Ja

Ondina Ferreira e as coisas da razão

SEMANÁRIO GRATUITO
ANO I • N.º 20 • 3 Dezembro 2010
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA
PAICV tem de ir
para a oposição
A escritora, em grande entrevista dada ao Já, aborda questões
pertinentes e polémicas: a difícil relação dos intelectuais com a
política, a ação das mulheres, a sua passagem pelo governo, a
partidarite cabo-verdiana. Não foge a nenhum tópico, por mais
controverso que ele eventualmente seja. Para esta mulher de
Cultura, a Democracia é pedra de toque. E não tem dúvidas:
esta é a hora do PAICV ser retirado do governo. Ondina diz que
é a melhor solução para Cabo Verde. Centrais

Notas soltas

Parque Expo
negócio fumado?
Eugénio Veiga
deita fogo
IFH djunta mon com Parque Expo –
à ilha
casa para todos. Tem cobertura do
governo: é mais um negócio com
empresas ligadas ao PS de José
Sócrates. Há um problema: fortes
suspeitas de corrupção na empresa
portuguesa levaram alguns dos seus
do Vulcão
Inesperado mas explosivo: o autarca tambarina de
administradores a Tribunal. Já
conta os pormenores da crónica S. Filipe pretende escapulir para Mosteiros.
“queda” tambarina pelas coisas
pouco transparentes. Pág. 13 A pretensão cria erupções de raiva e a sua lava
estende-se sobre todas as áreas políticas. O PAICV
Bai-bai
está em polvorosa, culpabilizando José Maria Neves
devido o apoio que ele deu a Eugénio nas últimas
Nuno Delgado autárquicas. E o MpD deita achas para a fogueira,
campeão & solidário trazendo a lume o nepotismo e a corrupção
instalados na cidade grande de DjarFogo. Pág. 9

Isto vimos “Dificuldades” não a impediram de vir ao Congresso tambarina

Direção do Isecmar Bolseira “especial”

despedida por e-mail levou filha para os EUA
Luso-cabo-verdiano honrou com Reitor da Uni-CV deu uma de cabo- Maria José Barbosa Teixeira, amiga “muito especial” de JMN, ex-
os seus feitos desportivos as suas -verdura: despediu por e-mail a -deputada do PAICV, “bolseira de luxo” por despacho do primeiro
duas Pátrias. O judoca, retirado Direção do ISECMAR (S. Vicente). ministro, não é a “coitadinha” da estudante em dificuldades que o
dos tapetes devido a uma lesão Toda a gente apanhada de surpresa, líder tambarina, gaguejante e com os olhos no chão, descreveu à TCV.
que lhe encurtou a carreira, incluindo o Presidente, ausente em De outra forma não se explica que ela possa levar a filha para os
abraçou a causa da solidariedade missão. O reitor António Correia e Estados Unidos, como o fez, ou possa deslocar-se dos Estados Unidos
e criou uma Escola de Judo. Tem Silva espezinhou as regras de uma a Cabo Verde para participar no Congresso do seu partido. E enquan-
um sonho que quer concretizar – instituição universitária. E fala-se de to esta bolsa dá para tudo, há estudantes cabo-verdianos no
dar-lhe realidade também em vinganças pessoais. Pág. 12 estrangeiro em sérias dificuldades. Pág. 7
Cabo Verde. Pág. 20
2 • Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010
marco do correio
O Já reserva-se o direito de seleccionar e, eventualmente, reduzir os textos não solicitados,
A farsa do salário
mínimo
Tudo começou há cerca de duas
semanas atrás, com a divulgação de
um ESTUDO que apontava não um
salário mínimo, mas para vários a
serem aplicados em setores
diferentes da economia. Não deixou
de ser um começo estranho, esta
DIFERENCIAÇÃO na procura de
valor a ser fixado como o menor
para que uma pessoa possa ter
condições de vida minimamente
dignas. Não se consegue perceber
como é que uma empregada
doméstica atinge esse patamar
mínimo com 10.000$00 e, para
quem trabalha no comércio, o valor
proposto seja de 12.000$00. Se
formos à procura das
especificidades de cada profissão
(como por exemplo: a empregada
doméstica faz refeições no trabalho,
por isso deve ganhar menos!)
encontraremos imensos salários
mínimos (quem trabalha no
Comércio pode ganhar mais por
objetivos, por horas extras, etc e
tal). Portanto devemos focar nossas
preocupações NAS PESSOAS e nas
suas NECESSIDADES BÁSICAS e
não nos setores onde desenvolvem
suas atividades.
Por isso, a questão da fixação e
implementação do Salário Mínimo
deve ser acompanhada de reformas
abrangentes por forma a garantir os
efeitos positivos que se espera e
prevenir os negativos que possa
originar, se aplicado de forma
ATABALHOADA. E de forma
correta, o MpD apontou para um
Sistema do Salário Mínimo, por se
tratar de um processo amplo e
complexo.
As preocupações e desconfiança em
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As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto.
nem se prestará informação postal sobre eles.
relação ao que o Governo se
propunha fazer quanto a este
assunto logo afloraram. Primeiro,
por estarmos em vésperas de
eleições (e este governo já
demonstrou não olhar a meios para
se manter no poder!); segundo, por
ter sido anunciado
REPENTINAMENTE um
estudo/proposta como uma solução
mágica; e, terceiro, pelas
MENTIRAS (apesar de já nos
termos habituado a isso!) que
rodearam a NOVA POSTURA do
governo em relação ao assunto.
Um governo que SE OPÔS
FEROZMENTE a todas as
iniciativas da Oposição sobre o
salário mínimo, tentava agora
aparecer como o grande criador e
defensor do mesmo!! Uma vez que
este governo é useiro e vezeiro na
mais pura DEMAGOCIA e pouco
dado às questões da Economia, não
deveríamos colocar de lado a
possibilidade de fixar qualquer
valor para o salário mínimo, nos
mesmos moldes que “construiu”
numerosas cidades por decreto, de
dia para noite.
Após a reunião do Conselho de
Concertação Social, ficámos a saber
que o tão propalado estudo não
considerou os IMPACTOS que a
implementação dos salários
mínimos propostos, teriam na
economia do País. Perante esta
situação, a reunião, desde o
momento que foi convocada, estava
CONDENADA AO FRACASSO.
Um Governo que gasta milhares
de contos a se auto-elogiar, a
enganar as pessoas com
barragens que não construiu, veio
muito calmamente ANUNCIAR O
FRACASSO num assunto tão
importante e sensível para os
Cabo-verdianos??? Mesmo que o
20 000 exemplares!
anúncio tenha tido o cuidado de
apontar os CULPADOS (o
Conselho e não o governo!!) seria
muito pouco dentro do
comportamento falacioso a que já
nos habituou. Não foi preciso muito
esforço para entendermos que
estávamos perante A FARSA DO
SALÁRIO MINIMO.
A realização do reunião do
Conselho de Concertação Social,
para a qual o governo nada
contribuiu, e que sabia desde o
início estar condenada ao
fracasso, teve como objetivo único
BRANQUEAR o desinteresse que
sempre mostrou pela criação e
implementação do salário
mínimo. E não teve pejo em
FINGIR e enganar as pessoas
(criando FALSAS
EXPETATIVAS sobre melhoria
de rendimentos das famílias, que
sabia estarem CONDENADAS
porque o tal estudo estava
incompleto), como também USOU
e LUDIBRIOU o próprio
Conselho de Concertação Social.
Mais uma vez, PRETERIU OS
INTERESSES NACIONAIS e
PRIORIZOU OS DO PAICV sem
quaisquer escrúpulos, porque sabe
que será penalizado nas urnas pelo
DESINTERESSE que vem
demonstrando pela VIDA DAS
PESSOAS. Aliás, desinteresse esse
provado pelo próprio Governo que,
quando confrontado com a
QUALIDADE DE VIDA DAS
PESSOAS, responde com as
famosas “Obras” realizadas por
empresas camaradas e
NEGOCIADAS ÀS
ESCONDIDAS, comemoradas em
altas jantaradas e almoçaradas com
muitas “Comessões e Bebessões”.
Djosa Neves
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Administração e Redação:
Largo Eusébio da Silva Ferreira,
Achada de Santo António, Cidade da Praia,
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669
editorial
Vlademiro
Osvaldo Marçal
semanarioja@gmail.com
Gatas apressadas
D
izem os portugueses que “as gatas apressadas têm os filhos
cegos”. Jorge Carlos Fonseca, Zona, ao assumir, no
passado fim de semana, a sua previsível vontade de se
candidatar à Presidência da República terá cometido o “pecado”
emergente do rifão em uso naquele país que ele bem conhece. De
facto: não havia (ainda) necessidade, foi politicamente prematuro e
precipitou, no campo democrático, uma questão que está fora da
ordem do dia. Ele lá saberá as linhas com que se cose. Mas…
É certo que, nos termos constitucionais, a candidatura ao Palácio do
Plateau é proposição pessoal, à margem das circunstâncias
partidárias. No entanto, no quadro de um certo tribalismo partidário
entre nós vigente, nenhuma candidatura deste tipo será viável senão
for enquadrada (ou enquadrável) na lógica bipolar em que funciona
a sociedade cabo-verdiana. Ora, apesar de no anúncio público da
candidatura de Zona se apresentarem algumas figuras de destaque
da “tribo ventoinha” – casos de Ulisses Correia e Silva, Orlando
Dias ou Mário Fernandes –, tal não altera a decisão oficial do MpD:
recusar colocar o tópico presidencial na sua agenda imediata. Para o
partido liderado por Carlos Veiga convém assistir à conflitualidade
neste momento instalada no campo tambarina, onde o clã se
digladia para ver qual dos três barões (Manuel Inocêncio de Sousa,
David Hopffer Almada ou Aristides Lima) se chega à linha da
frente e onde José Maria Neves acumula erros no aparente afã de
fazer vingar sobre os demais pretendentes os anseios do seu “ai
jesus” Inocêncio, sem que ele mesmo em absoluto recuse a sua
própria candidatura.
A menos que, inesperadamente, JCF tenha investido o seu inegável
capital político numa disputa dentro do espaço já ocupado pelo trio
Inocêncio-Hopffer-Aristides (o que não é credível), Zona cometeu
grave erro tático: querendo forçar o MpD a pronunciar-se sobre a
questão presidencial a mais de oito meses dessa ida às urnas,
coloca-se fora do tempo ventoinha e, portanto, contra a sua
estratégia e contra ele. Ou seja, Fonseca deu um passo que apenas
reforça anti-corpos eventualmente ali existentes contra a sua
candidatura.
Até ao último fim de semana, JCF podia movimentar-se com à-
vontade, procurando ocupar espaços oficialmente libertos pelo
MpD. Tendo paciência, persistência e pertinência, iria ganhando
posições que lhe garantiriam vantagens quando fosse dado o tiro de
partido. Forçando a barra, ou obriga o partido de Veiga a fechar-lhe
a porta (o que pode muito bem não acontecer), para não se envolver
numa querela que ainda não quer, e/ou corre o risco de ele mesmo
se colocar fora deste partido, forçando-o a, no tempo próprio,
procurar alternativa que o não deixe a reboque de estratégia alheia.
A menos que Fonseca tenha decidido apresentar-se nestas eleições
contra os partidos (é uma possibilidade), não faz ainda sentido a
decisão por ele tomada. Verdade é também que é cedo, muito cedo,
para que se ponderarem todas as potenciais negatividades ou
potenciais virtudes desta candidatura a destempo que, para já,
apenas serviu para observar que há personalidades (Arménio Vieira,
Valentinous Velhinho, Geraldo Almeida…) que aparentemente já se
colocam fora da órbita PAICV.

Telefone: (00238) 2623817
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Tiragem: 20.000 exemplares

na rota dos dias
Mal-estar na PJ
Investigadores
dão ultimato
ao governo
Greve de zelo na Polícia Judiciária (PJ) pode ser forma de luta a que os elementos daquela
instituição podem recorrer para ver resolvido um conjunto de reivindicações em cima da
mesa da Direção da PJ. Em causa estão o atraso no processo de promoção, a transição para
o novo estatuto e o não pagamento dos retroativos referentes às progressões decorridos
sete meses da sua publicação
E
m declarações ao Já, o presi-
dente de Associação Sindical
dos Funcionários de Investi-
gação e de Apoio a Investigação Cri-
minal da Polícia Judiciária – ASFIC-
PJ, José Luís Gonçalves, fez saber que
a corporação está cansada de tanto
esperar pelas “sucessivas promessas”
e “falta de vontade política do
Governo” na resolução dos problemas
que os afligem. “São tantas as imper-
feições e erros administrativos come-
tidos no processo de progressão/pro-
moção e transição para o novo estatu-
to que têm prejudicado sobremaneira
a carreira dos elementos da PJ.
Sobretudo, os da investigação crimi-
nal. Só para se ter uma ideia, existem
colegas nossos com mais de 12 anos
de serviço e que nunca beneficiaram
de nenhuma progressão”, assevera
José Gonçalves, deixando aberta a
possibilidade da ASFIC-PJ partir para
outra forma de luta, que pode passar
por greve de zelo dos investigadores
da PJ.
Estatuto impregnado de
injustiça
O novo estatuto, em vigor há dois
anos, veio, segundo aquele responsá-
vel associativo, complicar a vida aos
homens e mulheres que pretendem
fazer carreira de investigadores na PJ.
Com o atual estatuto quem, por exem-
plo, quiser fazer carreira de investi-
gação criminal tem que permanecer
13 anos na classe de inspetores. Só
transita para inspetor-geral mediante
concurso interno, caso haja vagas. A
partir daí e, uma vez classificado, o
investigador criminal tem que esperar
mais 13 anos para transitar para a ca-
tegoria de coordenador, desde que
preencha os seguintes requisitos: ter
licenciatura e 26 anos de serviço. O
que significa, desde logo, que quando
atingir a categoria de coordenador de
Nível I, esse elemento já está pratica-
mente na reforma. Tudo porque o pes-
soal de investigação criminal da PJ
goza de 20 por cento na contagem do
tempo de serviço para a reforma. Isto
significa, no fundo, que com o estatu-
to atual, ninguém jamais na PJ con-
segue atingir o topo da carreira de
investigação criminal.
Por estas e outras razões, Gonçalves
defende a revisão deste diploma legal
nos próximos tempos, pois acha que
não se adequa à nova realidade da
investigação criminal, sobretudo do
ponto de vista de incentivos à carreira.
“Processo de progressão é
ilegal”
Deste modo, e face às “ilegalidades”
da direção da PJ na análise e organiza-
ção dos processos de progressão/pro-
moção que afetam fortemente o espíri-
to anímico dos investigadores crimi-
nais, a ASFIC.PJ exige, de forma
incondicional, a promoção imediata
de todos os elementos com direito
adquirido, aprovação de uma grelha
salarial em ordem a ajustar às novas
exigências estatutárias e o pagamento
de retroativos relativos às progressões,
que foram feitas de forma atabalhoa-
da. De acordo com José Gonçalves, o
novo estatuto extingue as progressões
e a carreira de agentes, e cria a figura
de inspetor para o início da carreira de
investigação criminal. Assim, agora
para se entrar na PJ, exige-se licen-
ciatura. Mas, neste momento, o que
acontece é que os novos inspetores da
PJ ganham menos que os licenciados
da administração pública. Daí que
ASFIC-PJ exija ao governo de JMN
que reponha os salários desses investi-
gadores, já que a tabela salarial da PJ
é diferente daquela que se pratica na
função pública, pois esta goza da
autonomia administrativa e financeira.
A situação por que passam os investi-
gadores da PJ repercute-se na sua pro-
dutividade. “O clima de desânimo e
descontentamento na PJ é generaliza-
do em todas as categorias. Neste
momento, ninguém acredita na boa
vontade da Direção Nacional da PJ em
resolver a situação”, lê-se em nota de
imprensa enviada à comunicação
social, onde se chama a atenção das
autoridades competentes para a que-
Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • 3
bra de produtividade a nível nacional.
Aliás, José Gonçalves desafia a
Direção Nacional da PJ a divulgar as
estatísticas da resolução dos processos
dos últimos três anos. Ou seja, o que
aquele responsável pretende provar é
que a quebra de produtividade dos
investigadores se deve essencialmente
à falta de motivação decorrente da
ausência de incentivos salariais e
outros.
Quem quiser fazer carreira
de investigação criminal
tem de permanecer 13
anos na classe de
inspetores. Só transita para
inspetor-geral mediante
concurso interno, caso haja
vagas. A partir daí, uma vez
classificado, o investigador
tem de esperar mais 13
anos para transitar para a
categoria de coordenador,
desde que tenha
licenciatura e 26 anos de
serviço. Quando atingir a
categoria de coordenador
de Nível I, esse elemento já
está praticamente na
José Luís Gonçalves
reforma
Uma polícia sem ânimo
A propaganda diz que a PJ é instituição modelo, bem equipada e com agentes motivados. Apresentam-se números para
justificar a alegada eficácia da Policia Judiciária. Fora do mundo da propaganda, a realidade é outra. Quem o diz são
os funcionários da PJ através da sua associação de classe, a ASFIC, em memorando à Direção Nacional da PJ. Porque
os agentes “estão desmotivados e o clima de desânimo está generalizado”, “há quebra considerável de produção a nível
nacional. Facto que pode ser constatado através das estatísticas de mobilidade processual fazendo comparação com os
últimos três anos”. Os larápios estão contentes: falta de produção numa polícia significa “fizeram-se menos diligên-
cias, prenderam-se menos bandidos, houve menos combate à criminalidade”.
Enquanto isto, a propaganda encomenda mais um spot na TCV para fantasiar e mostrar os agentes bem pagos e moti-
vados.
4 • Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010

