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“A motivação da maioria dos cientistas para

enfrentar o desafio do estudo da Natureza vem de


uma profunda fé na capacidade da razão humana de
poder entender o mundo à sua volta.”
Marcelo Gleiser
CAPÍTULO 3

DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A Bacia de Campos se estende por todo o litoral norte do Estado do Rio de Janeiro e
parte do litoral do Espírito Santo (Figura 3.1). A sua participação na história da
exploração de óleo no Brasil iniciou-se em 1974, quando se deu a descoberta de
petróleo na plataforma continental localizada dentro de seus limites. A partir daí, esta
região tem sido, ao longo dos anos, alvo de intensas pesquisas com o intuito principal de
exploração de petróleo e gás natural.

Escala aproximada 1:650000


Fig. 3.1 – Localização da área de estudo.

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A principal responsável pela exploração de óleo na Bacia de Campos, a Petrobrás,
realizou sua primeira extração na região em 1977. Hoje, há mais de 20 anos, as reservas
da Bacia representam 73% das reservas totais de petróleo e gás natural de todo o Brasil.
As áreas de exploração da Petrobrás localizadas na região Sul estão esquematizadas na
Figura 3.2 e a Figura 3.3 mostra em maior detalhe a região da Bacia de Campos.

Fig. 3.2 – Áreas de exploração de óleo e gás natural na plataforma


continental do sul do Brasil.
FONTE: Adaptada de Petrobrás (1999).

A exploração de petróleo na Bacia de Campos tem se desenvolvido, ao longo dos anos,


tanto em campos próximos da costa quanto em regiões do talude continental
consideradas águas profundas (entre 400 e 1000 m) e ultraprofundas (superior a 1000
m). Alguns dos campos de exploração de maior potencial da Bacia localizam-se em
águas profundas e ultraprofundas, como os campos de Albacora e Marlim. Estes campos
encontram-se em profundidades superiores a 500 m, sob o domínio da Corrente do
Brasil, a qual apresenta-se com fluxo médio em direção ao sul na área em questão.

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Fig. 3.3 – Detalhe das áreas de exploração de óleo e gás natural na região da
Bacia de Campos – RJ.
FONTE: Adaptada de Petrobrás (1999).

Uma característica peculiar desta região é a instabilidade de fluxo da Corrente do Brasil,


causada pela presença da elevação submarina de Abrolhos, mais ao norte, e pela
mudança de direção da borda do talude continental nas vizinhanças do Cabo de São
Tomé e de Cabo Frio. As instabilidades de fluxo da Corrente do Brasil presentes na
Bacia de Campos manifestam-se principalmente através de oscilações (meandros) do
ramo principal, ocorrendo assim a formação de vórtices com diâmetros da ordem de 50
a 200 km e com duração de semanas. No caso dos campos de Marlin e Albacora,
vórtices deste tipo podem acarretar em inversões na direção da corrente (assumindo
direção norte) e com velocidade de fluxo várias vezes mais intensa em relação ao
regime normal (Petrobrás, 1993).

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As diferentes direções e velocidades que a Corrente do Brasil pode assumir, devem ser
levadas em consideração nos processos de transporte e espalhamento de manchas de
óleo, uma vez que tais processos são afetados, em grande parte, pelas correntes e ventos
de superfície (Petrobrás, 1993).

Durante o processo de deriva de uma mancha, um número variável de compostos


químicos sofre intensa evaporação, sendo esta maior em regiões tropicais,
principalmente nas primeiras horas do derrame. Quando ocorrem grandes
derramamentos de óleo, como o ocorrido em janeiro de 2000 na Baia de Guanabara, a
evaporação é fator mais importante de depuração. Entretanto, a evaporação e dissolução
de alguns componentes deixam resíduos com propriedades que diferem do composto
original. Degradações químicas e biológicas podem resultar em resíduos semelhantes,
enquanto emulsões de água-óleo resultam em resíduos com propriedades
significativamente diferentes do óleo inicialmente derramado. Estas mudanças nas
propriedades do óleo influenciam nos processos de transporte e espalhamento das
manchas (Otto, 1973).

A Bacia de Campos hoje é a principal área de produção e extração de petróleo e seus


derivados no Brasil, com trinta plataformas responsáveis por toda a produção da região,
sendo 14 fixas e 16 flutuantes. Tais plataformas englobam 628 poços exploratórios e
537 poços de desenvolvimento que estão ligados a uma verdadeira teia de 1300 km de
dutos submarinos e 2500 km de linhas flexíveis (Petrobrás, 1999). Apesar de todo este
arsenal exploratório contribuir para o desenvolvimento do País, ele também representa
uma fonte potencial de poluição, afetando a qualidade de vida da população local e a
preservação dos ecossistemas da região, entre outros componentes.

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