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ARTIGO 7
EROSÃO
A erosão começa a processar-se pelo impacto das gotas de chuva e pelo fluxo
laminar difuso (ravinamento), antes que um curso dágua seja individualizado,
em razão do controle topográfico (coalescência do fluxo laminar), quando
então assume ação erosiva, pelo aprofundamento e alargamento de seu leito.
Uma área com cobertura de solo estará mais ou menos protegida pela
densidade e tipo da cobertura vegetal. Situações críticas podem configurar
proporções semelhantes às que abaixo se descreve:
- 60% da precipitação retorna à atmosfera por evaporação e transpiração
(evapotranspiração)
- 1 a 2% infiltra-se, contribuindo com o lençol freático
- 39 a 40% forma escoamento superficial; inicialmente em fluxo laminar, em
pequenas distâncias e produzindo a chamada erosão laminar, para,
posteriormente, formar correntes através canais bem definidos e exercer os
três processos geológicos: erosão, transporte e deposição.
Essa é uma situação possível para terrenos mal protegidos diante de fortes
chuvas, maiores do que a capacidade de absorção do terreno. A efetividade
das gotas de chuva e da erosão laminar na promoção do processo erosivo é
fortemente diminuída pela vegetação, mesmo nas áreas com cobertura de solo.
Na Região Oceânica, as serras que abrigam os rios Jacaré e João Mendes
ainda exibem partes consideráveis da Mata Atlântica, cujos efeitos positivos,
inibidores do processo erosivos, estão presentes com os seguintes benefícios,
justamente nos setores em que a erosão é mais acentuada:
• impede o impacto direto das gotas de chuva sobre a superfície do solo,
inibindo o fator iniciador do processo de desagregação. Essa proteção é
devida à copa das árvores, imbricadas e contíguas e à cobertura do solo
pelos restos vegetais. Também resulta dessa proteção um fluxo difuso
das águas, até que as calhas naturais sejam alcançadas, formando então
uma drenagem de águas transparentes, sem materiais em suspensão;
• o adensamento das árvores fazem com que o molhamento de suas copas
retardem a chegada ao solo da água das chuvas;
• retira por absorção e devolve à atmosfera, por evapo-transpriração,
parte da água infiltrada no solo, portanto, agindo contrariamente a sua
saturação;
• a camada superficial de solo é protegida pelo estabelecimento de um
estado coesivo, formado pela trama de raízes superficiais e
subsuperficiais. Esse aspecto é de relevante importância, na medida em
que a camada superficial de solo exerce papel fundamental na proteção
das camadas inferiores, de características de erodibilidade bem mais
acentuadas;
• nas situações vizinhas às encostas rochosas a mata funciona como
escudo protetor, barrando as quedas comuns de lascas e blocos de
rochas.
TRANSPORTE E DEPOSIÇÃO
Faz-se uma breve análise dos dados constantes das duas tabelas abaixo,
procurando caracterizar os materiais aluvionares depositados ao longo dos
cursos dos rios Jacaré e João Mendes, através dos gradientes médios de
seus cursos e dos correspondentes afluentes maiores, além de mostrar os
potenciais de inundação existentes.
As calhas centrais dos rios Jacaré e João Mendes exibem declividades médias
moderadas de seus cursos totais (4.0 e 2,3), ambas compondo um primeiro
trecho (alto curso) com declividades muito altas (10.5 e 6.3) e quebras
acentuadas para o segundo trecho (médio curso – 0.8 e 0.9). Prosseguindo,
ambos os rios exibem um terceiro trecho (baixo curso) com declividades
muito baixas (0,3 e 0.5). Isoladamente, estes dados configuram rios
caracteristicamente erodíveis em seus trechos iniciais competentes, passando,
bruscamente, para rios de deposição e capacidades crescentes no sentido de
jusante.