sem perdão Munições apreendidas no Porto da Praia Cerca de 1525

munições 24 pacotes de enxofre foram encontrados numa operação de rotina em três bidões,
no Porto da Praia, no passado dia 25 de Novembro. Segundo conseguimos apurar, a mercadoria
encontrava-se no porto desde o passado mês de Setembro, proveniente de Lisboa. O caso já foi
entregue às autoridades policiais.

Fim-de-semana sangrento na Praia

Homicídios e suicídio mancham capital

Os dois indivíduos acusados de terem provocado a morte de um condutor de Hiace, no passado fim-de-semana, na Vila Nova, Praia, estão neste momento na
Cadeia de S. Martinho, onde vão aguardar julgamento. O mesmo aconteceu com os assassinos confessos no Sucupira e em S. Pedro

S
egundo testemunhos, o condutor
do Toyota Hiace, João Ribeiro
Monteiro, de 34 anos e natural
dos Picos, foi apedrejado por um grupo
de três jovens que, alegadamente, se
terão recusado a pagar a viagem dos
Picos até Vila Nova, na Praia. A vítima
desceu do carro para fazer a cobrança e
foi agredido por trás por um desses
meliantes, conta-se. O condutor veio a
falecer três dias depois, após interna-
mento no Hospital da Praia, com trau-
matismo craniano.
Quando tomaram conhecimento do
ocorrido, vários hiacistas percorreram
as ruas da capital em sinal de protesto
contra a falta de segurança no trabalho.
Os três jovens acusados de praticar
este crime têm entre os 16 e os 36
anos.
Senegalês morto no
Sucupira
Senegaleses à porta do Tribunal
O fim-de-semana na Praia foi
PUB
particularmente sangrento com
vários homicídios e um suicídio.
Na manhã de domingo, um sene-
galês foi atingido na cabeça à
queima-roupa, por volta das 7
horas da manhã, por indivíduos
que supostamente o queriam
assaltar. O autor do crime (con-
hecido por Dj) e os dois co-autores
já confessaram e estavam a ser
ouvidos pelo juiz no Tribunal da
Comarca da Praia, à hora do fecho
desta edição.
Ajuste de contas em
S. Pedro
Um dia antes, Paulino da Rosa, 20
anos, ex-recluso, encontrou a
morte na localidade de S. Pedro,
quando foi surpreendido por um
indivíduo que disparou uma arma
(boka-bedju) também à queima-
roupa. Um ajuste de contas poderá
estar na base dessa morte, contou a
irmã a uma estação de televisão. O
autor do disparo é conhecido pela
polícia por Ká e encontra-se deti-
do.
De referir que todas essas oper-
ações estiveram a cargo da Brigada
Anti-Crime (BAC) e Brigadas de
Investigação Criminal (BIC) co-
mandadas por José Gabriel Duarte,
da Esquadra de Eugénio Lima.
Jovem suicida-se perto
do HAN
No domingo à noite, um suicídio.
Um jovem que se encontravam
num quiosque perto do Hospital
Agostinho Neto, disse às pessoas
que ali se encontrava que ia se
matar. Ninguém levou a sério.
Correu pela estrada que dá acesso
a Lém Ferreira e voou no precipí-
cio caindo na marginal da Praia.
Para já desconhece-se o que terá
levado o jovem ao tresloucdo ato.

sem perdão
Família de Evanildo sente-se envergonhada
“Monstro” de S. Domingos
espancado na cadeia
O que levou o Monstro de S. Domingos a cometer os hediondos crimes que chocaram a sociedade cabo-verdiana? Como se pode
chegar a tamanha selvajaria? A reportagem de Já, tentando perceber, deslocou-se a S. Domingos para ouvir os seus familiares
e soube que o ex-fuzileiro Evanildo foi visitado no cárcere de S. Martinho Pequeno, onde se encontra, por elementos do BAC
que selvaticamente o espancaram
“
N
ão sei o que aconteceu com
aquele menino que vi cres-
cer”. Dona Francisca, a
avó do ex-fuzileiro, confesso autor do
assassínio de uma jovem em São Do-
mingos, Carla Patrícia, 21 anos, apa-
rentemente violada, morta e queimada,
cujo cadáver, desnudado, foi abando-
nado num caminho vicinal onde seria
retalhado por animais, não encontra ex-
plicações para tanta barbárie.
Falando à reportagem do Já dentro da
sua casa humilde, mas limpa e bem
arrumada, D. Francisca olha no vazio,
como que para aencontrar resposta aos
fantasmas que a atormentam. Procura
no passado, também reconhecidamente
criminoso do neto, Evanildo, 22 anos,
explicações incongruentes, tentando
desculpar a bestialidade do seu mons-
truoso ato.
“Se, quando ele violou, no ano passado,
a menina de 14 anos, também da Cha-
miné, a justiça tivesse sido feita e ele
não tivesse ficado em liberdade, pro-
vavelmente poderia ter recuperado des-
sa queda para o crime e, hoje, não es-
taríamos na situação em que estamos”.
O rosto de D. Francisca está triste, ma-
goado. Para ela não há dúvida: a Jus-
tiça, pela sua omissão, é cúmplice do
criminoso desvario do neto. Não o des-
culpabiliza, mas considera que ele não
é o único culpado pelos chocantes
acontecimentos de S. Domingos.
D. Francisca é uma senhora de 69 anos
e, como faz questão de o salientar, com
uma vida de canseiras - trabalho e difi-
culdades - para criar seis filhos, três ra-
pazes e três raparigas. Sublinha, com ar
convicto, que até aos dias de hoje nun-
ca teve problemas com a Justiça. Nem
ela nem a família, até há uma semana.
Veio alterado do serviço
militar
“Não sei o que aconteceu com aquele
menino que vi crescer”, repete D. Fran-
cisca, abanando a cabeça. A frase, insis-
tentemente repetida e dita em tom
amargurado, surge como lenitivo para a
dor e vergonha que hoje a fazem sofrer.
“Quando Evanildo regressou a casa de-
pois de fazer o serviço militar, em S.
Vicente, já não era o mesmo menino
que eu criei. Tentava falar com ele, sa-
ber o que o atormentava, mas respondia
que já era grande e sabia o que fazia”.
A vida no quartel, as eventuais más
companhias poderá ter sido, a seus
olhos, possíveis explicações para a
mudança que viu acontecer no neto.
“Até aos 18 anos, era bem comportado:
podíamos mandá-lo fazer o que quer
que fosse, ele nunca discutia. Fazia os
trabalhos sem regatear. Até ajudava os
vizinhos a cavar fossas só pelo prazer
de ajudar. Em casa, nunca lhe faltaram
as refeições, eu mesma lhe dei um
quarto e comprei-lhe uma cama e um
colchão. Agora, depois de ser preso,
acusado de matar aquela menina tão
boazinha, que até ajudava o padre na
missa, tem uma família coberta de ver-
gonha”, diz D. Francisca, com as lágri-
mas a correrem-lhe no rosto.
“Deram-lhe tanta pancada
que até teve hemorragia
no sexo”
Numa terra sem lei nem roque onde a
violência vai brotando como barbiaca
em txon baldio, D. Francisca queixa-se
das horas amargas que batem agora no
relógio da sua vida honrada. E, entre
lágrimas, denuncia aquele que terá sido
mais um ato despótico de violência
policial – mais um, num Estado que se
quer democrático e de Direito - de que
o neto terá sido vítima na cadeia – tão
bárbaro como o crime de que Evanildo
é acusado.
D. Francisca conta-nos que, benefi-
ciando de grande liberdade de movi-
mentos (e cumplicidades, pois, a fazer
fé no que ela relata, não é normal polí-
cias invadirem prisões para agredir
detidos que ali se encontram, para mais
sem estarem munidos de qualquer
mandado do Tribunal), elementos do
Brigada Anti-Crime (BAC) terão entra-
do na prisão de São Martinho e agredi-
do Evanildo de forma selvática, visan-
do especialmente as suas “partes
baixas”
“Foram lá, à prisão, e deram-lhe tanta
pancada que ele teve uma hemorragia
no sexo e está todo partido. Já não sei o
que fazer”, lamenta-se a velha senhora,
falando à nossa reportagem no regresso
do hospital onde fora ver o neto. Tudo
isto a magoa.
A ser verdade o que D. Francisca rela-
ta, trata-se de mais um caso que o
Ministério Público deverá necessaria-
mente investigar, se quiser honrar a
missão que lhe cabe. Num Estado de
Direito democrático, num país civiliza-
do, até o maior dos “monstros” tem
direitos, necessariamente salvaguarda-
dos por mais repugnante seja o crime
de que é acusado. E é este o caso. O
respeito pelos direitos humanos é a
fronteira que separa a Lei da barbárie,
não se permitindo às polícias que se
coloquem ao mesmo nível dos crimi-
nosos.
Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • 5
Forças
especiais
votadas ao
abandono
Há enorme contradição
entre os objetivos
propostos pelo Ministério
da Defesa, no tocante ao
combate ao narcotráfico, e
os meios postos à
disposição das forças
especiais para o fazer.
É inconcebível que as
equipas multi-operacionais
participem em ações com
forças estrangeiras no alto
mar usando equipamentos
obsoletos que hoje
nenhuma tropa especial
utiliza
T As forças especiais cabo-ver-
dianas não têm botas anti-derra-
pantes, necessárias a quem faz aborda-
gens em alto mar: há óleo nos navios e,
portanto, o risco de derrapagens.
Os meios de comunicação ainda são os
velhos walky-talky, o que implica ter
uma mão ocupada durante a operação;
as forças estrangeiras têm a comuni-
cação acoplada ao capacete, mantendo
as mãos livres.
Não há lanternas acopladas nas armas
e os coletes são insuflados manual-
mente, o que significa que se os
agentes forem atingidos e caírem ao
mar inconscientes, com o peso do
equipamento irão ao fundo sem poder
insuflar o colete.
As tropas especiais estrangeiras fazem
tiro de treino em plataformas flutu-
antes todos os dias. As cabo-verdianas
ficam um ano sem fazer treino de tiro.
Os operacionais cabo-verdianos não
têm seguro de vida e, em vez dos 900
escudos diários de ajudas de custo,
recebem 380 escudos.
Em declarações ao Já, um elemento
destas forças especiais lamentou-se:
“É com alguma pena que ouvimos o
Embaixador inglês louvar-nos pelo
êxito da nossa primeira operação, jun-
tamente com a Marinha Real britânica,
usando os meios de que dispomos, e
depois ouvirmos o elogio ao engaja-
mento de Cabo Verde na luta anti-
droga em alto mar. Nem dá para acre-
ditar”.
6 • Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010
cá se fazem
E vão quatro candidatos…
Zona assume Presidência
J
orge Carlos Fonseca assumiu,
sem titubeio, que é candidato às
Presidenciais de 2011. Fê-lo, no
sábado, diante plateia com quase 300
pessoas (entre as quais algumas fi-
guras ilustres da sociedade praiense e
de sensibilidades políticas diferentes),
no novo espaço da Expo Arte, em
Achada Grande.
“Zona”, como também é conhecido,
fez o diagnóstico do País e vê nele um
futuro nada risonho: “o País está obri-
gado a ter crescimento económico,
com aumento do emprego capaz de
propiciar efetiva melhoria de vida dos
cabo-verdianos e sustentar uma
necessária e aceitável redução das
desigualdades sociais e das assime-
trias regionais”. Para Jorge Carlos
Fonseca, passados 35 anos da inde-
pendência, Cabo Verde precisa de não
se limitar a fazer “coisas bonitas”, a
satisfazer-se com posições “honrosas”
em rankings mundiais ou regionais
africanos, mas de dar “o salto qualita-
tivo”, que se traduza em condições
económicas, sociais e culturais que
propiciem efetiva melhoria da quali-
dade de vida de suas gentes.
Para ele, é preciso assegurar que se
concretizem os lindos e exigentes
propósitos constitucionais de “realiza-
ção da democracia económica, políti-
ca, social e cultural e a construção de
uma sociedade livre, justa e
solidária”. Por isso, ele está aí para as
curvas. Porque, quem o conhece bem
sabe que JCF não será um Presidente
intruso nem um presidente omisso ou
notícias do jet-set
ausente.
“Serei um PR que, em primeira linha,
garante o cumprimento da Consti-
tuição e favorece a sua efetiva realiza-
ção; um PR que estará na linha de
frente da luta pela afirmação cons-
tante de uma sociedade e de um
Estado fundados nas liberdades e que
tudo fará, em articulação e no respeito
pelas competências dos demais órgãos
do poder político, por que se realize,
de forma progressiva mas efetiva, o
princípio de igualdade de oportu-
nidades entre ilhas, regiões e conce-
lhos”, disse Zona.
E, mais importante ainda, concluiu
Zona, em qualquer circunstancialismo
político, seja qual for o quadro políti-
co resultante de eleições livres e da
vontade popular, JCF-Presidente nor-
tear-se-á invariavelmente pelo seu
papel de árbitro e moderador do sis-
tema político no seu todo e se pautará
inequivocamente por critérios de
equilíbrio e isenção e obediência à
legalidade.

