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ELEIÇÕES 2010:
ANÁLISE DAS ENTREVISTAS DOS CANDIDATOS SERRA E DILMA NA
BANCADA DO JORNAL NACIONAL
LONDRINA
2010
JULIO CESAR DOS SANTOS BAROSA
RODRIGO FERNANDO DA SILVA
ELEIÇÕES 2010:
ANÁLISE DAS ENTREVISTAS DOS CANDIDATOS SERRA E DILMA NA
BANCADA DO JORNAL NACIONAL
LONDRINA
2010
1 INTRODUÇÃO
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Serra: William é uma boa pergunta. O PTB, no caso de São Paulo, por
exemplo, sempre esteve com o PSDB, de uma ou de outra maneira.
Isso teve uma influência grande na aliança nacional. Os partidos, você
sabe, são muito heterogêneos. O personagem principal... Os
personagens principais do mensalão nem foram do PTB. Os
personagens principais foram do PT, aliás, mediante denúncia do
Roberto Jeferson, que era então líder do PTB.
Nos dois casos o tema tratado é o mesmo, mas como na outra situação a
forma como é feita a pergunta aos candidatos, ou mesmo como elas são interrompidas e as
colocações do entrevistador são completamente diferentes.
Para Morin (apud Medina, 2004):
Sobre as perguntas de fato, as respostas tenderão a ser fabuladoras
e/ou dissimulativas, no que se refere às grandes regiões-tabu: o sexo,
a religião, a política. Nesse último plano, as desconfianças serão mais
ou menos grandes, de acordo com o regime do país [...] ou segundo o
caráter minoritário ou não, subversivo ou não das opiniões políticas
do entrevistado. (p.12)
Fátima: Candidata, esses são dados de seis anos, quer dizer, que esse
resultado que a senhora está falando vai aparecer de um ano e meio
pra cá?
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Serra: Olha, antes disso. No caso de São Paulo, tem uma pesquisa da
Confederação Nacional dos Transportes, um organismo
independente: 75% dos usuários das estradas do Brasil acham as
paulistas ótimas ou boas. 75%, um índice de aprovação altíssimo. Isso
para as federais é apenas 25%. De cada dez estradas federais, sete
estão esburacadas. São as rodovias da morte. Na Bahia, em Minas,
BH, Belo Horizonte, Governador Valadares, em Santa Catarina. Enfim,
por toda a parte. O governo federal fez um tipo de concessão que não
está funcionando.
Serra: Eu acho que pode ter uma estrada boa que não seja cara, se
você trabalhar direito. Por exemplo, a concessão que eu fiz da Ayrton
Senna. O pedágio anterior era cobrado pelo órgão estadual. Caiu
para a metade o pedágio. É que realmente, geralmente, os exemplos
bons não veem...
Serra: Esse modelo que diminuiu pode ser adotado, porque você tem
critérios para ser examinados. O governo federal fez estradas
pedagiadas. Só que estão, por exemplo, no caso de São Paulo, a Régis
Bittencourt, que é federal, ela continua sendo a rodovia da morte. E a
Fernão Dias, Minas-São Paulo, está fechada. Você percebe? Nunca o
Brasil esteve com as estradas tão ruins. Agora, tem mais: em 1000 é,
é, no começo de 2003 para cá, foram arrecadados R$ 65 bilhões para
transportes, para estradas na Cide. É um imposto. Sabe quanto foi
gasto disso pelo governo federal? Vinte e cinco. Ou seja, foram R$ 40
bilhões arrecadados dos contribuintes para investir em estradas do
governo federal que não foram utilizados. A primeira coisa que eu
vou fazer, William, é utilizar esses recursos para melhorar as
estradas. Não é o assunto de concessão que está na ordem do dia. É
gastar. É entender o seguinte: por que de cada R$ 3 que o Governo
Federal arrecadou, foram 65, ele gastou um terço disso? É uma
barbaridade.
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Dilma: Não, não vejo, sabe por que Bonner? Porque ninguém em sã
consciência vai propor prender três milhões e meio de mulheres, até
porque tem um problema concreto, prático. Eu não concordo com a
mudança na legislação, a legislação prevê aborto em dois casos,
prevê no caso de estupro e de risco de vida pra mulher. Então, há,
necessariamente, uma forma da gente conduzir isso sem alteração, e
acredito que um processo de autorização, por exemplo, por plebiscito
seria muito ruim, porque dividiria o Brasil de ponta a ponta. Não
levaria a uma forma de acordo e de consenso, pelo contrário, os
países que fizeram isso tiveram péssimas experiências. Então, eu fiz
uma carta, que é uma carta a todos os religiosos, mas é uma carta
pública ao povo brasileiro. No sentido de que, eu acredito que, a
legislação...
