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A AGUA PARA HEMODIÁLISE – UM BEM PRECIOSO

RENATO FINOTTI JUNIOR


Nefrologia HRMS – Novembro/2010

Yuan Lee, prêmio Nobel em Química (1986), disse: “A água é


esquisita. É um líquido, quando deveria ser um gás; expande quando deveria
contrair; e dissolve quase tudo que toca, se tiver tempo suficiente. No
entanto, sem a esquisitice da água, a Terra deveria ser mais uma bola de
gelo sem vida no espaço”.

A água para hemodiálise quando inadequadamente tratada, coloca em


risco a vida e a segurança do paciente. Para se ter uma idéia da magnitude
do problema, para um indivíduo normal, o padrão estabelecido para ingestão
de água são dois litros por dia ou 14 litros por semana. Além disso, a água
dentro do tubo digestivo de uma pessoa normal é separada do sangue por
uma membrana biológica altamente seletiva; o pouco de toxinas absorvidas
no tubo digestivo e que chega ao sangue pode ser eliminada através de rins
sadios.
Pacientes que fazem 3 sessões de hemodiálise de 4 horas por sessão,
estão expostos à aproximadamente 360 litros de água por semana, 25 vezes
mais que a exposição à água pela ingestão diária. Aproximadamente 20.000
até 30.000 litros de água tratada entram em contato anualmente com o
sangue do paciente através da membrana dialisadora. Durante uma
hemodiálise fluem aproximadamente de 120 a 180 litros de solução de
diálise através do dialisador, e esta solução de diálise é separada do sangue
por uma membrana muito fina e pouco seletiva.
A RDC nº 154, de 15 de junho de 2004 estabelece ausência de
coliforme total, o número máximo aceitável de bactérias heterotróficas de
200UFC/ml na água e de 2000UFC/ml no dialisato; para as endotoxinas, uma
concentração máxima aceitável de 2 EU/ml; portanto a análise
microbiológica e de endotoxina são necessárias para garantir ausência de
risco biológico.
A água fornecida pelo sistema de tratamento contém elementos
químicos inerentes e adquiridos durante o tratamento, portanto a presença
dos mesmos após o tratamento de osmose reversa pode ser um indicativo
da necessidade de realizar manutenção do equipamento.
Considerando a necessidade de redução de riscos aos quais fica
exposto o paciente portador de insuficiência renal crônica que realiza diálise,
a ANVISA estabeleceu o regulamento técnico para funcionamento dos
serviços de Diálise, a Resolução –RDC nº 154, de 15 de junho de 2004.
Os contaminantes químicos podem causar sérios agravos à saúde do
paciente, as substâncias consideradas tóxicas na hemodiálise estão listadas
no Quadro II da RDC nº 154/2004/Anvisa.
Portanto para definir as características e dimensionamento do sistema
de tratamento da água de uma unidade, torna-se necessário conhecer a
composição da água fornecida ao setor de Hemodiálise.
Logo no monitoramento deste serviço usaremos a Portaria
518/2004/MS, para avaliar a água que abastece a clínica, e a RDC nº
154/2004/ANVISA, para avaliar a água tratada que entrará em contato com o
organismo do paciente através do processo de hemodiálise.
Diversos são os métodos empregados para o tratamento de água
destinada a hemodiálise, sendo que a osmose reversa deve ser considerada
indispensável, diante da qualidade físico-químico e microbiológico que ela
oferece.

Sistemas conjugados, incluindo filtros mecânicos, deionizadores,


elementos de carvão ativado e, por fim o processo por osmose reversa, com
ou sem o uso de lâmpadas ultra-violeta e ozonização, parecem ser a conduta
mais adequada para o tratamento da água a ser utilizada em rotinas de
hemodiálise.

Filtro de Areia
É o primeiro estágio de pré-tratamento e tem por objetivo a remoção
de material particulado grosso presente na água de alimentação.

Abrandador

É o equipamento que remove principalmente cálcio, magnésio e outros


cátions polivalentes. Contém resinas que trocam sódio por cálcio e
magnésio.

Carvão Ativado

Tem a função de adsorção, retendo cloro, cloretos, cloraminas, e


substâncias orgânicas. São bastante porosos e têm alta afinidade por
matéria orgânica, retendo ácido húmico, fúlvico, etc.

Osmose Reversa

A osmose reversa propicia uma água extremamente “pura” do ponto de


vista físico, químico e bacteriológico. Retém entre 95 e 99% dos
contaminantes químicos., e praticamente todas as bactérias, fungos e vírus.

Portanto a vida se apóia no comportamento anormal da água que é uma


molécula simples e estranha que pode ser considerada o líquido da vida.

Renato Finotti Jr é Farmacêutico Industrial, responsável pelo


Tratamento de Água para Hemodiálise do HRMS e outros Centros.
“As falhas dos homens eternizam-se no bronze, as suas virtudes escrevemos
na água”.

William Shakespeare

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