sem tirar nem pôr
O estranho caso da bolsa para ex-deputada
“Dificuldades” não impediram Neves continua
“amiga especial”de vir a “vender ilusões”
ao Congresso do PAICV
Diante dos ecrãs da televisão, José Maria Neves explicou que a bolsa de estudo para a ex-deputada
“especial” é “ajuda a pessoa com dificuldades”. Dificuldades tantas que a não impediram de vir
dos Estados Unidos ao Congresso do PAICV decorrido em Janeiro deste ano como se vê na foto
A
panhado com a boca na botija,
José Maria Neves “espremeu-
se”, comprometido, para
inventar explicação para o espantoso
caso da “bolsa de estudo”, no valor de
10.270 dólares, por ele mesmo conce-
dida à ex-deputada do PAICV, Maria
José Barbosa Teixeira. Questionado
pela TCV (alguma vez a caixa de
ressonância governamental faria coisa
de útil), foi um José Maria Neves
atarantado, sacando respostas esfarra-
padas, que se viu nos ecrãs. E afundan-
do-se mais e mais na lama da sem-ver-
gonha.
Na verdade, não há explicações
plausíveis para isto. Sabe-o bem José
Maria Neves e sabem-no todos, que a
“coisa” cochicha-se por aí com condi-
mentados pormenores. Procurando
uma tábua de salvação, gaguejante e de
olhos em baixo, Neves acusa quem
levantou esta questão de “politizar”
“questões pessoais”. Aqui, finalmente
e a contra-gosto, fugiu-lhe a boca para
a verdade: “questões pessoais”, mas
não exatamente aquelas com as quais
se quis escudar. O que não se percebe é
que tenha de ser o erário público” (a
bolsa dos cidadãos) a custiar (vá lá,
adote-se a asneirada da ex-deputada,
que os linguistas do PAICV de certeza
tentarão integrar em próximo acordo
ortográfico lusófono para salvar a
“honra do convento”) tais “questões”
ou “casos pessoais”.
O que disse José Maria Neves à TCV?
Que o governo ("nós”, sic) tem “ajuda-
do dezenas de estudantes". Já não são
os milhares de que fala a propaganda
mentirosa pespegada em outdoors
mandados implantar pelo governo
PAICV nas ruas de Cabo Verde: vá lá,
baixaram para dezenas. Aperte-se-lhe
o rabo e a verdade-verdadinha solta-se
Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • 7
Salário Mínimo Nacional
A discussão em torno do Salário Mínimo Nacional
(SMN) veio demonstrar mais uma vez que José Maria
Neves é chefe de “um governo de gestão de
expetativas” e “vendedor de ilusões”, diz o MpD
E m conferência de imprensa, 10.000$00 e de 8.000$00 para as
das bocas. -se a Cabo Verde para participar no esta semana, Eurico Mon- empregadas domésticas, salário
E disse mais: que esta insólita bolsa Congresso do PAICV, como se com- teiro, acusou o primeiro-ministro, que sofrerá ainda um desconto
para frequentar nos Estados Unidos um prova em fotografias existentes! Não por um lado, de apresentar uma pela alimentação que recebem”,
curso que se leciona em Cabo Verde há dúvida: pelo que se pode ver, imagem de um país “luminoso e observou.
(Psicologia), mandando-se assim para trata-se mesmo de pessoa em “difi- colorido”, para logo de seguida O MpD estranha que agora venha
o caixote do lixo regra criada pelo culdades”, tantas que até se justifica “oferecer, de forma abruta, a reali- o governo falar na necessidade de
governo do próprio José Maria Neves que esta “bolsa de favor” se pro- dade cinzenta de todos os dias”. mais estudos sobre esta temática,
com o propósito de diminuir o longue (e Já pode prová-lo) há dois Ou seja, JMN “começa a ser espe- assunto que desde há muito o
número de bolsas concedidas a estu- anos. cialista de venda de ilusões, mas MpD havia alertado para a neces-
dantes cabo-verdianos no estrangeiro, Ensarilhado com casos como estes, cobra um preço demasiado caro sidade de ser trabalhado fora do
"tem a ver com pessoas com dificul- que põem a descoberto o nepotismo pelo seu produto”. quadro eleitoral, evitando apro-
dades". Tem graça! uma (ex)deputada do sistema PAICV, José Maria Neves As declarações de “Dico” foram veitamento político como desejou
do PAICV travestida de “pessoa com tropeça e estatela-se. Não diz coisa feitas a propósito do recuo do o Paicv.
dificuldades”… É caso para sugerir com coisa. Convirá aconselhá-lo a ir governo do Paicv em matéria de Recorde-se que o Salário Mínimo
aos “representantes desta Nação” de ao psicólogo… ou à psicóloga. SMN. O governo recuou em sede Nacional tem sido defendido pelo
alegado Desenvolvimento Médio que Talvez isso o ajude. da Concertação Social e demon- MpD, com maior incidência,
acorram a pedir strou-se “hesitante, ambíguo e desde 2007. Nessa altura José
atestados de po- contraditório” nas suas posições. Maria Neves acusou o MpD de
breza. Eles se- Depois de ter prometido mundos e irresponsabilidade. Depois prome-
rão, a acreditar- fundos, agora “o governo quer teu estabelecer o salário mínimo a
se em JMN, avançar com apenas 10.000$00 e partir de Outubro deste ano, mas
mais necessita- 8.000$00 como propostas de ao que tudo indica é mais “uma
dos do que as salário”. ilusão” vendida por Maria Neves
l a rg u í s s i m a s Para Eurico Monteiro este recuo como é também o 13º mês.
centenas de es- do governo prova as denúncias
tudantes, filhos que o MpD tem feito: “o governo
de famílias em nunca teve estudos sérios”. Tinha, Recorde-se que o
dificuldades, sim, “estudos parcelares, sem
que procuram medidas do impacto nos setores Salário Mínimo
(e não rece- empresariais e no emprego e sem
bem) bolsas a avaliação da sustentabilidade”.
Nacional tem sido
para prosseguir “O mais estranho é que depois de
estudos. o primeiro-ministro e a ministra
defendido pelo MpD,
O estranho é do setor terem veiculado, insisten- com maior incidência,
que esta ex- temente, a mensagem de apoio aos
-deputada “em valores avançados pelas Centrais desde 2007. Nessa
dificuldades” Sindicais, e de terem assegurado
tenha capaci- que o SMN era para valer, já este altura José Maria
dade de levar ano - até se falou no mês de
a filha para os Outubro - a verdade é que a mon- Neves acusou o MpD
Estados Uni- tanha pariu um rato, e o governo,
dos! E tenha para surpresa geral, diminui de de irresponsabilidade
disponibilida- forma significativa os montantes,
des para po- falando já de um salário de
der deslocar-
8 • Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010
sem tirar nem pôr
Campanha a quanto obrigas…
Inocêncio
naufraga
no porto do Maio
Em pré-campanha eleitoral e tendo a propaganda política como pano de fundo,
José Maria Neves foi à ilha do Maio e levou consigo o seu candidato
presidencial, Manuel Inocêncio Sousa. Inauguraram um Centro Social com cinco
anos de atraso e uma estrada com pouco mais de 7 quilómetros que custou
quase 400 mil contos. Sobre a cimenteira de Santa Cruz nem uma palavra
E
como se isso não bastasse, o
primeiro-ministro deixou que
Inocêncio Sousa desse aos
maienses a “boa nova” sempre atrela-
do à televisão pública, instrumento
fundamental desta propaganda: um
aeroporto internacional para o Maio,
dizendo "... já fizemos o plano aero-
portuário...", entenda-se "o governo já
fez o plano..."! Uma falsidade de
Inocêncio Sousa e do governo, con-
forme apurou o Já.
O plano aeroportuário (PDA) foi pro-
movido e custeado desde o ano passa-
do pela Sociedade de Desenvolvi-
mento Turístico de Boavista e Maio
(SDTIBM) por sua livre iniciativa e
não por indicação do Governo, soube
o nosso jornal de fonte segura. Após a
elaboração do PDA (com a colabo-
ração técnica da ASA), a SDTIBM
submeteu-o ao Governo no sentido de
obter aprovação, uma vez que não
tem jurisdição sobre esta matéria.
Apesar de a SDTIBM ter proposto
assumir a busca de financiamento
fora do Orçamento do Estado, o
Governo até hoje não deu luz verde.
Esta é a verdade dos factos: o gover-
no (Inocêncio de Sousa) apropria-se
dos planos dos outros, mais uma vez
se comprova.
O que também “feriu” os ouvidos dos
maienses, foi o facto de Inocêncio
Sousa ter prometido a construção de
um novo porto, depois de afirmar que
o atual não tem as mínimas con-
dições. Facto irónico: a TCV colou o
anúncio do ministro a imagens de dois
barcos de médio porte em plena ope-
ração no porto do Maio… “A verdade
é que esse porto é uma espinha de
inveja na garganta do PAICV porque
antes de haver porto, havia zero!
Desde que foi inaugurado em 1997
não se ouvia nenhuma crítica desse
partido ou do Sr. Ministro”, conta-nos
um maiense, desgastado com a atitude
do governo em tentar fazer do povo
dessa ilha “de ignorantes”.
O nosso interlocutor vai mais longe e
O porto da ilha do diagnostica o problema: “relativa-
mente a este porto, as críticas come-
Maio é uma espinha de çaram ultimamente com a possibili-
dade de operações com ferry-boats
inveja cravada na em Cabo Verde e ao constatarem as
garganta do PAICV. debilidades do porto do Maio para o
efeito”. Por isso, “encontraram uma
Antes dele existir havia oportunidade para desvalorizarem
uma obra com muita visibilidade feita
zero! As inverdades de pelo MpD”.
Inocêncio encalham no O que o executivo se esquivou a dizer
à população do Maio é o que têm feito
facto de ele estar a para melhorar as condições opera-
cionais do porto, tanto que o anuncia-
contar com este porto do barco da Fast Ferry, “Krioula”, não
para o projeto da vai poder operar no Maio.
Manuel Inocêncio também não expli-
cimenteira de Santa cou por que é que se o "porto do Maio
não tem as mínimas condições",
Cruz. Mas disso ele tem como ele diz, estão a contar com ele
medo de falar aos para o projeto de cimenteira de Santa
Cruz, que preparam em surdina e que
maienses não tiveram coragem de abordar ao
povo do Maio.
Em período pré-eleitoral
Ministério
intensifica
reclassificação
de professores
O Ministério da Educação
tem vindo, nos últimos dias,
a multiplicar o número de
reclassificações. À porta do
Ministério, vários
professores têm estado à
procura da legitima
reclassificação, mas a
verdade é que uns são
reclassificados e outros não
J á contactou fonte do Ministério da
Educação que confirmou ter Octá-
vio Tavares decidido reclassificar nú-
mero razoável de professores, mas re-
cusou-se a prestar outras declarações
por “não esta mandatado para tais fun-
ções”. Entretanto confessou reconhe-
cer que é estranha a ideia de intensifi-
car o processo de reclassificação neste
período pré-eleitoral. “Há professores
que aguardam a reclassificação há
anos. Muitos fazem exposições, conta-
tam telefonicamente, e marcam audi-
ências, mas nunca há solução”, reve-
lou-nos.
O nosso jornal contatou diversos pro-
fessores que dizem estar desanimados
com esta estória de reclassificação. Di-
zem acreditar que o processo está poli-
tizado. “Contatei o meu Delegado a
respeito da minha reclassificação, e ele
perguntou-me se estou do lado de lá ou
do lado de cá”, relatou-nos um deles,
que se declarou completamente desilu-
dido com atitudes do género que “ten-
dem a fazer escola no nosso País”.
Outro professor contou-nos que conse-
guiu, numa tarde, a sua reclassificação
através de um telefonema, mas que no
dia seguinte contatou os serviços do
Ministério, ouvindo então que o pro-
cesso decorre com normalidade, mas
não se aceitam pressões.
Uma autoridade em matéria de gestão
escolar, que tem relações estreitas com
o Ministério da Educação, afirmou-nos
estar na posse de elementos que apon-
tam estar o processo de reclassificação
dos professores completamente po-
litizado, e que essa politização tem le-
vado Octávio Tavares a reclassificar
professores de forma arbitrária, dei-
xando para trás o mérito e o sentido de
justiça: a cor do partido é o seu critério.

