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RESUMO
1. INTRODUÇÃO
No cenário atual no qual a maioria das empresas está operando é muito volátil e
imprevisível devido a fatores como: globalização, dos mercados, aumento da flutuação das
taxas de câmbio, mudanças tecnológicas, dentre outros. Estas condições de incertezas
requerem que os administradores tomem decisões dentro de um processo de análise que
agregue valor para os acionistas e minimize os riscos envolvidos nos projetos de
investimentos.
A avaliação de projetos de investimento geralmente envolve um conjunto de
métodos que buscam estabelecer parâmetros de sua viabilidade. Neste contexto, as
empresas usam, em geral, os métodos tradicionais de análise de projetos: as regras do Valor
Presente Líquido (VPL), da Taxa Interna de Retorno (TIR) e do Payback (Pb).
Deste modo, o objetivo deste trabalho é descrever e analisar a metodologia de
avaliação econômica de projetos de investimento desenvolvida por uma empresa de
mineração de ferro.
Ao realizar uma detalhada análise da metodologia são apresentados pontos de
passíveis melhorias, baseados em estudos que acadêmicos que consideram incertezas,
análise de riscos, opções e o valor da ação gerencial.
Este trabalho segue a seguinte estruturação: 1) Identificação do referencial
teórico; 2) identificação do referencial prático e identificação dos dados e informações
obtidas através de pesquisa “in loco”; 3) conclusão; 4) recomendações para futuros estudos;
e referências bibliográficas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
a – Períodos de payback
Assaf Neto (2003) afirma que o período de payback é um método bastante
generalizado na prática, consiste na determinação do tempo necessário para o que o valor
do investimento seja recuperado pelos benefícios incrementais líquidos de caixa (fluxo de
caixa) promovidos pelo investimento. Ou seja, é o período requerido para receber o capital
inicial investido.
Segundo Ross, et al (2002) com base na regra do período payback, um investimento
é considerado viável se seu período de payback calculado for menor do que algum número
predeterminado de anos.
O método do período de payback apresenta as seguintes desvantagens:
- ignora o valor do dinheiro no tempo;
- exige um período de corte arbitrário;
- ignora fluxos de caixa além da data de corte;
- têm um viés contra projetos de longo prazo, tais como os de pesquisa e
desenvolvimento e novos projetos.
Três argumentos podem ser utilizados como vantagens para o uso do método do
período de payback:
- é de fácil compreensão;
- leva em conta a incerteza de fluxos de caixa mais distantes;
- tem um viés em favor da liquidez.
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considerassem o valor do dinheiro no tempo. Isso levou ao surgimento das técnicas de
fluxo de caixa descontado (DCF). Uma dessas técnicas é o Valore Presente Líquido (VPL).
Segundo Gitman (2002) o VPL é obtido subtraindo-se o investimento inicial (I o) do
valor presente das entradas de caixa (FCt), descontada a uma taxa igual ao custo de capital
da empresa (k), conforme demonstrado no equação 1.
n FCt)
VPL = Σ ------------ - Io (1)
t=1 (1 + k) t
n FCt)
Σ ----------- - Io = 0 (2)
t=1 (1 + TIR) t
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- pode levar a decisões erradas na comparação de projetos de investimentos
mutuamente excludentes.
Este método apresenta as seguintes vantagens:
- está intimamente relacionada com o VPL, geralmente conduzindo à mesma
decisão;
- é fácil de ser compreendida e comunicada.
Segundo Assaf Neto (2003) na tomada de decisões de investimentos o risco pode ser
considerado de duas formas:
- explícita em seus fluxos de caixa esperados. Neste caso, a taxa de desconto
utilizada para a avaliação é considerada como sem risco;
- implícita: o risco pode ser inserido na taxa de desconto selecionada para análise
dos benefícios líquidos de caixa de um investimento. Neste caso, é adicionado à taxa de
juros um prêmio pelo risco assumido.
