação, podendo chegar a atingir lençóis freáticos através da lixiviação diminuindo os
recursos naturais disponíveis (MOURA, 2002).
O problema central abordado neste artigo refere-se ao fato de que as indústrias processadoras
de soja necessitam de apoio para que seu desempenho ambiental possa estar de acordo com as
exigências legais e mercadológicas, o que pode ser conseguido através do gerenciamento dos
resíduos sólidos gerados na cadeia produtiva. Este estudo propõe desenvolver a caracterização
dos resíduos sólidos gerados em uma indústria processadora de soja e analisar o seu
gerenciamento.
2. Metodologia
Realizou-se um levantamento dos resíduos gerados na Soja S/A, através de visita ao local,
posteriormente foram identificadas as fontes geradoras nos seguintes setores: armazenagem,
preparação, extração, lecitina, caldeira, laboratório, almoxarifado, manutenção, departamento
técnico, administrativo, recursos humanos, estação de tratamento de água (ETA), estação de
tratamento de efluente (ETE), refeitório e ambulatório. Foi realizada a análise da quantidade
dos resíduos sólidos gerados conforme sua classificação de acordo com a NBR 10004.
Finalmente foi relatada a destinação final dos resíduos sólidos gerados.
XI SIMPEP Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004
3. Resultados Obtidos
3.1 Descrição do processamento de soja
A soja é recebida das diversas regiões produtoras através de caminhões ou trens. Quando os
caminhões ingressam no pátio ou vagões no desvio ferroviário construído pela empresa,
inicia-se a primeira etapa de industrialização dessa oleaginosa: a pesagem em balanças, em
seguida, o encaminhamento as moegas de recebimento. Depois a soja é transportada para o
setor de limpeza, onde passam por equipamentos de pré-limpeza para a remoção de impurezas
provenientes da lavoura e remoção da casca da soja. Estes resíduos são armazenados em um
silo de “casquinha” e retirados por caminhões. A soja limpa vai para os silos e posteriormente
é encaminhada aos secadores.
Depois de seca, a matéria-prima vai para o silo, depois para o silo pulmão e em seguida para a
etapa da preparação. A soja sofre sua primeira transformação no setor Preparação: um
conjunto de quebradores trituram o grão; e um conjunto de máquinas laminadoras
transformam a soja quebrada em lâmina delgada. Depois de laminada ocorre a expansão da
massa, ou seja, a lâmina de soja recebe vapor no interior de um equipamento com uma rosca
sem fim que empurra a massa para uma matriz com perfurações, desta forma, a massa torna-
se porosa e aumenta a área de contato do óleo com o solvente, com isto facilita a extração por
solvente, que é a próxima etapa do processo, de onde resultam o óleo bruto e o farelo de soja.
O óleo bruto passa por uma etapa denominada de degomagem, onde resultam o óleo
degomado e a goma que após passar pela etapa de secagem se transforma em lecitina. O
farelo de soja é obtido a partir da moagem, secagem e peletização. A Figura 1 mostra o
fluxograma do processo da Soja S/A.O farelo de soja representa em média 80% da produção,
o óleo de soja 29% e a lecitina 1%.
XI SIMPEP Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004
Os resíduos sólidos são classificados de acordo com a NBR 10004, esta classificação é
dividida em Classe I (Perigoso), Classe II (Não-inerte) e Classe III (Inerte). São considerados
resíduos Classe I, os resíduos que, em função das suas propriedades físicas, químicas ou
infecto contagiosas, podem apresentar risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de
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Tabela 2 – Descrição dos resíduos sólidos da Soja S/A contendo quantificação, percentagem
e classificação.
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Na soja S/A são geradas 11.353 toneladas/ano de casca de soja, ou seja, 84,48% do total de
resíduos sólidos industriais, a casca de soja é gerada na etapa de limpeza, como mencionado
na descrição do processamento de soja. Este resíduo é o de maior valor comercial em uma
indústria processadora de soja, sendo que a sua principal utilização é como ingrediente na
alimentação animal. Outra aplicação é a adição no farelo de soja com alto teor de proteína,
desta forma o farelo passa a ter um teor de proteína adequado facilitando a sua
comercialização e a casca de soja é vendida a preço de farelo, ou seja, agrega valor ao
resíduo.
Um resíduo gerado no processamento de soja é a borra de óleo que corresponde a 0,04% dos
resíduos sólidos gerados. Este resíduo é obtido no fundo dos tanques de óleo bruto e pode ser
utilizado como matéri prima na obtenção de glicerol e ácido graxo. Algumas borras de óleo
têm como característica possuir elevados níveis de ácidos graxos livres, como é o caso das
gorduras hidrolizadas e do óleo ácido de soja. Normalmente, essas gorduras são subprodutos
da indústria alimentícia que acabam sofrendo uma ruptura da ligação dos triglicerídios em seu
processamento, liberando glicerol e ácidos graxos. (QUEIROZ, L, 2000).
O resíduo orgânico gerado no processamento da soja representa 0,03% do total, este é obtido
da limpeza de equipamentos e varrição da soja e pode ser utilizado no solo como adubo, pois
contém alto teor de de Fósforo (P) e Potássio (K) em sua composição.
Um resíduo gerado fora do processo produtivo é a cinza proveniente da queima de biomassa
nas caldeiras para geração de vapor e nos secadores de cereais. Este corresponde a 5,82% do
total de resíduos sólidos da Soja S/A. A cinza pode ser aproveitada como enriquecedor do
solo, pois há grande quantidade de minerais em sua composição.
Com relação a quantidade de resíduos geradas por Classe: 13.348 toneladas/ ano são resíduos
Classe II, 82,41 toneladas/ ano são resíduos Classe III e 7,09 toneladas/ ano são resíduos
Classe I, o que representa 99,33%, 0,61% e 0,05%, respectivamente, conforme demonstrado
na Figura 1.
C lasse I
99,33
C lasse II
100 C lasse III
80
Percentagem (%)
60
40
0,05 0,61
20
0
Class e I Class e II Class e III
varrição da soja. Um resíduo gerado fora do processamento de soja é a cinza que representa
5,82% do total.
Em relação a classificação, 99,33% são resíduos Classe II, 0,61% são Classe III e 0,05% são
Classe I.
No que se refere à destinação final, os resíduos Classe I são destinados corretamente, pois são
dispostos em aterros industriais, enviados a empresas especializadas ou encaminhados a valas
sépticas, como ocorre com os resíduos do ambulatório. Apenas 0,22% dos resíduos sólidos
gerados são dispostos em aterro controlado do Município. Referente aos resíduos Classe III, a
maioria é reciclada o que corresponde a 0,61% dos resíduos sólidos. O lodo da ETA não foi
quatificado, mas relacionado à destinação deste resíduo, sugere-se a utilização na composição
de tijolos.
Desta forma, verifica-se que a Soja S/A possui um adequado gerenciamento dos resíduos
sólidos. Porém, esta empresa pode optar pela melhoria contínua buscando reduzir os resíduos
gerados, através de adaptações no processo, assim como procurar outras formas de destinação
aos resíduos perigosos, enfim, gerenciar os resíduos visando a redução da utilização dos
recursos naturais.
5. Referências Bibliográficas
ABNT, NBR 10004. (1987) – Resíduos Sólidos – Classificação. ABNT. Rio de Janeiro-RJ.
CONAMA, Resolução nº 05 (1993) – Disposição e Tratamento dos Resíduos Sólidos.
Publicação em Diário Oficial da União em 31/08/93.
MOURA, L. A. A. Qualidade e Gestão Ambiental. 3. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2002.
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Passaúna – Curitiba – Pr. 22º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA
SANITÁRIA AMBIENTAL. Joinvile.
QUEIROZ, L. (2000) - Óleo de Soja, Óleo Ácido de Soja e Sebo Bovino Como Fontes de
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ROCCA, A. C. C. (1993) – Resíduos Sólidos Industriais. CETESB. São Paulo- SP.