You are on page 1of 4

Formação: Práticas e Modelos Auto-

Avaliação das BE

Sessão 1: A Biblioteca Escolar. Desafios e oportunidades no contexto da mudança

Documento para leitura e reflexão por parte dos elementos da Direcção do Agrupamento e todos os
professores dos vários departamentos curriculares

Plano de Acção da BE/CRE

Situação actual:

A nossa biblioteca escolar – Sala Sá de Miranda, é como (todos) poderão concordar, um local de
excelência da escola. É para este espaço que uma grande parte dos alunos deste estabelecimento se
dirige diariamente, nos intervalos e nos tempos livres, no intuito de procurar algo para fazer – embora o
objectivo ainda não se encontre, na maioria das vezes, completamente definido - à entrada ocorrerá algo:
percorrer os olhos despreocupadamente pelas prateleiras em busca de um título que agrade para leitura
presencial ou domiciliária, dar uma vista de olhos pelo jornal diário ou desportivo; pegar numa revista
juvenil, visualizar algumas imagens e eventualmente comentá-las com um colega, ou ler um pouco de um
artigo cujo título pareceu ter algum interesse; sentar-se um pouco a ver um filme que já se encontra quase
no fim, ou dar uma vista de olhos rápida pelos placares, lendo palavras soltas, frases curtas e observar as
imagens mais chamativas; inteirar-se do regulamento de um concurso que decorrerá brevemente; fazer os
trabalhos de casa que foram esquecidos; fazer uma pesquisa no computador para um trabalho de uma
determinada disciplina, tendo apenas como ponto de partida a temática do mesmo e, em época de testes,
procurar uma mesa onde se possam fazer umas leituras rápidas da matéria, de preferência em grupo,
tirando eventualmente algumas dúvidas e onde conversas sobre as vivências do seu dia-a-dia se
entrecruzam com os conteúdos temáticos e os objectivos do teste.

Estes são alguns “rituais” protagonizados pelos nossos alunos e que não serão, certamente,
muito diferentes dos hábitos e costumes dos alunos das outras escolas. Não querendo, de forma alguma,
com a enumeração acima referida, emitir qualquer juízo negativo face aos hábitos dos nossos alunos e à
sua atitude no contexto da biblioteca escolar, considerando mesmo um privilégio, trabalhar num local
específico da escola, onde os alunos se dirigem habitual e voluntariamente, se sentem bem e onde
existem sempre opções diversas que os mantêm ocupados com alguma actividade, sendo muita ou pouca
a aprendizagem que daí advém, cabe-me como professora bibliotecária e profissional responsável, intervir
pedagogicamente neste contexto.

Deste modo, gostaria de alertar para o facto de que, nos dias que correm, e num contexto de
mudança, é efectivamente importante, na minha prática profissional, disponibilizar uma colecção que
corresponda às necessidades dos utentes que frequentam a BE, assim como a sua organização e
facilidade no acesso aos recursos de informação, não sendo, no entanto, estes aspectos fundamentais.
Porque a biblioteca escolar é essencial no desenvolvimento de capacidades de aprendizagem, o desafio
actual consiste em passar deste espaço organizado onde existem os recursos necessários de acesso à

Isabel Mª Cruz R. Soares Página 1


Formação: Práticas e Modelos Auto-
Avaliação das BE
informação e lazer, ou ocupação dos tempos livres, para um espaço de trabalho e de construção do
conhecimento. Resultante de estudos internacionais, existe a evidência de que a biblioteca escolar
contribui para o sucesso educativo dos estudantes assim como para o desenvolvimento das literacias
imprescindíveis na nossa sociedade. Ela existe para criar um impacto e transformar a vida dos cidadãos
mais jovens – os nossos alunos – assumindo um compromisso que se resume a um esforço documentado
e empenhado em demonstrar os benefícios e as consequências práticas da sua acção.

As bibliotecas escolares passam pois a ter um papel informacional, transformativo e formativo –


colocando-as no centro das aprendizagens e da construção do conhecimento. Como professora
bibliotecária deverei contribuir para o sucesso das aprendizagens, trabalhando com esse objectivo,
porque, dada a natureza pedagógica e curricular das minhas funções, deverei proporcionar um ensino
orientado para os resultados, disponibilizando o uso adequado da informação a incutir nos alunos, criando
experiências de aprendizagem que promovam o desenvolvimento de competências.

Uma biblioteca escolar actual, para além do seu papel de suporte às aprendizagens,
desenvolvimento de competências de informação e na formação de leitores, deve também hoje em dia,
auxiliar os seus utentes a saber pesquisar, avaliar a qualidade de informação encontrada e sintetizar
ideias. Deste modo é através do professor bibliotecário que a biblioteca escolar desempenha um papel
fundamental no desenvolvimento de literacias e na aquisição de competências de informação, onde o
utente, inicialmente orientado e mais tarde de forma autónoma, deverá ser capaz de saber localizar a sua
necessidade de informação, seleccioná-la e interpretá-la de forma critica e responsável.