Destacaremos duas metodologias utilizadas para lidar com o risco de um projeto,
captando a variabilidade das entradas e dos VPLs, a análise de sensibilidade e a avaliação
de cenários.
a– Análise de sensibilidade
A análise de sensibilidade é uma metodologia comportamental de avaliação
do risco que revela em quanto o resultado econômico, medido pelo VPL, de um
investimento se modificará diante de alterações em variáveis estimadas dos fluxos
de caixa. Esta metodologia é útil para se ter uma noção da variabilidade do retorno
em resposta a mudanças na variável principal.
A análise de sensibilidade, também é muito útil na identificação de variáveis
cruciais que poderiam contribuir mais para o risco de investimentos. Também indica
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o quanto uma estimativa de uma variável pode ser ruim antes que o investimento se
torne inaceitável.
b– Avaliação de cenários
É uma metodologia comportamental similar a análise de sensibilidade,
porém de escopo mais abrangente. É usada para avaliar o impacto de várias circunstâncias
no retorno da empresa. Avalia o impacto, no retorno da empresa, de mudanças simultâneas
em inúmeras variáveis, tais como entradas de caixa, saídas de caixa e custo de capital,
resultantes de diferentes suposições a cerca de condições econômicas e competitivas. Esta
metodologia incorpora a distribuição de probabilidade no estudo da sensibilidade de um
projeto.
3. REFERENCIAL PRÁTICO
a– Sumário executivo
É a descrição racional do projeto. Consolida seus principais pontos, como:
- Definição clara do objetivo do projeto de investimento;
- Alinhamento estratégico;
- Identificação de novas oportunidades, problemas ou novas necessidades;
- Principais premissas sobre volumes, preços, custos e valor do projeto;
- Principais resultados e indicadores de desempenho.
b– Definição do grupo de decisão
- Grupo que irá decidir a continuidade ou não do projeto em todas as etapas de
validação, definição de prazos e objetivos e formação da equipe de trabalho.
Este grupo varia de nível hierárquico dependendo do valor total do projeto.
c– Formação da equipe de projeto
Grupo que criar alternativas do projeto, elaborar conceitos para
estabelecimento de premissas, pessoas-chave, ganhos esperados (custo, capacidade,
redução problemas ambientais, dentre outros).
d– Metas de desempenho
O valor do projeto será expresso em VPL do fluxo de caixa líquido
descontado a um custo médio ponderado de capital (WACC) de 12%, em função de
sua estrutura de capital.
e– Atividades da equipe de projetos
As principais atividades da equipe são:
Visita a área para conhecer o local e aspectos particulares do investimento;
Avaliar implicações relativas à segurança do trabalho e ao meio ambiente;
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Levantamento e coleta de dados técnicos;
Preparação de planilha;
Consolidação/ confirmação dos dados;
Conclusão da análise com fluxo de caixa, análise de viabilidade/sensibilidade,
contendo VPL, VPI, VPL/VPI e TIR;
Preparação de do relatório para apresentação ao grupo de decisão.
Preparação dos documentos necessários para aprovação do Conselho de
Administração ou Diretoria Executiva.
Conclusão do trabalho e arquivamento em pasta com cópias impressas das
análises, da apresentação e dos dados enviados por outras áreas.
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As tabelas 2 e 3 apresentam as premissas de cada alternativa respectivamente.
Tabela 2: Premissa Escavadeira elétrica
Com pra Escavadeira Elétrica
Vida útil anos 15
Investimento Pá Elétrica US$ 1000 15.000,00
Custo Energia Elétrica R$/Mw h 5,00
Custo Energia Elétrica US$/kw h 0,001
Rendimento kw /t 0,03
Valor Residual - 15 anos % 20%
Custos manutenção US$1000/ano 1.000,00
Outros Custos US$1000/ano 250,00
Produtividade t/hora 1.000,00
Disponibilidade % 95%
Fonte: Dados adaptados pelo autor (2007)
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Tabela 4 – Projeção do fluxo de caixa – Escavadeira elétrica
Fonte: Dados adaptados pelo autor (2007)
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Tabela 5 – Projeção do fluxo de caixa – Escavadeira diesel
Fonte: Dados adaptados pelo autor (2007)
A tabela 6 apresenta o resumo da análise dos fluxos de caixa das duas alternativas.