sem tirar nem pôr
A notícia de que Eugénio Veiga, edil de S. Filipe, pretende candidatar-se em 2012 à Câmara Municipal dos Mosteiros caiu que nem bomba na ilha
do Fogo, em especial nos círculos tambarinos. Os foguenses ficaram estupefatos perante tão insólita e peregrina ideia do autarca e fala-se numa
movimentação para exigir que ele se demita das funções que exerce
“
P
retendemos fazer uma
marcha de protesto para
provar que os foguenses
não estão dispostos a aturar manobras
do género”, disseram a Já em S.
Filipe. Durante cerca de 18 anos,
Eugénio Veiga pouco ou nada fez
pelo desenvolvimento da ilha, acen-
tuam. “Rodeou-se de gente incompe-
tente, teve um secretário municipal
com o 2º ano do Ciclo Preparatório e
vencimento de cento e tal contos,
completamente destituído de com-
petência técnica”, disse ao nosso jor-
nal um funcionário da Câmara
Municipal de S. Filipe, que pediu
anonimato a pretexto de que esta
Câmara “é a que mais tortura os seus
funcionários em nome do PAICV”.
Segundo esta fonte, Eugénio Veiga
tem prejudicado muito a ilha por
Recenseamento eleitoral na emigração
Mais um falhanço do governo
Quando se fala de eleições em Cabo Verde vem logo à memória dos cabo-verdianos a fraude, o “jogo sujo”. E tudo isso ligado a um partido político que
continua a fazer muito pouco para limpar essa imagem
C om as eleições à porta são “n”,
os casos apontados pela
oposição com o governo a assobiar
para o lado, e a Comunidade
Internacional a assistir calada às
investidas do executivo de José Maria
Neves que faz tudo para que os cabo-
verdianos não se recenseiem na emi-
gração.
O último caso chega-nos da Guiné-
Bissau. O delegado do MpD,
Benvindo Rodrigues, já deu o alerta:
tudo indica que o recenseamento
naquele país poderá ter terminado
antes do tempo previsto, 3 de
causa da sua casmurrice. “Ele passa a
vida no Tribunal, perdendo causas
atrás de causas. São terrenos expro-
priados ilegalmente e ele acaba sem-
pre por perder e, consequentemente,
tem de indemnizar os expropriados.
Despediu funcionários do projeto
Água Brava e teve de indemnizá-los.
Enfim, é uma gestão desastrosa que
ninguém aprova”.
PAICV em polvorosa
Foi este comportamento, entre outras
razões, que levou Luís Pires, antigo
“número dois” do PAICV em S.
Filipe a proclamar “basta” e a apre-
sentar-se como alternativa tambarina
a Eugénio Veiga. No entanto, José
Maria Neves colocou-se ao lado do
edil contra Pires, levando a que este
encabeçasse uma lista contra
Dezembro, porque “o único kit que
funcionava também estragou-se no
domingo passado”.
Rodrigues conta que o recenseamento
na Guiné-Bissau começou com 2 kits,
mas há um mês que um dos kits se
encontra avariado, sem que a
Direcção-Geral de Apoio ao Processo
Eleitoral (DGAPE) de Cabo Verde
tenha substituído ou então reparado a
tal máquina. Agora com a avaria do
segundo kit, o recenseamento termi-
nou antes da data prevista.
Benvindo Rodrigues exige à
Comissão Nacional de Eleições
Com o descalabro tambarino à vista
Eugénio Veiga
prepara “fuga”
para os Mosteiros
Eugénio e o PAICV. Por isso, a anun-
ciada intenção de Veiga trocar S.
Filipe por Mosteiros é um petardo a
estoirar nas mãos de José Maria
Neves, acrescentando-lhe dores às
muitas que o processo das legislati-
vas, cada vez mais complicado, lhe
provoca.
A espantosa intenção de Eugénio
Veiga incendeia as hostes tambarinas
no Fogo, já em fase de pré-revolta
contra José Maria Neves, que respon-
sabilizam pelas dificuldades que o
partido está a ter na ilha do Vulcão.
Fernandinho Teixeira, um dos remo-
cados pela pretensão de Veiga,
encontra agora reforçadas razões
para as críticas mais ou menos
abafadas que vem fazendo ao líder do
PAICV. E Júlio Correia, um foguense
que não esconde distanciamentos a
(CNE) e ao Presidente da
CRE/Guiné-Bissau, para resolverem
o problema antes do fecho do
recenseamento. Como diz, “os
cidadãos não podem ser penalizados
pelo facto de a administração eleitoral
cabo-verdiana não ter sido capaz de
reparar e/ou substituir, em tempo útil,
os kits de recenseamento”.
Recordamos que o processo de
recenseamento na diáspora foi turbu-
lento desde o início.
Por exemplo, no norte de França, mi-
lhares de cabo-verdianos não foram
recenseados porque o kit estava avari-
Neves, esfrega as mãos ao ver este a
afundar-se nas lavas do vulcão tam-
barino em DjarFogo.
Um mar de nepotismo
Fora do PAICV, o “escorreganço” de
Eugénio faz recordar outras
acusações que lhe são feitas, as quais
encontram eco mesmo entre os
prosélitos da estrela negra: afirma-se
que o nepotismo é quem mais ordena
na Câmara Municipal de S. Filipe,
onde Luis Veiga e Raul Veiga (ambos
filhos de Eugénio) dão cartas:
recorde-se que Luís Veiga é delega-
do de Instituto de Estradas, exami-
nador de cartas de condução, respon-
sável pelos setores de património e de
eletricidade da Câmara Municipal, e
gestor desta área para as zonas de S.
Filipe até Campana de Cima.
ado. Certamente não vão poder
exercer o seu direito de voto, numa
região onde o MpD tem conquistado
muita simpatia no seio da comu-
nidade. Entretanto, o governo decidiu
realizar o recenseamento de cinco
dias no Reino Unido e na Bélgica.
Sem explicações de José Maria Neves
e Lívio Lopes que insistem em não
fez chegar os meios humanos, materi-
ais e sobretudo financeiros para se
fazer o trabalho, quando termina hoje
o prazo imposto pela Comissão
Nacional de Eleições.
As reclamações têm chegado de todos
Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • 9
Recorde-se também que, aquando da
designação de Luís Veiga para chefi-
ar o Instituto de Estradas na ilha, esse
cargo estava para ser confiado a
Filipe Cabaço, Engenheiro Me-
cânico, mas tudo foi revertido a favor
de Veiga que não tem formação supe-
rior. Por seu turno, Raul Veiga, ape-
nas com o 12º ano, é diretor do
Centro de Juventude de S. Filipe,
com um vencimento superior a 120
mil escudos, sendo aí chefe de um
quadro superior formado em
Psicologia.
A propósito desta situação mais que
anómala vivida em S. Filipe, ironiza-
se com o facto de a edilidade ter um
diretor financeiro com apenas a quar-
ta classe. “Só numa Câmara exótica,
com um presidente exótico, seria
possível tamanho absurdo”.
os países e mesmo em Cabo Verde.
Ainda no dia 24 do mês passado o
próprio Presidente da CRE da Praia,
José Barbosa, acusava a falta de
meios para fazer o trabalho.
“Continuamos a trabalhar sem
meios”, disse na altura. E explicou
letra a letra para que todos
percebessem o drama. Explicou que
falava de “meios financeiros”. Ou
seja, o governo gaba-se de ter milhões
e milhões de euros, mas não para as
necessidades do País e sim para ter os
ministros e militantes do PAICV,
rodar o mundo.
10 • Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010
pela boca
“O PAICV
tem de ir para a opo
É uma grande escritora e inteletual
cabo-verdiana. Ex-ministra da Cultura,
Ondina Ferreira – retirada do ensino e
da política – não se inibe de tomar
posição. Falar com ela é exercício
estimulante. Mas redigir a entrevista foi
um acto de desespero. O espaço no
papel nunca traduz a circunstância solta
da conversa
grande entrevista
António Alte Pinho (texto) | José Ramos (fotos)
Iria começar por uma velha polémica cabo-verdiana: a
discussão sobre a adoção de duas línguas nacionais,
nomeadamente, o português e o crioulo.
Logo a seguir à independência confundiram-se as coisas.
O português era a língua do ocupante colonial.
Mas podia-se ter valorizado o crioulo sem se rejeitar a língua
portuguesa. Houve muitas confusões e o problema é que elas
prevaleceram, semearam-nas e colheram frutos. Passou-se
para os mais novos a impressão de que a língua portuguesa
não é nossa. O que é mentira, o português é a língua mais
antiga, é a primeira que chegou cá.
Parece ter havido tendência para menorizar o estudo do
português nas escolas. Talvez até um pouco com o argu-
mento de que, para as crianças, seria uma grande con-
fusão usarem as duas línguas. Mas, na década de 30 do
século XX, quando o crioulo foi proibido pelas autori-
dades coloniais, continuou a falar-se num processo de
resistência extraordinário.
É um facto. E eu sou dessa geração, em que o crioulo era
proibido em recintos escolares, mas que falávamos entre nós.
Ondina Ferreira
Por exemplo, Santiago – e, nomeadamente, Praia – sempre
falou mais português do que o Mindelo. Nós, aqui no liceu da
Praia, só falávamos português do portão para dentro. Mas, em
S. Vicente, os alunos do Gil Eanes falaram sempre em
crioulo. De tal maneira que eles atreviam-se, digamos assim,
a dirigir-se ao professor em crioulo.
Isto, muito antes de 74. O que era, de alguma forma, um
ato de rebeldia e de subversão…
Exato, era um ato subversivo. No Mindelo, porque a Praia era
a capital administrativa, onde estava o poder colonial, e,
provavelmente por isso, sempre se falou mais o português.
Sociedade matriarcal
E o papel da mulher na sociedade cabo-verdiana? Há, de
alguma forma, uma espécie de poder oculto, uma
sociedade matriarcal. As mulheres trabalham muito mais
que os homens e, na maior parte dos casos, são o susten-
táculo financeiro das famílias.
O que diz é verdade. Mas estamos a falar de uma certa cama-
da social. Quando se desce – se é que me é permitido -, em
termos de literacia, de alfabetização e de recursos não restam
dúvidas que o principal motor económico da família é a mu-
lher. Mas se se vai para um nível mais elevado, em que os