“Celebra aquilo que compreendes e não aquilo que descobres” – esta citação expressa de forma
persuasiva e simples a visão, missão, objectivos e acções da BE, reflectindo que temos sempre
historicamente celebrado a descoberta, quando, a título de exemplo, na documentação de dados
estatísticos nos preocupamos em contabilizar, congratulando-nos com o aumento do número de leitores
de um período para outro, ou do aumento do número de utilizadores da BE à hora do almoço
comparativamente ao período anterior, etc., quando na realidade estas não são formas efectivas de medir
o conhecimento dos nossos alunos. Devemos sim celebrar o que compreendemos, na medida em que o
importante é que a prática da nossa acção nos permita compreender e demonstrar como a biblioteca
escolar ajuda os alunos a aprender e qual o seu impacto real, no cumprimento dos objectivos de
aprendizagem.

Na sequência do referido acima, e sendo premente esta mudança, passo a enumerar as


problemáticas identificadas na BE da nossa escola e as acções que necessariamente se devem
implementar.

Problemáticas identificadas:

• Articulação ainda reduzida com professores e pais/encarregados de educação de modo a


contribuir efectivamente para o cumprimento da missão da escola;
• Pouca proximidade e articulação com um grande parte dos professores, para a
programação de experiências de aprendizagem e para a preparação de instrumentos de
avaliação de conhecimento dos alunos que integrem as capacidades de uso de informação e
comunicação previstas nos objectivos curriculares;

Isabel Mª Cruz R. Soares Página 2


Formação: Práticas e Modelos Auto-
Avaliação das BE
• Impacto ainda pouco avaliado da acção da biblioteca escolar e das actividades que
promove, nos resultados práticos dos serviços e cumprimento dos objectivos de aprendizagem
por parte dos alunos;
• Afectação de uma equipa irregular de professores na transição de cada ano lectivo e com
um número de horas de funções na BE muito reduzido;
• Contribuição ainda insuficiente de articulação e colaboração com os outros docentes para
o desenvolvimento de competências que suportam as aprendizagens dos alunos e a construção
do conhecimento;
• O espaço cumpre a sua finalidade de disponibilização de recursos, não podendo ainda ser
considerado de forma evidente um local de aprendizagem e de construção do conhecimento;
• Disponibilização de um conjunto insuficiente de recursos de informação, em diferentes
suportes, não actualizada em algumas áreas, e, por vezes, em pouca quantidade e qualidade;
• Pesquisa elaboradas pelos alunos de forma pouco disciplinada.

Acções a implementar:

• Incutir junto dos professores a importância de motivar e consciencializar os alunos para a


utilidade e potencialidades do aproveitamento efectivo e adequado do espaço da BE na sua
aprendizagem e formação – gerir para o sucesso educativo;
• Participar activamente, como professora bibliotecária, no planeamento e implementação
do ensino orientado para os resultados;
• Articular com os departamentos, professores e alunos na planificação e desenvolvimento
de actividades educativas e de aprendizagem;
• Disponibilizar um conjunto de recursos de informação, em diferentes suportes, actualizada
em quantidade e qualidade adequadas às necessidades dos utentes;
• Sensibilizar a direcção para a importância e necessidade da afectação de uma equipa de
professores que assegure as rotinas inerentes à gestão, que articule e trabalhe com a escola,
professores e alunos;
• Contribuir de forma eficaz para que os alunos se tornem dotados de literacias da
informação mas que desenvolvam também capacidades críticas e demonstrem abertura ao
conhecimento;
• Valorizar o processo de gestão da BE, colocando-a no centro das aprendizagens e da
construção do conhecimento;
• Desenvolver estratégias de integração da BE na escola e no desenvolvimento curricular;
• Desenvolver estratégias de gestão baseadas na recolha sistemática de evidências;
• Aferir mais regularmente a eficácia dos serviços prestados, identificando sucessos e
insucessos que determinam a qualidade e eficiência dos serviços que prestamos;
• Aferir mais regularmente o impacto que temos nas atitudes, comportamentos e
competências dos nossos utilizadores;
• Disponibilizar ferramentas da Web 2.0, familiarizando os alunos com as mesmas, a usar
como um recurso que proporcionará uma maior autonomia e agrado no trabalho a realizar.

Texto construído com base em algumas ideias resultantes da leitura dos documentos:

A Biblioteca Escolar 2.0: novas funções para o professor bibliotecário;

Aprendizagem na Escola na Era da Informação: oportunidades, resultados e caminhos


possíveis.

A Biblioteca escolar: desafios e oportunidades no contexto da mudança.

Isabel Mª Cruz R. Soares Página 3


Formação: Práticas e Modelos Auto-
Avaliação das BE

Isabel Mª Cruz R. Soares Página 4

You might also like