Pela análise dos fluxos de caixa sugeridos, percebe-se que a melhor opção é a
compra da escavadeira a diesel, pois apresenta um maior VPL, uma melhor TIR um
menor payback e um maior índice de rentabilidade.
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Itens de Análise do Fluxo de Caixa Opções de Escavadeira
Elétrica Diesel
d– Análise de sensibilidade
Nas figuras 1 e 2 abaixo, a linha horizontal é o caso base, ou seja, o VPL obtido
mantidas as premissas de projeção do fluxo de caixa. As barras verticais indicam a
sensibilidade do VPL para variação de mais, ou menos 10% em cada variável de
análise, listadas no eixo X. Percebe-se na análise de sensibilidade que os itens que
mais influenciam o resultado é o Preço de Venda, seguido do Volume (t) vendido;
Considera-se que o volume vendido é a capacidade operacional de ambos
equipamentos. Acréscimos de volume somente podem ser gerados mediante novos
investimentos, portando, a análise de sensibilidade prevê apenas o impacto da queda
do volume vendido, em -10%;
Itens como preço de venda e volume vendido afetam diretamente ambos os
resultados. No entanto, há de se ter cautela quando analisando os preços dos
insumos energéticos, Diesel e Energia Elétrica, bem como os valores de
investimento, uma vez que são variáveis independentes e sua variação pode
representar significativas vantagens de uma opção em relação à outra, podendo
inviabilizar o que, antes, se imaginava viável.
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Escavadeira ELÉTRICA
16.000
14.550 14.305
14.000
13.036 13.036
Caso Base
12.000 11.768
11.522
10.000 9.938
8.424
8.000
Preço Venda Volume Vendas Preço Energia Investimento
Elét
Escavadeira ELÉTRICA
VPL @ 12% (US$x1000)
18.000
17.648
16.000
14.550 14.305
14.000
13.036 13.036
Caso Base
12.000 11.768
11.522
10.000 9.938
8.424
8.000
Preço Venda Volume Vendas Preço Energia Investimento
Elét
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- Nos investimentos variações negociáveis com fornecedores poderiam inverter os
resultados.
A tabela 7 abaixo mostra variáveis e as variações que, mantidas as demais premissas,
inverteriam o resultado:
A tabela 8 abaixo demonstra, em cada linha, os resultados para cada opção, dada as
variações sugeridas acima.
Elétrica Diesel
VPL Índice de VPL Índice de
Variações nos Investimentos (US$ 1000) TIR Rentabilidade (US$ 1000) TIR Rentabilidade
Redução de 5,50% no
13.710 28% 2,0 13.710 31% 2,1
Investimento na Esc. Elétrica
Aumento de 6,77% no
13.037 26% 1,9 13.037 29% 2,0
Investimento na Esc. Diesel
Aumento de 4,00% no
13.037 26% 1,9 13.037 30% 2,1
Custo do Óleo Diesel
Legenda:
Situação Original
Variações na Opção a Diesel
Variações na Opção Elétrica
Tabela 8 – Resultados com as variações sugeridas.
Fonte: Dados adaptados pelo autor (2007)
f– Conclusão da análise
O resultado da análise das duas alternativas sugere que a melhor opção é investir na
aquisição da escavadeira a diesel.
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3.3 Análise crítica da metodologia
4. CONCLUSÃO
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Este artigo limitou-se a analisar a metodologia de uma empresa de mineração que
possui em outras unidades de negócio equipes que desempenham a mesma função,
como trabalhos futuros pode-se avaliar todo o universo desta empresa e estabelecer
uma metodologia que seja mais eficiente e única.
ABSTRACT
This paper shows and analyzes the investment evaluation method used by an iron ore
industry. We aim to identify the main methods used in the decision making by managers
and the application of these methods.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
_____ ; ____; JORDAN, B.D. Princípios de administração financeira. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2000.
RUNGE, Ian Charles. Mining economics and strategy . Litteton: SME, 1998.
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SOUZA, Petain Ávila de. Avaliação econômica de projetos de mineração: análise de
sensibilidade e análise de risco. Belo Horizonte: Ietec, 1995.
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