O seu mais recente livro, “Contos com
Lavas”, é repositório das
mundivivências do Fogo. É o
chamamento da terra?
É uma espécie de fixação de memórias,
talvez uma recriação de um perfil
foguense que se está a perder. O Homem
– aqui com agá grande, o homem e a
mulher – foguense de antanho, tinha uma
determinada forma de se portar em
sociedade e na vida que o distinguia dos
restantes ilhéus. Por exemplo, o suicídio
era algo muito comum no Fogo e as
pessoas punham termo à vida por
questões de honra, mas questões às vezes
de lana-caprina. Era o noivo que dizia à
noiva: “Tu não vieste honrada para o
casamento” – e ela punha termo à vida;
era um fulano intimado pela polícia, que
estava a ser acusado de qualquer coisa,
sendo inocente – pendurava-se na
véspera de ir à intimação.
sição”
cônjuges são ambos escolarizados, aí talvez não se ponha a
questão com tanta acuidade.
Essa imagem da sociedade matriarcal tenho-a mais pela
vivência com os cabo-verdianos da Diáspora, onde a mu-
lher é o centro da economia e da organização familiar.
Sem dúvida nenhuma, concordo inteiramente.
E qual o papel dos inteletuais na política?
É muito ténue, não se sente. Não sinto esse papel do intele-
tual, enquanto tal. Um ou outro manifesta a sua tendência,
mas é mais partidária do que política. E há uma coisa que me
irrita, que é a dos inteletuais não fazerem a apologia do por-
tuguês, mas fazerem do crioulo. E isso é uma grande dema-
gogia. Não querem cair em algum desagrado. Uma vez disse
isso, enfrentei os meus pares, caíram-me em cima. Mas fiquei
contente por me terem zurzido, no bom sentido, porque sig-
nifica que houve reação.
Esse é também o papel do inteletual: ser uma espécie de
agente provocador para suscitar a polémica.
Mas o que aconteceu com o crioulo, para além desses des-
mandos que houve… Sofri isso na pele, porque, em casa, fa-
lava português, porque era burguesa… Isto era um anátema
terrível.
Pensa-se de uma maneira em crioulo e de uma outra em
português?
É uma boa pergunta. E eu ponho sempre essa questão aos
meus alunos. E tenho respostas das mais interessantes. Já tive
respostas a inquéritos onde me dizem que pensam em por-
tuguês mas falam em crioulo. E o contrário também já acon-
teceu. Os livros são em português e o aluno que domina a lín-
gua é imediatamente bom aluno, porque vai entender os con-
ceitos.
Como é que se sentiu no dia em que vestiu o “fato” de
ministra da Cultura? Para um inteletual, normalmente
contra-poder, não é estranho sentar-se na cadeira do
poder?
É isso mesmo. Os intelectuais sempre se caraterizaram por
ser um pouco contra-poder. E quando aceitam esses cargos é
sempre um pouco a contra-gosto. Para já, porque os ministé-
rios da Cultura são sempre o parente pobre do orçamento, le-
vam umas sobras. E há uma espécie de briga com o meu Eu,
o lado inteletual, e o meu Eu política – que tem de executar
um programa para o qual praticamente não possui meios. E
não fui só eu, deduzo que a atual ministra também padeça do
mesmo problema… E antes de mim.
Do contra-poder ao governo
A sua passagem pelo governo é a passagem de uma inte-
letual e de uma mulher por um universo masculino. Há
essas duas sensações de estranheza.
Nós estávamos bem no início desse processo de passagem
das mulheres pelo governo. Da minha parte, não me senti
mal, mas não posso falar pelos meus colegas da parte mascu-
lina. Dirão eles se se sentiram constrangidos, ou não. Muitos
estavam a iniciar esse exercício, portanto, foi um exercício
em paridade. Não tenho memória de ter havido qualquer cho-
que (risos).
E teve também a tutela da Comunicação Social. Isso
coincidiu com a pasta da Cultura?
Coincidiu. Embora pense que a tutela da Comunicação Social
é um contra-censo. Ela não deveria ser tutelada. E isso provo-
ca alguns choques…
Ultimamente, essa questão tem sido muito enfatizada.
Porque o que decorre da nossa relação de telespetadores
é vermos, por exemplo, no serviço público de televisão
aparecer o primeiro-ministro – que, por acaso é este,
mas poderia ser outro – sete vezes no mesmo noticiário
e a oposição aparecer uma vez.
Ou a não aparecer nenhuma, que é normalmente o que acon-
tece.
Como é que se consegue resolver este problema, agora e
no futuro?
Em Portugal, por exemplo, há a figura dos provedores.
Mas para uma inteletual, que é uma pessoa da liberdade,
como é que se resolve a contradição de se viver num
Estado de Direito democrático com um serviço público
que está ao serviço da propaganda do poder, seja qual
for esse poder?
O perverso é a subvenção do Estado. Porque, como a TCV,
por exemplo, não tem auto-sustentação, vivendo de subsídios
do governo, acaba por ser um órgão estatizado, criando laços
de dependência – o que é mau! E o Estado – aqui no sentido
da administração – não abdica de cobrar…
O lado irracional da política
Ainda para mais quando Cabo Verde tem uma espécie de
relação passional com a política.
Em Cabo Verde não se faz política, faz-se partido. E sou de
uma ilha em que isso é notório. Não há política, não há pro-
gramas, há uma partidarite aguda. O Fogo é o protótipo da
irracionalidade política – pode escrever! Se eu sou verde e ele
é amarelo, o amarelo não fala comigo (risos). Eu provoco as
pessoas, cumprimento toda a gente: “boa tarde”… E eles
pensam: “como é isto, estou a ser cumprimentado pelo inimi-
Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • 11
“
Quando o ciclo do MpD terminou, achei bem – já
era altura. Agora, também chega - e é bom para a
qualidade da democracia
“
Gostei muito do Mascarenhas Monteiro, porque
ele estava despido de cor partidária, fez uma
Presidência exemplar. É um modelo a seguir
go, pelo adversário?” Adoro fazer essas provocações. Mas, na
minha família, temos pessoas que vão do PAICV à UCID,
passando pelo MpD.
E isso tem colocado algum tipo de problemas?
Naquilo que nos toca, não, valha-me Deus. Juntamo-nos nas
festas, nas tocatinas, nos almoços de Natal. E, quando é assim,
sobretudo naqueles períodos exacerbados, quando estamos
em família e com amigos próximos, evita-se. Há uma grande
correção entre as partes adversárias (risos). E quando se dis-
cute, defendem as suas cores de forma civilizada. Mas vejo, lá
no Fogo, famílias que se zangam umas com as outras.
O debate de ideias é menorizado pelas paixões irra-
cionais…
Sinceramente, não tenho visto debate de ideias. Mas há pes-
soas, ainda assim, que de uma forma intelectualizada procu-
ram discutir os problemas – uma ínfima parte que procura
sentar-se à mesa com os adversários políticos e discutir os
assuntos sem trazer a cor partidária ao de cima.
Em Fevereiro há eleições. E esta é, necessariamente, a
apreciação de quem vem de fora, naturalmente pouco
alicerçada, mas que, de igual modo, também tem a van-
tagem de não estar comprometida. Digamos que se sen-
te no ar uma vontade de mudança e de que este ciclo de
governação se esgotou. E até tenho sentido isso em pes-
soas que estão na órbita do partido que está no poder.
Eu comungo de que dois mandatos são q.b., como se diz nas
receitas culinárias. É quanto baste, senão começa a alcançar
uma conotação anti-democrática. Quando o ciclo do MpD
terminou, achei bem – já era altura. Agora, também chega. O
PAICV tem de ir para a oposição, isso é bom para a qualidade
da democracia.
Há poucos dias, Jorge Carlos Fonseca anunciou a sua can-
didatura à Presidência da República. O que lhe suscita
este anúncio, vindo de uma pessoa que é da sua área
política?
Ele já não é estreante nessas lides, tem um perfil adequado e
acho saudável que ele volte. É muito importante que surjam
bons candidatos, com um perfil bem cuidado, porque esse é
o grau de exigência para a figura do Presidente da República.
Tem de ser um democrata e, fundamentalmente, estar acima
das querelas e da partidarite… Gostei muito do Mascarenhas
Monteiro, porque ele estava despido de cor partidária, fez
uma Presidência exemplar. É um modelo a seguir.
12 • Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010
isto vimos
O rei vai nu na Universidade Pública
Reitor demite
por e-mail
direção do ex-ISECMAR
Insólito numa Universidade Pública: reitor demite por e-mail a direção de um Departamento e a nova direção toma posse na
ausência do Presidente, em missão de serviço. Fala-se em caso político e em vingança pessoal
A
reitoria da Universidade de
Cabo Verde demitiu por e-mail
a direção do Departamento de
Engenharia e Ciências do Mar (ex-
ISECMAR) de São Vicente. A antiga
direção era constituída por Eurides
Costa (diretor DECM), Daniel Lopes
(Direção Pedagógica) e Luís de Pina
(Direção Administrativa). Esteve no
cargo oito meses.
De acordo com os ex-membros da
direção, o reitor da UNICV, António
Correia e Silva fez uma visita às insta-
lações do DECM no dia 17, tendo-se
reunido com discentes daquele depar-
tamento da UNICV. No dia seguinte,
os membros do Conselho Diretivo
receberam despacho por correio
eletrónico no qual cessavam funções
no corpo diretivo do DECM - algo
considerado insólito dentro de uma
universidade pública.
Os membros da direção não gostaram
da atitude, tanto mais que o Presidente
Eurides Costa se encontrava ausente
em missão de serviço. O ex-diretor
pedagógico, Daniel Lopes, frisa que “a
reitoria da UNICV está a fugir das suas
responsabilidades, ludibriando as pes-
soas no sentido que o corpo diretivo é
o culpado por tudo aquilo que aconte-
ceu nos últimos meses na DECM-SV.
Estranha-se que a nova direção
assumisse funções na ausência do Dr.
Eurides Costa. Eles boicotaram as nos-
sas funções e não nos deixaram
cumprir os nossos objetivos”.
O rei começa a tirar a sua farpela num
departamento e numa Universidade.
E rei sem algumas partes da farpela
que acaba por cair, mostra que, afinal,
vai nu. Veio publicamente admitir que
“houve um acidente de comunicação,
porque o despacho da demissão só
deveria sair nesta semana e saiu
antes.” Mediante isso o reitor teve
que pedir desculpas aos visados. Mas
defendeu que “a substituição de uma
equipa diretiva numa Universidade é
ato normal de gestão”.
Correia e Silva reafirma que nesse
neste processo só há a lamentar a
“falha de comunicação do seu gabi-
nete”. A partir dessa declaração, a
demissão no Departamento de Enge-
nharia e Ciências do Mar (ex-ISEC-
MAR) deixou de ser ato de gestão e
passou a ser caso político e, sobretu-
do, de contestação da reitoria da
UNICV. Num comentário, um
docente (que pede anonimato) afir-
mou: “a forma como se processou a
demissão do corpo diretivo do DECM
não é de estranhar, dado o modo
como a reitoria da UNICV vinha
tratando o departamento, sem
condições financeiras para trabalhar.
Segundo informações, houve casos
em que o Departamento não tinha
dinheiro nem para colocar uma carta
no correio, visto que todo o dinheiro é
depositado na conta da UNICV no
BCN. Na minha opinião, o que se
passa é que se misturaram problemas
pessoais, para se tentar vingar do
corpo diretivo do DECM, mais pre-
cisamente a pessoa do presidente do
Concelho Diretivo, prejudicando
grandemente o real funcionalmente
do Departamento.
“Sendo o ISECMAR uma das pri-
meiras Instituições de ensino superior
do Pais, com experiência já demon-
strada e com autonomia própria, vê-se
essa autonomia desaparecer de uma
hora para outra, ficando a depender do
poder central da reitoria na Praia. Com
um reitor e administradores desses,
não se podia esperar outra coisa. Na
minha fraca compreensão, não é com
arrogância e prepotência que se gere
uma universidade, mas sim com com-
petência e ponderação”
Outros perguntam ao reitor: “O senhor
O reitor da UNICV, ainda não se deu conta do estado da
António Correia e Silva, chamada Delegação do Departamento
de Ciências Sociais e Humanas em
fez uma visita às Mindelo, a funcionar no ex-Liceu Gil
instalações do DECM no Eanes? O senhor ainda não viu o esta-
do do buraco em que meteram os
dia 17, tendo-se reunido alunos e chamam-lhe de Universida-
com discentes daquele de? Os senhores ainda não notaram a
fraca concorrência que esse Departa-
departamento da UNICV. mento tem vindo a ter em S. Vicente
No dia seguinte, os em detrimento das outras Instituições
de ensino superior? Ainda aparecem
membros do Conselho responsáveis a deitar a culpa em
Diretivo receberam hipotético boicote. É boicote ou falta
de competência da vossa parte?”
despacho por correio O problema estende-se também à capi-
eletrónico no qual tal: os problemas que se colocam ao
cessavam funções no ISECMAR são comuns a todas as ou-
tras Unidades Orgânicas da Uni-CV.
corpo diretivo do DECM - Vejam, por exemplo, o caso do Depar-
algo considerado insólito tamento de Ciência e Tecnologia, na
Praia, que, em tão pouco tempo. já
dentro de uma teve três presidentes”
universidade pública Afinal, o rei via nu na Universidade de
Cabo Verde. E não há propaganda que
resista à realidade.
Alunos
dizem que
situação
é caótica
O representante dos alunos
frisou a Já que “a
situação vivida no DECM não
é nada boa. Houve início de
ano letivo tardio e caótico.
Durante dias, as casas de
banho não tiveram papel, e as
condições de higiene não são
das melhores. O mais grave é
que quase todos os cursos
tinham falta de professores,
alguns mesmo nem tinham
qualquer docente. Neste
momento, alguns cursos têm
problemas de professores, os
serviços académicos prestados
pela reitoria e direção não
foram transparentes. Na minha
opinião, houve mau
planeamento do ano letivo e
ainda temos que aturar a falta
profissionalismo em alguns
docentes”.
Carlos Jorge, do curso de
Mecânica, relata que “os dias
vividos até hoje no DECM
não me agradam, e até já
pensei em desistir do curso.
Nós pagamos 9 000 escudos
até dia 10 de cada mês, caso
contrário há multa de 900
escudos. O que pergunto é
onde pára o dinheiro que
pagamos e por que é que
ninguém esclarece o que se
passa?”
Já Carina Santos desabafa: “a
melhor forma de resolver os
problemas que enfrentamos
não é a substituição do corpo
diretivo do DECM. Não sei se
a culpa recai sobre a antiga
direção, ou sobre a reitoria,
porque acho que a reitoria da
UNICV tem que assumir as
suas responsabilidades e
deixar de lado essa
centralização do poder na
Praia. Temos uma cantina com
preços exorbitantes e que não
satisfaz as necessidades dos
alunos, e um bebedouro de
que desconhecemos a
qualidade da água. Para piorar,
as salas de aula não estão com
as mínimas condições, visto
que o edifício novo não está a
ser utilizado. Estamos ao deus
dará, e até os alunos
instalados no complexo do
DECM passam por
dificuldades, apesar de
pagarem a estadia, com dias
sem luz e sem água”.
 Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • 13

nota$ solta$
Protocolo Parque Expo-IFH

Neves tem “queda” para parceiros

lusos… muito especiais
Parque Expo é uma empresa com muitos sarilhos na arca: quatro dos seus administradores foram envolvidos em Portugal em estórias de corrupção, um outro
por tráfico de droga, financiamentos ao PS e burla. Houve absolvições mas até o tribunal ficou com dúvidas. Pelos vistos, a estrela tambarina tem “má sorte”
na escolha dos seus parceiros lusos. Coisas do destino
tantes da exposição mundial em 1998,
contrato adjudicado a uma única
empresa, sem concurso público ou
consulta formal (a “queda” para este
tipo de negociatas parece ter vingado
igualmente em Cabo Verde…), medi-
ante pagamento de contrapartidas. O
Estado português teria sido lesado em
25 milhões de euros.
É verdade que o tribunal os absolveu,
por falta de “provas consistentes”, no
fim de um dos mais longos processos
da Justiça portuguesa – onze anos.
Mas é verdade também que a própria
juíza considerou ter ficado com
“muitas dúvidas e pontas soltas” quan-
to à inocência dos acusados.
Outra situação escandalosa envolveu o
ex-gestor da Parque Expo e militante
do PS, João Caldeira, que, igualmente
no decorrer deste ano, se sentou no
banco dos réus, acusado de tráfico de
Caldeira, a 8 de Agosto de 1998, que
os cooperantes foram surpreendidos
com o desvio de cheques que lhe entre-
gavam como pagamento dos terrenos
onde iam ser construídos os dois edifí-
cios. Caldeira, que em 1998 apostara
no negócio da pesca e congelação de
marisco - investindo na empresa
DICA, entretanto falida - precisava de
dinheiro e foi aos cheques, que os
cooperantes lhe faziam chegar para
pagamento dos terrenos, que se foi
“financiar”, através de artifícios con-
tabilísticos, segundo se pode ler no
processo judicial.
Uma estória de
financiamentos ao PS
João Caldeira saiu da cadeia em
2001, em liberdade condicional, mas
encontra-se atualmente em prisão
preventiva devido ao seu alegado

D
epois da Mota Engil, alvo de
investigações em Portugal
por suspeitas de fraude e
branqueamento de capitais, José Maria
Neves prepara-se para acoplar à sua
esfera de interesses e negociatas a
Parque Expo, outra EP lusa com passa-
do nebuloso, e, a exemplo do que
aconteceu com o empório de Jorge
Coelho, com antigos responsáveis a
terem de prestar contas à justiça, acu-
sados de vários crimes, desde cor-
rupção a tráfico de droga.
Neste final de mandato, tem algo de
patológico a “queda” do primeiro-
ministro para escolher parceiros
polémicos afim de “desenvolver” a
economia cabo-verdiana em setores
mais carentes. Neste caso, o da
habitação social, através da assinatura
firmada na segunda-feira, 29, de um
protocolo entre a Imobiliária e
Fundiária IFH e a Parque Expo 98,
abrindo caminho para mais um contra-
to esconso, no âmbito da gestão
integrada do Palmarejo Grande, com a
promessa de que, no futuro, essa
aliança possa estender-se a outros pro-
jetos urbanísticos do IFH na Praia, ou
em qualquer outro ponto do País. Haja
Neves para poder continuar a estender
a mão aos amigos portugueses socia-
listas…
O cidadão como “avalista”
O propósito é claro: uma parceria que
tem em conta o facto das duas empre-
sas terem capitais públicos (cá está, o
erário público a servir de suporte ao
negócio; se der para o torto é o povo
quem paga…) e se proporem a obje-
tivos, metas e estratégias de desen-
volvimento de políticas públicas, espe-
cialmente nos domínios da promoção
urbana, comercialização, urbanização
e infra-estruturação de terrenos.
A assinatura do documento desta par-
ceria entre o IFH/Parque Expo foi esta-
belecida na presença da ministra da
Descentralização, Habitação e Or-
denamento do Território, Sara Lopes –
e surge como forma para ultrapassar os
“constrangimentos” sentidos pela IFH
no terreno, muitos deles, diz o Instituto
em nota informativa divulgada pelo
jornal on-line “A Semana”, “provoca-
dos pela exiguidade do mercado imo-
biliário nacional e pela dificuldade de
acesso, em condições favoráveis, ao
crédito no mercado financeiro inter-
no”.
Nem lembrava ao diabo
O que não lembra ao Diabo (ao outro,
salvo seja) é que, havendo no mercado
outras empresas portuguesas com
créditos firmados no setor da
Habitação e Obras Públicas, JMN e os
seus parceiros do IFH tenham escolhi-
do esta EP afeta ao Estado português,
“impregnada” de “boys” socialistas, e
logo com passado (e presente) atreito a
problemas do foro judicial. Avultando
entre estes, o facto de quatro dos seus
administradores - Januário Rodrigues,
ex-diretor da Unidade de Alojamento
da Parque Expo, António Manuel
Pinto, Jorge Dias e o empresário
O processo envolvendo
quatro administradores da
Parque Expo, acusados de
corrupção no fretamento
destes navios fretados para
alojar visitantes da Expo
98,os quais estiveram "às
moscas", arrastou-se
durante 11 anos nos
tribunais... São estes os
parceiros de JMN!
Godinho Lopes, que chegou a ser vice-
presidente do Sporting para o
Património - terem sido julgados este
ano, acusados de corrupção e vários
atos ilícitos referentes ao negócio de
três paquetes fretados para alojar visi-
cocaína vinda da Venezuela e que envolvimento no caso da cocaína. E
chegou ao Porto de Lisboa, em foi durante esta sua detenção nos ca-
Dezembro de 2007, dentro de um con- labouços da PJ que Caldeira confes-
tentor, dissimulada no meio de uma sou, a uma fonte contatada pelo Já,
carga de 600 caixas de polvo congela- um jornalista, que parte do dinheiro
do. que desviou da Parque Expo se desti-
Em Janeiro de 2009, João Caldeira e nava a financiar propaganda do PS.
dois outros arguidos (um antigo diretor Um facto que, segundo revelou, ten-
de serviços de informática e um diretor cionava publicar em livro ainda por
dos serviços de controlo financeiro e editar.
de tesouraria da Parque Expo) foram São estes os amigos portugueses, de
condenados na 4ª Vara Cível de Lisboa passado e presente mais do que duvi-
a indemnizar solidariamente a coope- dosos que JMN privilegia em adjudi-
rativa Mar da Palha em 2,298 milhões cações “fantasma”, em contratos “por
de euros. O processo remonta ao baixo da mesa” para levar o desen-
tempo em que a referida cooperativa volvimento a Cabo Verde. Do acordo
adquiriu, na altura da exposição agora estabelecido com o IFH releva-
mundial de Lisboa, dois terrenos à se o facto de a Parque Expo ser
Parque Expo destinados à construção detentora de um “estatuto empresari-
de habitações nos empreendimentos al e institucional” acima de quaisquer
designados Vasco da Gama e de Gil dúvidas. Pois, pois, como diria o
Eanes. Foi após a detenção de João outro…
João Caldeira saiu da cadeia em 2001, em
liberdade condicional, mas encontra-se
atualmente em prisão preventiva devido ao seu
alegado envolvimento no caso da cocaína. E foi
durante esta sua detenção nos calabouços da PJ
que Caldeira confessou, a uma fonte contatada
pelo Já, um jornalista, que parte do dinheiro
que desviou da Parque Expo se destinava a
financiar propaganda do PS. Um facto que,
segundo revelou, tencionava publicar em livro
ainda por editar
14 • Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010

coisas do mundo Angolanização Angola não possuirá um plano de “angolanização” regional.

No entanto – escreve a Password Confidential Newsletter - , o seu poderio económico
indica que o país irá efetuar todas as diligências consideradas necessárias para
conquistar a hegemonia regional, tornando os países vizinhos dependentes da forma
que a Angola melhor satisfizer. É uma análise que pode ajudar a perceber as malhas da
política externa de Luanda e algumas teias de cumplicidades que ela vai construindo.

Portugal: Socialistas em polvorosa

Brasil Quando a marginalidade
toma conta de uma urbe,
grande como o Rio de O terrífico medo
Janeiro ou pequena como
a cidade da Praia,
preparem-se os cidadãos
do poder
para o pior. Do “País do
Carnaval” enviam-se
alvíssaras: fica, portanto,
que se esvai
À lambada - assim poderia ter acabado a última reunião do Grupo
senão a lição pelo menos Parlamentar do PS. Na iminência de longa travessia do deserto na
Fotos de Marcelo Carnaval o aviso oposição, o partido de Sócrates vai rompendo as costuras…

Às armas
N a quinta-feira da passada semana,
os ânimos estiveram exaltados na
reunião do Grupo Parlamentar do
Partido Socialista (PS). Sinal dos tem-
pos, começam a emergir as diferenças
e a afiarem-se facas no interior de um
partido que, agora bem se percebe,
parecia unido, mas que só aparente-
2011] não tenhamos declarações de
voto em catadupa”. O aviso teria as
suas razões: aliviados com a previsível
queda do líder, há deputados socialis-
tas que já se posicionam para reveren-
ciar o próximo – e, nestas coisas, fica
sempre bem amealhar trunfos [mesmo
que tardios] de oposição socratina.

contra os “thugs do samba” mente o estava, mais por questões de

do de um arsenal de AK-47 e AR-15 e
abundantes munições. Os bandoleiros
responderam ao ultimatum policial,
fincando-se ao terreno e aproveitando
cada buraco, cada frincha, cada muro,
cada portada, cada janela para a
resistência. Uma prolongada “batalha
de rua” com dezenas de mortos e
numerosos feridos.
Esta ação militar era quase inevitável
depois de anos durante os quais o
Estado, dominado por uma clique
política corrupta e “defendido” por
policiais mancomunados com o
mundo do crime, se demitiu de defend-
er os cidadãos. Sentindo-se donos do
terreno, os “carbonários do tráfico da
droga” (como agora lhes chamam)
ousaram sair das favelas e atacar o
asfalto, não escapando da sua fúria as
zonas mais “inns” da “Cidade
Maravilhosa”, como Ipanema: ao
longo de cinco dias, os gangs incendi-
aram uma centena de viaturas,
atacaram bairros, semearam o terror,
obrigaram ao encerramento de escolas
e ginásios. O governador do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral, apelou à con-
tra-ofensiva.
Subjacentes aos “milagres económi-
cos” – antes, o de FHC, Fernando
Henrique Cardoso, recentemente o do
lulismo – estavam os “impérios”: dos
“coronéis” e seus capangas, que ainda
poder do que de identidade ideológica
ou programática. E, agora, com a pre-
visível queda do governo e do
socratismo, afiam-se as facas e dão-se
as bicadas ressabiadas tidas por conve-
nientes.
Reunido para reduzir danos, ou seja,
para convencer os deputados do PS a
não fazerem declarações de voto, o
conclave esteve quase a chegar a vias
de facto entre dois “camaradas”
desavindos, Renato Sampaio e Manuel
Mota que, desabrido, acusou o
primeiro de adotar um “princípio trots-
kista” (onde é que já ouvimos isto?) e
o desfeiteado a insurgir-se, bradando:
“isso é um insulto”. Já se vê, coisas de
altíssimo nível entre comparsas do
mesmo partido…
A polémica surgiu após Sampaio aler-
tar: “Há camaradas que se tentam pro-
mover com tristes manifestações de
populismo. Espero que amanhã [26 de
Novembro, data de aprovação do OE
Contra-Informação:
o fim
Estranhos critérios de gestão – ou pior ainda – dominam as práti-
cas da televisão do Estado. Portugal fica mais pobre sem este pro-
grama de referência
O dia seguinte viria a evidenciar não
haver razão para receios. Apenas Luís
França, deputado eleito pela Madeira,
usou o direito a declaração de voto,
pelo que Soeiro e os mais indefetíveis
socratinos puderam respirar de
alívio….
O desaguisado no grupo parlamentar é
apenas reflexo da mais geral situação
do partido. Após quase uma década de
reinado do “senhor engenheiro”, o PS
estagnou, o debate de ideias foi
guardado em gaveta bem fechada e as
condições para uma futura liderança
estão minadas por anos de oportunis-
mo, ações mafiosas e afastamento de
adversários internos. José Sócrates –
“o pior do guterrismo”, como avisada-
mente referiu há anos Mário Soares,
antes de se render ao charme patego e
farsola do primeiro-ministro – secou
tudo à volta e minou irreversivelmente
aquele que já foi o maior partido por-
tuguês [assim o dizem as mais recentes
sondagens].

P
ior que nos tempos da guerrilha
do capitão Lamarck e de
Carlos Marighella, quando
combatentes contra a ditadura milita,
em ações urbanas, intentaram criar um
foco que subvertesse o regime: agora,
não são esquerdistas em armas a
enfrentar o poder totalitário - são
forças armadas a penetrar nas favelas
do Rio e a “varrer” o crime organiza-
do. A comunicação social brasileira
“dispara” também sobre os ban-
doleiros e, ao que parece, a população
(mobilizada pelo poder dos jornais,
das rádios e das televisões), mesma a
favelada, aplaude. Nas últimas sem-
anas, a Guanabara vive em estado de
guerra.
Depois de Vila Cruzeiro, chegou a vez
do Alemão - complexo de 15 favelas,
onde moram 60 mil pessoas em 16 mil
casas (uma área de 1 900 metros
quadrados): quase três mil polícias,
juntamente com tropas de elite
(paraquedistas) e federais, apoiados
por blindados e helicópteros,
enfrentaram um “exército” de seis cen-
tenas de marginais armados, reforçado
por outras duas centenas de “escapa-
dos” ao cerco de Vila Cruzeiro dispon-
dominam o Maranhão e Alagoas; dos
políticos corruptos à Ademar de
Barros e Collor de Mello; dos gangs do
“bicho” e da droga, todos, em con-
glomerado, produzindo o complexo
puzzle chamado Brasil. A presente
ofensiva policial resolverá alguma
coisa? Atenuará. Criará limites de con-
tenção para uma das componentes
desta teia, mas em nada toca a estrutu-
ra social e económica brasileira. Assim
sendo…
Depois dos ataques às favelas de Vila
Cruzeiro e Alemão, já se fala no
assalto à Penha. Esperemos.
I nesperadamente, a Radiotelevisão
Portuguesa (RTP) não renovou o
contrato com a Mandala, a produtora
que colocava no ar o irreverente e
bem-disposto Contra-Informação.
Depois de, no último ano – e sem
razões que o justificassem, pois o
C-I era dos programas de maior
audiência da RTP –, o canal público
ter feito consecutivas mudanças de
horário na programação, chega agora
o fim de um formato que marcou de
forma indelével a televisão por-
tuguesa na última década.
Uma questão se coloca: porquê o
fim? Ato de gestão (embora incom-
preensível) ou leva censória a um
programa onde os políticos, grosso
modo, não ficam bem na fotografia?
 Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • 15

polichinelo Aviso à navegação:

polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-língua, pura
e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!

!?!
Virtudes eleiçoeiras
A febre eleiçoeira também tem virtudes: desfaz ileteracias. O projeto de asfaltamento
Coisas do arco de Filu !!
e correção da estrada de Assomada a Tarrafal de Santiago tem dez anos. José Maria
Neves levou, assim, dez anos a decifrá-lo e a assimilá-lo. Chegaram as dores de barri-
A auditoria feita à Câmara da Praia sobre a gestão de
Felisberto Vieira (de 2007 a 30 de Junho de 2008)
detetou anomalias muito graves que, em circunstâncias nor-
kasu-bodi
ga eleitorais e, nas horas convulsas, “Sua Excelência” conseguiu finalmente lê-lo e
entendê-lo. Entendendo-o, percebeu também que Tarrafal tem potencialidades turísti-
mais (se é que elas são possíveis em Cabo Verde, neste “Se não formos produtivos não
cas… o que igualmente há muito se sabe. reinado…), dariam processos em tribunal, senão mesmo a conseguimos resolver todas as
Foi então que, fiat lux!, a “Excelência” correu para as bandas da Malagueta para gritar prisão do responsável por tais “deslizes”. Um exemplo: questões da agenda e também
“Eureka” a Cabo Verde, largando a “primeira pedra” como a galinha larga o ovo. foram pagos 32 500 contos respeitantes a faturas relativas à espero tranquilidade e
Veneradamente, a TCV assistiu: como o papel higiénico, a TCV está sempre presente construção de pontes aéreas na Avenida Cidade de Lisboa e responsabilidade, tendo em
na latrina de “Sua Excelência” que esquece de informar o mais importante: a obra na Terra Branca, que teriam sido realizadas pela Serralharia conta que vamos terminar o
ainda não tem financiamento. Vidal, de Mário Vidal mandato.”
& Filhos, Lda, sedea- Rui Semedo, falando da última sessão
da em Portugal. Há legislativa da Assembleia Nacional
dois “pequenos Polichinelo: a produtividade

À pedrada senãos”: um, as duas

pontes aéreas são
inexistentes; dois, os
contratos (?) foram
realizados (?) sem
foi tamanha e a tranquilidade
tanta que o PAICV não teve
quórum para fazer aprovar a
sua Ordem de Trabalhos

concurso público. “Pretendemos que haja,

L
amentando que Neves, no seu afã de empedrar Cabo Verde (há primeiras
pedras em quase tudo quanto é sítio), se tenha esquecido de colocar uma Diz-se que o assalto efectivamente, esse sistema
em certa moradia amarela da Prainha (“Casa para Todos”, hem?), policial à Câmara integrado, para irmos
Polichinelo deixa-lhe aqui uma listagem de sugestões para próximos “lançamen- Municipal de S. Vi- garantindo o crescimento
tos” que contemplem projetos virtuais e megalómanos: a primeira pedra do túnel cente se deveu a de- económico e reduzir a pobreza
submarino ligando a ilha de Santiago a Djarfogo; a primeira pedra da ponte lig- através da empregabilidade dos
núncias públicas fei-
ando Mindelo a Porto Novo; a primeira pedra da construção da linha de comboio cabo-verdianos e das cabo-
tas pelo PAICV
de alta velocidade da Praia a Tarrafal; a primeira pedra do teleférico de Piku
(pois, pois!). E estas verdianas.”
Antónia a Órgãos; a primeira pedra do túnel atravessando a serra da Malagueta; disse Janira Hopffer ao anunciar o
e, já agora, a primeira pedra do mausoléu do governo PAICV. anomalias detetadas
Fundo Nacional de Formação, que
por uma auditoria será alimentado pelo Orçamento de
não justificam inter- Estado, parte dos resultados líquidos
venção da Procura- dos jogos de fortuna ou azar, uma
doria, da PJ, ou do parte da massa salarial do sector
raio que os parta? Só público e uma percentagem dos
resultados líquidos do INPS
se resultarem de de-
Polichinelo: assim sendo,
núncias do PAICV?
pobre Fundo – acaba de
Ah, pois, pois.
nascer e já está falido

boka bedjo

Há por aí alguém que, na ânsia de recolher

votos a todo o custo como quem rouba
mancarra a miúdos distraídos, semeia A desqualificada
“primeiras” pedras por tudo quanto é sítio: Em fúria, Filomena Martins atirou-
chega a Ribeirão dos Tamancos, TCV às se ao Já e não esteve pelos ajustes:
chamou de “desqualificados” aos
cavalitas, pumba!, coloca uma “primeira jornalistas deste jornal. Polichinelo
pedra”; vai à Achada dos Tachos, TCV a aconselha à dita “tento na língua”,
tiracolo, pimba!, lança uma “primeira não lhe calhe a desdita de lhe lem-
pedra”; passa por Lém Palerma, TCV no brarem certas coisas. É que “des-
qualificada” é adjetivo que assenta
bolso, zás!, deixa uma “primeira pedra”; como uma luva à desgrenhada
poisa em Porto das Petas, TCV à ilharga, dama: foi desqualificada de minis-
truz!, descarrega uma “primeira pedra”. tra (deixou de o ser) e desqualifica-
da daquele por quem publicamente
Assim vai ganhando jus à eloquente fama se confessou apaixonada (foi posta
de Joe Flinston. Preparem-se, arqueólogos de lado). Agora que as modas não
do futuro: os micrólitos nevianos vão ficar vão de feição ao ex, ela surge feli-
como uma das maravilhas destes tempos na, gritando-lhe: “amado meu, es-
tou a teu lado. Vê como eu cuspo
de hoje. Cromeleques é que não haverá, cobras e lagartos contra aqueles
porque nunca uma destas “primeiras que te criticam”. Ah, Cupido, ele
pedras” arrasta consigo alguma outra… há amores (e humores) ardentes
que são assim.
16 • Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010
em jogo
Barcelona – Real Madrid (o jogo Global)
Special One, 2, 3, 4, 5
Futebol. Santiago-Sul
Clássico Boavista vs
Travadores deu empate
A
guardado com muita expetati-
va pelo público praiense, o
clássico da capital - entre o
Boavista, atual campeão nacional, e os
Travadores -deu empate a uma bola,
num dos jogos da 2.ª jornada do
Regional de Santiago Sul, disputada
domingo.
Di, ex-jogador do Sporting da Praia,
fez o primeiro golo da partida, mesmo
no final da primeira parte, mas, logo a
abrir, o goleador Vando (ex-Micá) em-
patou para os axadrezados.
A ronda da jornada iniciou-se na sexta-
feira com um empate a zero entre o
Desportivo da Praia e o Ribeira Grande.
No sábado, os atuais campeões regio-
nais, Sporting, derrotaram o Vitória
(que é agora lanterna vermelha) por
duas bolas a uma, numa partida que
teve segunda parte emocionante.
Num jogo de fraco nível e com algu-
mas picardias, a Académica da Praia e
o Varanda não foram para além do
nulo, no terceiro jogo da jornada dis-
putada no Estádio da Várzea.
Para encerrar a jornada, Bairro e Celtic
também não foram para além do
empate, desta vez a duas bolas. O
Bairro abriu o marcador por intermé-
dio de Odair, mas a equipa comandada
agora por Eduardo (depois da chicota-
da psicológica e demissão de
Osvaldo), deu a volta no marcador,
através de Fábio e Gamarra, ex-ata-
cante leonino. Só que Odair voltou a
O Barcelona-Real Madrid é um clássico
global. Foi o assunto do dia por todo
o Mundo nesta terça-feira.
Humilhação é a palavra mais repetida
nos jornais internacionais depois
daquele 5-0, e muitos misturam Real
Madrid com José Mourinho nos títulos.
marcar, fixando o resultado final em
dois a dois.
O Sporting é líder isolado com duas
vitórias, enquanto o segundo posto é
repartido por quatro equipas. O Vitória
é para já lanterna vermelha, com duas
derrotas em dois jogos.
Taça de Santiago este
fim-de-semana
No próximo fim-de-semana, o campe-
onato dá lugar aos jogos da Taça de
Santiago-sul, com destaque para os
prélios Travadores x Varanda (às 10
horas de sábado, no Estádio da
Várzea) e Boavista x Celtic (à mesma
hora, no domingo, e no mesmo local).
Falcões do
Norte voa
sobre
regional de
São Vicente
O Falcões do Norte, clube da zona
de Chã D´Alecrim, surpreende
adeptos e público mindelense no
Torneio Abertura. Ao fim de seis jor-
nadas, os rapazes do norte ocupam a
segunda posição do torneio, com doze
pontos. Até ao momento, o Falcões
do Norte ainda não sentiu o amargo
da derrota. Na sétima e última jorna-
da terão pela frente o Derby, equipa
que ainda não perdeu e que já con-
quistou o torneio.
Lista completa dos jogos da 1.ª elimi- Na jornada anterior, a equipa coman-
natória: dada pelo técnico Eurico Évora
Estádio da Várzea venceu o atual campeão de São
Sexta-feira - 03 de Dezembro Vicente, Batuque (2-1), depois de ter
16h00- Fiorentina x La Paloma estado a perder - com Duba a bisar na
Sábado – 4 de Dezembro partida.
1Oh00 – Travadores x Varanda Durante as seis primeiras jornadas, o
14h00 – Delta x Ribeira Grande Falcões do Norte venceu Ponta
16h00 – Desportivo x Sporting D´Pom, Batuque e Salamansa, e
Domingo – 05 de Dezembro empatou diante do Mindelense,
1Oh00 – Boavista x Celtic Amarante e Académica.
14h00 – Académica x Kumunidade Segundo Eurico Évora “houve
16h00 – Tchadense x Garridos mudanças no plantel, com saída de
Campo de Calabaceira jogadores que foram importantes na
Sábado – 04 de Dezembro época passada. Porém, conseguimos
O8h30 – Benfiquinha x ASA Grande manter uma base sólida e trouxemos
1Oh30 – Unidos do Norte x Bairro alguns jogadores com experiência.
Domingo - 05 de Dezembro Temos apostado num treino semanal,
10h30 – Vitória x Vila Nova e os atletas sabem que vamos ao
Adérito Sena para jogar e, se possível,
trazer os três pontos para casa. Este
Classificação início de época está na melhor per-
feição, ou seja, o nosso trabalho está
Santiago-Sul: dando frutos e queremos ter a mesma
prestação no campeonato regional”.
J V E D BR-BS P O Falcões iniciou a nova época com
1.º Sporting 2 2 0 0 3-1 6 algumas mexidas no plantel, ao con-
tratar Djodje (ex-Ribeira Bote), Uril
2.º Boavista 2 1 1 0 4-1 4
(ex-Castilho), Nha Cabra, Djulay,
3.º Académica 2 1 1 0 3-0 4 Barão, Bety (ex-Académica), Hélio
4.º Desportivo 2 1 1 0 3-1 4 (ex-Derby) e Valdo (ex-Batuque).
5.º Varanda 2 1 1 0 1-0 4 Porém, Rilly e Bazú foram para o
6.º R. Grande 2 0 1 1 0-1 1 Mindelense e Ivan e Balakov ingres-
saram no Batuque. No plantel man-
7.º Celtic 2 0 1 1 3-5 1
tiveram-se o capitão Djimmy, Ten,
8.º Bairro 2 0 1 1 2-5 1 Pitú, Djay, Ivan, Vinha, Miranda,
9.º Travadores 2 0 1 1 1-4 1 Pchança, Duninho, Mathaus, Tutu,
10.º Vitória 2 0 0 2 1-3 0 Netcha, Duba, Tó, Bembtch, Dixon e
Rommy.
 Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • 17

ao som dos búzios

Cabo Verde Music Awards

gala crioula
está em marcha
Cabo Verde vai ter emmys para a “prata da casa” – é o Cabo Verde Music Awards (CVMA), o primeiro já em 2011. Serão entregues a 12 de Março, gala com
honras de anfiteatro da Assembleia Nacional. Na segunda-feira, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, cidade da Praia, houve a nomeação dos candidatos - são 29
distribuídos por 18 categorias.

A
iniciativa do Cabo Verde
Music Awards partiu de
Gilito, cantor e músico cabo-
verdiano radicado na Diáspora, que
definiu os objetivos: reconhecer, com
prémios, quem se destaca na música
cabo-verdiana, independentemente de
expressões e estilos, e incentivar músi-
cos, managers, produtores musicais.
Se a música é uma das mais fortes
expressões da cultura cabo-verdiana,
impõe-se impulsionar uma produção
musical de qualidade. Por isso e para
isso aí está o CVMA.
Definido o propósito, Gilito que,
sendo organizador do evento, auto-
maticamente se excluiu do lote dos
nomeáveis e premiáveis, reuniu uma
equipa que, de imediato, deitou mãos a
um trabalho árduo. O projeto do Cabo
Verde Music Awards foi lançado no
mês de Julho, seguiu-se um mês para
inscrições e outro para a seleção dos
candidatos. A 29 de Novembro, houve
anúncio das nomeações. No dia 12 de
Março, serão conhecidos os vence-
dores e haverá entrega dos prémios.
Giordano Custódio é o presidente dos
jurados do CVMA. A escolha de
Custódio, se é, em princípio, garante
de escolhas criteriosas, implica tam-
bém uma boa projeção do Music
Awards para a rádio e o vídeo (o audio-
visual). Giordano, falando no Palácio
da Cultura, defendeu que todos os
intervenientes na música cabo-ver-
diana devem ter um feedback do traba-
lho que fazem, até para incentivar e
desenvolver esse mesmo trabalho, em
prol do enriquecimento da cultura
nacional.
Foram nomeadas 18 categorias:
Melhor Funaná, Melhor Batuku/Kolá
Sandjon, Melhor Cabozouk/Cabolove,
Melhor Morna/Coladeira, Melhor
Rap/Hip Hop - Reggae & R’n’B,
Melhor Música do Ano, Melhor Voz
Masculina, Melhor Voz Feminina,
Melhor Artista Revelação, Melhor
Artista em Palco, Melhor Banda ao
Vivo, Melhor Álbum Eletrónico,
Melhor Álbum Acústico, Melhor
DVD, Melhor Videoclip, Melhor
Produtos Musical, Melhor
Instrumentista e Melhor DJ/Animador.
Observa-se, portanto, que houve o
cuidado de contemplar todas as
expressões que, hoje, se espelham na
música cabo-verdiana, respeitando o
tradicional e acolhendo estilos que
chegam de fora.
Para cada uma destas categorias estão
já nomeados 4 artistas. Cabe agora aos
respetivos júris e ao público pronun-
ciarem-se. O público tem oportu-
nidade de votar nas categorias de
Melhor Voz Masculina, Melhor Voz
Feminina e Melhor DJ/Animador, va-
lendo a sua escolha 50 % para a
decisão final. Mas na escolha da
Melhor Música do Ano (entre 1 de
Janeiro de 2009 a 30 de Setembro de
2010) o público é o júri único e abso- Meno Pecha Giordano Belmiro Semedo
luto, votando por SMS, internet (sapo)
e telefone fixo.
A organização do evento vai aproveitar
a noite da gala para homenagear
Cesária Évora, a grande embaixadora
da música cabo-verdiana, convidada
para madrinha do CVMA 2011. A
organização entende que Cize é
“responsável” pela internacionalização
da música de Cabo Verde e “abriu”
portas para que vários artistas crioulos
sejam hoje escutados nos palcos de
todo o mundo.
A equipa organizadora do evento tudo
fará para trazer a esta gala todos os
nomeados para que eles possam rece-
ber em mão os prémios com que forem Kido Semedo Giordano Custódio e Abrãao Vicente
contemplados.
Kido e jornalistas da ACI Gilyto Augusto Veiga
18 • Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010

cachupada
Conto infantil

Horóscopo De 5 a 11 de Dezembro

Carneiro Leão Sagitário

21-3 a 20-4
Carta Dominante: Valete de Ouros, que
significa Reflexão, Novidades.
Amor: É possível que reencontre um amigo
muito chegado que já não via há algum
tempo e que passem bons momentos juntos.
Saúde: Evite enervar-se demasiado com
problemas pouco importantes.
Dinheiro: É possível que durante esta
semana sinta uma pequena quebra no sector
financeiro.
Número da Sorte: 75
Números da Semana: 4, 5, 9, 7, 3, 6
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Eu valorizo os meus
amigos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
23-7 a 22-8
Carta Dominante: 9 de Espadas, que
significa Mau Pressentimento, Angústia.
Amor: Deixe-se levar pelos seus
sentimentos. Poderão ocorrer algumas
mudanças no seu relacionamento.
Saúde: É provável que se sinta um pouco
indisposto.
Dinheiro: Evite falar com os seus colegas
sobre assuntos que não lhe dizem respeito.
Poderá solidificar as suas finanças se confiar
mais em si.
Número da Sorte: 59
Números da Semana: 6, 8, 4, 1, 2, 10
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: Eu sei que mereço ser
feliz.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
21-11 a 20-12
Carta Dominante: A Lua, que significa
Falsas Ilusões.
Amor: Colabore em actividades familiares.
Pense um pouco mais na sua relação e
reflicta bem se é realmente feliz.
Saúde: Procure ser mais cuidadoso com o
seu sistema gástrico. Evite situações de
stress, estas poderão trazer-lhe alguns
problemas de saúde.
Dinheiro: Evite deixar-se intimidar por
ameaças infundadas de um colega.
Número da Sorte: 18
Números da Semana: 3, 6, 9, 7, 4, 1
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: A alma não tem idade,
jamais envelhece!
Horóscopo Diário - Ligue já! 760 30 10 19

Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: 4 de Paus, que significa
Ocasião Inesperada, Amizade.
Amor: Lute sempre pela sua felicidade, não
se deixe vencer pelos obstáculos. É possível
que conheça uma pessoa muito especial.
Saúde: Procure estar mais atento aos sinais
que o seu organismo lhe envia.
Dinheiro: Todos os projectos que apresentar
durante esta semana estarão favorecidos.
Número da Sorte: 26
Números da Semana: 8, 5, 2, 7, 4, 1
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Estou atento a tudo o
que se passa à minha volta.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: 6 de Paus, que significa
Ganho.
Amor: Faça uma surpresa agradável a um
familiar muito querido.
Saúde: O seu bem-estar físico depende da
sua disponibilidade para descansar. Cuidado
com as correntes de ar.
Dinheiro: Não haverão grandes alterações
neste campo. Evite desperdiçar dinheiro em
coisas que não lhe fazem falta.
Número da Sorte: 28
Números da Semana: 26, 3, 41, 10, 25, 5
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Eu tenho Fé para
ultrapassar todos os momentos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Caranguejo
21-6 a 22-7
Carta Dominante: Ás de Copas, que
significa Princípio do Amor, Grande Alegria.
Amor: As crianças da sua família
necessitam da sua atenção e do seu carinho.
Saúde: O seu organismo poderá ressentir-se
de uma dieta alimentar desadequada.
Dinheiro: O seu esforço no trabalho poderá
vir a ser recompensado. É uma boa altura
para pedir um aumento, não tenha receio.
Número da Sorte: 37
Números da Semana: 10, 20, 1, 4, 7, 11
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Tenho cuidado com o
que digo e com o que faço para não magoar
as pessoas que amo.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: 7 de Ouros, que
significa Trabalho.
Amor: Durante esta semana vai conseguir
colocar as suas ideias no lugar.
Saúde: Tome conta da sua saúde e evite
exceder-se. Cuide da sua mente.
Dinheiro: Proteja-se de um colega com más
intenções. Período de dúvidas profissionais.
Número da Sorte: 71
Números da Semana: 9, 6, 3, 7, 4, 1
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Dedico-me às pessoas
que amo.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: 9 de Copas, que
significa Vitória.
Amor: Período em que estará mais virado
para si. Evite ser agressivo e demasiado
possessivo com o seu par.
Saúde: Cuidado com as indigestões.
Poderão surgir problemas digestivos.
Dinheiro: Proteja as suas economias. Não
efectue gastos supérfluos.
Número da Sorte: 45
Números da Semana: 33, 36, 39, 28, 27, 40
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Eu valorizo os meus
amigos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Escorpião
23-10 a 21-11
Carta Dominante: O Sol, que significa
Glória, Honra.
Amor: Tenha calma e evite tomar atitudes
precipitadas. Pense bem antes de entrar de
cabeça numa relação.
Saúde: A semana decorrerá sem grandes
problemas a nível de saúde.
Dinheiro: Uma inesperada entrada de capital
poderá fazer com que consiga pagar uma
dívida. É um bom momento para negócios.
Número da Sorte: 19
Números da Semana: 9, 8, 1, 2, 5, 22
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Vivo cada momento com
felicidade.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
Capricórnio
21-12 a 20-1
Carta Dominante: 2 de Espadas, que
significa Afeição, Falsidade.
Amor: A semana promete ser marcada por
muito romantismo.
Saúde: Período sem grandes problemas ao
nível da saúde.
Dinheiro: Seja ousado e faça uma proposta
arrojada ao seu chefe. Poderá surgir um
crescimento inesperado do seu poder
material.
Número da Sorte: 52
Números da Semana: 25, 28, 14, 17, 3, 39
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Procuro manter-me
sereno e ouvir a voz de Deus!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
Aquário
21-1 a 18-2
Carta Dominante: 5 de Ouros, que significa
Perda/ Falha.
Amor: Evite deixar-se abater por uma
discussão com o seu par. Período em que
está muito sensível.
Saúde: É possível que venha a ter alguns
problemas ao nível ocular.
Dinheiro: Não se esperam alterações
significativas. Saiba resolver situações
complicadas.
Número da Sorte: 69
Números da Semana: 3, 6, 5, 2, 4, 1
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: O meu coração está
disponível para o Amor.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21
Peixes
19-2 a 20-3
Carta Dominante: A Temperança, que
significa Equilíbrio.
Amor: Seja mais compreensivo com a sua
cara-metade. Cuidado com os falsos amigos.
Saúde: Imponha um pouco mais de
disciplina a si próprio. Atenção ao excesso
de exercício físico.
Dinheiro: Período favorável à concretização
de um negócio. O seu poder financeiro estará
estável.
Número da Sorte: 14
Números da Semana: 2, 5, 4, 10, 11, 13
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Eu venço os meus medos!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22
Mia,
a baleia do Bairro Manguí - XVII
N o bairro Manguí é Domingo, mas nem parece! Não há meninos nas
ruas a brincar, como de costume, e tudo está muito silencioso! Na ver-
dade este domingo é dia de não sair à rua porque ouve barulho no bairro e
um menino mais crescido foi morto com um tiro… acontece muitas vezes
no bairro com os mais crescidos, porque como não podem ir estudar e não
têm nada que fazer fazem grupos maus que atacam pessoas e andam aos
tiros uns aos outros!
Na casa do Juninho juntaram-se os quatro amiguinhos para brincar, mas a
conversa era sobre o que tinha acontecido na noite passada.
- Porque é que isto acontece no nosso bairro? - perguntava o Juninho
- A minha mãe diz que é porque a polícia não liga e porque o senhor gover-
nador até gosta de conversar com esses rapazes maus – adiantou a Nádi –
mas não digam nada disto a ninguém senão a minha mãe pode perder o tra-
balho.
- Porquê?! – questionou o Nixon
- Porque aqui é assim! Quem falar mal do senhor governador nunca mais
tem trabalho. O meu pai ficou sem emprego por causa disso.
- Isso é mau, muito mau… então a professora do ano passado, passava a
vida a falar de liberdade e pedia para dizermos sempre o que pensamos e
não se pode falar do homem que manda? – questionou Iva
- Pois… se calhar foi por isso é que a professora foi posta fora da escola!
- E se contássemos isto ao avô Irondino e à Mia? – propôs Nádi.
- Boa! Disse juninho. Eu amanhã vou ao cais falar com ela, até porque ela
também vive num bairro no fundo do mar, mas muito bonito e diferente do
nosso…
- Como é que sabes?! – perguntaram os outros.
- Ah…. Pois ela contou-me e até disse que talvez nos levasse lá a visitar a
casa dela, mas pediu-me para guardar segredo… não digam nada a nin-
guém.
- Isso, isso, era fixe! Vamos todos falar com ela e pedir para ir visitar o bair-
ro dela, mas… no fundo do mar?! Mas nós não podemos ir ao fundo do mar!
– exclamou Nixon
Podemos sim, tudo o que a Mia quiser é possível. – disse Juninho
- Então vamos lá amanhã falar com ela, mas antes passámos pelo avô
Irondino para saber se eles sempre falaram.
No bairro Manguí, apesar do sucedido, as coisas voltaram à normalidade. As
pessoas, infelizmente, já estavam habituadas e no dia seguinte tudo estava
esquecido até que mais dois meninos dos crescidos voltasse a matar. Voltou
a música e os carros de som a anunciar festas com o senhor governador, que
andava de ilha em ilha indiferente a estas coisas que se passavam no bairro,
na ilha e no arquipélago. Resta saber se Mia iria mesmo levar os amiguinhos
ao fundo mar.
José Braga-Amaral
 Já • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • 19

cachupada
Telenovelas PALAVRAS CRUZADAS
RECORD • Ribeirão do Tempo
Horizontais:
1 – Arrebitei (as orelhas); Fardo de fazendas.
2 – Narrativas fabulosas de origem
popular; Bulem.
3 – operam; Rebelião.
4 – Brejeiro; Costumar.
5 – Sua; Esvoaçam; Deserto.
6 – Anafadas.
7 – Santíssimo; Catálogo; Eu.
8 – Cabeça (Bras.); Corpo humano.
9 – Sumes; Enguias.
10 – Égua nova; Proposição.
Comando Invisível entra em ação 11 – Superfície; Invejosas.

F ilomena pergunta a Clorís se Tito já chegou. Clorís diz que ele foi levar
Rodrigo até ao aeroporto. Sancha diz a Romeu que ficou com pena de
Filó, porque percebeu que Tito quase não falou com ela. Alguns estudantes
Verticais:
1 – Estimam; Permanece.
cercam André e Sónia, que se beijam. Sereno começa a gritar “Comando 2 – Some-te!; Achar.
Invisível” e outros manifestantes aderem. Flores pergunta a Arminda se os 3 – Tornar a fazer; Examine.
responsáveis pelo resort têm consciência de que vão destruir parte significa- 4 – Parte; Doença da gota localizada nas
tiva da natureza de Ribeirão. Arminda responde um pouco perturbada, mas espáduas.
mantendo a firmeza. Sereno diz aos manifestantes que eles devem invadir a 5 – Estás; Astela; Palavra havaiana que
audiência. Ajuricaba fica furioso com a demora do batalhão de choque, que designa lavas ásperas e escoriáceas.
não chega para conter os manifestantes. Marta e Cardoso conseguem con- 6 – Pequenos foles.
vencer Ajuricaba a não ir à praça. As pessoas que estão na audiência ouvem 7 – Para mim; o que é albino (Bras. – pl.);
os gritos de Comando Invisível. André discursa na praça contra o resort.
Nome de uma letra do alfabeto grego. 9 – APAGAS; IRoS. 10 – PoTRA; FRASE. 11 – AREA; CIoSAS.
Policiais chegam à praça com cassetetes e escudos. Tito entra no quarto e
8 – Aplica betume a; Sírio. 6 – E; RoLIçAS; S. 7 – SS; MAPA; EI. 8 – CuCA; oSSADA.
pergunta a Filomena, que está de toalha, como ela está. Ele segura o pé dela
e passa uma pomada suavemente. Rola um clima de excitação entre os dois. 9 – Eixos; Messes. 3 – AGEM; FÉTENA. 4 – MARoTo; uSAR. 5 – SA; ALAM; So.
Horizontais: 1 – AFITEI; BALA. 2 – MIToS; MEXEM.
Tito controla-se e quebra o clima, dizendo que precisa resolver umas coisas. 10 – Agasalhos usados pelos Romanos
mais distintos; Anosa.
Soluções:
Elza procura Diana. Ajuricaba fica a saber que André está discursando na
praça e fica furioso. O delegado recebe um documento que o destitui do 11 – Amargos; Coriféus.
cargo e fica arrasado. Tito revela a Newton que ele e Filó não fazem sexo.
Newton diz que não faz sentido ele se segurar se tiver vontade. Filomena
chora sozinha no quarto.

SIC • Passione Boa Mesa Farmácias

de serviço
Gamboa Praia
Gastronomia de excelência 02/12 – Farmácia Santa
Isabel
03/12 – Farmácia
Universal
04/12 – Farmácia 2000
05/12 – Farmácia
Moderna
06/12 – Farmácia Central
Polícia avisa Mauro sobre uma morte Qualidade máxima, preços a condizer, fama consolidada ao longo de anos 07/12 – Farmácia Santo

T otó diz a Kelly que vai continuar com o processo de adoção, mesmo
que Clara seja a culpada pela morte de Eugénio. Das Dores reclama da
Clara a Ednéa. Stela enfrenta Saulo e expulsa-o de sua casa. Agnello faz
A bem da verdade: se existe restauran-
te onde as celebridades fazem parte
prestígio? Para Príncipe Macedo, o segre-
do é o que só pode ser: muito trabalho pro-
António
08/12 – Farmácia
da ementa, esse restaurante é o Gamboa. fissional e boa liderança. Tudo isso, em
ameaças a Saulo. Fortunato elogia a organização que Jackie fez na casa e Africana
Situado na Praia, em Chã d’Areia, pro- paralelo com um serviço aliado à superior
Jéssica concorda com ele. Olavo fica inseguro em ir à vernissage com priedade de Príncipe Macedo, é um monu- qualidade dos produtos, na maioria impor- 09/12 – Farmácia
Jackie. Clô garante a Lurdinha que Jackie é a sua melhor amiga. Jackie paga mento benfiquista e com sérias tradições tados e com fornecedores estrangeiros Avenida
para ser fotografada com Olavo. Lurdinha tenta ensinar Mimi a dançar e fica de receber altas individualidades quer do certos.
frustrada ao descobrir que o italiano é apaixonado por Agostina. Stela Desporto, quer da Política e do mundo da Os vinhos são, na maioria, portugueses;
resolve falar sobre Agnello a Sinval. Totó fica furioso com Saulo por causa
da atitude contra Agnello. Diogo leva Clara a casa. Laura avisa a Diana que
Cultura. mas não é esquecido o tradicional e presti- S. Vicente
Para se ter ideia do nível de clientes que giado vinho do Fogo, que faz as honras da
vai demiti-la se não provar a sua inocência. Saulo repreende Noronha, que Gamboa já recebeu e serviu, listam-se casa. 02/12 – Farmácia Nena
tenta se inocentar do desvio de dinheiro da empresa. Brígida começa enten- aqui alguns nomes: Luís Felipe Vieira, O rodízio foi introduzido pela mão do pa- 03/12 – Farmácia Higiene
der-se com Benedetto. Totó conforta Bete, que sofre por acreditar que Saulo presidente do Benfica; Joseph Blatter, pre- trão e é dos pratos mais solicitados aos do- 04/12 – Farmácia Jovem
assassinou Eugénio. Gemma desconfia do interesse de Totó por Felícia. sidente da FIFA; o “Pantera Negra” Eusé- mingos. Aliás, é também por causa do ro-
Candê torce para que Fred não esteja envolvido no assassinato de Eugénio. bio; Pedro Santana Lopes; Mário Soares, dízio que o restaurante vai brevemente re- 05/12 – Farmácia
Lorena sente-se culpada ao ver o estado de Stela. Clô fica arrasada ao ver as ex-Presidente de Portugal; Joaquim Chis- ceber obras de ampliação, tendo em conta Mindelo
fotos de Jackie e Olavo nos jornais. Brígida reclama com Bete que todos sano; ex-Presidente de Moçambique; do que o espaço já não responde à demanda. 06/12 – Farmácia
saíram de casa. Diana e Mauro estranham o sumiço de Laura, Noronha, Governo angolano. Segundo o proprietá- Com o prato mais barato a 800 escudos e
Myrna, Melina, Fred e Saulo. Totó comenta o facto de Agnello ainda não ter rio do restaurante, só falta o Presidente o mais caro a 5.500, não há “dia de folga”: Avenida
chegado a casa. Na sua sala, Mauro recebe um telefonema da polícia infor- Eduardo dos Santos. porque todos os dias são dias de ir ao 07/12 – Farmácia Leão
mando que alguém foi morto. Qual o segredo para tanta fama e tanto Gamboa (para quem pode, claro).
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bai-bai
Sexta-feira 3 Dezembro 2010
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NunoDelgado
campeão solidário
O medalha de bronze olímpico, que tem Nelson Mandela como seu ídolo preferido e como lema de vida “ser feliz”, não esconde as raízes cabo-
-verdianas e revela o propósito de lançar a Escola de Judo, que ele próprio criou, em projetos solidários como é o caso da organização da Maior
Aula de Judo, em Junho do próximo ano. Objetivo: “formar campeões para a vida”. Uma iniciativa que poderá alargar-se a Cabo Verde

“O lho para o relógio, já es-

tamos atrasados! Reservei
uma mesa num restaurante
cabo-verdiano. Sim, porque Cabo Verde
também é parte de Lisboa. Já bem senta-
dos, enquanto comemos uns pastéis de
milho, aguardamos pela desejada ca-
chupa, prato típico de Cabo Verde. Está
uma delícia, parece que foi feita pela
minha mãe. Os músicos empenham-se e
tocam uma música da Cesária. Que ma-
ravilha!» (A Minha Visão de Lisboa, in
diário de Nuno Delgado)
Aos 34 anos, com um currículo impres-
sionante como maior judoca português
de sempre (foi medalha de bronze dos
Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000,
vendecor da Taça da Europa em 1998,
detentor de vários troféus universitários
à escala mundial, uma Taça dos
Campeões Europeus ao serviço da equi-
pa alemã TSV Abensberg), Nuno Delga-
do não esquece a sua ascendência cabo-
verdiana nas várias referências que faz.
Há mesmo quem recorde o menino,
então espigadote, a brincar no Plateau,
provavelmente numa vinda esporádica
dos pais, em férias, a terras de Santiago.
Aliás, entre os sete segredos pessoais
que Nuno desvenda, conta-se Cabo Ver-
de como seu destino preferido de
viagem.
“A chave do sucesso está em descobrir
aquilo que nos faz o coração tremer”,
afirma ele, revelando o segredo do
sucesso de uma vida a pulso, diga-se de
passagem, logo a partir da altura em que,
ainda criança, começou a ensaiar os “ip-
pon” ou “yuko” na Casa do Benfica de
Santarém – cidade onde viveu a infância.
Era o mais forte da agremiação ribateja-
na e cedo começou a dar nas vistas, ao
sagrar-se campeão nacional aos 12 anos
de idade, feito que repetiu nos dois anos
seguintes. Depois… seguiu-se o voo ru-
mo à suprema glória de obter uma me-
dalha olímpica e de ser escolhido como
o porta-estandarte da delegação portu-
guesa nos Jogos Olímpicos de Atenas,
2004, etapa que assinalou o fim, talvez
prematuro, da sua carreira por lesão.
Mas ficou o espírito solidário, a grandeza
de alma, que o levam a abraçar vários
projetos de grande alcance social, como
foi o nascimento da Escola de Judo Nuno
Delgado, uma iniciativa, como sublinha,
«feita a pensar nas pessoas que não têm
possibilidades, quer financeiras, quer de
motricidade ou outras”, permitindo o
acesso à prática da modalidade por todas
as camadas sociais.
“A Escola é um capricho meu. Quando
deixei de competir, em 2006, esse ce-
nário fez-me pensar: o que é que posso
fazer que me preencha? O que é que
Sydney 2000, Nuno a morder a medalha
poderia fazer depois de ser atleta de alta

competição? E fui descobrindo, a pouco do Mundo, no dia 11 Junho de 2011, no

e pouco, que um projeto de formação
através do judo poderia colmatar esse
buraquinho que ficou no coração. Desde
2005, começámos a desenvolver o con-
ceito que daria lugar à Escola de Judo
Nuno Delgado. Basicamente, esta é uma
escola de formação e que tem como
lema formar campeões para a vida, que é
um pouco o princípio do Judo e que ten-
tamos relembrar”, salienta o atleta.
E como forma de promover essa sua
mensagem, Nuno Delgado desenvolveu
o movimento denominado Achieve
Collect and Give Back, que tem como
logótipo o cinto de judo arco-íris, o cinto
da responsabilidade social.
Este movimento vai culminar em 2011,
com a realização da maior aula de Judo
Terreiro do Paço, Lisboa, com apoio da
Bolsa de Valores Sociais, Câmara Mu-
nicipal de Lisboa e Federação Portugues-
a de Judo. O objetivo desta iniciativa vi-
sa angariar fundos para o projeto social
da escola que dirige, um programa cívico
e desportivo que será implementado nas
escolas primárias em bairros marginal-
izados e que se destina a crianças dos 6
aos 10 anos, e que poderá estender-se a
Cabo Verde, país visitado com regulari-
dade pelo Campeão (cá está, o chama-
mento das raízes familiares), convidado
por escolas onde ensina aos jovens os
segredos da modalidade de que foi um
dos expoentes máximos e da qual tirou
agora uma dimensão social. Um verda-
deiro campeão, em todos os sentidos!