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Serra: Olha, não somos nós que levantamos, nem nós exploramos.
Acontece o seguinte: a Dilma manifestou-se a favor do aborto, deu
uma entrevista que está, enfim, tem no vídeo. É, o PT no final do ano
passado fez aquele programa nacional dos direitos humanos, que
tornava transgressor, criminoso, aquele que fosse contra o aborto.
Então, eles puseram a questão no ar...
Dilma: Olha, Fátima, a gente tem que ser muito claro com o eleitor e
não tentar enganá-lo. Erros e pessoas que erram acontecem em
todos os governos. O que diferencia um governo de outro governo, é
a atitude desse governo em relação ao erro. Nossa atitude é, nós
investigamos e punimos, por exemplo no caso da Erenice, eu não
concordo com a contratação de parentes e amigos. Sempre fui
contaria ao nepotismo, jamais deixei que se praticasse...
Dilma: Veja bem, ninguém controla o governo inteiro, o que você tem
que ter garantia, vou repetir, é que, havendo o mal feito, você
investiga e pune. Nós estamos, nós estamos, claramente, já dezesseis
pessoas já depuseram no caso da Erenice, e a polícia ta investigando
se houve ou não houve tráfico de influência. É, quanto a nomeação de
parentes, foram todos, os que estavam ainda no governo, porque a
grande maioria não estava, foram demitidos. Veja você, há uma
diferença entre nós e o meu adversário, o meu adversário tem uma
acusação gravíssima que é o caso, é, Paulo Vieira de Souza. O Paulo
Vieira de Souza ta investigado na operação da polícia federal,
chamada Castelo de Areia por propina, porque ele diretor do
equivalente aqui no Rio ao Departamento de Estradas, e ele cuidava
das mais importantes obras do governo do estado de São Paulo. Até
agora, não houve uma investigação, e não houve nenhum processo,
pelo contrário, há uma diferença entre quem investiga e pune e quem
acoberta e não pune. Quem acoberta e cria uma coisa que se chama
impunidade, porque a gente tem de perceber isso. Um governo é
como uma empresa, ninguém sabe de absolutamente tudo que
acontece dentro de uma empresa, mas o que você tem de ter? Você
tem de ter mecanismos para havendo conhecimento daquela
atividade, eu quero te dizer, no meu governo, eu... eu serei implacável
tanto com essa questão de nepotismo, né? que é a contratação de
parentes, quanto com tráfico de influência ou conhecimento de
qualquer malfeito relacionado a propina ou outras...outras variantes
disso.
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Serra: Não, não. Porque sempre tem dentro de um partido gente que
gosta de um, gente que gosta do outro. Mas o fato é que, não houve
o essencial que é o desvio de dinheiro na minha campanha; porque eu
saberia. Em todo o caso, nós seriamos a vítima, você percebe? Quer
dizer, e ai não se trata de dinheiro do governo, é um dinheiro que foi
contribuição para uma campanha. Eu desmenti isso há muito tempo,
e o assunto volta, posto inclusive pelo PT, porque o que eles gostam
de fazer, de vir com esses ataques, às vezes, meio incompreensíveis,
para nivelar todo mundo. Como se os escândalos da Casa Civil, como
se os escândalos desse senhor, agora cardeal na Eletrobrás, como se
tudo pudesse ser também reproduzido, o que não aconteceu, do
outro lado. Eu não tenho nenhum chefe da Casa Civil que ficou do
meu lado, e aprontou tudo o que a Erenice aprontou, braço direito da
Dilma.
Assim como cita Garrett (1991), todas as pessoas são envolvidas por uma
entrevista, de uma maneira ou outra estaram ligadas aos fatos, ao entrevistado, ou ao
entrevistador. Mas cabe colocar um diferencial nesse caso, aqui todos estavam envolvidos com
algo a mais, o futuro de um país, onde sendo persuadidos ou não, acreditando ou não nos
candidatos, teriam de escolher um deles para comandar o país durante 4 (quatro) anos, ou se
abster de tal decisão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS